ARLA/CLUSTER: Apresentação e avaliação do ano de vigência do DL nº 53/2009

Pedro Ribeiro pribeiro-tenarad net.ipl.pt
Terça-Feira, 30 de Março de 2010 - 22:08:24 WEST


Boa noite,

Chamo-me Pedro Ribeiro e sou professor no ISEL, na área de redes de 
comunicação bem como coordenador de operações da rede central do 
Instituto Politécnico de Lisboa.

Há uns meses, essencialmente pela frustração que é actualmente o 
processo politico/burocrático em qualquer das funções que exerço 
profissionalmente, resolvi à titulo de "hobby" de casa voltar a mexer 
nestas coisas da RF.

Na adolescência andei pelos CB durante uns bons anos, até ter vindo para 
Lisboa estudar e na altura fui também colaborador de uma rádio local na 
manutenção de estúdios e sistemas de difusão (já estive na "classe" do 
1,5KW nesse contexto)

Apesar de ir realizar o exame de Amador de Classe 3 amanhã, 
essencialmente por ter assumido como objectivo pessoal, não deixo de 
ficar triste pessoalmente e pensando noutros em situação semelhante.

Perdoem-me o que alguns podem assumir como arrogância, mas, acho que com 
umas semanas de revisão da matéria desta área que tive no curso 
conseguia passar no exame de Classe 1, não tenho tal pretensão, o 
estututo de "hobby" que pretendia manter era apenas para "brincar" um 
pouco com linhas de transmissão, antenas e modos de transmissão em 
diversas bandas.

Infelizmente verifico que a lei publicada à cerca de 1 ano cria um fosso 
que é deveras desmotivante da entrada nesta comunidade, apesar de 
considerar que o facto de ter um curso superior da área me deveria 
dispensar dos exames técnicos, não me importo de os fazer por 
compreender a necessidade de uma avaliação comum aos candidatos das 
diferentes origens, no entanto o facto de realizar um exame e pagar as 
taxas associadas à legalização como amador classe 3 e depois ficar 
basicamente com o direito de fazer o mesmo que já faço há meses, de vos 
escutar é frustrante. E durante 2 anos!!
Alguns podem argumentar que poderei transmitir acompanhado por colegas 
de classe superior, no entanto, há que concordar que é uma situação que 
não encaixa no "ritmo" dos anos actuais, se é "hobby" é para realizar em 
tempos livres e os meus (e acredito da maioria de vós) são curtos, não 
posso ir todos os dias a uma associação ou a casa de um colega (conheço 
alguns mas nem têm QTH na zona).

Fará sentido investir em equipamento (caríssimos muitos deles) para 
fazer RX durante dois anos até ficarem obsoletos e a PTT servir de 
casulo para aranhas?
Como raio querem que me prepare se nem sequer posso praticar?

Como seria se ao termos tirado a carta de condução tivessemos que estar 
2 anos sem conduzir, apenas a ver os outros? É mais perigoso transmitir 
em equipamentos de amador que conduzir um veículo?

Que fique claro que não sou apoiante do caos nem da entrada anarquica de 
pessoal sem o conhecimento das regras de funcionamento da comunidade 
amadora, no entanto, considero que este aspecto da lei deveras 
desadequado, acho que fazia mais sentido uma limitação de bandas e/ou 
frequencias e potencias à classe 3 e a existência de um "tutor" que 
fosse de forma reactiva (não necessariamente presencial) acompanhando a 
formação dos novos membros.

Desculpem a mensagem longa, mas precisava de contexto para a "questão" 
propriamente dita.

O que é que vós a titulo pessoal ou no contexto das associações acham do 
resultado deste aspecto (e de outros que achem por bem) da lei em vigor 
à cerca de 1 ano?
Têm numeros estatísticos acerca da variação da "população" da comunidade 
amadora?

Não acham que estão (eu, talvez amanhã, mas só em RX) em extinção?

Não fará sentido pressionar o regulador no sentido do ajuste das regras 
de forma a garantir a sustentabilidade da comunidade?

Notas finais:
QTH em São Francisco, Alcochete
Já tive algumas conversas sobre o assunto com pessoas de algumas 
associações.
Estou a realizar esforços no sentido de reactivar a estação CS1SEL que 
há alguns meses está parada e suportava diversos serviços de modos 
digitais (APRS, AX.25 gateway, etc.) à comunidade na zona de Lisboa.


Espero não ter metido já a "pata na poça" para correrem comigo antes do 
primeiro TX.
Acho que não excedi o tempo do repetidor, este não tem limitações (ainda!)

73's para todo o pessoal!

-- 
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Pedro Ribeiro
Professor Adjunto
Departamento de Engenharia de Electrónica e
   Telecomunicações e de Computadores (DEETC)
Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL)
Instituto Politécnico de Lisboa (IPL)
Mail: mailto:pribeiro AT deetc.isel.ipl.pt
VoIP: sip:80101  voip.ipl.pt
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