ARLA/CLUSTER: Ainda sobre "Radio-amadorismo o que é?"

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Sexta-Feira, 23 de Julho de 2010 - 10:49:08 WEST


 

Caros colegas

 

               Após ler o artigo de opinião “Radio-amadorismo o que é?”
entendi intervir nesta oportunidade de debate de ideias e transmitir  a
minha opinião alicerçada na minha experiência pessoal, enquanto radioamador,
dirigente associativo e signatário de um protocolo entre a então Protecção
Civil e as Associações de Radioamadores .

               Concordo inteiramente com o  seu autor  quando afirma:
“…radio-amadorismo naquilo que ele é: Estudo e partilha de conhecimento
técnico de radio-comunicações.”

               A minha discordância de opinião, inicia-se na “globalização
que se transmite no decorrer do artigo de opinião, depreendendo-se que todas
ou quase todas as associações, dirigentes associativos e radioamadores,  têm
a mesma postura e atitude, ou no mínimo são alvos de dúvida quanto a essa.

               É frequente, algumas vezes até por meio deste cluster, a
culpabilização sistemática dos dirigentes associativos e das associações nos
temas e assuntos envolventes ao nosso hobby, exemplo: a atitude e
posicionamento associativo perante a ANACOM, os erros do novo regulamento, o
DSTAR, as interferências causadas por outros serviços na banda de amador,  a
protecção civil…

               No meu entender é coerente que as críticas formuladas ou
transparecidas sejam mais objectivas e se nomeassem as associações e
dirigentes que no entender dos descontentes, tão mal defendem os
radioamadores e tantos incómodos e mal lhes acarretam.

               Recordo que todos nós, esticamos o dedo indicador para
apontar e ignoramos o polegar que muitas das vezes mantemos direccionado a
nós mesmos.

               A grande maioria dos radioamadores não quer (tem esse
direito), não tem tempo, ou disponibilidade para participar nas actividades
associativas dos radioamadores,  razão mais suficiente para ser mais
tolerante e comedido nas avaliações que faz ao movimento associativo e seus
dirigentes.

               Não pretendo de forma alguma inibir do direito às críticas o
movimento associativo e seus dirigentes que no seu desempenho cometem erros,
gostaria sim de apelar à crítica fiel e construtiva

               Retomando o assunto do artigo…

               A relação entre radioamadores e a protecção civil no meu
entender, nunca pode ser dissociada da cidadania, não sejamos todos nós em
primeiro lugar cidadãos e só depois radioamadores.

               Enquanto cidadãos e membros da comunidade, em caso de
catástrofe ou calamidade, temos o dever cívico e humano, de  ser solidários
e colaborantes, na certeza de que a protecção civil somos nós os cidadãos no
uso das suas capacidades, quer sejamos médicos, agricultores, advogados,
bombeiros, escuteiros, etc, etc…. ou mesmo detentores de capacidades  em
várias actividades em simultâneo.

               Como cidadãos e radioamadores a nossa colaboração como
agentes da protecção civil tem  sustentação na capacidade técnica e material
que detemos, permitindo-nos repor uma rede de comunicações rádio
alternativa, que só deverá acontecer (no meu entender) se solicitada pelos
responsáveis pelas operações da protecção civil.

               Pelas razões que apresentei é fácil entender que discordo do
colega Matias, quando diz: “Querem este tipo de actividades de
protecção-civil, inscrevam-se  nos bombeiros, nos escuteiros, tropa,
socorristas etc, se acumularem estas actividades com radio-amadorismo tanto
melhor……

               Foi como cidadão, radioamador e dirigente associativo, crente
na boa fé dos então dirigentes da Protecção Civil, que participei desde
2001, exaustivamente e desinteressadamente na preparação e realização de
vários projectos  no âmbito da protecção Civil.

               Infelizmente, após muito trabalho e tempo dispensado, a minha
opinião sobre  a entidade nacional de protecção civil é sólida e crítica,
por  constatar que as associações de radioamadores  na pessoa dos seus
dirigentes, foram usadas com fins e intenções mais ou menos evidentes, pelos
dirigentes e “montes” de tecnocratas que pululam  pelos gabinetes da ANPC em
Carnaxide.

               O artigo de opinião do colega Matias, é pertinente em relação
a actividades de alguns onde não se consegue perceber aonde acaba o amador e
se inicia o profissional, ou quais os limites entre o associativismo e o
empresariado. 

               No entanto há que recordar que nas sociedades democratas ou
ditas democratas o livre associativismo é permitido.

               Voltando à caracterização global que me parece ser feita e às
insinuações implícitas aos interesses pessoais ou colectivos dos
radioamadores que colaboram com a Protecção Civil, nomeadamente quando se
diz: até foram celebrados alguns protocolos e agora a protecção-civil lá tem
de aturar os suspiros na lapela constantes de alguns radio-amadores ao
abrigo do famigerado diploma, aspiram à atribuição dum distintivo dourado na
carteira, parece-me que o colega Matias lá terá as suas fontes de
informação, mas há também e felizmente, radioamadores que pretendem honrar e
fazer honrar os  compromissos assumidos por si e da sua responsabilidade….

               Pode um homem, um radioamador ser demasiado confiante e
ingénuo, mas não será um rádio ou um distintivo de ouro  que “compra” a sua
dignidade e  palavra .
               É justo no entanto recordar que há associações que
desenvolvem acções meritórias no âmbito da Protecção Civil, a partir de
acordos e/ou protocolos com as entidades locais ou distritais e não vejo as
razões para a crítica à sua postura e muito menos se constata que os seus
dirigentes e associados devido a isso, tenham mais ou menos interesse em
evoluir como amadores de rádio.
               Por todas as razões já apresentadas, volto a repetir a minha
discordância com o facto de se considerar no artigo que comento,  no geral
as Associações de Radioamadores e seus dirigentes como tendo os mesmos
princípios e sustentação nas suas actividades, induzindo a vastas
interpretações sobre a matéria, nas quais eu e a Associação que represento
não nos revimos.
 

Grato pela atenção dispensada envio a todos os mais cordiais

 

73’s

 

CT1EWA - Paulo Santos

Apartado 415

2430-905 Marinha Grande, Portugal

QTH Locator : IM59NS                 

CQ Zone: 14  /  ITU Zone: 37

ARAL#37, EPC#5619 / PT10,  30MDG#1693, REP#995

 

 

 

 

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