ARLA/CLUSTER: TDT em Portugal: "tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis".

João Gonçalves Costa joao.a.costa ctt.pt
Terça-Feira, 7 de Fevereiro de 2012 - 18:45:42 WET


Cândido e a TDT

No século XVIII, o filósofo francês Voltaire, revoltado com o conformismo com que as elites europeias encaravam o terramoto de Lisboa, escreveu um conto satírico em que um jovem, Cândido, recebia do seu tutor, Pangloss, lições de filosofia otimista. 

Em qualquer situação calamitosa com que deparava, Pangloss ia repetindo: "tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis".

A ANACOM, que supervisiona o processo de conversão da televisão analógica para a digital terrestre (TDT), tem bebido da filosofia panglossiana para responder às
críticas da opinião pública e da DECO. Denunciámos inúmeras falhas, que vão da ineficiente informação prestada aos consumidores à falta de equidade em termos
de custos entre a TDT e o DTH (receção por satélite). A uma semana do início do apagão no litoral, que principiou a 12 de Janeiro, a ANACOM deu razão à DECO ao decidir "ajustar" a operação em cinco sub-fases.

No entanto, um dos seus responsáveis já considerou aceitável que 10% das 1,3 milhões de famílias portuguesas abrangidas pela conversão fiquem sem sinal. São 130 mil famílias, presumivelmente com predominância de populações idosas, carenciadas, e do interior do País. E tudo iria pelo melhor no melhor dos mundos possíveis.

Este é um cenário que a DECO nunca poderá aceitar. Continuaremos a exigir aperfeiçoamentos e que sejam ressarcidos os consumidores prejudicados. Estes têm
espaço próprio para as suas reclamações no nosso sítio www.deco.proteste.pt . 

Porque ninguém deve ficar de fora de um serviço que se pretende universal e gratuito.


 Fonte:  Pedro Moreira, Diretor e Editor da Revista Proteste  - Edição nº 332 - Fevereiro 2012 





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