Re: ARLA/CLUSTER: O radioamadorismo anda ridículo - Por PY2IAV – Sávio
Miguel Pelicano
miguel.pelicano gmail.com
Sexta-Feira, 26 de Novembro de 2010 - 17:58:39 WET
Acabo de chegar do Centro de Formação Profissional e estava com estes
pensamentos: " esta malta até tem capacidades, mas não as aproveita! Não as
quer aproveitar! Está numa sociedade em que começa a ser "foleiro" ter
conhecimentos!!!"
Li o artigo... passei hoje 4 horas a falar de dB, dBi, dBm, dBu....
Bem hajam!
Miguel Pelicano
73, CT1BYM
Perito RSECE Energia
Auditor SGCIE
2010/11/26 João Gonçalves Costa <joao.a.costa ctt.pt>
> Ontem li o desabafo de um colega radioamador português, escrito em um blog
> da internet. Nosso colega Daniel Leitão – CT2GXZ – anda indignado com o
> baixo padrão que ele encontra nas faixas de radioamadorismo lá em Portugal.
> Reporta ele: portadoras, transmissão de música, ofensas, competição de
> potência, entreveros, interferências prejudiciais, palavreado chulo, uso
> estúpido da língua portuguesa falada e escrita, assuntos irrelevantes, foco
> no aspecto comercial, perdas de tempo e oportunidades das mais diversas
> naturezas, etc, etc, etc. Vale a pena ler este texto de desabafo em
> http://terrano-2.blogspot.com/2010/09/artigo-de-opiniao-de-um-radioamador.html
> .
>
> Isso ocorre lá em Portugal apenas? Aqui no Brasil andamos iguais. Talvez
> até piores, visto nossa sociedade, apesar de ascendência portuguesa, não ter
> história milenar nem uma cultura estabelecida e solidificada. Levo em conta
> que o fato de sermos terceiro-mundistas deva piorar as coisas.
>
> Inicialmente é conveniente esclarecer o conceito de “Crítica”. Crítica é a
> expressão de pensamentos que visam uma melhoria, um progresso, uma evolução.
> A expressão “crítica construtiva” é mera redundância. A crítica é
> fundamentalmente pessoal. Não se faz crítica contra alguém, mas contra si
> mesmo. Assim, se sou crítico, procuro não falar aquilo que considero nocivo.
> Se for crítico, não farei aquilo que julgo inconveniente. Para expressar a
> crítica, torna-se óbvio citar o que não deveria ser falado nem o que deveria
> ser feito. Aqui exponho uma crítica, pois nada do que aponto, faço. Nada do
> que aqui aponto, falo. A negativa da crítica é a hipocrisia. Não sou
> hipócrita.
>
> O fato é que o radioamadorismo anda ridículo. No momento em que escrevo
> este parágrafo, escuto numa repetidora de VHF um colega afirmar que ele
> optou por um determinado modelo de equipamento por que não perde valor de
> mercado. Ridículo!
>
> O “mesmo” e os “demais” somos nós, os radioamadores, de acordo com um
> indefectível jargão “moderno” no radioamadorismo. Eu não sou nem nunca fui
> “o mesmo”. Sou eu próprio. Tenho nome, identidade e amor próprio. Tampouco
> pertenço ao grupo dos “demais”, pois não me considero insignificante, como
> de fato não o sou. Onde os operadores de rádio estão aprendendo a falar
> assim? Parece-me que as pessoas estão se dedicando apenas a repetir o que
> ouvem, sem quaisquer críticas. Estaríamos nos transformando em “papagaios”,
> repetidores de sons que não fazem sentido à inteligência humana? Ridículo!
>
> Agora virei um “danado”. Será que o idiota que se dirige a mim desta
> maneira sabe o que está falando? As pessoas viraram de fato um bando de
> imbecis? Danado é algo danificado, fruto de algum dano. Eu não estou
> danificado. Danado também pode ser uma expressão popular que se refere ao
> diabo, ao satanás. É assim que um colega me considera? Ridículo!
>
> Não estou inventando: canso de ouvir nas faixas de radioamadores que um
> determinado tipo de equipamento é valorizado por ser “bonito”. O infeliz que
> pensa em um equipamento assim certamente não sabe o significado de relação
> sinal/ruído, banda passante, resposta linear em frequência, heterodinação,
> espúrios, diafonia, modulação cruzada, ponto de interceptação, e muitos
> outros parâmetros que são utilizados para medir a qualidade de um
> transceptor. O que interessa é que seja bonito e não perca valor de mercado.
> Se for potente, melhor ainda. Ridículo.
>
> O coitado do amplificador linear de potência deve ter feito uma cirurgia de
> troca de sexo no SUS. Agora é “a linear”. Assim mesmo: “a linear”, no gênero
> feminino! Será que o infeliz que fala (E escreve. Basta ler na Internet)
> assim, sabe que além de linear, é também um amplificador, no gênero
> masculino? E que é denominado linear, pois não produz (ou não deveria
> produzir) deformações harmônicas significativas no sinal radioelétrico
> transmitido? Honestamente, da maneira que os operadores de faixa de cidadão
> antigamente denominavam este tipo de equipamento, como “botina” ou
> “secretária”, fica menos ridículo.
>
> Nossa atividade – O Radioamadorismo – que originalmente tinha de fato o
> objetivo de aprimoramento pessoal científico e tecnológico, vem se
> transformando, se já não se transformou, em “radioapertadorismo de botões”.
> Quanto mais botões tiver um transceptor, melhor. Modernos transceptores, e
> até microfones, parecem gandolas de generais. Os fabricantes, que de bobos
> nada têm, sabem disso, e botam miríades de botões. Quanto mais miçangas para
> índios, melhor. “Índio não quer apito. Índio quer colar bonito”. Se o
> “radinho” (não é mais transceptor, viu?) tiver então um botão para mudar a
> cor do “backlight” do painel, é um luxo só. Agora um equipamento de
> radioamadorismo é bom quando é “chique”. Ridículo!
>
> E os “rolinhos”? Radioamadorismo sem “rolinhos” não é radioamadorismo, na
> moderna visão dos “radioapertadores de botões”. Em cada cidade, em cada
> região, os “radioapertadores” encontram-se diariamente, várias vezes por
> dia, em significativos bandos, colocando suas estações no ar apenas para
> fazer “rolinhos”. Aos fins de semana, hostes de “radioapertadores de botões”
> dirigem seus automóveis por dezenas de quilômetros para participar de
> “encontros”… para “rolinhos”. E a regra de ouro dos “rolinhos” é a
> “entubação”, isto é, quem é capaz de enganar alguém na troca ou venda de
> alguma coisa. Os encontros não são exatamente sociais, na acepção da
> palavra. Rolinhos são disputas entre otários que se imaginam expertos.
> Ridículo!
>
> Certo dia um colega radioamador (ou seria um colega radioapertador de
> botões?) se referiu a um outro colega radioamador (talvez um outro
> “radioapertador”) como “um cara bâo”. É evidente que ele queria dizer que o
> outro colega era considerado um grande radioamador, competente e sabedor das
> coisas. Entendi sim a idéia, ainda não me inscrevi na facção dos idiotas.
> Bem, o outro colega, o “bão”, é um radioamador classe C há mais de uma
> década. Como pode? Quem de fato é bom, progride. As classes de operadores de
> radioamadorismo, no mundo todo, são uma visão da IARU, e não uma visão
> nacionalista da LABRE ou da ANATEL. Classes existem para incentivar o
> progresso, pois com elas se calga, por mérito pessoal, privilégios maiores e
> melhores. Não praticar esta filosofia, é ridículo!
>
> Aliás, façamos uma enquete entre radioamadores. Quem sabe o que é IARU?
> Para que serve? O que significa? Onde se localiza? A quem se subordina? Quem
> quer apostar comigo que o resultado seria algo assim: 100% dos radioamadores
> classe C nada sabem, 90% dos radioamadores Classe B nada sabem e uns 80% dos
> radioamadores Classe A também nada sabem? Ridículo!
>
> Ha… mas o cara é “bão mesmo”, pois até mesmo já divulgou na Internet uns
> projetos de antenas. Sim, o cara tem alguma habilidade mecânica para
> beneficiar metais, além de inegável habilidade para tirar fotos digitais e
> “bloga-las”, bem como seguir à risca um projeto de algum colega radioamador
> de fato entendedor, talvez norte-americano, pois a antena divulgada, e que
> vi na internet, é a mesma que conheço de décadas, publicada na revista
> “Eletrônica popular” do saudoso Gilberto. Este sim, era “bom”, como “bom”
> também era o “Miécio”, como “bom” é o Atilano, “bom” é o K1JT, como “bom”
> foi Landell de Moura. E “bons” foram e são muitos outros. Duvido que o tal
> “bão” radioamador saiba o significado de impedância de entrada, resistência
> de irradiação, densidade de corrente, momento polar, dipolo elétrico, dipolo
> magnético, ressonância e etc. Garotada, vá se informar um pouco mais, e quem
> sabe até mesmo se formar um pouquinho. Parem de querer descrever o mundo com
> a parca visão que têm dos muros do quintal de suas próprias casas. Ridículo!
>
> Na visão da esmagadora maioria dos operadores de rádio da classe C,
> ascensão de classe “é bobagem”. Isto é facilmente verificável com a prática
> da “coruja”, principalmente no segmento de VHF. A confirmação é também muito
> fácil, se observarmos que o tempo médio de ingresso no radioamadorismo dos
> operadores classe C até a atualidade é bem maior do que uma década. Conheço
> pessoalmente colegas classe C que estão nesta condição desde que a classe C
> foi criada! Tenho ouvido isso dito no ar, diariamente. Mais: tenho ouvido as
> piores chacotas a respeito de radioamadores classe A, com se estes fossem
> alguma espécie de bandidos, elementos constrangedores, policiais das faixas,
> “moscas pousadas em sopa”, “assombradores”, que usam a titularidade para
> humilhar os “coitadinhos dos classe C”. Entre radioamadores, infelizmente,
> pratica-se a teoria política da disputa de classes, por valorização de
> supostas vítimas. Ridículo!
>
> A ascensão de classes não é vista pelos “radioapertadores de botões” como
> uma vitória pessoal, mas como uma “besteira” inventada pelos radioamadores
> de classe mais alta para impedir que os novos possam usufruir de algumas
> benesses. Que visão mais retrógrada! Que visão mais derrotista! Que visão
> mais covarde!Lembra a fábula da Raposa e da uva. O sonho de consumo de um
> “radioapertador de botões” é poder operar na faixa de 40 m. Como não pode, e
> como não quer, inventa uma faixa de clandestinos ali bem próxima, e o sonho
> está realizado. Ridículo!
>
> Será que alguém já percebeu que a tal faixa de clandestinos de 40 m foi
> inventada por alguns espertalhões, radioamadores licenciados ou não, que
> assim garantem um mercado lucrativo de transceptores, fontes de alimentação
> e antenas, generosamente oferecidas mediante devido pagamento por parte dos
> “radioapertadores”? Quem já teve a perspicácia de observar que ali são
> praticados os mais elementares “contos de vigário?” Quem já observou que os
> “expertos” incentivam o consumismo de botões, “displays” e “leds” dos mais
> vistosos? E que os “otários” embarcam na maior ingenuidade? E que assim
> ficam todos felizes? O lema é: “fundo de poço é doença. JOTA é a cura”.
> Ridículo!
>
> “A quanto estou chegando?” Definitivamente, perdemos a noção de gramática e
> das classes gramaticais das diferentes palavras. Parece que as palavras que
> mais sofrem com tamanha ignorância sejam as preposições. Aí o interlocutor
> fala com boca cheia: “tá chegando a 30 dêbê”, como se soubesse o significado
> matemático da unidade de medida dB. Fala de boca cheia aquilo que não
> conhece, pois não tem a menor idéia de qual é o valor, medido na escala
> microVolt, de um sinal S9. Muito menos sabe quanto acima de S9 são mais 30
> dB. Ridículo.
>
> O plural das palavras está definitivamente fora de moda. Agora uma estação
> de radioamador possui “uns rádio” e quem sabe “umas antena”. Não
> transmitimos mais. Agora “nóis transmite”. E aqueles que eventualmente
> criticam esta prática, são taxados de “uns ridículu”. Ridículo.
>
> “No coco!” O que é isto? O canudinho que utilizamos para saborear um
> gostoso coco à beira-mar? Não! “No coco” se dá quando uma estação mais forte
> transmite intencionalmente sobre outra que já está ocupando a freqüência. O
> palavreado é ridículo. A prática é pior ainda que a expressão, pois denuncia
> a prepotência, a arrogância, a selvageria e a desumanidade de um operador de
> rádio. Falta civilidade. Falta urbanidade. Falta consideração entre seres
> humanos. Com licença, mas de gente assim, quero distância. Não me coloco à
> disposição para conviver com malfeitores. Ridículo!
>
> O sinal é forte. A legibilidade perfeita. Nada impede a correta compreensão
> das palavras em um comunicado em fonia. Mas utiliza-se o código “Q” como se
> o comunicado fosse em CW, em meio a um grande ruído gerado por outras
> estações ou por perturbações elétricas ou atmosféricas. O código “Q” virou
> uma imbecil coqueluche, uma maneira do indivíduo apertador de botões se
> enganar e se sentir como se fosse um “radioamador” de fato. Pelo menos na
> concepção de tal infeliz, ele é um radioamador, pois “adentra à QRG”, “troca
> uns QSO” (agora QSO é moeda de troca, viu?), “está num QTH”, “tem uns QRU”,
> “gastou uns “QSJ”. Ridículo!
>
> Operação móvel com o “pé de breque” virou “barra móvel”. Quando está
> parado, ficou “ancorado”. O que é isto, operação móvel terrestre ou operação
> móvel marítima? Somos “macanudos”, mas ninguém sabe de onde vem e o que
> significa esta expressão. Nossas faixas destinadas ao radioamadorismo estão
> sendo invadidas por pessoas, com habilitação ou não, que trazem uma carga de
> gírias que de maneira nenhuma têm origem no radioamadorismo. Há alguns dias
> ouvi numa repetidora de VHF um rapaz que, sem indicativo, dizia que estava
> por ali, pois “necessitava aprender a falar”. Como? Um adulto não sabe
> falar? Vamos repetindo as coisas ouvidas como papagaios, repetindo as coisas
> observadas como macacos adestrados. “festival de besteiras que assola o país
> (FEBEAPÁ)”. Ridículo!
>
> Agora contamos com “cursos para radioamador”. Basta procurar na Internet
> para encontrarmos vários deles. Nos “cursos” fornecidos, o candidato a
> radioamador recebe (ou baixa da Internet) as apostilas que foram criadas
> pelos ciosos gestores de nosso radioamadorismo. Estas apostilas possuem como
> conteúdo, um grande conjunto de perguntas com respectivas respostas corretas
> devidamente assinaladas. O candidato então decora cada uma das perguntas e
> suas respectivas respostas. Nossos ciosos gestores já acertaram com as
> autoridades oficiais da ANATEL que explorem no exame, apenas as perguntas
> existentes nas apostilas. Passa no exame o candidato que melhor decorou cada
> pergunta e cada resposta. Não importa a nossos ciosos gestores que o
> candidato a ser nosso colega nada saiba sobre radioamadorismo. Basta apenas
> que se filie a sua associação e pague por esta associação uma “módica”
> anuidade. Com estes mecanismos podres, produzimos as pérolas que assombram
> nossas faixas de operação. Ridículo!
>
> Algumas outras pérolas que encontramos facilmente pelo mundo do
> radioamadorismo, que são ditas e escritas por “radioamadores”: “maique de
> ganho”, RF de ganho”, “equipamento de base”, “transvert”, “transverte”,
> “vendo radioamador”, “diagonal 51”, “a presença do gama dá um áudio
> insuperável na transmissão”, “destinados para operação”, “linear nova”,
> “ballum”, “núcleo de ferrite super sensível”, “mic de ganho”, “ptt
> original”, “speaker”, “ptt com vox”, “medidor swr”, “antena base”, “rádio
> base”, “ao centro”, “acoplador antenna”, “banda corrida”, “tenho outras
> lineares”, “dois cristal”, “mais funciona”, “antena de borracha”, “medidor
> roi”, “a antena está boa quando dá estacionária”, “é um pobrema”,
> “adentrar”, “rádio escuta”, “tecnicológico”, “QRA” virou nome do operador,
> “vê se QSL”, “sinal no VU”, “tá no bilzi”, “boa noite freqüência”, “entrar
> (adentrar) na repetidora”, “o comprimento correto do cabo coaxial é …”.
> Ridículo!
>
> Sei o que significa tribalismo. Sei que pessoas têm necessidade de modos
> comuns, de linguagens comuns, de atitudes comuns, de crenças comuns, para
> criar identidade grupal. Entretanto, por tribalismo entende-se também
> comunidade primitiva, comunidade selvagem, comunidade não civilizada.
> Desculpem-me, mas já evolui um pouquinho acima destes estágios tão
> primitivos. Almejo coisas melhores para mim mesmo, e desta maneira, busco
> contatos com pessoas mais evoluídas que eu. Fico muito entristecido quando
> constato que a comunidade que me acolhe a tantas décadas tem se degradado
> tanto. Ridículo!
>
> Sei que radioamadores participam, vez ou outra, de operações de emergência
> decorrentes de desastres naturais. Eu mesmo já participei de situações
> assim. Por causa disso, há entre radioamadores um conceito errôneo de que
> radioamadores existem exatamente e exclusivamente para esta finalidade.
> “Quem não vive para servir, não serve para viver”. “Radioamador, um soldado
> anônimo a serviço da humanidade”. Há outros chavões por aí, de igual teor.
> Este conceito não é novo. É mais provável ouvi-lo de um radioamador antigo
> do que de um radioamador novato. Sob este mecanismo, falácias de todos os
> tipos são passados dos mais velhos aos mais novos. Será que ninguém pensa
> que o ser humano, na condição apenas humana, deveria ter sempre,
> independentemente de sua condição particular específica, responsabilidade
> moral com outros seres humanos? Não é o radioamadorismo que determina a
> solidariedade, o socorro, a caridade e a misericórdia. É a condição humana,
> que quando chamada, utiliza os meios disponíveis de cada um. Assim,
> radioamadorismo deixou de ser a atividade destinada ao aprimoramento
> científico e tecnológico para se tornar amorfo, indefinido, sem propósito.
> Cada um define o radioamadorismo segundo seus interesses pessoais e suas
> pessoais fogueiras de vaidades. Nossos contatos andam vazios de assuntos
> excitantes. O “blá, blá, blá” irritante não tem fim. O tempo de um contato é
> gasto para enumerar os indicativos de chamada, nomes e cidades de cada
> participante, no início e final de cada câmbio. Muito mais fácil achar
> radioamadores que ligam seus equipamentos para falar, falar e falar, e que,
> ao final nada se aproveita, do que encontros interessantes de pessoas
> curiosas e investigativas. Ridículo!
>
> O que temos então? Ignorância! Ignorância cientifica, ignorância técnica,
> ignorância de propósitos, ignorância do vernáculo e da língua portuguesa,
> ignorância no trato com o semelhante, ignorância na interpretação de normas
> legais, ignorância na interpretação de normas de convivência social.
> Ignorância de cada indivíduo, a respeito do significado de ser um “indivíduo
> humano”, capaz de ser inteligente, progressista e diferenciado. Ignorância
> dos mais novos que caem de “pára-quedas” num mundo que não conhecem, e
> ignorância dos mais velhos que também já perderam o sentido do
> radioamadorismo, na hipótese de um dia terem tido alguma noção deste
> sentido. Ridículo.
>
> Creio que ainda haja radioamadores de verdade, pessoas de boa índole, de
> bom caráter e com personalidade marcante para “meter o dedo” nesta ferida.
> Mas onde estão? Por que estão calados? Por medo de serem taxados de
> politicamente incorretos? Por receio de serem rotulados de intransigentes?
> Por preocupação em serem chamados de ultrapassados? Por que a coisa anda
> “solta?” Por que há esta permissividade? Estaremos cansados ou desiludidos?
> O barco afunda, olhamos uns para os outros e dizemos: “é camarada, o barco
> está afundando”. E viramos as costas uns para os outros e vamos cada um de
> nós cuidar das próprias vidas. Ridículo!
>
> Que o leitor não pense ser eu um velho desatualizado, pois este argumento
> brota instantaneamente quando feridas são tocadas. Sou antigo nesta
> atividade, mas estou atualizadíssimo. Sou praticante de todas modalidades
> digitais e lido com as novas tecnologias de modo natural. Minhas interfaces
> digitais são projetadas e construídas por mim mesmo, como por mim mesmo
> sempre foram projetados e construídos os componentes de minha estação de
> radioamador. Assim, não fiquei no tempo do AM, como possam imaginar alguns.
> Pois parece que as coisas que foram realizadas antigamente, apenas pelo fato
> de não serem mais feitas, pesarem como algo negativo na história de vida das
> pessoas. Ridículo!
>
> Pode ser que o leitor neste ponto esteja a pensar ser eu um “babaca”, um
> velho caquético, um esnobe, um falastrão, “um metido”. Caro leitor, pode
> bombardear à vontade. Lance sobre mim todo o preconceito que dispuser. Toda
> a ignorância que estiver ao seu alcance. Toda a inveja que o assola. Toda a
> tristeza que o conduz na vida. Toda a baixeza que o norteia. Toda o
> insignificância que o comenda. Se não o fez, é por que pensa como eu, e eu
> diria que o radioamadorismo ainda tem futuro, assim como o terá a
> humanidade. Se o fez, só posso imaginar que nefasto futuro terá o
> radioamadorismo, bem como que nefasto futuro terão vossos filhos. Ridículo!
>
> O autor autoriza a reprodução total deste texto em quaisquer meios de
> comunicação, desde que o crédito de autoria seja preservado e citado. O
> autor não autoriza a reprodução parcial do presente texto, sejam palavras,
> frases ou parágrafos utilizados como conteúdo. Também está autorizada a
> criação de “links” para o local original de sua publicação.
>
> Fonte: PY2IAV – Sávio em Clube de Radioamadores de Americana (
> http://www.cram.org.br/wordpress )
>
>
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