ARLA/CLUSTER: VEM AÍ O COMETA ISON

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 12 de Novembro de 2013 - 17:38:45 WET


   *VEM AÃ O COMETA ISON*

Imediatamente depois da sua descoberta no final do Verão do ano passado, os
meios de comunicação sensacionalistas diziam que o ISON seria o cometa do
milénio. No momento em que é suposto passar mais próximo do Sol, no dia 28
de Novembro, espera-se que brilhe tanto quanto a Lua Cheia. E mesmo com as
mais recentes previsões, o ISON pode ainda proporcionar um espectáculo de
luzes bastante razoável em Dezembro.

No início, os dois astrónomos amadores Vitaly Nevsky da Bielorrússia e
Artyom Novichonok da Rússia viram apenas um fraco ponto de luz. Foi
fotografado através de um telescópio de 40 centímetros da Rede Óptica
Científica Internacional (em inglês, International Scientific Optical
Network) a 21 de Setembro de 2012. Esta rede combinada, com a sigla ISON, é
operada pela Academia Russa de Ciências, compreende observatórios em dez
países e a sua tarefa é detectar novos objectos celestes. O ponto de luz
avistado a 21 de Setembro acabou por não ser um asteróide, como
inicialmente se assumia, mas um cometa. Eventualmente foi-lhe dada a
designação oficial C/2012 S1 (ISON).

Quando o ISON foi localizado, situava-se a cerca de mil milhões de
quilómetros do Sol, isto é, para lá da órbita do planeta Júpiter. Os
astrónomos calcularam a trajectória do cometa a partir de várias das suas
posições. Descobriu-se assim que o ISON orbita numa hipérbole; portanto,
deve ter sido catapultado das profundezas do espaço até ao interior do
sistema planetário, e possivelmente até mesmo orbitando o Sol pela primeira
vez.
  <http://www.nasa.gov/sites/default/files/ison-approach.jpg> O Cometa ISON
brilha nesta exposição de cinco minutos obtida no Centro Aeroespacial
Marshall da NASA no passado dia 8 de Novembro. A imagem tem um campo de
visão de aproximadamente 1,5º por 1º e foi capturada usando uma CCD a cores
acoplada a um telescópio de 14 polegadas. Nessa noite, o Cometa ISON
encontrava-se a 156 milhões de quilómetros da Terra, dirigindo-se para um
encontro íntimo com o Sol a 28 de Novembro. Localizado na constelação de
Virgem, é agora visível através de um bom par de binóculos.
Crédito: NASA/MSFC/Aaron Kingery
(clique na imagem para ver versão maior)

O facto de o ISON ser um "novato" deverá afectar tanto a sua forma como o
seu brilho, pois o seu núcleo pode conter uma grande quantidade de material
pristino que liberta gases quando se aproxima do Sol, reflectindo em
correspondência muita luz. Em qualquer caso, uma característica especial
deste cometa é a sua proximidade com o Sol.

Esta proximidade é evidente pelo facto de que, no dia 28 de Novembro, o
ISON passará pelo centro da nossa estrela a uns meros 1,8 milhões de
quilómetros. Uma vez que o Sol tem um raio de apenas 700.000 quilómetros,
isto significa que o cometa passará pela superfície borbulhante da estrela
a uma distância de cerca de um milhão de quilómetros. O seu núcleo de gelo
e rocha - os investigadores estimaram o diâmetro entre dois e cinco
quilómetros - será submetido a forças de maré gigantescas e a um calor
brutal.

O Cometa ISON deve reagir a este "teste de stress" tornando-se muito
activo, a superfície do seu núcleo deverá aquecer e deverá sublimar o
material gelado (convertendo-o directamente do estado sólido para o estado
gasoso), expelindo enormes plumas para o espaço e varrendo uma grande
quantidade de poeiras. Como mencionado acima, isto afecta o seu brilho. Os
astrónomos estão actualmente especulando sobre o assunto, bem como sobre se
o ISON conseguirá sobreviver ao seu encontro ardente com o Sol.

Há um ano atrás, as previsões optimistas assumiam que o seu brilho seria
comparável ao da Lua Cheia no dia do periélio, ou seja, a sua maior
aproximação com o Sol. Os cientistas pensam agora que é mais provável que
seja tão brilhante quanto Vénus, que actualmente é visível como a "estrela
da tarde" nos céus para Sudoeste. No entanto, no dia 28 de Novembro, o ISON
estará muito perto do Sol no céu diurno - será por isso difícil de observar
o seu brilho aparente, não importa quão grande seja.
  <http://observing.skyhound.com/ISON.png> Posição diária do Cometa ISON
até dia 17 de Novembro.
Crédito: Skyhound
(clique na imagem para ver versão maior)

Em meados de Agosto, foram novamente astrónomos amadores os primeiros a
obter a primeira foto do ISON à medida que amanhecia. Por volta de 20 de
Outubro passou pelo planeta Marte, cuja jornada tinha acompanhado durante
algum tempo na constelação de Leão. Encontra-se actualmente com uma cauda
claramente pronunciada na constelação de Virgem. O cometa pode já ser visto
com binóculos poderosos, e deverá tornar-se visível a olho nu a partir de
meados deste mês. Aproxima-se agora rapidamente do Sol. No início das
manhãs de 24 e 25 de Novembro, o ISON encontrará o cometa 2P/Encke, a
separação entre os dois será de apenas três diâmetros lunares (fase Cheia).

A observação será difícil, pois o céu será banhado pela luz do amanhecer. A
Lua Cheia será outro problema, que iluminará o palco do espectáculo. Nos
dias que rondam o periélio, as observações serão prerrogativa de
especialistas e observatórios espaciais como o STEREO.

Se o ISON sobreviver a passagem pelo periélio a 28 de Novembro, vai passar
a mover-se abruptamente na direcção Norte e será visível antes do
nascer-do-Sol mesmo por cima do horizonte a Este. A distância ao Sol
aumenta a cada dia que passa, a sua cauda deve alcançar o tamanho máximo e
surgirá no horizonte mesmo antes do aparecimento da cabeleira do cometa.
Entre 1 e 6 de Dezembro será possível observar o cometa ISON por volta das
7 da manhã.

A partir do meio de Dezembro, o cometa aparecerá no céu ao lusco-fusco,
muito baixo a Noroeste após o pôr-do-Sol. A sua cauda será agora muito
achatada, quase paralela em relação ao horizonte, e o seu brilho decresce
cada vez mais. É improvável que desempenhe o papel da impressionante
"estrela de Belém", e na véspera de Natal o ISON tornar-se-á novamente um
objecto para binóculos - embora no dia 27 de Dezembro o cometa atinja o seu
ponto de maior aproximação com a Terra, passando a uma distância de 64
milhões de quilómetros. A assinalar a passagem de ano, chegará ao fim o
impressionante desempenho deste vagabundo do espaço exterior.

*Links:*

*Notícias relacionadas:*
Instituto Max Planck (comunicado de
imprensa)<http://www.mpg.de/7606933/comet-ISON>
NASA<http://www.nasa.gov/content/goddard/timeline-of-comet-ison-s-dangerous-journey/#.UoIFUfm-2G4>
Sky & Telescope<http://www.skyandtelescope.com/community/skyblog/observingblog/Comet-ISON-Updates-193909261.html>
Skyhound <http://observing.skyhound.com/ISON.html>

*Cometa ISON:*
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Comet_ISON>
Centro de Planetas Menores da
UAI<http://www.minorplanetcenter.org/db_search/show_object?object_id=C%2F2012+S1>
Gary W. Kronk's Cometography<http://www.cometography.com/lcomets/2012s1.html>
Stereo Science Center <http://stereo-ssc.nascom.nasa.gov/comet_ison/>

*Cometa 2P/Encke:*
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Comet_Encke>
Centro de Planetas Menores da
UAI<http://www.minorplanetcenter.net/db_search/show_object?object_id=2P&commit=Show>
Gary W. Kronk's Cometography <http://cometography.com/pcomets/002p.html>

*Cometas:*
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Comet>
NASA <http://solarsystem.nasa.gov/planets/profile.cfm?Object=Comets>

Imediatamente depois da sua descoberta no final do Verão do ano passado, os
meios de comunicação sensacionalistas diziam que o ISON seria o cometa do
milénio. No momento em que é suposto passar mais próximo do Sol, no dia 28
de Novembro, espera-se que brilhe tanto quanto a Lua Cheia. E mesmo com as
mais recentes previsões, o ISON pode ainda proporcionar um espectáculo de
luzes bastante razoável em Dezembro.

No início, os dois astrónomos amadores Vitaly Nevsky da Bielorrússia e
Artyom Novichonok da Rússia viram apenas um fraco ponto de luz. Foi
fotografado através de um telescópio de 40 centímetros da Rede Óptica
Científica Internacional (em inglês, International Scientific Optical
Network) a 21 de Setembro de 2012. Esta rede combinada, com a sigla ISON, é
operada pela Academia Russa de Ciências, compreende observatórios em dez
países e a sua tarefa é detectar novos objectos celestes. O ponto de luz
avistado a 21 de Setembro acabou por não ser um asteróide, como
inicialmente se assumia, mas um cometa. Eventualmente foi-lhe dada a
designação oficial C/2012 S1 (ISON).

Quando o ISON foi localizado, situava-se a cerca de mil milhões de
quilómetros do Sol, isto é, para lá da órbita do planeta Júpiter. Os
astrónomos calcularam a trajectória do cometa a partir de várias das suas
posições. Descobriu-se assim que o ISON orbita numa hipérbole; portanto,
deve ter sido catapultado das profundezas do espaço até ao interior do
sistema planetário, e possivelmente até mesmo orbitando o Sol pela primeira
vez.
  <http://www.nasa.gov/sites/default/files/ison-approach.jpg> O Cometa ISON
brilha nesta exposição de cinco minutos obtida no Centro Aeroespacial
Marshall da NASA no passado dia 8 de Novembro. A imagem tem um campo de
visão de aproximadamente 1,5º por 1º e foi capturada usando uma CCD a cores
acoplada a um telescópio de 14 polegadas. Nessa noite, o Cometa ISON
encontrava-se a 156 milhões de quilómetros da Terra, dirigindo-se para um
encontro íntimo com o Sol a 28 de Novembro. Localizado na constelação de
Virgem, é agora visível através de um bom par de binóculos.
Crédito: NASA/MSFC/Aaron Kingery
(clique na imagem para ver versão maior)

O facto de o ISON ser um "novato" deverá afectar tanto a sua forma como o
seu brilho, pois o seu núcleo pode conter uma grande quantidade de material
pristino que liberta gases quando se aproxima do Sol, reflectindo em
correspondência muita luz. Em qualquer caso, uma característica especial
deste cometa é a sua proximidade com o Sol.

Esta proximidade é evidente pelo facto de que, no dia 28 de Novembro, o
ISON passará pelo centro da nossa estrela a uns meros 1,8 milhões de
quilómetros. Uma vez que o Sol tem um raio de apenas 700.000 quilómetros,
isto significa que o cometa passará pela superfície borbulhante da estrela
a uma distância de cerca de um milhão de quilómetros. O seu núcleo de gelo
e rocha - os investigadores estimaram o diâmetro entre dois e cinco
quilómetros - será submetido a forças de maré gigantescas e a um calor
brutal.

O Cometa ISON deve reagir a este "teste de stress" tornando-se muito
activo, a superfície do seu núcleo deverá aquecer e deverá sublimar o
material gelado (convertendo-o directamente do estado sólido para o estado
gasoso), expelindo enormes plumas para o espaço e varrendo uma grande
quantidade de poeiras. Como mencionado acima, isto afecta o seu brilho. Os
astrónomos estão actualmente especulando sobre o assunto, bem como sobre se
o ISON conseguirá sobreviver ao seu encontro ardente com o Sol.

Há um ano atrás, as previsões optimistas assumiam que o seu brilho seria
comparável ao da Lua Cheia no dia do periélio, ou seja, a sua maior
aproximação com o Sol. Os cientistas pensam agora que é mais provável que
seja tão brilhante quanto Vénus, que actualmente é visível como a "estrela
da tarde" nos céus para Sudoeste. No entanto, no dia 28 de Novembro, o ISON
estará muito perto do Sol no céu diurno - será por isso difícil de observar
o seu brilho aparente, não importa quão grande seja.
  <http://observing.skyhound.com/ISON.png> Posição diária do Cometa ISON
até dia 17 de Novembro.
Crédito: Skyhound
(clique na imagem para ver versão maior)

Em meados de Agosto, foram novamente astrónomos amadores os primeiros a
obter a primeira foto do ISON à medida que amanhecia. Por volta de 20 de
Outubro passou pelo planeta Marte, cuja jornada tinha acompanhado durante
algum tempo na constelação de Leão. Encontra-se actualmente com uma cauda
claramente pronunciada na constelação de Virgem. O cometa pode já ser visto
com binóculos poderosos, e deverá tornar-se visível a olho nu a partir de
meados deste mês. Aproxima-se agora rapidamente do Sol. No início das
manhãs de 24 e 25 de Novembro, o ISON encontrará o cometa 2P/Encke, a
separação entre os dois será de apenas três diâmetros lunares (fase Cheia).

A observação será difícil, pois o céu será banhado pela luz do amanhecer. A
Lua Cheia será outro problema, que iluminará o palco do espectáculo. Nos
dias que rondam o periélio, as observações serão prerrogativa de
especialistas e observatórios espaciais como o STEREO.

Se o ISON sobreviver a passagem pelo periélio a 28 de Novembro, vai passar
a mover-se abruptamente na direcção Norte e será visível antes do
nascer-do-Sol mesmo por cima do horizonte a Este. A distância ao Sol
aumenta a cada dia que passa, a sua cauda deve alcançar o tamanho máximo e
surgirá no horizonte mesmo antes do aparecimento da cabeleira do cometa.
Entre 1 e 6 de Dezembro será possível observar o cometa ISON por volta das
7 da manhã.

A partir do meio de Dezembro, o cometa aparecerá no céu ao lusco-fusco,
muito baixo a Noroeste após o pôr-do-Sol. A sua cauda será agora muito
achatada, quase paralela em relação ao horizonte, e o seu brilho decresce
cada vez mais. É improvável que desempenhe o papel da impressionante
"estrela de Belém", e na véspera de Natal o ISON tornar-se-á novamente um
objecto para binóculos - embora no dia 27 de Dezembro o cometa atinja o seu
ponto de maior aproximação com a Terra, passando a uma distância de 64
milhões de quilómetros. A assinalar a passagem de ano, chegará ao fim o
impressionante desempenho deste vagabundo do espaço exterior.

*Links:*

*Notícias relacionadas:*
Instituto Max Planck (comunicado de
imprensa)<http://www.mpg.de/7606933/comet-ISON>
NASA<http://www.nasa.gov/content/goddard/timeline-of-comet-ison-s-dangerous-journey/#.UoIFUfm-2G4>
Sky & Telescope<http://www.skyandtelescope.com/community/skyblog/observingblog/Comet-ISON-Updates-193909261.html>
Skyhound <http://observing.skyhound.com/ISON.html>

*Cometa ISON:*
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Comet_ISON>
Centro de Planetas Menores da
UAI<http://www.minorplanetcenter.org/db_search/show_object?object_id=C%2F2012+S1>
Gary W. Kronk's Cometography<http://www.cometography.com/lcomets/2012s1.html>
Stereo Science Center <http://stereo-ssc.nascom.nasa.gov/comet_ison/>

*Cometa 2P/Encke:*
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Comet_Encke>
Centro de Planetas Menores da
UAI<http://www.minorplanetcenter.net/db_search/show_object?object_id=2P&commit=Show>
Gary W. Kronk's Cometography <http://cometography.com/pcomets/002p.html>

*Cometas:*
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Comet>
NASA <http://solarsystem.nasa.gov/planets/profile.cfm?Object=Comets>
-------------- próxima parte ----------
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