ARLA/CLUSTER: Como elaborar um Relatório de Recepção para emissoras de Onda Curta
João Gonçalves Costa
joao.a.costa ctt.pt
Terça-Feira, 29 de Janeiro de 2013 - 12:46:04 WET
As emissoras de ondas curtas geralmente precisam de se informar da forma como seus sinais alcançam as áreas-alvo de suas emissões. A respeito disso, as emissoras solicitam a seus ouvintes o envio de relatórios sobre a qualidade da recepção. A informação contida nesses relatórios é utilizada para verificar se a frequência usada é apropriada, se há interferência, se a qualidade da recepção é satisfatória, etc.
Um relatório de recepção deve incluir alguns dados técnicos da transmissão tais como horário, data, frequência, além de detalhes suficientes dos programas transmitidos para comprovar que o ouvinte que enviou o relatório escutou realmente os programas. As emissoras confirmam os relatório de recepção enviando cartões QSL ao ouvinte.
A seguir, dão-se algumas dicas básicas para a elaboração de relatório de recepção para serem enviados às emissoras internacionais de ondas curtas, com os principais itens que devem constar dos mesmos:
Data: a data na qual a emissão ocorreu, escrita por extenso; deve-se evitar a notação reduzida, por esta possuir diferentes interpretações, dependendo do país. Por exemplo, seja uma data expressa no formato reduzido: 03/06/1999. Em certos países da Europa e da América do Sul esta data significa 3 de junho de 1999, enquanto que na América do Norte significa 6 de março de 1999.
Hora: devido ao fato de a audiência das emissoras internacionais estar espalhada por todo o mundo, uma referência de tempo comum é requerida. Costuma ser usado o Tempo Universal Coordenado, abreviado de UTC, adotado pela União Internacional de Telecomunicações em 1979. O termo Greenwhich Mean Time, abreviado de GMT, é ainda anunciado por algumas estações, mas nenhuma conversão é necessária, pois ambos os termos (UTC e GMT) são cambiáveis entre si; há uma diferença de frações de segundo entre um e outro, mas que na prática é irrelevante. Consulte uma tabela de conversão horária ( http://www.geocities.ws/lenildo.geo//timechart.htm ), para converter o horário de sua localidade (hora local) para horário UTC, caso haja alguma dúvida.
Frequência ou Faixa: a frequência indicada no dial, ou indicada no mostrador no caso dos receptores digitais, pela qual escutou-se a emissora, expressa geralmente em quilohertz (kHz). Se a frequência for indicada no relatório, não há a necessidade de indicar a faixa (o comprimento de onda) correspondente. Em casos particulares, quando o dial tiver sido calibrado em comprimentos de onda ao invés de ter sido calibrado em frequências, ou quando o dial dificulta a leitura da frequência aproximada, opta-se por indicar a faixa, expressa em metros. A conversão entre o comprimento de onda e a frequência é simples (veja a tabela de conversão de kHz para metros para mais detalhes( http://www.geocities.ws/lenildo.geo//chartmetres.htm ).
Receptor: o tipo de receptor que é utilizado pelo ouvinte. De um modo geral, somente o modelo e marca do receptor precisam ser indicados no relatório. Contudo, o receptor pode ser de uma marca não conhecida no país para o qual é enviado o relatório. Dessa forma, informações adicionais são necessárias: se o receptor possui somente ondas curtas ou também ondas médias e/ou frequência modulada, se o receptor é portátil ou de comunicações, quantas faixas de ondas curtas o receptor possui, etc.
Antena: a antena utilizada com o receptor. Os modelos portáteis possuem uma antena telescópica embutida; contudo, caso seja utilizada alguma espécie de antena externa, seu tipo precisa ser mencionado: se é do tipo L-invertida, dipolo, de fio longo, etc. Caso o ouvinte use uma antena "exótica", como por exemplo um fio acoplado à armação metálica de uma janela, torna-se necessário fazer uma descrição adequada.
Código de Avaliação da Recepção: além dos dados técnicos acima descritos, a emissão precisa ser classificada quanto à qualidade da recepção, com o uso de um critério de avaliação expresso por meio de um código apropriado. Um exemplo consiste no uso do código SINPO (existe também uma variante muito mais completa denominado código SINPFMO, ver anexo), amplamente utilizado pelas emissoras internacionais de ondas curtas. Uma variante simplificada deste código, adotada por algumas emissoras, é o código SIO.
Detalhes do Programa: esta parece ser a parte mais variável de um relatório de recepção. Aqui o ouvinte indica os detalhes mais relevantes dos programas escutados, porém não apenas o título de cada programa transmitido. Por exemplo, caso o ouvinte escute um programa hipotético sobre telecomunicações, deve-se indicar no relatório, além do título, o nome do apresentador e alguns dos temas abordados. A quantidade de detalhes dependerá basicamente da inteligibilidade da emissão e do grau de conhecimento por parte do ouvinte do idioma usado (por exemplo, idiomas pouco difundidos como quéchua ou hausa).
Comentários sobre a programação: este é o critério mais subjetivo de todos, pois o ouvinte faz seus comentários com relação à programação escutada. As emissoras estão interessadas na opinião do ouvinte sobre os programas elaborados (se o programa foi ou não interessante, se deveria ter sido abordado certo tema, se o tempo disponível é adequado, etc).
Observações: qualquer informação que o ouvinte considerar importante, e não se enquadrar em quaisquer dos critérios acima.
Além dos tópicos listados acima, o ouvinte precisa indicar seu nome e endereço no relatório de recepção, de forma que possa receber uma resposta da emissora. Deve ser escrito de uma forma legível, de forma que possa ser facilmente compreendido por quem vai analisar o relatório na emissora. Evite assinar o relatório ao invés de escrever seu nome normalmente, pois assinaturas em geral são difíceis de serem decifradas.
Os relatório de recepção elaborados devem ser enviados para o endereço que é utilizado para o envio de correspondências à emissora, em geral divulgado durante a programação. Certas emissoras aceitam o recebimento de relatório de recepção enviados via correio eletrônico (e-mail). Contudo, algumas destas emissoras enviam a confirmação do relatório também via correio eletrônico, o que não é interessante para quem deseja receber um cartão QSL como confirmação do relatório. Algumas emissoras que possuem sites na Internet dispõem de formulários on-line para envio de i relatórios via Internet, de modo similar ao envio de relatório por e-mail, porém com os campos a preencher previamente indicados no formulário.
Fonte: SWL-DX por Lenildo C. Silva (adaptado ao português de Portugal por João Costa (CT1FBF)
Em Anexo: Relatório de Recepção de autoria de CT1FBF e CT0 1035, e Códigos SINPO e SINPFMO
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