ARLA/CLUSTER: A "OBRA" fura mesmo Serras: "Knife-Edge" Diffraction
Pedro Ribeiro (CR7ABP)
pribeiro-ham net.ipl.pt
Terça-Feira, 19 de Outubro de 2010 - 09:40:35 WEST
Caros colegas,
Aqui está uma boa explicação e ilustração (anexo) que encontrei no "ARRL
Handbook" sobre o fenómeno que permite a comunicação através de
montanhas que à partida diríamos bloquearem completamente o sinal.
Tomei a liberdade de o traduzir pensando nos colegas que não estão tão à
vontade com a leitura em inglês.
Nota: Se alguém souber onde se encontra por cá (livraria?) uma versão
actualizada quer do "ARRL Handbook" quer do "RSGB Radio Communication
Handbook", agradecia mensagem particular.
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Tradução livre de Pedro Ribeiro CR7ABP a partir do "ARRL Handbook",
capítulo 19, ponto 19.1.6 "Knife-Edge Diffraction".
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Difracção "fio-de-navalha"
As ondas de rádio também conseguem passar para trás de objectos sólidos
que tenham o topo aguçado tal como grupos de montanhas, com recurso à
chamada difracção de fio-de-navalha.
Este fenómeno natural é relativamente comum e afecta a luz, o som, as
ondas rádio e outras ondas coerentes, no entanto é de compreensão pouco
óbvia.
A figura 19.4 mostra sinais rádio propagando-se e atingindo um
fio-de-navalha idealizado. As ondas que atingem a fachada do obstáculo
são completamente bloqueadas enquanto as que passam à distância de
vários comprimentos de onda do topo, atravessam praticamente inalteradas.
Pode parecer à primeira vista que um fio-de-navalha tão grande como uma
montanha, por exemplo, impediria completamente os sinais rádio de
chegarem ao outro lado desta mal tal não é completamente verdade. Algo
relativamente inesperado acontece aos sinais rádio que passam sobre o
fio-de-navalha.
Em situações normais os sinais rádio ao longo da frente de onda
interferem-se mútuamente e de forma contínua enquanto se propagam
através de espaços desobstruídos, mas o resultado final é uma onda
expandindo-se uniformemente.
Quando uma parte da frente de onda é bloqueada por um fio-de-navalha o
padrão de interferências mútuas deixa de ser uniforme. Tal pode ser
compreendido ao observar os sinais rádio no ponto do fio-de-navalha como
sendo um novo ponto de transmissão separado do original mas em fase com
a onda original nesse local.
Os sinais que nestas condições atravessam o fio-de-navalha irão
interagir com os que passam acima do obstáculo mas não podem interagir
com os que abaixo foram obstruidos. O padrão de interferências
resultante deixa então de produzir a frente de onda uniforme, passando a
manifestar-se um padrão alternado entre faixas de sinal forte e faixas
de sinal fraco. Estas faixas distribuem-se ao longo de um arco de 180º
abaixo do fio-de-navalha.
A crista de uma sequência de colinas ou montanhas que tenha entre 50 a
100 comprimentos de onda de comprimento pode produzir difracção de
fio-de-navalha para UHF e frequências acima da ordem das microondas.
Cumes claramente definidos e livres de arvoredo, edifícios e outros
obstáculos similares apresentam-se como os melhores fio-de-navalha, no
entanto até colinas suaves e arredondadas podem servir como ponto de
difracção. As faixas alternadas de sinais fortes e fracos,
correspondendo ao padrão da interferência, irão manifestar-se à
superfície da terra por detrás da montanha, na chamada zona de sombra.
Esta fenómeno é geralmente recíproco de tal forma que uma comunicação
bidireccional pode ser estabelecida em condições óptimas. A difracção
fio-de-navalha torna possível o completar de percursos de 100km ou mais
que de outra forma seriam completamente obstruidos pelas montanhas ou
terreno aparentemente impossível.
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Anexos:
Figura 19.4 do ARRL Handbook
Figura com o perfil de elevação entre os QTH de CT1FBF (esquerda) e
CT4RK (direita) e ao longo do qual há dias estabeleceram uma
aparentemente impossível comunicação em 1,2GHz
73!
On 18-10-2010 12:17, Pedro Ribeiro (CR7ABP) wrote:
> Aqui fica mais um dos "bonequinhos" incluindo a notória barreira
> ultrapassada.
>
> 73!
>
> On 18-10-2010 11:02, João Gonçalves Costa wrote:
>> Caros Colegas,
>>
>> A noticia já é "oficial" desde ontem à noite que apareceu um
>> misterioso buraco que trespassa a Serra da Arrábida de um lado ao
>> outro, possivelmente criado pela "OBRA" do CT4RK.
>>
>> Com 110 W em 1255 MHz, eu nem queria acreditar, escutei perfeitamente
>> em FM com S1 a S2 os sinais vindos da "OBRA" em Sines no meu Kenwood
>> TM-942 e com a antena helicoidal do CT4RK instalada na varanda.
>>
>> Impressionante, é o mínimo que se pode dizer, como alguém já escreveu,
>> aquilo é um "forno de micro ondas" para o serviço de amador.
>>
>> João Costa, CT1FBF
>>
>>
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