ARLA/CLUSTER: Radioamadorismo e CUBESATS: em busca da integração

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 30 de Dezembro de 2014 - 13:36:30 WET


Foto: Protótipo do Satélite NanosatC-BR1

O uso de frequências do Serviço de Radioamador por satélites educacionais
da categoria cubesat com aplicações radioamadoras é tendência mundial, uma
vez que não existe no momento um segmento espectral específico para os
satélites educacionais.

A histórica relação entre universidades e organizações radioamadoras no
desenvolvimento tecnológico e educacional é um dos elementos que contribuem
para esta tendência.

No primeiro lançamento mundial de cubesats em 2003, dois deles foram
desenvolvidos por universidades japonesas em integração com a AMSAT
(Amateur Satellite Corporation): o CUTE-1 ou OSCAR-55 e Cubesat IX-IV ou

OSCAR-57 (OSCAR de Orbiting Satellite Carrying Amateur Radio).

Os próprios radioamadores configuram uma sociedade tecnológica pioneira no
campo satelital. Seu primeiro satélite, o OSCAR 1, foi lançado pelos EUA
apenas 4 anos após o Sputinik, em 1961. O primeiro satélite brasileiro
também foi radioamador, o Dove OSCAR-17, lançado em 1990.

Como consequência desta atividade coube à IARU, a União Internacional de
Radioamadorismo (International Amateur Radio Union), a coordenação
internacional de frequências utilizadas por satélites no espectro destinado
ao Serviço de Radioamador.

No entanto o recente aumento no número de projetos de cubesats que não
possuem envolvimento da comunidade radioamadora tem gerado preocupações nas
organizações radioamadoras e nas administrações de telecomunicações,
especialmente nos aspectos legais de operação e ocupação espectral com
descaracterização da natureza do serviço.

Visando mitigar os problemas e reduzir o risco do uso indevido das
frequências, a IARU e a AMSAT estimularam a integração entre as
organizações de representação dos radioamadores e as unidades de ensino e
pesquisa.

A expectativa é que as operações sigam as normas de comunicações de cada
país e as premissas da IARU, assim como exista maior divulgação dos
projetos para a comunidade e missões satelitais com aplicações
radioamadoras.

Como questões de gestão espectral envolvem o GDE (grupo de Gestão e Defesa
Espectral da LABRE), o grupo criou em maio de 2014 uma lista de discussão
na Internet chamada edusats-br. Nela integrantes dos vários projetos de
satélites brasileiros começaram pela primeira vez a interagir com os
radioamadores, entender as demandas mútuas e trabalhar pela esperada
integração. A coordenação do segmento de satélites pelo GDE coube a Edson
Pereira, PY2SDR.

A interação não ficou apenas no aspecto virtual. No primeiro semestre de
2014 o grupo realizou reuniões e visitas ao ITA, INPE e Colégio Embraer
abordando o tema radioamadorismo espacial, tecnologia e educação. No
segundo semestre um seminário foi realizado na Convenção Nacional de
Radioamadorismo (organizado pela LABRE/SP), contanto com a presença de
vários projetistas de satélites, estudantes, professores e radioamadores.

Os primeiros sinais de parceria operacional

Em junho de 2014 o INPE e a UFSM lançaram o NanosatC-BR1, um cubesat
1U(10x10x10cm) com missão científica e educacional. O lançamento foi
anunciado na lista edusats-br e os radioamadores brasileiros foram os
primeiros a receber os sinais de telemetria em CW transmitidos pelo
satélite na primeira órbita sobre o território nacional.

A recepção dos primeiros sinais foi de grande valor para a missão, uma vez
que pelos dados de telemetria fornecidos pelos radioamadores, os
engenheiros do INPE puderam confirmar o primeiro estado de saúde do
cubesat, o que posteriormente possibilitou comandá-lo para o modo nominal
de operação, transmitindo dados das cargas úteis científicas.

Os coordenadores do projeto NanosatC-BR1 agradeceram publicamente os
radioamadores pelo auxílio, além de ter sido uma ótima oportunidade de
divulgação do próprio projeto para a comunidade de radioamadores:

“Eles estão vibrando com o projeto que é o primeiro satélite brasileiro que
pode ser rastreado por eles na frequência em que atuam. São muito
experientes rastreando satélites radioamadores internacionais e estão
vibrando com esta oportunidade de rastrear e contribuir para a segurança de
um satélite brasileiro. E nós mais ainda com este apoio. Já são
praticamente parte da equipe tal a interação que temos tido" (Dr. Otávio
Durão (INPE) em nota ao excelente blog Brazilian Space).

As primeiras aplicações em radiocomunicações

A LABRE/GDE durante o ano de 2014 também se aproximou de dois outros
interessantes projetos: o AESP-14, cubesat de 1U desenvolvido por alunos do
ITA com missão de testar no espaço uma estrutura de cubesat integralmente
desenvolvida no Brasil; e o ITASAT-1, um cubesat de 6U com missão
científica e educacional.

Estes cubesats, com lançamentos previstos para 2015, incluirão missões
radioamadoras. O AESP-14 transmitirá sequências aleatórias de textos
predefinidos para recepção das estações radioamadoras. O ITASAT-1 possuirá
um transponder digital por armazenamento (store-and-forward) desenvolvido
por radioamadores brasileiros que permitirá comunicação via satélite usando
mensagens curtas de texto entre estações radioamadoras ao redor do planeta.
Maiores informações serão difundidas no transcorrer dos projetos.

GDE/LABRE, 23 de dezembro de 2014.

Com apoio de Edson Pereira, PY2SDR.

http://www.radioamadores.org/news/news-2014/news-2014-41.htm

Fonte: Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão
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