ARLA/CLUSTER: Exemplos práticos

Miguel Andrade ct1etl gmail.com
Domingo, 14 de Fevereiro de 2010 - 00:40:36 WET


Caros colegas,

Cada vez mais raramente tenho tido o privilégio de poder participar neste
fórum, contudo, de tempos a tempos, por uma razão ou por outra, ( quanto
mais não seja por disponibilidade, em primeiro lugar ), acabo por me fazer
presente.
Dado que o meu nome e indicativo foram evocados há dias num tópico recente
sobre comunicações de Amador no âmbito das questões relacionadas com a
Protecção Civil, alguns colegas trocaram comigo mensagens em privado, isto
é, fora do âmbito deste fórum.
Troca de ideias à parte, pois o assunto já faz parte do histórico e pode
sempre ser consultado no arquivo, sobrou um pormenor que deveria ser
partilhado convosco devido a uma " provocação ".
Não vou perder tempo a explicar o como e o porquê da mesma, mas importa
partilhar os exemplos práticos que vos darei em seguida. Estas minhas
propostas ilustram apenas actividades que poderiam ser implementadas ao
nível da preparação para as comunicações de resposta à emergência, mais
conhecidas pela sigla Protecção Civil acompanhada de mais alguns " prefixos
" e " sufixos ".
Assim sendo, e sobretudo para que um determinado colega não volte a pôr a
minha " coragem " em causa, aqui vão dois exemplos práticos sobre a forma «
pouco ortodoxa » de organizar estas actividades que me era característica,
nomeadamente quando tinha responsabilidades a este nível.

Exemplo 1 - actividade ( ou exercício para alguns ) de âmbito municipal e
regional.
Pode ser organizada por QUALQUER associação, independentemente da sua
implantação territorial ou vocação prioritária.
Permitam-me que use como exemplo prático o que faria no âmbito de uma das
associações da qual sou sócio.
 
No guião, os participantes seriam convidados para um " simulacro ", o qual
consistiria no estabelecimento, de comunicações fiáveis, apenas na faixa dos
144 MHz ou superiores, entre os quartéis de bombeiros voluntários de todos (
ou quase todos ) os Municípios que compõem a região e implantação da
A.R.L.A.
Seria comunicada uma hora de início e uma hora de conclusão, mas... nada de
datas. Os participantes ficariam apenas a saber que a simulação teria lugar
num dos fins-de-semana de determinado mês.
Porquê ?
Em primeiro lugar porque os acontecimentos catastróficos não têm lugar com
data marcada e, tão ou mais importante, se existem procedimentos eles
deveriam estar devidamente memorizados por todos. Não há nada como a
surpresa para testar o grau conhecimento dos procedimentos e o verdadeiro
nível de " operacionalidade " dos mesmos.
No dia escolhido o exercício é activado de surpresa.
Um simples SMS ou chamada via rádio na frequência actualmente estabelecida
pelos procedimentos, convocaria os colegas para o " inferno " do pseudo
sismo ( ou outra ocorrência que se quisesse simular ).
Tal como numa situação real, nem todos nós estaremos preparados naquele dia
em particular.
Tal como numa ocorrência real, nem todos poderão aparecer ( apesar de
estarem em " prontidão " para aquele mês ).
Haverá sempre alguém que, logo por azar, está a trabalhar por turnos, alguém
que foi passar o fim-de-semana fora com a família, alguém que está na festa
de aniversário da sogra, alguém que não repara no SMS ou não está na
frequência onde a chamada é realizada... entre muitas outras possibilidades.
Estes seriam os supostos colegas vitimados pela catástrofe... tal como
acontecerá infelizmente num acontecimento real.
Depois há aquele radioamador que tem tudo criteriosamente preparado e está
no café com os amigos ( levando por essa razão o seu tempo a reagir ), ou
outro que está regar a horta e não pode vir logo a correr participar, enfim,
a vossa imaginação que se ponha em marcha para perceberem que, tal como num
acontecimento real, haverá quem se apresentará às comunicações apenas
passado algum tempo, até porque a prioridade após um acontecimento real é
asseverar a segurança da família, salvar vidas entre os vizinhos e, se
possível, salvaguardar os próprios bens.
Em princípio, nalguma parte das comunicações que se estabelecerão será uma
tentação utilizarem-se as estações repetidoras disponíveis, nomeadamente
para se tentar estabelecer uma rede mais cómoda e fiável... mas o que os
colegas não estão à espera é que, 20 minutos após o início do " simulacro ",
um malandro membro da organização desligue as estações repetidoras
propositadamente, ( diz-se que para simular a sua destruição ou queda das
antenas pouco após um sismo ).
Estará lançado o caos e o tempo a contar ?
Será que os procedimentos vão funcionar ?
Como vamos reagir à suposta desordem inicial que esta surpresa trará ?
Teremos efectivos e meios suficientes para completar a tarefa sem os
repetidores ?... e no tempo designado ?
Será que estabeleceremos comunicações fiáveis entre Santiago do Cacém e
Alvalade do Sado ?... e entre o Cercal do Alentejo e Almada ?... até onde se
fará ouvir a estação que se deslocar ao quartel de Bombeiros Voluntários de
Alcácer do Sal sem repetidoras ?
Tudo o resto que imaginam que sucederá, na minha opinião pessoal, será uma
fonte de aprendizagem valiosíssima para todos.

 
Exemplo 2 - actividade de âmbito nacional.
Só pode ser organizada através da cooperação de VÁRIAS associações,
independentemente da sua implantação territorial ou vocação prioritária.
Seria interessante perceber como reagiriam se fossem convidados a colaborar
e a cooperar, num tal repto, as diferentes sensibilidades e projectos
actualmente existentes no Serviço de Amador vocacionados para as questões
relacionadas com a Protecção Civil.

Do guião consta o estabelecimento de um canal fiável entre o Minho e o
Algarve apenas na faixa dos 144 MHz ou superiores ( irra que o gajo é chato,
então e HF ?... não é importante ? ). O único impedimento é não ser
permitida a utilização de estações repetidoras. 
Desta feita não há surpresas, a data e a hora estão perfeitamente combinadas
e são dadas a conhecer de forma transparente a todas as entidades.
Nem sequer as frequências são segredo. Há um conjunto de " canais ", tanto
em VHF como em UHF, estabelecidos para cada região ( não são precisos muitos
dado que, com estações situadas nos locais certos, o número de " saltos " ou
" relés " pode ser relativamente pequeno se for realizado um percurso pelo
litoral, o qual é sem dúvida a parte do território menos acidentado em
termos geológicos ).
Se tudo corresse bem, uma estação situada junto ao edifício da Câmara de
Faro poderia enviar uma mensagem escrita pelo senhor Presidente daquela
Câmara ao seu homólogo de Monção... a qual seria recebida uns segundos
depois.
Do outro lado viria a reposta, previamente combinada entre os dois autarcas.

Já imaginaram o prazer que a organização e a gestão de tal actividade daria
a todos nós ?
E o destaque que tal iniciativa poderia ter ao nível da comunicação social e
da sociedade ?
Têm a noção do gozo que os participantes teriam ?
É, ou não é, um desafio de cooperação para o actual fraccionamento de quem
se está a dedicar a estas questões da " Protecção Civil ", nomeadamente para
as organizações de radioamadores situadas no percurso previsto para uma tal
ligação ?

Espero que tenha sido suficientemente claro. Sobretudo espero ter deixado
bem evidente a devida transparência e compreensibilidade os meus objectivos,
designadamente com a segunda proposta.
Enfim, são apenas ideias, certamente ridicularizadas por muitos de vós, mas
seguramente bem aceites por outros.
De onde estas ideias surgiram há mais ( inclusivamente envolvendo meios em
MF e HF, não se peocupem ).
Estas propostas servem principalmente para lançar um novo debate, mas desta
vez em termos práticos e, particularmente, para demonstrarem que, nem a
brincar, se deve pôr a minha coragem em questão.
Tenho dito.
Se conseguiram ler até aqui, das duas uma.
Ou conquistei o vosso interesse ( tanto pode ser pela positiva como pela
negativa ), ou... vão encher a caixa de correio dos moderadores com pedidos
para proibirem de cá voltar o chato que escreve estes testamentos enormes ;)


73's de Miguel Andrade ( CT1ETL )
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