ARLA/CLUSTER: Testado futuro sistema de alerta de tsunamis no Atlântico Nordeste,

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Sexta-Feira, 30 de Novembro de 2012 - 12:24:37 WET


Em 2013, já poderemos saber se vem aí um *tsunami*

Por Teresa Firmino <http://www.publico.pt/autor/teresa-firmino>

Testado futuro sistema de alerta de *tsunamis* no Atlântico Nordeste,
Mediterrâneo e outros mares na região. Num dos cenários testados por 19
países, simulou-se um terramoto ao largo de Portugal, seguido de ondas
gigantes, idêntico ao de 1755.

Às 8h15, o exercício arrancou: naquele instante tinha acabado de acontecer,
ficticiamente, um sismo ao largo de Portugal, com epicentro na Falha da
Ferradura, que seria capaz de desencadear um *tsunami*. A partir do final
de 2013, se este cenário se tornar real, poderemos ser alertados, com
minutos de antecedência, que vem a caminho de Portugal uma onda gigante.

Pouco depois do momento marcado para o sismo fictício, o recém-criado
Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em Lisboa, enviava a
mensagem inicial para instituições de 19 países, incluindo portuguesas, com
a localização e magnitude do sismo e alertava para um possível *tsunami*,
com estimativas do tempo de chegada da primeira onda a várias zonas
costeiras do Atlântico Nordeste – desde o próprio continente e ilhas até
Espanha, Marrocos ou Irlanda.

Minutos mais tarde, a equipa do geofísico Fernando Carrilho, do IPMA, fazia
seguir a segunda mensagem, com uma actualização da magnitude do sismo:
passava de 8,1 para 8,7 graus, a mesma energia libertada no terramoto de
1755, um dos mais fortes de que há memória, que destruiu Lisboa e matou
cerca de dez mil pessoas na capital portuguesa. O exercício foi mais um
teste ao futuro sistema de alerta precoce de *tsunamis *no Atlântico
Nordeste, Mediterrâneo e outros mares na região, que a Comissão
Oceanográfica Intergovernamental (COI) da UNESCO está a criar desde 2005, o
ano a seguir ao *tsunami *que atingiu o Sudoeste asiático e provocou a
morte a mais de 200 mil pessoas.

No Pacífico e Caraíbas, já existe um sistema mantido pelos Estados Unidos
com outros países, tal como no Ãndico, este criado depois da tragédia de
2004.

Em Abril deste ano, já tinha havido um teste às comunicações do futuro
sistema de alerta na Europa, então com o envio de uma mensagem de alerta de
um hipotético *tsunami*, enviada pelo Observatório e Instituto de
Investigação de Sismos de Kandilli, em Istambul, Turquia, para 30 países.
No caso de um sismo com epicentro no mar, com potencialidade para gerar
ondas gigantes, é crucial que o alerta seja dado em poucos minutos e que os
centros responsáveis pelos avisos nos vários países reajam depressa.

Agora, nas últimas terça e quarta-feira, 19 países testaram não só as
comunicações, mas também a capacidade de os serviços de protecção civil
para lidarem com a ameaça de um *tsunami*, explica Fernando Carrilho, um
dos coordenadores do projecto em Portugal. Desta vez, o teste incluiu
quatro cenários de *tsunamis *gerados por sismos: a Turquia enviou o alerta
relativo ao Mediterrâneo Oriental, a França ao Mediterrâneo Ocidental, a
Grécia ao Mar Egeu e Portugal ao Atlântico Nordeste.

No caso do cenário gerido pelo IPMA, na terceira, entre as seis mensagens
enviadas esta terça-feira, confirmava-se já a ocorrência do hipotético *
tsunami*, com medições na costa por marégrafos, tanto portugueses como de
outros países. O *tsunami *chegaria com uma onda de nove metros a Sagres,
22 minutos depois do suposto sismo, e de cinco metros a Cascais, 40 minutos
depois. A Casablanca, por exemplo, chegaria uma onda de oito metros. A
propagação da onda desde a Falha da Ferradura – com mais de 100 quilómetros
de extensão e que tem sido apontada como uma das que possivelmente originou
o sismo de 1755 – pode ver-se numa simulação animada
<http://www.meteo.pt/resources.www/docs_pontuais/ocorrencias/2012/NEAMWave12_NEATLANTIC_IPMA_Movie.gif>do
IPMA.

*Três países em operação...*
Por enquanto, só três países estão em condições de lançar alertas à
população, baseando-se sobretudo em informação sísmica – por exemplo, se
ocorre um sismo com epicentro no mar e magnitude superior a 6,5 graus,
existe a possibilidade de *tsunami*. Por outro lado, o sistema praticamente
não tem ainda estações no fundo do mar, cujos sensores permitiriam detectar
com mais fiabilidade se um *tsunami *vem a caminho da costa. Os sensores
das estações detectam uma certa variação na altura da coluna de água,
causada porque o fundo do mar sofre uma deformação produzida por um sismo.
É que um sismo é originado quando a crosta terrestre se rompe. No mar,
gera-se um *tsunami *quando essa ruptura também deforma o fundo do mar.

“Em Julho e Agosto, a Grécia, Turquia e França declararam que estão em
operação: o Mediterrâneo Ocidental e Oriental tem já sistema de
monitorização e alerta, ainda que sem estações no fundo do mar, com
excepção da Turquia, que instalou algumas estações no mar de Mármaraâ€,
refere Fernando Carrilho. “No Atlântico Nordeste e Mediterrâneo Central
ainda não está em operação nenhum sistema. Portugal defendeu, na última
reunião [dos parceiros envolvidos no sistema], em Setembro, que está a
planear entrar em operação no último trimestre de 2013.â€

Assim sendo, no final do próximo ano, com base na magnitude e localização
dos sismos e ainda em medições do nível do mar pelas estações maregráficas
que existem na costa, quando a onda lá chegar, o IPMA estará em condições
de enviar alertas para os países participantes no sistema. Em Portugal, a
Autoridade Nacional de Protecção Civil decidirá então, na sequência dessas
mensagens, o que fazer: se lançará avisos à população e se neles haverá
ordem de evacuação de determinadas zonas.

*... E no mar, três estações para o Sudoeste ibérico*
Para quando a instalação das estações no fundo do mar? “[Por causa da
crise], nos tempos mais próximos nenhum país europeu vai ter estações no
fundo do marâ€, diz Maria Ana Baptista, do Instituto Dom Luiz da
Universidade de Lisboa, também coordenadora do projecto em Portugal.

Seja como for, a configuração estudada do sistema para o Sudoeste do cabo
de São Vicente incluiu o mínimo de três estações. A compra e instalação de
cada uma delas custariam cerca de 700 mil euros, a que se juntariam outros
700 mil euros por ano em manutenção. “Esta é a componente mais difícil de
concretizar, porque envolve grandes investimentos. Provavelmente, o sistema
arrancará dependendo da rede sísmica e maregráfica, sem estações no fundo
do marâ€, diz Fernando Carrilho. “Ou é Portugal que avança e instala e
mantém em operação esses equipamentos, ou, no âmbito de cooperação
internacional, considera-se que esses equipamentos serviriam Espanha,
Marrocos, Irlanda, Reino Unido e haveria uma parceria que suportaria essa
instalação.â€

Mesmo sem estações no fundo do mar, como um *tsunami *demora só alguns
minutos a chegar a certas zonas da costa portuguesa, como seria avisada a
população? “Teria de haver sistemas de alerta sonoros nas praias mais
expostas e difusão de mensagens nos canais televisivosâ€, responde Fernando
Carrilho. “Se for durante a noite, os sinais sonoros são os mais eficazesâ€,
sublinha o geofísico, acrescentando que a Câmara Municipal de Setúbal já
tem uma experiência desse género na praia de Albarquel.

Fonte: Jornal Publico
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