ARLA/CLUSTER: Direitos e deveres de todos os CT

Mariano Gonçalves ct1xi sapo.pt
Quarta-Feira, 31 de Outubro de 2007 - 07:45:43 WET


Caro Neves, CT3FQ,

Os meus cumprimentos.

Nunca me manifesto relativamente a questões de concursos, mas neste 
particular quero dizer que estou de acordo consigo.

Em tudo, existem além dos direitos, também os deveres, e eu pergunto? - 
quais são eles (direitos e deveres dos CT2 ou CT1 ou outros) e se os sabemos 
e queremos cumprir, julgo que não.

Considero mesmo que, pior do que o rigor e a qualidade dos exames, que é 
manifestamente baixo, foram os milhares de passagens administrativas (sem 
nenhum incentivo pedagógico ou sequer cívico) que resultaram na 
«qualificação» de pessoas, para práticas das radiocomunicações, que nunca 
souberam exercer.
Para além de falarem e mal ao microfone (de temas que não quiseram 
aprofundar nunca) não souberam fazer mais nada, daquilo que afinal é a 
multidisciplinaridade do Radioamadorismo, na sua excelência e essência 
fundamental, que faz muitos anos, deixou de ser considerada em Portugal, e 
noutros países, nomeadamente na vizinha Espanha, que nesse aspecto, é uma 
verdadeira praga do comércio de concursos e troféus.

O resultado, é o presente grau de elevação e de «competências» a que hoje 
assistimos nas faixas de frequência do serviço de amador e amador de 
satélite. Mas as entidades oficiais, em particular na União Europeia, EUA e 
Japão, já entenderam essa questão e estão a começar a inverter a situação.

Tanto mais grave, é o facto de que nem o movimento associativo é capaz o 
suficiente, para promover essa qualificação e treino tecnológico fundamental 
à cultura de ciência (que não promove) e que é afinal a génese do Amador de 
Rádio e do Radioamadorismo, o que fazem em geral a maioria associativa é o 
exercício regular e continuado de concursos e mais concursos despidos desses 
graus de conhecimento técnico, saberes fundamentais a quem quereria afinal 
explorar essas ligações radioeléctricas, de forma tão elevada, e que 
naturalmente estão além e acima do mero falar e gritar com entusiasmo a um 
microfone, não conseguem fazer mais nada, nem mudar muitas vezes uma ficha 
coaxial, pois além desses temas técnicos, já nem as capacidades funcionais 
querem saber exercer e treinar, uma verdadeira questão cognitiva de 
saber-saber, saber-fazer e saber-estar.

Tudo isto é um assunto a que o Estado não foi alheio nestes últimos 30 anos, 
relativamente a más políticas quer de Juventudes, quer de promoção da 
Cultura da Ciência e da Tecnologia em Portugal, factores determinantes de 
elevação dos saber e conhecimento de um Povo e de qualquer Nação, 
designadamente, do país e do povo mais pobre e menos qualificado da União 
Europeia, que são infelizmente os portugueses e Portugal.
Ajustar por cima, nunca foi mal, o pior é que nisto em em quase tudo nós 
alinhamos é por baixo.

Tudo foi afinal uma questão de prioridades e desígnios Nacionais a que todos 
nós, amadores, associações e administração central e local, deveríamos dar 
acolhimento e atenção, mas preferimos o mais fácil e fantástico, por isso 
somos aquilo que de facto conseguimos ser..., nem mais nem menos, os factos 
estão aqui mesmo!

Uma particularidade da excelência do Radioamadorismo, é que a sua prática 
passa por todas as disciplinas técnicas e até sociais, recreativas e 
culturais de interesse e serviço público, além de um verdadeiro operador de 
rádio ter de dominar uma multiplicidade de disciplinas, que vão da 
propagação às antenas, das linhas de transmissão à energia, e a cada um dos 
parâmetros das mais rigorosas especificações técnicas de um qualquer sistema 
de radiocomunicações, analógicas e ou digitais, capaz de ser colocado a 
funcionar com eficácia em qualquer uma dessa faixas de frequência que estão 
entre os tais 137 kHz e 47 GHz.

73, Mariano, CT1XI



----- Original Message ----- 
From: "ct3fq" <ct3fq  ct3team.com>
To: "Resumo Noticioso Electrónico ARLA" <cluster  radio-amador.net>
Sent: Tuesday, October 30, 2007 8:18 PM
Subject: Re: ARLA/CLUSTER: direitos dos "CT2's"


> Caro António Matias,
>
> Permita-me  corrigir a sua idea  "será que vamos ter uma banda do cidadão 
> desde os 137,5KC até 47Ghz?" para  "temos uma banda do cidadão desde os 
> 137KHz até 47GHz!"
>
> Imagina qual a percentagem de Radioamadores que  conhece  sequer a lei de 
> ohm  (V=RI) ?
>
> É triste mas é verdade. Todos sabemos que os exames de Amador em Portugal 
> são um atentado à inteligência. A maioria dos examinados  "decorou" as 
> respostas e muitos  utilizaram o truque da "moeda ao ar".  Não afirmo isto 
> de animo leve, tenho um amigo que é licenciado em sociologia, ou seja, 
> nunca viu, ouviu, ou sequer soube o que era electronica, telecomunicações 
> e muito menos conhece radioamadores ( ainda bem). Por curiosidade, e a 
> meio de algumas cervejas,  pedi-lhe para responder a quatro   exames da B 
> que eu tinha no QTH, e como era esperado, ele obteve mais de 60% em três 
> deles, e 83% noutro.
>
> Sei que corro muitos  riscos  em afirmar que a maioria dos  radioamadores 
> são analfabetos, e que apenas por força das circunstâncias sabem carregar 
> no PTT .
> A grande verdade é que  a  maioria sabe  onde fica VU7  (Lakshadweep 
> Islands) mas não sabe sequer detectar um simples curto-circuito, ou seja, 
> pelo andar da carruagem desconfio que os proximos exames da ANACOM vão ser 
> apenas sobre Geografia e vamos ter assim, a médio prazo,  grandes DXers e 
> Contesters em Portugal.
>
> 73/51 ( desculpem o 51, mas foi um vicio que ficou dos meus tempos de  CB)
>
> Carlos Neves
>
>
>
> antonio matias wrote:
>
>> será que vamos ter uma banda do cidadão desde os 137,5KC até 47Ghz?
>>
>
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