Re: ARLA/CLUSTER: Petição Pela liberdade de investigação académica

Luís Garcia Filipe afterhours36 gmail.com
Quinta-Feira, 8 de Novembro de 2012 - 10:53:40 WET


Bom dia.

Esta chuva de hoje não presta para nada, tenho a deltaloop a dançar que nem
perdida :)

A resposta do senhor Vilela é muito exemplar, de bastantes pontos de vista,
é demonstra ter um raciocínio imaculado, racional na sua mais profunda base.

A racionalidade dos princípios tem andado perdida, nas pessoas que conduzem
este Pais, de alguns anos para cá.( muitos)

Discordo que o banal senso comum, a correcção política , é prejudicial ser
exercida pelos nossos média: mais lhe informo que é essa mesmo a sua missão
genealógica, a critica faz parte dos valores democráticos, e o poder tem de
saber viver com eles, sendo banais ou não, com pouca instrução cientifica
ou não, simplesmente faz parte, mesmo que irrite.

Se o estudo favorece este ou aquele movimento, se o noticiamento do mesmo,
a divulgação do mesmo, acaba por se adoptado por determinados movimentos,
acredite que na maior parte das vezes é oportunismo sociológico, mas que a
maior parte das vezes é expontaneo, consequência de vivermos uns ao lado
dos outros.

É como ser do benfica, ou do sporting, cada um tem tendência em associar-se
aquilo que nos identifica. Mas o facto de pessoas menos morais gostarem
disto ou daquilo, não retira o valor inicial ao objecto.

A comunidade cientifica tem de ser protegida, apesar dos seus percalços.
São humanos, serão sempre tentados a ser influenciados por esta ou aquela
corrente, mas o que interessa mesmo é a síntese da sua evolução: graças á
ciência, como sabe muito bem, temos o radio, a antibiótico, etc etc etc

É curioso quando fala do estudo dos malefícios dos telemóveis, sabendo que
não faz mal a radiação emitido pelos mesmos, através de vários estudos, uns
tendenciosos ou nem por isso, ninguém me tira a dor de cabeça com que fico
quando estou mais de 30 minutos com ele encostado á cabeça. Já nas nossas
frequências é possível estar com 5 watts e uma antena de 3 db no portátil a
fazer tx durante 1 hora ou mais e não me doí a cabeça nem pouco mais ou
menos.

Eu não sei se são coitadinhos ou não, sei que pessoas de muito bom nome já
assinaram, e eu também.

Apesar do seu raciocínio ser, digo-lhe, muito estimulante, também acredito
que por vezes o mundo é mesmo a preto e branco, e para que o mal prevaleça
basta que os homens de boa vontade nada façam, como dizia um grande
escritor.

Se ninguém se queixa, é porque está tudo bem, e nada temos de mudar. Também
não podemos estar á espera que os movimentos sejam sempre perfeitos, sempre
isentos, porque onde há seres humanos á sempre defeitos. É  a nossa natura.
Agora a inercia e o comodismo empurram muitas vezes uma nação ao abismo,
porque estamos sempre á espera que alguém tome atitudes por nós, ou que
surja o São Sebastião numa noite de nevoeiro.

Quanto ao colega que não entende porque a Arla colocou aqui este tópico,
digo-lhe que fez muito bem, porque se o estudo cientifico informa que a TDT
foi um processo corrupto porque falhou propositadamente da sua eficiência
técnica, quem melhor que os Rádio amadores para contraporem e debaterem
motivos que possam explicar ou não os erros da TDT?

Se de rádio-frequência e espalhamento do sinal se trata, se é de propagação
que estamos a falar, quem melhor? :)

Afinal, a petição pode estar a defender um mau trabalho, ou não?
(dificílimo de acreditar sabendo o País que temos)

Senhor António Vilela, muito obrigado pela sua resposta e frontalidade,
serviu para abertura de novas perspectivas sobre a análise de um problema
bem conhecido por todos.

Viver no silêncio é que não interessa.

73, CR7AEL



No dia 8 de Novembro de 2012 03:37, AV <radiophilo  gmail.com> escreveu:

> Caro Luis Filipe,
>
> Lamento que a minha mensagem telegráfica possa não ter sido eficaz a
> transmitir o que penso sobre o assunto. Vou tentar clarificá-lo,
> respondendo  o melhor possível às suas perguntas.
>
> Começo por dizer que não vejo o mundo a preto e branco com bons de um lado
> e maus do outro.
>
> 1. Em relação às virtudes e qualidades da TDT em Portugal, sou da opinião
> de que o avanço técnico foi diminuto para o investimento que todos fizemos.
> A existência de falhas técnicas e intermitências, já aqui muito discutidas
> e que ocorreram sobretudo na época de verão, é difícil de compreender e de
> aceitar.
> O problema da cobertura ou da ausência dela é igualmente dificil de
> aceitar, ou talvez mais ainda, por muitas contas e estatísticas que se
> apresentem.
>
> Pessoalmente sinto-me enganado porque fui conduzido a gastar meia centena
> de euros para ter funcionalidades marginais que não iria comprar por minha
> iniciativa (não sou grande consumidor de TV), não tirando daí benefícios de
> maior.
>
> Em relação aos 4 canais, e descontando o tal canal HD que foi prometido e
> depois roubado, não entendo as comparações que se fazem com outros países.
> Daquilo que conheço da TDT em alguns deles, esta foi aproveitada para
> distribuir canais que já existiam, isto é, nesses países já havia muita
> produção que passou a beneficiar do novo suporte.
>
> 2. Aproveito para abordar o SIRESP e a liberdade de imprensa ao mesmo
> tempo. O colega talvez se recorde de um artigo publicado há alguns anos
> atrás por uma "jornalista" de um jornal de grande difusão denegrindo os
> radioamadores de forma particularmente contundente. Estou convencido que o
> objectivo contratado dessa notícia foi exclusivamente promover e acelerar a
> implementação do SIRESP, sem olhar a meios.
>
> Julgo que com o poder e com a liberdade vem a responsabilidade.
> Acredito profundamente que a liberdade de imprensa é uma conquista muito
> valiosa da nossa sociedade moderna, mas tenho ressentimento contra a classe
> que, paradoxalmente, mais esbanja essa riqueza.
>
> 3. De forma geral esse tipo de abusos de poder são protegidos pelo
> corporativismo, que se manifesta em muitíssimas áreas da nossa sociedade,
> desde organizações e ordens profissionais até organizações políticas, já
> para não falar de interesses e poderes mais obscuros.
> Observo que as iniciativas públicas dessas corporações procuram
> capitalizar as emoções e mitos correntes na sociedade, o banal senso comum,
> a correcção política e a plausibilidade para dinamizar os movimentos que
> mais lhes interessam.
>
> Todos estes sinais estão presentes na "petição dos coitadinhos" cujos
> interesses receio bem estarem muito para além da defesa da "liberdade de
> investigação científica".
> Quanto à encomenda do estudo, é claro que não me referia a este, que
> acredito ter feito de boa fé e que tudo indica ser credível, mas sim a
> outros de que por aí se fala. Não sei o que afectará mais a "independência
> da investigação científica", se uma ameaça de acção em tribunal, ou se a
> encomenda de um estudo académico sobre os malefícios dos telefones
> celulares por um fabricante deste tipo de equipamentos.
> A relação entre a academia e a indústria é muitas vezes simbiótica, não o
> esqueçamos, para o bem e para o mal.
>
> 4. Não tenho nenhuma relação particular com a PT, nem pessoal nem de
> natureza alguma.
> Sei que algum do dinheiro que pago ao estado todos os meses lá irá parar,
> nada mais. Nem sequer sou cliente deles.
> De resto isso pouco importa. Tive a ocasião de aqui escrever recentemente
> que achava a sua acção judicial como reveladora da sua culpa na qual passei
> a acreditar. De igual forma encaro esta acção da academia como reveladora
> da sua falta de inocência. Não me refiro a este cientista em particular,
> note-se.
>
> 5. Quero ainda acrescentar algumas palavras que podem ajudar a esclarecer
> a minha apreciação da tal "petição dos pobrezinhos".
> Esta quadrilha de justiceiros pretende nada menos que levar a Comissão de
> Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e  Garantias da Assembleia
> da República a  louvar e reconhecer como VERDADE as conclusões do cientista!
> Querem também levar a esses e mais aos outros a reclamar e reconhecer
> privilégios especiais para a classe.
>
> Pelo meio ainda reclamam que os cientistas apenas podem ser avaliados por
> critérios científicos, embora eu duvide que a acção da PT seja no sentido
> de rever em baixa a nota final do académico.
>
> Ah, e quase me esquecia do mais importante. Parece que também querem
> convencer o povo, capitalizando em mitos, descontentamentos correntes na
> sociedade, banalidades e correcção política, que a sua argumentação
> constitui prova suficiente da culpa dos maus, dispensando assim o
> julgamento dos tribunais, dos quais reclamam imunidade justamente para não
> se sentirem amordaçados.
>
> Tenham paciência! Já demos muito para esse peditório. Afinal exactamente
> quem e como ameaça a liberdade de investigação académica, ao ponto de
> justificar esta petição?
> E o que justifica tal pedido de imunidade? Se o investigador nada fez
> contra a lei, então nada tem que temer dos tribunais.
>
> Finalmente quero agradecer as suas amáveis palavras. Sei que não mereço
> tal distinção, mas fico satisfeito que o colega tenha encontrado algo de
> interesse entre o que por aqui vou escrevendo.
>
> 73,
> António Vilela
> CT1JHQ
>
>
> 2012/11/7 Luís Garcia Filipe <afterhours36  gmail.com>
>
>>
>> Boa noite.
>>
>> Senhor António Vilela, encontra vossa excelência explicação racional para
>> o aumento grotesco dos Clientes, Zon, etc, depois do sinal analógico ter
>> sido desligado?
>>
>> Tendo analisado que o Senhor António Vilela, pela maioria dos seus
>> comentários, é uma pessoa de elevado conhecimento técnico sobre
>> rádio-frequência, consegue explicar a grosseira ineficiência da cobertura
>> da TDT?
>>
>> Concorda que o gasto que se fez em equipamento para a TDT, foi de um
>> esbanjar semelhante ao da implementação da rede Ciresp (que acabou por ser
>> alvo de investigação?), para termos os mesmos 4 canais? (quem consegue ter)
>>
>> Acredita mesmo que o trabalho cientifico foi encomendado? Por quem?
>>
>> Acredita que a liberdade de expressão / Imprensa, é um mal que aflige
>> Portugal? Porquê?
>>
>> Qual é a sua relação com a Portugal Telecom? Tem alguma?
>>
>> Entenda vossa excelência, que não estou a interrogá-lo, mas sim gostaria
>> de saber a sua opinião quanto ás questões que levanto, na leitura da sua
>> opinião sobre a petição, uma vez que considero, pelas leituras que faço das
>> suas opiniões, uma grande figura do rádio-amadorismo em Portugal (entre
>> muito poucos), cuja opinião de critica técnica tem sido de alguma
>> influência para mim, apesar de não o conhecer pessoalmente.
>>
>> 73, CR7AEL
>>
>>
>>
>>
>>
>> No dia 7 de Novembro de 2012 20:21, AV <radiophilo  gmail.com> escreveu:
>>
>> Não vou assinar.
>>> Não há uma virgula que esteja bem nesta petição, arre!
>>>
>>> - Esta petição é um atestado de menoridade aos tribunais, sugerindo que
>>> possam estar ao serviço dos "interesses".
>>> - Já chegam os atropelos que se fazem à sombra da chamada "liberdade de
>>> imprensa", o que mais cá faltava agora era imunidade judicial para os
>>> investigadores académicos.
>>> - Estranha-se esta posição, quando se apercebem bem mais indícios de
>>> trabalhos científicos com conclusões encomendadas pelos "interesses" do que
>>> o condicionamento pela negativa.
>>> - Os investigadores científicos devem, como qualquer outro profissional,
>>> ser pessoas responsáveis pelo seu trabalho e assim estar sujeitos ao
>>> escrutínio público.
>>> - Quem não deve não teme. Eles que movam as acções judiciais que
>>> entendam. A verdade virá ao de cima, se é que não está já a emergir...
>>>
>>> 73,
>>> António Vilela
>>> CT1JHQ
>>>
>>>
>>>
>>> 2012/11/7 João Costa > CT1FBF <ct1fbf  gmail.com>
>>>
>>>>  Para:Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e
>>>> Garantias da Assembleia da República; Presidente do Conselho de
>>>> Reitores das Universidades Portuguesas; Presidente do Conselho
>>>> Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos
>>>>
>>>> Uma tese de doutoramento apresentada recentemente por Sérgio Denicoli
>>>> e aprovada por unanimidade na Universidade do Minho tornou-se motivo
>>>> de notícia nos media e tem desencadeado posições, algumas das quais
>>>> suscitam viva inquietação aos subscritores deste texto.
>>>>
>>>> A investigação realizada centrou-se no modo como foi desenhada e
>>>> implementada a televisão digital terrestre (TDT) em Portugal, desde
>>>> 2007. O investigador recorreu, entre outros contributos, à “teoria da
>>>> captura”, formulada por Stigler (1971) e desenvolvida por Bohem (2007)
>>>> no quadro da qual concluiu que, no caso português, o comportamento da
>>>> Portugal Telecom (PT) e da Autoridade Nacional de Comunicações
>>>> (ANACOM) neste processo configura uma “captura regulatória” da
>>>> primeira das entidades sobre a segunda, uma prática que a organização
>>>> Transparency International considera ser "acto de corrupção". A
>>>> investigação também demonstra que a gestão deste processo de
>>>> implementação da TDT ocorreu a par de um aumento substancial das
>>>> subscrições de serviços de televisão pagos.
>>>>
>>>> As notícias sobre este assunto publicadas em vários órgãos de
>>>> comunicação social levaram quer a PT quer a ANACOM a anunciar a
>>>> intenção de proceder criminalmente contra Sérgio Denicoli, por
>>>> considerarem aquelas conclusões da tese injuriosas e difamatórias.
>>>>
>>>> Sobre esta matéria, os abaixo-assinados entendem ser seu dever afirmar
>>>> que seria da maior gravidade que os académicos fossem condicionados ou
>>>> amordaçados na sua liberdade de investigação, como se tivessem de ser
>>>> avaliados por critérios outros que não os científicos.
>>>>
>>>> Assim sendo, apelam a todos os cidadãos sintonizados com os valores da
>>>> liberdade e da independência da investigação, a todos os membros da
>>>> Academia, à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades
>>>> e Garantias da Assembleia da República, ao Presidente do Conselho de
>>>> Reitores das Universidades Portuguesas e ao Presidente do Conselho
>>>> Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos que se mobilizem
>>>> para:
>>>>
>>>> - Manifestar apoio ao Doutor Sérgio Denicoli pelo trabalho
>>>> desenvolvido, pela pertinência e oportunidade do estudo levado a cabo
>>>> e pelos resultados obtidos nas suas provas de doutoramento;
>>>>
>>>> - Afirmar perante a sociedade e os diferentes poderes – político,
>>>> económico ou outro - que a liberdade académica é um requisito
>>>> essencial da actividade científica e que devem ser vigorosamente
>>>> combatidas as tentativas de a pôr em causa;
>>>>
>>>> - Chamar a atenção para a relevância social das investigações que se
>>>> propõem contribuir para iluminar os problemas e situações com que se
>>>> debatem as sociedades em que vivemos;
>>>>
>>>> - Exigir das autoridades académicas que facultem enquadramento e
>>>> suporte, nomeadamente jurídico, aos seus investigadores, em especial
>>>> àqueles que lidam com matérias melindrosas e de impacto público;
>>>>
>>>> - Denunciar publicamente toda e qualquer tentativa que pretenda
>>>> condicionar a investigação científica e atemorizar ou silenciar os
>>>> investigadores.
>>>>
>>>> Os signatários
>>>>
>>>> http://www.peticaopublica.com/?pi=P2012N31407
>>>>
>>>>
>>>> _______________________________________________
>>>> CLUSTER mailing list
>>>> CLUSTER  radio-amador.net
>>>> http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster
>>>>
>>>>
>>>
>>> _______________________________________________
>>> CLUSTER mailing list
>>> CLUSTER  radio-amador.net
>>> http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster
>>>
>>>
>>
>>
>> --
>> Cumprimentos;
>>
>> Luís Filipe Garcia S.
>>
>> _______________________________________________
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>>
>>
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-- 
Cumprimentos;

Luís Filipe Garcia S.
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