RES: ARLA/CLUSTER: Reunião Inter-Associações no Centro Paulo VI em Leiria.

Pedro Ribeiro (CR7ABP) pribeiro-ham net.ipl.pt
Quarta-Feira, 8 de Setembro de 2010 - 17:18:43 WEST


Boa tarde,

Não foi possível obter a opinião de todos os CR7s, até porque a lei nos 
limita à partida o contacto via éter e nem todos aparecem na "net".

Como o iniciador desta parte do processo (outros me antecederam e que 
fizeram também a sua parte significativa no "pressing" para a resolução 
do problema), fui convidado pela ARLA, uma das 3 associações de que sou 
membro a estar presente na reunião.

Esta fase foi iniciada com uma carta minha dirigida 5 associações que 
sabia terem associados de categoria 3 e que enviei via email a 
14/07/2010, posteriormente enviei a mesma a uma outra associação.

> Caros colegas,
>
> Sou radioamador da actual Classe 3, com o indicativo CR7ABP
>
> De contactos entre colegas em situação similar à minha, tenho
> conhecimento de que a vossa associação tem pelo menos um sócio CR7
> (algumas das quais eu próprio).
>
> Saltando parte da argumentação mais detalhada acerca do problema,
> parece-se ser do consenso quase generalizado da comunidade radioamadora
> nacional de que as regras actualmente em vigor são claramente
> desadequadas a diversas situações de pessoas maiores de idade que
> resolveram agora dedicar-se a este hobby.
>
> O decreto-Lei 53/2009, baseado numa visão excessivamente conservadora,
> vocacionada para jovens e tentando compensar as regras anteriores
> excessivamente liberais, impõe uma inicio de "carreira"
> radioamadorística com dois anos basicamente limitados à escuta.
>
> O argumento de com este período obrigar as pessoas a conhecerem e se
> adaptarem às regras desta "sociedade", não é necessariamente verdadeiro.
> Qualquer pessoa de bom senso mais facilmente se adaptará a regras quando
> tem a oportunidade de interagir com outros, ser chamado à atenção e
> poder até pedir esclarecimentos quando tem dúvidas.
>
> Não é por acaso que o ensino oficial ainda é hoje predominantemente
> presencial e interactivo quando tecnologicamente poderia ser em
> "tele-escola" (simplex).
>
> Alguem de mau carácter, não é por passar dois anos de quarentena que vai
> mudar ou desistir, provavelmente até lhe será mais conveniente nem
> sequer fazer exame de classe 3, nem sequer se identificar no éter e
> fazer o que o mau carácter lhe ditar, situações que por diversas vezes
> tenho escutado.
> Paradoxalmente, tem menos riscos de ser punido neste caso de que um
> radioamador de classe 3 que tente cumprir as regras que conhece (ainda
> não degeneradas por ouvir maus exemplos nas suas escutas) e se
> identifique devidamente com o seu indicativo.
>
> Estamos a perder oportunidades e pessoas que com o ganhar do entusiasmo
> pela área nos poderiam representar bem no futuro.
> Muitas delas desistem da ideia quando têm conhecimento do calvário por
> que terão de passar.
> Como posso eu cativar colegas de trabalho, especializados em áreas
> tecnológicas próximas ou alunos finalistas de engenharia de redes e
> telecomunicações, quando lhes tenho de dizer que só podem ouvir durante
> 2 anos?
> Nem sequer com potência ou faixas radio reduzidas podem transmitir.
> Mesmo que estas pessoas cometam alguns atropelos nos primeiros tempos de
> PTT, será que não nos interessam enquanto "sub-sociedade"?
>
> Bem, apesar de alguns de nós (CR7s) já termos realizado algumas acções
> individuais junto do regulador, tutela, políticos, etc. até agora só
> recebemos respostas do tipo "teremos a sua sugestão em atenção numa
> futura revisão da lei".
>
> Uma ou duas associações que isoladamente tentem resolver o problema
> também não serão provavelmente atendidas em tempo útil que minimize o
> processo de extinção em curso.
>
> Vamos-nos manter no canto, em morte lenta enquanto todos os países
> vizinhos têm regras bem mais abertas e promotoras da actividade sem que
> com isso se caia em caos?
>
> Proponho-vos que em defesa do futuro da actividade radioamadorística
> nacional se juntem as associações que se sintam identificadas com esta
> visão e conjuntamente proponham ao regulador o ajuste da lei.
>
> Apesar de considerar que a lei merecia ajustes em diversos pontos, a
> minha opinião actual é que para simplificar o complicado processo de
> revisão legislativa e assim garantir o sucesso neste ponto fulcral,
> basta que seja pedida a emenda necessária para que os maiores de idade
> se possam propor directamente a exame de classe 2, tornando o sistema
> mais baseado em mérito e demonstração de conhecimentos de que em tempo
> de incubação que nada garante.
>
> Para os colegas que queiram saber mais detalhes sobre a minha situação
> em particular enquanto radioamador, anexo cópia de uma carta que tive a
> oportunidade de entregar pessoalmente à senhora directora de espectro do
> ICP-ANACOM aquando da sua presença na recente homenagem ao colega CT1DT.
> Por conter alguns detalhes pessoais, agradecia que esta não fosse
> divulgada a terceiros.
>
> Os melhores cumprimentos.

No final de Julho (dia 28) a ARLA respondeu-me, estendendo a questão a 
todas as associações de que tinha contacto e convidando-as a participar 
na discussão das alterações legislativas a propor ao regulador.

Apesar de na altura ter ocorrido alguma troca de emails sobre o assunto, 
que eu tenha conhecimento, na altura pouco se avançou na questão.

No final de Agosto, iniciou-se finalmente uma troca de pontos de vista 
com a participação de umas quantas associações, tendo também decorrido 
em paralelo alguma discussão nesta lista se bem estão recordados.

As coisas convergiram para esta data, embora quando soube, logo reparei 
da coincidência com diversos eventos radioamadoristicos alguns dos quais 
tinha planos em participar, na minha posição achei por bem não intervir 
no processo.

Há dias, foi-me solicitado pela ARLA que participasse na reunião (não 
contava com isso) e de que tentasse obter junto dos colegas de categoria 
3 conhecidos a sua opinião acerca das bases do pretendido.

Tenho já a contribuição da maioria dos que contactei, todos concordando 
com o aspecto base do pretendido e alguns sugerindo outros aspectos.

Farei o possível por transmitir o que me disseram na reunião quando 
solicitado, sabendo no entanto que não podemos pedir a lua correndo o 
risco de tudo ficar na mesma.

Não nos podemos esquecer que as associações não são o outro negociador 
aqui, elas são os representantes da comunidade que irão equilibrar o que 
o CR7s pretendem com o que os restantes colegas pretendem e com o que 
acham razoável para a manutenção saudável do nosso hobby e com o mínimo 
de discriminações possível.
Com o peso da representatividade da sua comunidade irão elas, melhor que 
nós individualmente fazer ver ao regulador as alterações necessárias da lei.

Vamos desta vez assumir que todos estão no processo com boas intenções 
apesar de discordâncias pontuais e começarmos a ter uma palavra no que 
queremos e evitar-se que à falta de entendimento outros externos decidam 
por nós.

Nota: Os que não gostem da minha mensagem, ignorem por favor, se algo 
que disse não vos agrada, por favor assumam que foi por mal 
interpretação vossa ou por mal expressão minha.

73!

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Pedro Ribeiro
Indicativo: CR7ABP
QTH: São Francisco, Alcochete
GRID LOC: IM58MR
** Limitado a RX em Classe3 até 31/03/2012 **
( Decreto-Lei 53/2009, Art 8, 2a e Art 5, 3a )
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