Re: ARLA/CLUSTER: Mostra-me como vives o Radioamadorismo... que eu dir-te-ei quem és.

manel nor manuelnorberto gmail.com
Terça-Feira, 12 de Maio de 2009 - 20:02:03 WEST


Olá Miguel !. Gostei imenso do seu texto, parabéns, oxalá que tenha muitos
leitores e que façam o favor de meditarem, é salutar.
Escreva o livro, serei seu leitor. Nada mais tenho a dizer embora houvesse
muito a dizer, como as coisas andam temos que ter muita paciência, calma e
sobretudo muita tolerãncia.
Um abraço Miguel, cumprimentos aos seus e...piparotes ás crianças.

Norberto   ct1uw

2009/5/12 Miguel Andrade <ct1etl  gmail.com>

> Incentivado e estimulado pelo meu correspondente e destinatário da mensagem
> original, a qual foi trocada apenas num âmbito unicamente privado, regresso
> à participação activa nesta lista, após uma prolongada ausência que muito me
> desespera, particularmente em relação a certos assuntos para os quais
> adorava contribuir.
>
> Pelo conteúdo que se segue ficarão a compreender o meu pudor e hesitação em
> colocar este tópico aqui, de forma pública, ao alcance de todos.
>
> A minha esperança reside no facto de que quando abrirem a mensagem e virem
> que nunca mais acaba... desistam de a ler :)
>
>
>
>
>
>
>
> Olá (...),
>
>
>
> Como é obvio, no fim-de-semana... não pude dar a devida atenção à lista.
>
> Já é crónico. Não há nada a fazer.
>
> E agora já é tarde demais nem fazia sentido voltar ao assunto para o qual
> me chamaste a atenção; até porque o que faz sentido já foi expresso por
> outros antes de mim.
>
> Só queria compreender qual é a ligação entre certos conteúdos e a matéria
> em questão.
>
> Não percebi metade das " indirectas ". Para mim não fazem qualquer sentido.
>
> Quem foi prejudicado e com o quê ?
>
> Com as decisões do Estado ?
>
> Então os lesados que reclamem junto do Estado Português. Peçam uma
> indemnização em tribunal ( que é o que está a dar ), e deixem os colegas que
> não pediram as malfadas " passagens administrativas " em paz de uma vez por
> todas !
>
> Só quem precisa de um indicativo " xpto " ou de uma classe mais elevada num
> PASSATEMPO, nomeadamente para poder « ser alguém na vida » é que pode dar
> tanta importância a coisas insignificantes... talvez porque não consiga
> salientar-se de outra forma.
>
> Quantos colegas habilitados com telegrafia ( refiro-me aos que prestaram de
> facto provas ) estão activos nesse modo ?... quantos têm dado cursos de
> formação ?... quantos têm sido dinâmicos aficionados por esse MODO DE
> TRANSMISSÂO ?
>
> Talvez o nosso estimado colega António Gamito... isto sem esquecer o meu
> mestre e não menos estimado Luís Catulo sejam dois bons exemplos dos que
> se entreguam de facto a essa tarefa exigente que é formar em Código Morse,
> isto só para falar dos mais próximos, sem querer ferir o orgulho dos
> restantes ou ignorar os activos, como esse assíduo telegrafista que é o
> Carlos Fonseca, nosso amigo comum.
>
> Qual é então essa abismal diferença de importância que um modo de
> transmissão pode assumir em relação aos outros ?
>
> Quantas alternativas de comunicação há actualmente em relação à telegrafia
> ?
>
> Qual é a real utilidade e conveniência da telegrafia para a continuidade e
> para o desenvolvimento do radioamadorismo... que os restantes modos de
> transmissão não possam compensar ?
>
> Qual é a vantagem que a telegrafia apresenta que outros modos de
> transmissão não lhe possam equiparar-se ?... sim; no que é que a telegrafia
> é realmente insuperável ?
>
> Quando me responderem a estas perguntas ( apenas algumas entre muitas ),
> talvez eu compreendesse porque é que a telegrafia foi a única forma de
> transmissão obrigatória no único exame prático do Serviço de Amador... até
> 2009.
>
> Embora eu de facto tenha muito interesse e dê o maior valor à telegrafia e
> aos que a praticam com assiduidade, também sou da opinião de que é mais
> urgente que se tornassem obrigatórias, nos exames, outras matérias não menos
> importantes, como condutas éticas, como técnicas de radiocomunicações
> elementares, como procedimentos sobre segurança e até mesmo a prestação de
> uma prova prática de cálculo e montagem de antenas simples ( com primordial
> vocação para aqueles modelos mais adequados a situações de emergência )... e
> tudo isto em vez da telegrafia.
>
> Quantos colegas chegam à actual categoria A, depois de realizarem com
> mérito um exame teórico e uma prova prática de telegrafia... e depois não
> sabem operar em determinados modos de transmissão tão ou mais importantes ?
>
> Quando digo importantes refiro-me à sua popularidade, eficácia, eficiência,
> rendimento e até à forma mais " ecológica " como fazem uso da energia (
> embora a telegrafia por código Morse em onda contínua - A1A - seja quase
> imbatível neste último aspecto ).
>
> E por fim... ainda que não tenha compreendido certas metáforas que li, como
> a mensagem onde entram os « escadotes de barro », os « calcanhares », « os
> aviários » e as « bolotas », ocorre-me depois disso mais um chorrilho de
> perguntas...
>
> Como não estou com fleuma para regar fogueiras com gasolina, apenas me
> darei ao luxo de te deixar algumas dúvidas muito sinceras e pertinentes...
>
> Desde quando é que, em qualquer canto escondido deste planeta, mas
> particularmente neste país, as habilitações ou as divisas são sinónimo
> daquilo que as pessoas que as usam realmente são ?
>
> Achas que se existisse uma cultura de mérito eram necessários títulos,
> classes, insígnias, diplomas e outras coisas que tais ?
>
> Quantas pessoas conheces que estarão actualmente desaproveitadas nesta
> sociedade; simplesmente por não terem aquilo que se convencionou para os
> habilitarem a determinados privilégios ? ( embora saibam mais ou sejam
> melhores do que muitos que os usam ).
>
> Eu terei dito mesmo habilitarem ?
>
> Ora bolas, num país de faz-de-conta o que menos importa, hoje em dia, é a
> forma como se obtém um diploma.
>
> Expliquem-me, ainda assim, como é que as habilitações podem definir a
> inteligência, a capacidade, a competência, a idoneidade, a habilidade, o
> talento, a proficiência e o saber real da pessoa ?... e isto não somente e
> apenas na respectiva vida profissional, eu diária sobretudo até num nível
> insignificante como este; um mero PASSATEMPO ( ou " hobby " para os mais
> distraídos )...
>
> É através de uma simples licença para o Serviço de Amador que poderemos
> atestar determinada qualidade como pessoa ?
>
> Se queres desafios que sejam levados a sério pela sociedade, conclui com
> mérito as etapas para conseguires uma carta de navegação de recreio do tipo
> " Patrão de Alto-Mar "... ou um " brevet " para pilotagem de aeronaves...
> sem dúvida muito mais exigentes como é compreensível.
>
> Não sou um libertário ou um anarquista que defenda que qualquer um deve
> ignorar as convenções, mas haverá por aí até casos de telegrafistas que nem
> se fazem escutar em CW, porque a respectiva classe no seu PASSATEMPO não
> lhes permite, por enquanto, o uso desse MODO DE TRANSMISSÂO.
>
> E não me refiro apenas aos militares.
>
> Mesmo que a respectiva classe fosse a indicada, provavelmente nem
> utilizariam o código Morse com a constância que estamos à espera num
> qualquer de nós... pois até há pouco tempo tinham que o fazer, quase todos
> os dias a nível profissional. É por isso natural, que quando chegassem a
> casa, cansados, verosimilmente achassem muito mais piada experimentarem
> novas potencialidades, nomeadamente ligando um computador ao seu equipamento
> de transmissões do PASSATEMPO... guardando a telegrafia mais para concursos
> ou para " descontrair ", de vez em quando.
>
> Em resumo... estar habilitado ou não num determinado MODO DE TRANSMISSÃO
> não deveria distinguir ninguém nem no Serviço de Amador.
>
> Há modos de transmissão muito mais exigentes a nível técnico que ( ainda )
> não fazem parte de nenhum exame prático.
>
> Estar reconhecido pelo Estado Português numa determinada " classe " de um
> PASSATEMPO não dá estatuto, não define hierarquias nem é sinónimo de
> inteligência, capacidade, competência, idoneidade, habilidade, talento,
> proficiência... e nunca demonstrará o saber efectivo do respectivo utente na
> sua vida pessoal, profissional ou até social.
>
> Se não concordam comigo... leias os arquivos desta lista ou escutem os "
> QSO's ".
>
> Ninguém conseguirá comprovar uma relação concreta entre os conhecimentos
> técnicos dos utentes do Serviço de Amador e a respectiva classe,
> particularmente com base nas provas que eram realizadas até esta data.
>
> Não só não há uma correspondência directa ( nem remota sequer ), como essa
> realidade não demonstra, com rigor, os autênticos graus de conhecimento
> técnicos ou diferenças de aptidões efectivas entre os utentes do Serviço de
> Amador e Amador por Satélite habilitados para operarem no modo de telegrafia
> e os restantes, ou entre muitas das classes A, B e C entre si ( nomeadamente
> ao nível que essas habilitações tinham o dever de atestar ).
>
> E porquê ?
>
> Porque muitos dos colegas evoluíram e não se candidatam mais a provas para
> progredirem de classe, ou simplesmente porque as provas não possuíam, até
> aqui, a rigidez e a eficácia necessárias.
>
> Não há, nem será nunca possível e exequível acontecer, uma correspondência
> verdadeira entre os conhecimentos em QUALQUER ÁREA TÉCNICA DO SERVIÇO DE
> AMADOR e a classe que é reconhecida pelo Estado, pois todos sabemos sempre
> muito mais daquilo que realmente gostamos, mesmo em relação a outros até
> mais habilitados.
>
> Numa sociedade menos provinciana, pretensiosa, vaidosa, imodesta,
> mesquinha, pedante e com menos gente presunçosa, seria perfeitamente natural
> que um académico do nível de um Prof. Doutor numa área de engenharia, o qual
> para além de leccionar numa universidade sobre o assunto, trabalhasse todos
> os dias com sistemas irradiantes na sua vida profissional; possuísse apenas
> uma licença da actual classe C... obtida simplesmente para falar entre
> amigos através de repetidoras de VHF... incógnito...
>
> Quem não sabe de colegas ilustres, como Sua Alteza Real o Monarca de
> Espanha e tantas outras figuras públicas que, ao contrário do meu mau " Real
> " exemplo, passaram e passam despercebidas com indicativos perfeitamente
> vulgares pelos nossos diários de estação.
>
> O saber não se mede aos palmos meu amigo !
>
> O que vestimos não é prova inequívoca daquilo que na realidade somos !
>
> O mais importante num PASSATEMPO não é quem sabe mais ou quem sabe menos...
> é quem ajuda a nivelar o conhecimento entre todos. É quem divulga, quem
> participa, quem demonstra, quem ensina sem pretensiosismo ou vaidade, quem
> cultiva na sua atitude a modéstia... mesmo quando é necessário ajudar o
> próximo a encontrar o saber ou a técnica que procura para chegar mais longe
> ou para ultrapassar obstáculos.
>
> Neste PASSATEMPO a virtude não está em chegar mais alto na classe que o
> Estado hipoteticamente nos reconheça... ainda que desta ou daquela forma...
> com esta ou com aquela injustiça... com provas realmente adequadas e justas
> ou não.
>
> A propriedade está do lado daqueles que dão, sem cobrarem prestígio;
> daqueles que sabem algo do seu pequeno cantinho e partilham de bom grado com
> os restantes, ajudando a progredir o conhecimento colectivo.
>
> Quantos mais partilharem mais engrandecem os restantes e atenuarão as
> diferenças artificiais das " classes ". Quanto mais souberem partilhar, mais
> interesse criam nas nossas comunicações, porque uma boa dose da comunicação
> é a partilha de conhecimento.
>
> Não é evitando ou ridicularizando os " desvalidos do saber ", que
> melhoramos a qualidade do que se escuta em frequência.
>
> Quanto menos desequilíbrios e ignorância existirem, mais aumentará
> proporcionalmente a qualidade das radiocomunicações e o interesse do nosso
> PASSATEMPO comum. Mais colegas aparecerão a operar, nomeadamente em áreas
> consideradas exigentes ou complexas.
>
> E o desequilíbrio começa logo quando se procuram " galões " em classes de
> um PASSATEMPO, mesmo sem se saber do autêntico valor e sobre a verdadeira
> importância de quem está do outro lado... um degrau mais abaixo no
> Radioamadorismo ( mas sabe-se lá quantos degraus acima noutras áreas ).
>
> Quanto à ignorância, ela não é só de quem não sabe... ela passa muito pelo
> pretensiosismo de quem se quer afirmar, num mero passatempo, como superior,
> nisto ou naquilo.
>
> Caro amigo, desculpa-me por este longo desabafo, mas fico tão ultrajado com
> certas formas de estar na vida que só me apetecia escrever um livro...
>
> É porque não ?... hoje está na moda :D
>
>
>
>
>
> 73's de CT1ETL - Miguel ( alguém que se resigna em não procurar divisas ou
> diplomas num passatempo, nomeadametne para provar o respectivo grau de
> cultura geral, conhecimento, nível de inteligência... ou para obter o
> respeito dos outros )
>
> _______________________________________________
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> CLUSTER  radio-amador.net
> http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster
>
>
-------------- próxima parte ----------
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