ARLA/CLUSTER: Ionosonda EL ARENOSILLO perto de Huelva volta a funcionar.

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Sábado, 17 de Novembro de 2012 - 18:12:14 WET


Depois de mais um largo período sem funcionar, finalmente a 7 de Novembro,
lá voltaram a  "ligar o interruptor".

Disponível em:  *Atmospheric Sounding Station
EL ARENOSILLO <http://www.inta.es/atmosfera/28/56/submenu.aspx>
37.1 N - 6.7 W * *Digisonde 256 Ionospheric Sounder
http://iono.inta.es/*


*Breve descrição das ionosondas e a leitura dos dados mais importantes para
o amador de rádio por Carlos Mourato (CT4RK).*

Uma ionosonda, é um tipo especial de radar, que emite curtos impulsos
electromagnéticos para a ionosfera, ao longo do espectro de HF, normalmente
entre 1,6 e 30 Mhz através de uma antena com um diagrama de radiação
conhecido e favorável desde a vertical (90º) até cerca de 70º. (abertura de
lóbulo normalmente de 60º) para distancias até cerca de 500Km, e em algumas
mais elaboradas, principalmente nas digisondas,
http://ionosonde.com/VIPIR_Data/URSIGARev5.pdf existe mesmo emissão de
impulsos a ângulos baixos, chamada propagação obliqua, para registar (num
receptor até 3000Km de distancia) a Máxima Frequência Utilizável ou MUF.

Estas ionosondas através de receptores sincronizados registam a reflexão
dos sinais por ela emitidos para a ionosfera, analizam a sua intensidade, e
através de processamento digital dos dados recebidos, permitem-nos
determinar muitos parâmetros da propagação.
<http://4.bp.blogspot.com/_y5s-bI1eqR4/S47zS0OoQrI/AAAAAAAABFY/c3QtxfcQuwU/s1600-h/NVIS7.bmp>















Para o amador que não queira muito detalhe cientifico, um ionograma é uma
maneira muito fácil de saber quais as condições de propagação em NVIS , que
é o tipo de propagação usado em 40m e 80m, para distâncias até cerca de 400
km, Como tal pode consultar a foF2 ou frequencia critica, que é a
frequência a partir da qual, e para ângulos maiores do que 70º, a energia
electromagnética não se reflecte e perde-se no espaço. Alem disso muitas
sondas modernas permitem tambem determinar a MUF, Máxima Frequencia
Utilizavel, a partir da qual normalmente apenas a onda terrestre é
utilizável.

Para melhor poder-mos entender e interpretar alguns dados de um ionograma
vamos analizar o seguinte exemplo da digisonda de Arenosillo perto de
Huelva.

Observando o gráfico salta à vista a frequência em MHz, com incremento da
esquerda para a direita no eixo horizontal (eixo X) e a distância em Km a
que é possivel comunicar, no eixo vertical (eixo Y) . A presença de 2
grupos de ecos, que se observam no ionograma, um mais acima e outro mais
abaixo, é devido ao duplo eco. Este duplo eco acontece, porque a energia de
RF, depois de ser emitida reflecte-se na ionosfera e volta à terra.

Por vezes, se o sinal for bastante forte, volta de novo a reflectir-se na
terra e de novo na ionosfera, voltando desta forma ao receptor, e dando uma
indicação de altura das camadas F, normalmente no dobro da realidade, e
como tal a indicação de distâncias tambem no dobro para uma determinada
QRG. Quanto aos gráficos em si, podemos observar duas cores de pontos, que
correspondem ao registo das chamadas frequências ordinárias a vermelho, e
extraodinárias, a verde. A definição de frequência Ordinária e
extraodinária, está um pouco para além desta simples explicação, e não é
muito fácil de entender. Todavia quem quiser queimar um pouco de neurónios,
pode aceder aqui http://www.antennex.com/prop/prop0706/prop0706.pdf onde
através do trabalho do colega ON5AU, ficará a saber muito mais sobre
ionosondas do que eu alguma vez saberei.

Neste contexto, os registos que nos interessam são os pontos vermelhos ou
seja a foF1 e foF2. Os pontos verdes representam a frequencia extraodinária
fxF1 e fxF2, que não é objecto desta simples explicação. Se reparar-mos
verificamos que os pontos vermelhos, começam a subir na frequencia de 7225
KHz, que é a frequencia critica de reflexão, denominada foF2, e a partir da
qual para ângulos superiores a cerca de 70º a energia electromagnética
perde-se no espaço.

Normalmente a frequência optima de trabalho situa-se 10% abaixo deste valor
de foF2. O ponto de reflexão na camada F1 situa-se geralmente numa
frequência inferior à F2 e neste caso é o deep anteriro a 7225 Khz que se
situa em cerca de 3850 KHz. e é representado por foF1. Curiosamente este
valor é mais notório no registo do eco. No entanto a linha escura que
acompanha os registos fo e fx, e que representa a média dos valores
registados, (através da relação da densidade de electrons da camada, com a
altura virtual) tambem indica claramente esse valor. No lado esquerdo do
eixo dos X, podemos ver que a frequencia minima de reflexão se situa em
cerca de 1,3 MHz. Este valor é um tanto dependente do grau de absorção da
camada "D", que está activa durante o dia solar.

Ao fundo da imagem encontram-se em valores aproximados, a relação da
frequência com as distâncias possiveis de trabalhar. No exemplo podemos ver
que para efectuar uma comunicação a 100km ou menos, podemos utilizar uma
QRG até 7,8 MHz. Se necessitamos de comunicar a 600 Km a QRG pode ir até
aos 9.0 Mhz e nos 30m (10 MHz) podemos fazer contactos a cerca de 800Km mas
não a menos. Nos 20m podemos ver que estações acima de 1300/1400 Km já são
perfeitamente acessiveis., e que podemos utilizar os 24 Mhz (12m) para
fazer contactos acima de 3000Km.

Acrónimos anexos ao gráfico

*2 - hmF1: --- Altura da máxima densidade de reflexão da camada F1
3 - hmF2: --- Altura da máxima densidade de reflexão da camada F2
4 - h F2: ----- Altura minima virtual da camada F2
5 - MUF: ----- Máxima frequência utilizável
6 - Fmin ---- Minima frequência utilizável em skywave.(reflexão ionosférica)
7 - foF1 ----- Frequência critica de reflexão da camada F1
8 - foF2 ----- Frequência critica de reflexão da camada F2*

Depois de se passar pela grey line, (linha de separação da noite e do dia)
as camadas F1 e F2 desaparecem, dando origem a apenas uma camada "F". A
partir dessa altura a foF2 baixa considerávelmente e acaba por se situar
apenas um pouco acima do valor onde estava a foF1. Nestas condições, bandas
que durante o dia servem para comunicar em NVIS, podem ficar transformadas
em bandas de DX e só se conseguir contactos a distâncias superiores a 1000
ou mais Km.

Os 40m são especialmente favoráveis à ocorrência destas condições, e mesmo
os 80m a determinadas horas da noite, tornam-se dificeis para comunicações
NVIS.

Espero ter contribuido mais uma vez para ajudar os colegas menos elucidados
nestas coisas da rádio, com esta breve e simples quanto possível
explicação, que não tendo grande aprofundamento cientifico, pois os
leitores alvo em principio não serão pessoas formadas em técnica
radioelétrica, será pelo menos uma ajuda para a interpretação desta util
ferramenta que são as ionosondas, e que se encontram à nossa disposição na
internet.
<http://3.bp.blogspot.com/_y5s-bI1eqR4/S47ziJVeOhI/AAAAAAAABFg/iTdunMtSZCk/s1600-h/NVIS8.bmp>








Antenas de ionosonda


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