ARLA/CLUSTER: radio-amadores e a protecção-civil desabafo.

Antonio Matias ct1ffu gmail.com
Terça-Feira, 20 de Julho de 2010 - 14:56:45 WEST


Boas.

Mas será que a comunidade de radio-amadores vai ver um dia alguns dos seus
membros deixarem de expor este nobre hobby ao ridículo?
Associar radio-amadorismo à protecção-civil tem sido nos últimos anos uma
autentica  triste paranóia.
Mas que raio tem uma coisa a ver com a outra, o que tem o gosto e dedicação
à Radio com a organização: protecção-civil?
Sim, sabemos que as comunicação via radio são importantes numa emergência,
mas será que somos os únicos no planeta que têm rádios?
Este oferecimento gratuito de uma mão cheia de nada que certos
radio-amadores constantemente fazem é embaraçoso.
Chegam ao ponto de se auto-intitularem em chefias e organizações
pseudo-voluntárias com uniformes, sirenes, pirilampos e  até equipamentos
médicos, desfibriladores , remédios, macas etc. enfim...
Todos temos as caixas de e-mail cheias de apresentações destas
pseuso-organizações que provindo de toda a parte do mundo umas
mais ridículas que outras, com símbolos, siglas, operações, exercícios e o
diabo a 7  .
No facebook já conto centenas destas pseudo-organizações mundo-a-fora, todas
mais ou menos competindo entre si, pela representatividade ou reconhecimento
local, não fugindo muito à regra.
Os radio-amadores para a protecção-civil nacional, são um patinho-feio pois
a certa altura no furor de campanhas politicas houve alguns highlights para
o tema, até foram celebrados alguns protocolos e agora a protecção-civil lá
tem de aturar os suspiros na lapela constantes de alguns radio-amadores que
ao abrigo do famigerado diploma, aspiram à atribuição dum distintivo dourado
na carteira.
Claro que poderão dizer que não há ninguém a entender melhor de rádios que
os radio-amadores, concordo, mas também não há ninguém melhor  a montar
tendas que os ciganos nem ninguém a investigar as vidas dos outros como as
alcoviteiras e os préstimos destes cidadãos não são requisitados para as
montagens de acampamentos de campanha nem identificação e investigação das
pessoas quando há catástrofes..
Houve por certo ocasiões onde radio-amadores foram essenciais
no estabelecimento de comunicações de emergência, como em tudo na vida,
estavam no local certo à hora certa e foram de utilidade, os parabéns para
eles, mas a grande maioria destas pseudo-organizações nunca salvou nem
salvará ninguém. Esta é a realidade.
Esta vontade de acção e protagonismo em operações pode  acarretar riscos
para as vitimas e consequentemente os radio-amadores  que sem preparação nem
formação nestas coisas, podem acabar por ser alvo de responsabilização legal
se se envolverem nos trabalhos na protecção-civil, medica ou policial sem
serem requisitados.
Todos temos um pequeno cartão amarelo com indicativo e licença para operar
algumas bandas do espectro radio-electrico, fazer testes, emissões,
recepções, debater temas, trocar experiências, passar tempo, e até fazer
radio-desporto mas em lado nenhum vem menção, permissão ou vinculo para
estas pseudo-actividades de protecção-civil.
Agarrem-se ao ferro de soldar e esqueçam lá as sirenes, macas e uniformes.
Querem este tipo de actividades de protecção-civil, inscrevam-se  nos
bombeiros, nos escuteiros, tropa, socorristas etc, se acumularem estas
actividades com radio-amadorismo tanto melhor, agora deixem o
radio-amadorismo naquilo que ele é: Estudo e partilha de
conhecimento técnico de radio-comunicações.

Desculpem a franqueza.
Sei que vou ferir susceptibilidades, perdoem-me, é um desabafo, uma opinião
de um de vós.


Matias
CT1FFU
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