ARLA/CLUSTER: lhéus das Formigas, são um dos locais menos conhecidos dos Açores.
João Costa > CT1FBF
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Sexta-Feira, 26 de Julho de 2013 - 00:16:03 WEST
lhéus das Formigas, apesar de quase sempre referidos quando se listam
as ilhas do Grupo Oriental do arquipélago, são um dos locais menos
conhecidos dos Açores. Na Ponta do Castelo, extremo sudeste da ilha de
Santa Maria, do Farol da Maia ou de Gonçalo Velho, usando um binóculo
avistam-se bem os ilhéus. Apesar da pequenez do território emerso
(cerca de 0,9 ha), o banco submerso que os rodeia tem grande interesse
biológico. Terão sido avistados em 1431, por Gonçalo Velho Cabral, na
sua primeira busca das ilhas achadas pelo piloto Diogo de Silves
Os oito rochedos que compõem os ilhéus são muito baixos, tendo o mais
elevado, o Formigão, 11 m de altura acima do nível médio do mar, pelo
que são naturalmente desabitados.
Os ilhéus situam-se 37 km a nordeste da ilha de Santa Maria e 63 km a
SE da ilha de São Miguel. A sua disposição forma um alinhamento
Norte-Sul com um comprimento total de 165 m e uma largura de cerca de
80 m.
Do ponto de vista geológico, os ilhéus das Formigas são formados,
essencialmente, por escoadas de basalto, interrompidas por veios
calcários que contêm fósseis de invertebrados marinhos que remontam,
possivelmente, ao Miocénico.
As águas circundantes são de grande importância ecológica devido à
diversidade de vida marinha que albergam e ao facto de constituírem
local de reprodução e alimentação para muitas espécies incluindo
tubarões, tartarugas e vários cetáceos.
Em 1988, pelo Decreto Legislativo Regional n.º 11/88/A, de 4 de Abril,
depois alterado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 8/90/A, de 17 de
Maio, foi criada a Reserva Natural dos Ilhéus das Formigas, que
compreende tanto a área emersa dos ilhéus como uma extensa área
marítima adjacente que inclui o recife submerso denominado banco
Dollabarat.
Em 2003, a Reserva Natural foi reclassificada em Reserva Natural
Regional pelo Decreto Legislativo Regional n.º 26/2003/A, de 27 de
Maio, que revoga os decretos acima mencionados e procede a uma revisão
dos limites e das medidas básicas de protecção. Actualmente a
demarcação da Reserva é feita por um rectângulo limitado a N pelo
paralelo 37º 21’ N, a S pelo paralelo 37º 09’ N, a E pelo meridiano
24º 37’ W e a W pelo meridiano 24º 53’ W. A área coberta protegida tem
52 527 ha e pretende proteger os ilhéus, a coluna de água, os fundos e
os recursos marinhos associados ao Banco das Formigas.
Nesta área são interditos: (i) quaisquer actividades de pesca, apanha
ou colheita de organismos marinhos (incluindo caça submarina), com ou
sem auxílio de embarcação, à excepção da pesca comercial de atum com
linha de mão ou salto e vara, exercida por embarcações que integrem o
sistema MONICAP; (ii) a colheita de material geológico ou arqueológico
ou a sua exploração sem autorização emitida pela entidade competente;
(iii) a perturbação, por qualquer meio, das aves que se acolhem nos
ilhéus; e (iv) o abandono de qualquer tipo de resíduos.
O diploma que enquadra a Reserva Natural Regional obriga a que esta
seja dotada de um plano de ordenamento a elaborar no prazo máximo,
entretanto expirado, de 3 anos.
O Banco das Formigas é uma área de grande relevância internacional
para conservação marinha, ostentando já classificações como Sítio de
Interesse Comunitário, ao abrigo da Directiva Habitats, foi integrada
na Rede Natura 2000 e é uma Área Marinha Protegida ao abrigo da
Convenção OSPAR[2]. A sua inclusão na rede mundial da UNESCO de
reservas marinhas da biosfera[3] foi também proposta, encontrando-se
em análise.
O almirante Manuel Maria Sarmento Rodrigues, grande conhecedor dos
mares dos Açores, faz dos ilhéus a seguinte descrição:
Tem esta denominação um grupo de ilhéus, alguns deles simples
rochedos, o mais alto dos quais, e também um dos mais pequenos, está
apenas 5 metros acima do nível médio do mar. É o chamado Formigão. Os
dois maiores, muito baixos e apenas separados por um estreito canal,
têm no conjunto um comprimento de 180 metros no sentido N-S, e cerca
de 40 metros de largura. As Formigas coroam um banco de cerca de 7
milhas [13 km] de extensão e 3 [5,5 km] de largura, situado 23 milhas
[43 km] a NE de Santa Maria. O banco estende-se numa direcção NW/SE,
estando os ilhéus na parte NW. Em redor destes não existem perigos
submersos - além das rochas e baixos que se estendem até cerca de 700
metros para Sul e para Norte do farol - nem tão pouco sobre a restante
parte do banco, onde as profundidades nunca descem abaixo dos 30
metros, à excepção de um pequeno ponto na parte SE, o Dollabarat, onde
há uma sonda de 3 metros somente. As Formigas constituem um autêntico
escolho para a navegação. De dia são visíveis a cerca de 10 milhas [19
km]; mas com neblina e sem radar pode encalhar-se no Dollabarat (sonda
reduzida 3,3 m) sem que o Formigão ou o farol nos tenham prevenido. Os
ilhéus não apresentam interesse algum para o navegante, porque
praticamente não dão apreciável abrigo. Contudo pode-se nele
desembarcar, com bom tempo, devendo a aproximação ser feita vinda de
leste, rumo ao farol, junto do qual há um pequeno cais.
Localizadas em pleno oceano, a pequena dimensão e altura dos ilhéus e
a presença do recife do Dollabarat, fazem das Formigas um perigo para
a navegação, particularmente em situação de má visibilidade ou quando
a ondulação provoque ecos de mareta que não permitam a sua fácil
detecção por radar. Face a esses perigos, logo em 1883 foi prevista a
instalação nas Formigas de um farol.
Passando a competência de alumiar as costas, por força do Decreto de 2
de Março de 1895, para a Junta Geral do Distrito Autónomo de Ponta
Delgada, iniciou-se a construção dos faróis das ilhas de São Miguel e
de Santa Maria. Contudo, as dificuldades técnicas e logísticas de
construir um farol num local tão inóspito levaram ao sucessivo
adiamento da sua concretização. Apenas no verão de 1948, numa operação
de grande complexidade que envolveu a construção do actual cais de
desembarque e o quebramento de rochas submersas para permitir a
aproximação, foi construído um farolim. Apesar de ter sido necessário
por vezes interromper os trabalhos em resultado do mau estado do mar,
a obra foi concluída em apenas 36 dias. Em 1962, com a utilização do
navio balizador Schultz Xavier, o farol foi modernizado.
Posteriormente, o farol foi novamente alterado, sendo o acetileno
substituído por uma lâmpada com alimentação fotovoltaica.
O farol está localizado no ilhéu mais a sul, numa zona aplanada sita
cerca de 3 m acima do nível médio do mar, e assenta sobre uma torre
tronco-cónica de 19 metros de altura, estando a luz 22 metros acima do
nível do mar. Nos dias de mau tempo todo o ilhéu é varrido pelas
vagas, ficando apenas emersa a torre. O farol é um dos ex-libris da
farolagem açoriana, marcando com o seu perfil característico a
paisagem oceânica das Formigas. Pode ser avistado a cerca de 12 milhas
náuticas de distância, sendo, nos dias de visibilidade excepcional,
visível das elevações da parte sueste da ilha de São Miguel e do
nordeste da ilha de Santa Maria.
Fonte: wikipédia
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