ARLA/CLUSTER: ESA lançou os dois observatórios espaciais Herschel e Planck .

João Gonçalves Costa joao.a.costa ctt.pt
Quinta-Feira, 14 de Maio de 2009 - 16:31:59 WEST


Dois telescópios espaciais que querem espiar o início do Universo acabam de ser lançados pela Agência Espacial Europeia (ESA), a partir de Kourou, na Guiana Francesa. O lançamento do foguetão Ariane V foi à hora prevista (14h12), para pôr em órbita os observatórios Herschel e Planck.

Os seus objectivos são muito diferentes, o Herschel pretende estudar o Universo "frio" que emite nos comprimentos de onda do infravermelho até ao sub-milímetro e o Planck o Universo "jovem" que produziu a Radiação Cósmica de Fundo, mas em comum têm o facto de serem os melhores observatórios do seu tipo jamais lançados.

Ambos os Observatórios vão ficar "estacionados" no segundo ponto de Langrange do sistema Terra-Sol, ou seja, a cerca de 1,5 milhões de quilómetros da Terra na direcção oposta à do Sol.

A radiação cósmica de fundo é fundamental para perceber as origens do Universo. E é para aí que estão apontadas as antenas da missão Planck, a primeira da Europa concebida para estudar os momentos logo após o Big Bang.
 
Desde 1992, altura em que se detectaram pequenas alterações nesta radiação, que estas pequenas flutuações têm sido utilizadas pelos astrónomos para compreender melhor a grande explosão, há 14 mil milhões de anos, bem como o processo de formação de galáxias. 
«Através da observação da radiação cósmica de fundo podemos tentar perceber como foram os primeiros instantes do Universo e ainda medir as ondas gravitacionais produzidas pela inflação- modelo cosmológico que prevê uma aceleração na expansão do Universo, nos seus instantes inicias», explica Luís Mendes, físico português a trabalhar na Agência Espacial Europeia e envolvido nesta missão.  

Os instrumentos a bordo do satélite Planck irão medir as variações de temperatura na radiação cósmica de fundo, com uma sensibilidade, resolução angular e amplitude de frequências nunca antes atingida. A combinação destes factores irá formar uma imagem do Universo quando este tinha apenas 380 mil anos. 

Para Luís Mendes, doutorado em Cosmologia teórica e cientista de suporte para o instrumento LFI (Instrumento de Baixa Frequência), a bordo do Planck, o grande contributo desta missão poderá ser a «detecção dos modos-B de polarização da radiação cósmica de fundo, uma evidência bastante forte para a existência no Universo de um fundo cósmico de ondas gravitacionais e, por sua vez, da existência de uma fase de inflacção nos primeiros instantes do Universo.»
 
 
Para mais informações contactar:
 
Luís Mendes, cientista de suporte do instrumento LFI
ESA/ European Space Astronomy Centre (ESAC)
T: 00 34 91 8131364
Email: lmendes  sciops.esa.int 




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