ARLA/CLUSTER: Descoberta a origem do campo magnético que cobre o Sol

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Sexta-Feira, 20 de Fevereiro de 2015 - 12:32:23 WET


 *DESCOBERTA A ORIGEM DO CAMPO MAGNÉTICO QUE COBRE O SOL*

O campo magnético que cobre o Sol e determina o seu comportamento - os
ciclos de 11 anos que produzem fenómenos como manchas e tempestades solares
- também tem outro lado: uma teia magnética que cobre toda a superfície do
Sol em repouso e cujo fluxo magnético resultante é maior do que o das áreas
ativas. Um estudo liderado pelo Instituto de Astrofísica da Andaluzia
(IAA-CSIC) revelou de onde é que o fluxo que alimenta esta teia vem.

O contorno da teia magnética solar coincide com os limites dos chamados
supergrânulos, estruturas ligadas à existência de gás quente que sobe para
a superfície (efeito semelhante às bolhas feitas por água a ferver) e com
cerca de 20 mil km de diâmetro.

"Nós descobrimos que dentro destes supergrânulos, no que é conhecido como
intra-rede, pequenos elementos magnéticos viajam para os limites exteriores
e interagem com a rede," afirma Milan Gosic, investigador responsável pelo
estudo.
Imagem que mostra como o fluxo magnético é transmitido. Os contornos
vermelhos indicam elementos de intra-rede que contribuem para a teia
magnética geral, enquanto os contornos verdes mostram cancelações de fluxo.
Os contornos azuis representam concentrações do campo magnético. A
fronteira das células supergranulares é definida em rosa.
Crédito: IAA-CSIC; M. Gosic et al.

O acompanhamento destes elementos até agora pouco conhecidos foi por si só
um avanço considerável, mas o cálculo da sua contribuição para a teia
magnética solar veio como uma grande surpresa: estes pequenos elementos
podem criar e transferir, no espaço de apenas 14 horas, todo o fluxo
magnético detetado na teia. "Tendo em conta que apenas cerca de 40% deste
fluxo acaba na teia, nós achamos que a intra-rede pode repor o fluxo da
teia em 24 horas," afirma Louis Bellot (IAA-CSIC), membro da equipa de
investigação.

O modelo até agora dominante postulava que, por um lado, os campos
magnéticos da teia resultavam da deterioração de zonas ativas como as
manchas solares e, por outro, de estruturas conhecidas como regiões
efémeras, que fornecem uma série de fluxos mas que não são muito comuns.

Nesse sentido, o estudo por Gosic et al. provocou uma mudança de paradigma
porque mostrou que as regiões efémeras são demasiado escassas para ter um
impacto significativo. "Ao longo de 40 horas detetámos apenas duas regiões
efémeras, pelo que a sua contribuição à teia não pode ser mais do que 10%
do fluxo total. Em contraste, os pequenos elementos na intra-rede são
contínuos e claramente dominantes," explica Gosic (IAA-CSIC).

A descoberta foi feita no decurso de sequências temporais
extraordinariamente longas de observação (cerca de 40 horas) com o satélite
japonês de alta-resolução HINODE - um recorde para este tipo de
instrumentos - que tornou possível o acompanhamento da evolução das células
supergranulares durante toda a sua vida.

"Acredita-se que os elementos magnéticos da intra-rede e as suas interações
com a teia possam ser responsáveis pelo aquecimento das camadas superiores
da atmosfera solar, um dos problemas não resolvidos mais prementes da
Física Solar," comenta Luis Bellot (IAA-CSIC). O estudo dos elementos
magnéticos com dados do Hinode vão permitir uma utilização científica mais
eficiente dos dados da missão SolO (Solar Orbiter) da ESA, para a qual a
IAA-CSIC está a desenvolver o instrumento IMAX.

*Links:*

*Notícias relacionadas:*
Instituto de Astrofísica da Andaluzia (IAA-CSIC) (comunicado de imprensa)
<http://www.iaa.es/content/origin-magnetic-field-covering-sun-has-been-discovered>
Artigo científico (arXiv.org) <http://arxiv.org/abs/1408.2369>
The Astrophysical Journal <http://iopscience.iop.org/0004-637X/797/1/49/>
Animação da transmissão do fluxo magnético (via YouTube)
<https://www.youtube.com/watch?v=AG9bdC-RzDI>
PHYSORG <http://phys.org/news/2015-02-magnetic-field-sun.html>

*Sol:*
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Sun>
Supergranulação (Wikipedia) <http://en.wikipedia.org/wiki/Supergranulation>
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
<http://www.ccvalg.pt/astronomia/sistema_solar/sol.htm>

*Hinode:*
JAXA <http://www.isas.jaxa.jp/e/enterp/missions/hinode/index.shtml>
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Hinode>

*SolO (Solar Orbiter):*
ESA <http://sci.esa.int/solar-orbiter/>
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Solar_Orbiter>

Fonte: Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
-------------- próxima parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: http://radio-amador.net/pipermail/cluster/attachments/20150220/10a985fd/attachment.htm


Mais informações acerca da lista CLUSTER