ARLA/CLUSTER: Artigo Interferências e PLC

Manuel Jesus mojesus pedradaciencia.com
Sábado, 31 de Outubro de 2009 - 18:57:46 WET


 Historia de Interferências e PLC.

 

Há algum tempo, recebemos na empresa, uma reclamação, acerca de um problema
de interferências no espectro radioeléctrico, as quais estavam a causar
sérios problemas numa ampla faixa do espectro nas bandas de rádio em onda
curta, ao reclamante.  
Face á situação, recebi directrizes no sentido de contactar o reclamante e
inteirar-me do problema relatado com mais pormenor, com vista à sua solução.

Aqui convém fazer um pequeno historial, a empresa na qual trabalho, é uma
empresa Nacional, logo que presta um serviço público, como tal,  uma das
nossas obrigações é tentarmos ser o mais eficiente possivel como é exemplo o
caso que relato.

A “REFER”, é uma empresa com serviços muito diversificados, a área de
negócios principal está relacionada com a infra-estrutura ferroviária em
Portugal.
As diferentes áreas técnicas, na empresa são muito diversificadas, para o
correcto funcionamento normal da infra-estrutura que dá suporte aos
comboios, não existem apenas carris, utilizados pelos comboios que todos
conhecem. 

A rede eléctrica normalizada em AC, que alimenta os comboios em Portugal tem
uma tensão alternada de 25 Kvolts com a frequência de 5o HZ, conhecida por
catenária. 

Ora esta catenária, possui um condutor “feeder” que transporta os tais 25
Kvolts, e também possui um outro condutor ligado á terra e que interliga
todos os postes metálicos entre si, os quais suportam toda a infra-estrutura
da parte eléctrica. 
Acontece que existem isoladores que separam o tal condutor em tensão do
outro condutor ligado á terra.

O problema que normalmente acontece, é que este isolador, devido quer a
sujidade e á humidade, entre outras causas, por vezes, perde isolamento e
começa a faiscar e a dar passagem entre a fase e a terra. 
Esta situação é bastante penalizante para a empresa, pois perde-se energia
nestas fugas, que para nada servem.
Infelizmente, estas situações, prolongam-se por vezes durante meses e até
anos. O que no início era uma pequena fuga acaba por dar origem, a perdas
muito elevadas de energia, a qual é cara,  inclusive, acaba por dar origem à
destruição dos próprios isoladores.
Este faiscar através do corpo do isolador, causa problemas no espectro
radioeléctrico, os quais vão desde a designada onda longa, atingindo por
vezes a zona do VHF/UHF, caso seja uma zona urbana, as interferências na
vizinhança da via férrea surgem e acabam por afectar as frequências de rádio
e TV, com um ruído característico.


O pedido de ajuda que nos chegou na situação referida levou-nos a agir no
imediato, na procura do problema e da sua resolução. 

O pedido teve origem num residente da zona de Lisboa e confinante com a
infra-estrutura ferroviária cerca do terminal ferroviário do Areeiro. 
Após contacto via telefone, foi agendado a ida de uma equipa técnica da
REFER, ligada à compatibilidade electromagnética “EMC”.

Aqui, chegados ao local, pessoalmente para mim, tinha reservado uma grande
surpresa. 
O reclamante era nem mais nem menos que um radioamador, muito conhecido e
apreciado por todos, quer radioamadores, quer das entidades oficiais, pelos
relevantes serviços prestados ao País, quer no mundo das comunicações quer
do ensino.
O referido radioamador, cujo indicativo é “CT1KD”, o nosso amigo major
Pardal, dono da celebre escola “LASER” e que tantos técnicos na parte
electrónica e telecomunicações tem ajudado a formar.

Verificado o problema localmente, o sinal interferente era recebido através
da antena de comunicações instalada na escola “LASER”, a qual, também serve
para ensinar e demonstrar aos formandos o que são comunicações de rádio
amador. No seu emissor, marca yaesu FT1000MP, verificamos o sinal
interferente, em grande parte da onda curta, o que de facto anulava qualquer
tipo de recepção ou comunicação.
Após esta análise técnica no equipamento, do nosso amigo CT1KD, usamos então
o seu receptor com display digital da “Tronic”, desta vez alimentado a
pilhas, confirma-se a interferência que era recebida, com valores muito
elevados de ruído sempre que o receptor era aproximado da antena, com esta
desligada do equipamento
emissor/receptor. 
A antena para emissão/recepção em uso no local, é uma antena de fio, do tipo
sloper, instalada com fixação entre o prédio de 20 andares e um local
próximo à linha ferroviária.

Após a análise aos sinais interferentes no interior da escola LASER.
Deslocamo-nos ao exterior, e junto da infra-estrutura ferroviária, á procura
da origem desta diabólica interferência. 
Aqui, já munidos do nosso equipamento “REFER”, em plena rua, pesquisamos o
sinal em toda a zona com incidência especial, na zona próxima ao terminal
ferroviário do Areeiro, procurando a origem do problema. 
Concluindo a análise técnica dos sinais interferentes, com a demonstração no
local ao reclamante, o qual nos acompanhou em todo o trabalho de pesquisa,
foi informado o nosso amigo CT1KD, major Pardal, que a origem do problema
não tinha de facto a sua origem na nossa infra-estrutura ferroviária,
conforme se pensava, mas sim, era originado de um local do prédio de 20
andares. 

Então por solicitação do reclamante “CT1KD”, para localizar a origem dos
sinais interferentes que eram a razão que nos encontrávamos ali. 
Percorremos então, alguns dos andares do prédio, localizando a origem da
fonte interferente, a qual era proveniente de um dos andares, mais
precisamente do 11º Piso. 
A fonte interferente era nem mais nem menos que um dos já célebres,
equipamentos PLC,  (Power Line Communications) é uma tecnologia que utiliza
uma das redes mais utilizadas em todo o mundo: a rede de energia eléctrica),
este equipamento tinha sido instalado dias atrás pelo operador de
comunicações “MEO”.

O sinal interferente, tinha valores muito elevados, o sinal medido no nosso
equipamento atingia o valor máximo na escala e tive que o reduzir com
atenuador.

Localizada a fonte e local da interferência, com a presença do nosso amigo
major Pardal CT1KD, a resolução com o seu vizinho da solução para o
problema, ficou a seu cargo. 

O equipamento que foi usado por nós, na detecção e localização desta
interferência, foi o Receiver RFI Locator Model 242 da Radar Engineer,
equipado com vários tipos de antenas directivas, adequadas á análise do
espectro radioeléctrico. O qual permite uma análise ás frequências que vão
desde a baixa frequência até 1000 MHz.

As interferências detectadas e por nós medidas, atingiam uma larga escala
nas frequências da onda curta, do espectro radioeléctrico, os valores de
intensidade de sinal medidos S9+50, são muito elevados, tornando impossível
qualquer tipo de escuta numa grande faixa do espectro.

A intensidade dos sinais detectada atingia picos máximos no ecrã espectral
do equipamento cerca dos 6.75 MHz. 
Espera-se que o operador da “Meo”, elimine rapidamente a instalação de
equipamentos “PLC”, (parece que actualmente só o fazem em situações muito
especiais). Este tipo de equipamento “PLC” prejudicam muito as comunicações,
pessoalmente e como radioamador, fiquei bastante preocupado com a
possibilidade de algum equipamento “PLC”, vir a ser instalado na minha
vizinhança.

Foi mais um trabalho interessante, que permitiu resolver mais uma das
tarefas que também é nossa na “REFER”, com satisfação completa a todos os
intervenientes.

 

Se algum colega desejar uma foto da interferência captada no display do
equipamento é pedirem.

 

Nota: Recomendo a todos os colegas radioamadores, que logo que sejam
atingidos por este tipo de interferência, reclamem de imediato junto da
entidade interferente e ou da ANACOM, é a eles em especial que compete a
solução para o problema.

 

73.

CT1AXZ
Manuel Jesus
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