ARLA/CLUSTER: Queres escutar a Policia...?
Rui Shantilal
smilerpt gmail.com
Quinta-Feira, 21 de Maio de 2009 - 14:07:00 WEST
Security through obscurity is not security.
Quer isto dizer que o acesso ao meio não deveria ser encarado como um
controlo de segurança por si só.
O Acesso ao meio, neste caso, pode ser obtido através de um scanner. Se a
informação que circula é confidencial, então deveriam ser aplicados
controlos complementares nomeadamente encriptação.
Isto para dizer: se é confidencial a comunicação não deveria estar em
formato "free text" porque assim, independentemente de utilizando o Media
PLayer ou um scanner, qualquer pessoa pode aceder a ela. Se ela não circula
encriptada, então é porque não é confidencial, logo não vejo qual possa ser
o problema de se aceder à mesma via Mediaplayer/Streaming.
Agora o problema começa efectivamente na classificação da informação e dos
meios disponíveis para a tratar. Mas posso assegurar que nos States se for
confidencial não a vamos ouvir nesses canais de Streaming disponíveis na
Net, porque a informação até pode circular nos mesmos canais, mas não estará
certamente em formato "legível".
Security through obscurity is not security.
Rui Shantilal
CT2ILS
2009/5/21 João Gonçalves Costa <joao.a.costa ctt.pt>
> Caro colega António Vilela, CT1JHQ.
>
> Os meus sinceros Parabéns pelo excelente artigo aqui publicado.
>
> João Costa, CT1FBF
>
>
>
> ________________________________
>
> De: cluster-bounces radio-amador.net [mailto:
> cluster-bounces radio-amador.net] Em nome de Radiophilo
> Enviada: quinta-feira, 21 de Maio de 2009 13:11
> Para: vitoroliveira2008 gmail.com; Resumo Noticioso Electrónico ARLA
> Assunto: Re: ARLA/CLUSTER: Queres escutar a Policia...?
>
>
> Caros colegas,
>
> A radioescuta é um tema que me é muito caro e por isso gostaria de
> partilhar convosco a minha opinião, nomeadamente considerando 3 vertentes.
>
> 1. Diferenças culturais.
> A diferença.entre Portugal e os EUA é do dia para noite. Eles têm uma
> paranóia securitária tremenda, talvez só igualada pela valorização dos
> direitos individuais de liberdade e privacidade. Nós mal começamos
> lentamente a rastejar para fora do peso da cultura ditatorial do tempo da
> outra senhora.
>
> Por uma questão de princípio, o FCC publica na rede as bases de dados de
> frequências atribuidas aos vários serviços, incluindo as polícias. Por uma
> questão de princípio, a Anacom nem sequer publica os planos das bandas,
> quanto mais falar sobre quem as ocupa.
> Em qualquer dos países, o espectro radioeléctrico é um bem PÚBLICO, cuja
> administração apenas está confiada à Anacom e ao FCC. Por lá isto é encarado
> exactamente desta forma. Por cá, nem por isso.
>
> Nos EUA, os agentes públicos podem sempre estar sob escrutínio. Mesmo se
> 99% das comunicações policiais forem "da treta" o cidadão tem direito a
> ouvi-las. Se os agentes precisam por motivos operacionais de garantir a
> privacidade das comunicações, recorrem então a meios técnicos apropriados
> para isso. Por cá muda a atitude e os particulares das técnicas usadas.
> Acrescento ainda que algumas forças policiais dos EUA estão confortáveis com
> isto, e encaram como positivo o potencial de colaboração espontânea por
> parte dos cidadãos.
>
> Enquanto um cidadão norte-americano sensível aos temas da rádio está ciente
> dos seus direitos e pode escolher livre e abertamente sintonizar um rádio na
> frequência da polícia local, por cá ainda há quem diga que "se pode escutar
> mas não se pode divulgar o que se escutou" isto apesar de várias revisões às
> várias leis da rádio ao longo dos últimos 30 anos, e das fortes mudanças
> sociais que ocorreram nesse período.
>
> 2. Contexto legal.
> Não conheço neste momento qualquer restrição legal à escuta de qualquer
> serviço público (aeronáutico, marítimo, segurança, emergência, etc...)
>
> Se nós radioamadores nos queixamos de a nossa regulamentação proibir o uso
> dos nossos equipamentos para estabelecimento de comunicações com outros
> serviços, então utilizemos "scanners". A Anacom faz questão de deixar bem
> claro no QNAF que estes equipamentos (receptores apenas) estão isentos de
> licença. Podem portanto ser usados livremente, em completa independência das
> nossas licenças de amador.
>
> Outra coisa é, evidentemente, a escuta de comunicações privadas. Embora
> haja aqui campo para discussão, a verdade é que tanto a constituição como o
> código do processo penal proibem claramente a intercepção de comunicações
> privadas. A discussão reside justamente em saber o que são comunicações
> privadas ou não. Na minha opinião, independentemente de qualquer restrição
> legal a escuta de comunicações privadas é, além de desinteressante, uma
> coisa feia e não se deve fazer.
>
> 3. Aspectos técnicos.
> Não é concebível hoje em dia pensar-se em utilizar qualquer modo de
> comunicação analógico como meio de comunicação privado, sobretudo sem
> protecção legal. Nos EUA, onde são ainda universais os telemóveis
> analógicos, teve de ser estabelecida uma lei específica para proibir não só
> a sua escuta, mas também o fabrico, comercialização e posse de receptores
> capazes de sintonizar as respectivas bandas.
>
> Mesmo as comunicações digitais não são sinónimo de privacidade, a menos que
> haja essa intenção. O P25, muito em voga nos EUA, é um sistema de
> comunicações digitais que pode ou não ser cifrado.
> Tanto quanto sei, o SIRESP também não garante automaticamente a privacidade
> das comunicações. O TETRA é uma norma pública e aberta e "qualquer um" pode
> construir receptores capazes de o desmodular e reconstituir as comunicações.
> Esta norma tem, no entanto, a capacidade de uso de algoritmos de cifra. Ao
> activar esta opção, o utilizador protege positivamente a sua comunicação.
>
>
> 73,
> António Vilela
> CT1JHQ
>
>
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