ARLA/CLUSTER: Sonda da NASA confirma duas previsões da teoria da relatividade de Einstein

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quinta-Feira, 5 de Maio de 2011 - 14:37:00 WEST


Duas previsões da teoria da relatividade de Einstein foram confirmadas
por testes feitos na órbita da Terra por uma sonda da NASA, num
projecto que foi imaginado há 52 anos. A Gravity Probe B foi lançada
em 2004 (NASA)

O objectivo era perceber qual o efeito da gravidade da Terra na quarta
dimensão que o Nobel da Física, Albert Einstein, definiu como
espaço-tempo. Esta dimensão pode ser vista como um tecido ou uma
matriz onde os corpos celestes estão colocados.

Segundo a teoria, um corpo do tamanho da Terra, devido à sua
gravidade, exerce o mesmo tipo de força sobre este tecido que uma
pessoa pesada exerce sobre um trampolim. A rotação do nosso planeta
também provoca um arrastamento neste tecido de espaço-tempo.

“Imaginemos a Terra, como se estivesse imersa em mel. À medida que o
planeta roda e orbita à volta do Sol, o mel à volta iria deformar-se e
fazer um remoinho, e passa-se o mesmo com o espaço e o tempo”, disse
Francis Everitt, investigador principal desta missão, da Universidade
de Stanford, Estados Unidos.

Esta deformação acontece também com as estrelas ou os buracos negros,
e traz, supostamente, consequências físicas que os cientistas da NASA
foram à procura.

Para isso, produziram quatro esferas com um grau de perfeição nunca
antes atingido. Os sólidos foram feitos a partir de quartzo, e foram
revestidos por uma película de metal chamado nióbio.

As quatros esferas do tamanho de bolas de ping-pong serviram de
giroscópios, e foram colocadas em vácuo dentro do satélite Gravity
Probe B, lançado em 2004, que ficou a 642 quilómetros de distância, em
órbita da Terra.

Os cientistas definiram um eixo nas esferas cuja direcção apontava
para a estrela chamado de IM Pegasi. Os dois efeitos que a Terra
produz no tecido do espaço-tempo, se existirem, alteram de uma forma
mínima a direcção deste eixo que pode ser lida pelo satélite.

Estas alterações são lidas através dos ângulos que os eixos dos
giroscópios fazem. É necessário que o satélite tenha uma sensibilidade
enorme, já que se têm de detectar diferenças de alguns milhares de
milisegundos de arco.

“Um milisegundo de arco é o diâmetro de um cabelo humano visto a uma
distância de 16 quilómetros. É um ângulo bastante pequeno, e esta é a
acuidade que a Gravity Probe B teve que atingir”, explicou Everitt.

Durante um ano, a sonda mediu estes desvios, nos anos seguintes a
equipa de Stanford analisou os dados. O sucesso da missão, apesar de
já ter vindo atrasado devido a problemas técnicos – o que fez que
outras experiências comprovassem as teorias –, representa uma enorme
realização a nível experimental e tecnológico. Foram criadas 13 novas
tecnologias para desenvolver a sonda e cerca de cem alunos tiraram o
doutoramento dentro deste projecto.

“Completámos uma experiência histórica, testar o Universo de Einstein
– e Einstein sobrevive”, disse o cientista.

Fonte: 04.05.2011 - 23:30 Por Jornal PÚBLICO




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