RE: ARLA/CLUSTER: Ruminações sobre associativismo

CT1BAT ct1bat gmail.com
Sexta-Feira, 17 de Abril de 2009 - 15:13:27 WEST


Olá Amigos!

 

Peço aos Colegas que me perdoem esta “malvada” incapacidade de ficar calado,
de quando não gosto pôr na borda do prato ou de chutar para canto, ou … 

 

Mas quem dita opiniões vem “por bem” como se diz cá na minha terra, sabe que
por consequência elas poderão ser alvo de discussão, de contraditório ou de
apoio.

Vem isto a propósito da “ruminação” do nosso amigo Paulo Calvo, que se
identifica apenas pelo nome mas que julgo ser CT1IDW e por ex-Presidente da
REP (http://www.rep.pt/corpossociais_2006.htm ). Se não fôr as minhas
desculpas.

Prezado Amigo, devo dizer que até comungo de algumas das suas boas
intenções, como, por exemplo, “Muitos criticam … poucos tentam fazer algo…”)
entre outras. Infelizmente é assim, é comum é, quase, próprio da natureza
humana … contudo, vale sempre a pena tentar mudar. Não por decreto (como
antigamente, lembra-se ou alguém lhe contou?, qualquer Radioamador era
obrigado a ser sócio da REP e não era permitida a existência de outras
associações …). Uma das coisas boas que a democracia trouxe é a Liberdade de
Associação e isso tem um valor incalculável! Outra é esta de, livremente,
podermos discutir o assunto na praça pública, como estamos a fazer, sempre,
com o devido e merecido respeito!

Também, estou de acordo consigo que, em vez de disseminarmos as nossas
energias na criação de associações e mais associações, federações e mais
federações, tentássemos mudar o que achamos errado e unirmos em vez de
dividirmos.

 

Quanto à solução que apresenta, permita-me sugerir-lhe a leitura do “Foro
alternativo de URE” em

http://www.radionews.es/index.php/noticias-de-radio/informacion-general/127-
mocion-de-censura e, fácilmente, perceberemos que nem tudo são “encantos”…

 

E também lhe direi que é normal, na vida, ter de se “lutar” para conseguir
algo. Se determinada associação acha que pode fazer mais pelo
Radioamadorismo que as restantes só tem que o mostrar e (apenas) desta forma
conseguir a (LIVRE) adesão das pessoas. E digo mais, até acho que uma forma
de mostrar essa disponibilidade será prescindir de alguns “exclusivos” como
o QSL Bureau e a representação junto de organismos internacionais (cuja
representatividade não lhe foi conferida pelos representados mas por decreto
ou escolha. Assim, em condições de igualdade a concorrência, em igualdade de
circunstâncias, faz a escolha: os fortes sobrevivem e os fracos morrem… É a
LEI DA VIDA.

Um abraço do

73'S    de/from

CT1BAT-Machado

mailto: <mailto:CT1BAT  gmail.com> CT1BAT  gmail.com

 

  _____  

De: cluster-bounces  radio-amador.net
[mailto:cluster-bounces  radio-amador.net] Em nome de Paulo Calvo
Enviada: sexta-feira, 17 de Abril de 2009 12:16
Para: Cluster / ARLA
Assunto: ARLA/CLUSTER: Ruminações sobre associativismo

 

Esta minha ruminação não pretende de forma alguma melindrar seja quem for e
se isso acontecer peço desde já desculpa. No entanto tenho direito a ter
opinião sobre este assunto já que sou radioamador e a situação presente me
afecta.

Muitos criticam a forma como os radioamadores estão organizados em Portugal,
mas como é nosso costume, poucos tentam fazer algo para que a realidade se
altere.

Na minha opinião o problema reside não na multiplicidade de Associações, mas
na falta de coordenação entre elas, na falta de objectivos comuns e, entre
outras, na canibalização entre Associações.

Tem sido difícil, para não dizer impossível, conseguir que as diversas
Associações realizem projectos em comum. Salvo raríssimas excepções isso não
acontece e muitas vezes são criados eventos para abafar os eventos alheios.
Esta tentativa resulta muitas vezes em acontecimentos simultâneos
medíocres... Este problema só pode ser resolvido com uma nova mentalidade em
que a competição dê lugar à cooperação. A competição por si só não é má, o
problema está que muitas vezes se tenta destruir o que outros tentam fazer.
Não participar nos eventos de outras Associações só por não serem “nossas” é
uma forma comum de agir entre nós...

Também não existem objectivos comuns a todas as Associações, ou melhor, a
maior parte dos radiomadores não sabem o que querem, nem a maior parte das
Associações tem rumo definido. Este problema é estrutural e não tem solução
à vista.

Por fim a canibalização... É um fenómeno que resulta das nossas
idiossincrasias lusas. Não vou falar do assunto para não ser insultado, como
já aconteceu de outras vezes. Só digo que nenhuma Associação tem o direito
de tentar retirar a outra sócios, serviços, espaço ou o que seja.

 

Agora qual é a solução para esta situação?

O modelo da URE é interessante e funciona bem. A URE não é uma federação, a
URE é uma União de radioamadores que possui delegações autónomas em diversas
regiões de Espanha. A URE tem a seu cargo a cobrança de quotas, o poder
disciplinar, a gestão do orçamento, a publicação mensal, a representação
oficial dos seus sócios e mais algumas que não interessam ao caso.

Devo realçar que os sócios são da URE e não das delegações.

Cada delegação é autónoma e recebe anualmente fundos da URE que gere de
forma autónoma. Tem obrigações estatutárias para com a URE e tem obrigações
em relação aos poderes locais. 

Na URE a tomada de decisões de fundo é feita em Assembleia constituída por
delegados das delegações, sendo o número de delegados calculado em função do
número de sócios agregados à delegação. Existe ainda um conselho consultivo
com antigos Presidentes da Junta Directiva.

Esta é a meu ver a forma de organização mais correcta e não padece dos
problemas das federações.

Uma federação não tem sócios mas tem de ter fundos para funcionar. Quem
paga? As Associações. E quanto paga cada Associação? Em função do número de
sócios? Ou a quota é fixa? E o número de delegados às Assembleias? É igual
para todos ou é em função do número de sócios?
Aqui reside um problema engraçado, cada Associação quer pagar o mínimo
possível e ter o máximo de poder de decisão...

E quanto custa uma Federação? E onde fica instalada?

Em 2006 durante o colóquio de Almeirim perguntei quem pagava os custos de
uma federação e não houve resposta. Também fui acusado de lançar um balde de
água sobre o debate que até aí corria tão bem... uma chamada à realidade é
necessária meus senhores.

Meus senhores acordem, se até hoje não foi possível fazer um Field Day
nacional com estações de associações espalhadas pelo país, como é que querem
fazer uma federação?

Para que o radioamadorismo luso se desenvolva tem de haver cooperação,
objectivos definidos e estratégia para os alcançar. Pelo que tenho visto a
situação está a mudar, de forma lenta mas sustentada.

73 de Paulo Calvo

 

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