ARLA/CLUSTER: Off topic: Quando a estrela Eta Carina expodir ou morremos todos ou vamos ter um " Sol " nocturno no céu

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 29 de Julho de 2014 - 13:18:41 WEST


Eta Carina, pronta para explodir

*JOSÉ ROBERTO V. COSTA*
O Universo é tudo para nós

Passado, presente e futuro de
Eta Carina. Fragmentos de umaanimação
<http://chandra.harvard.edu/photo/2007/sn2006gy/animations.html> produzida
pela NASA/CXC/G.Bacon.

No mundo das celebridades, há sempre aquelas de temperamento explosivo. Mas
no reino das estrelas, o termo “explodir†é levado às últimas
consequências. Mesmo que para isso o astro tenha que ser realmente grande.
E na vida de uma estrela de verdade, tamanho é documento.

Eta Carina é talvez o exemplo mais dramático em toda galáxia. Setenta vezes
mais pesada que o Sol, seu curioso nome faz alusão a constelação a qual
pertence, *Carina*, e a sétima letra do alfabeto grego, *eta*, designação
que serve para indicar que o astro não é exatamente um campeão de brilho.

Mas nem sempre foi assim. Em 1843 essa estrela brilhava tanto quanto
Sírius, a mais luminosa do céu, com o agravante de que Sírius está a
somente 8,6 anos-luz da Terra, enquanto Eta Carina fica a 7.500 anos-luz.

Supernova
Tanta energia equivale a potência de uma supernova – o nome dado a uma
estrela de grande massa que estoura por inteiro, do centro até a
superfície, arremessando com violência suas camadas mais externas pelo
espaço.

A energia dessa explosão é tão grande que sua luz pode superar uma galáxia
inteira! A estrela chama a atenção para si, mas não por muito tempo. Ao
súbito aumento de brilho se segue um enfraquecimento, e o que sobra é uma
massa gasosa que se infla lentamente.

Mas lá, bem no centro daquilo que um dia foi uma estrela orgulhosa de seu
tamanho, ainda fica um astro compacto, com míseros dez quilômetros de
diâmetro, porém incrivelmente denso – ou então um buraco negro, um objeto
infinitamente mais denso e menor, cuja força de gravidade é tão intensa que
nem a luz escapa.

Mas não foi isso que aconteceu a Eta Carina. Não se sabe como, mas essa
estrela sobreviveu a própria explosão. Duas enormes conchas de poeira
surgiram, com matéria suficiente para formar mil planetas iguais aos do
Sistema Solar. Uma estrutura em forma de ampulheta que fica 600 quilômetros
maior a cada segundo.

Duas caras
Mas os astrônomos não acreditam que Eta Carina explodiu de fato. Eles
chamam o evento de 1843 de a “grande erupçãoâ€. Notaram também que depois
daquele ano ela foi enfraquecendo lentamente, até que em meados do século
XX voltou a aumentar de brilho – mas só um pouquinho.

Hoje é visível a olho nu somente em noites sem luar, longe dos centros
urbanos. Ainda assim melhor que há 50 anos, quando era preciso um
telescópio. E como para toda celebridade que se preze, não faltam
especulações sobre a natureza de sua variabilidade.


*PARA ENCONTRAR ETA CARINA* você deve olhar na direção do Cruzeiro do Sul,
constelação que pode ser vista antes da meia-noite nos meses de abril e
maio, no Brasil. Como sugere a figura, ao lado do Cruzeiro você verá duas
estrelas brilhantes do Centauro. Elas são popularmente conhecidas como as
“Guardas do Cruzeiroâ€. Trace uma linha imaginária que sai de Alfa do
Centauro (que por acaso é a estrela mais próxima do Sol) e passa por Alfa
do Cruzeiro (cujo nome é Acrux) até encontrar a nebulosa de Carina. Daí
você precisará de um bom binóculo e uma noite límpida, sem poluição
luminosa, para vislumbrar uma das estrelas mais poderosas da galáxia.

Já se acreditou que Eta Carina era uma supernova lenta, preguiçosa até
mesmo para explodir. Ou simplesmente uma estrela “comum†(um pouco acima do
peso, é verdade) com instabilidades atmosféricas – uma espécie de pressão
alta que levaria a ataques perigosos.

Mas foi um astrônomo brasileiro quem sugeriu que Eta Carina teria uma
companheira quente. As interações com ela seriam responsáveis pelas
mudanças de brilho. Mas não pelas grandes erupções, que ainda são um
mistério. É como se Eta Carina tivesse dupla personalidade.

Eta Carina (sistema binário)
*Cor *
*Classeespectral*
*Distância(anos-luz)*
*Luminosidade(Sol=1)*
*Massa(Sol=1)*
*Temperaturasuperficial (K)*
*Idade(milhões de anos)*AzuladaB0 I07.5005.000.00070 + 3016.000 + 30.0002,8

Esperando a vez
A natureza dupla de Eta Carina não é mais uma suposição. Embora, pelo que
sabemos de estrelas tão grandes, ela nem deveria existir – mas existe. Ou
não mais. Como sua luz nos fornece uma imagem de 7.500 anos atrás, Eta
Carina já pode ter explodido e só saberemos quando o brilho dessa explosão
chegar aqui.

E que brilho... Se um dia observamos Eta Carina como supernova, estima-se
que sua luz será tão intensa a ponto de aparecer em pleno dia, e a noite
suficientemente luminosa para se ler um livro.

A Lua ficaria envergonhada – e seria muito bom que ficasse nisso. É que uma
estrela assim tão maciça também pode se transformar em hipernova, um evento
muito mais energético e que, pela distância de Eta Carina, pode afetar a
Terra de algum modo.*

Mas o que podemos fazer se a mau humor dessa estrela realmente se voltar
contra nós no futuro? Absolutamente nada. Se tiver de acontecer, assim
será. Assim como algumas grandes personalidades da Terra não caíram
sozinhas, a estrela mais luminosa da galáxia pode guardar seu último
suspiro para seus admiradores. E não há como deixar de admirá-la também por
isso.


* Existem muitas variáveis. Por exemplo, quando uma estrela explode em
hipernova ou supernova, ela faz um disparo de raios gama, que segue a linha
do eixo de rotação da estrela. Se a Terra não estiver sobre este eixo, o
disparo de raios gama não vai atingí-la. Outra coisa, o disparo de raios
gama vai perdendo força à medida que se afasta da estrela, então, mesmo que
estejamos sobre o eixo, se estivermos a uma distância suficiente, não
seremos mortos instantaneamente.
Finalmente uma observação: se um raio gama atingir o hemisfério sul e
aniquilar a vida ali, ele também vai aniquilar a vida no hemisfério norte.
Os raios-gama atravessam um planeta como a Terra sem muitos problemas, se
forem potentes o suficiente.
-------------- próxima parte ----------
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