ARLA/CLUSTER: Recordar outros tempos
Mariano Gonçalves
ct1xi sapo.pt
Quinta-Feira, 11 de Janeiro de 2007 - 19:10:21 WET
Carlos Mourato esta mensagem é só para ti, porque te recordas e sabes aquilo
que eu te quero dizer.
Referes uma coisa que me é muito grata, a banda dos 144,000 MHz, os 2 metros
dos anos de 1970.
Recordo muito bem os amadores que nos finais de 1960 e princípios de 1970,
operavam nos 2 metros. Lembro-me de fazer QSO contigo em móvel, lá para o
norte, onde vivias, não sei precisar o nome da localidade.
Dos amadores que mais me marcaram foram por exemplo o CT1KQ, CT1OB, CT1NB,
CT1IH, CT1IC, CT1ST, CT1CO, CT1AB, CT1VC, CT1FM e CT1HG, entre muitos
outros.
Naquele tempo os primeiros jovens, com 17 e 19 anos, a operar nos 2 metros
(entre a excelência dos veteranos) foram os auto-denominados do «NOVICE GANG
VHF OF LISBON» que eram o CT1ZX, CT1ZK, CT1ZO, CT1QP, CT1DL, CT1XI, CT1WO.
Em tempos fiz uma lista, e em Portugal, existiam menos de 40 estações a
trabalhar entre os 144,000 e os 144,425 MHz.
Lembro-me de escutar o CT1ST e mais o CT1AB, a fazer semi-duplex entre
144,125 e 145,650 MHz.
Até hoje, nunca conheci nenhum amador de Rádio, com a capacidade técnica e
de construção como tinha o CT1KQ, foi o melhor de todos os 2 metristas. Era
um verdadeiro Veterano da Rádio.
Depois veio o 25 de Abril de 1974, acabou a PIDE-DGS. Assim e logo de
seguida liberalizaram as importações e veio a desgraça, já todos compravam
um rádio e eram génios dos 144 MHz. Vieram o FM e os repetidores (ainda
construí 2 repetidores, um de VHF e outro de UHF, que aliás foi o primeiro
em Portugal).
A Rádio era bonita naquele tempo, e os colegas de então tinham valor, havia
humanismo e solidariedade. Havia camaradagem.
Nos 2 metros, cada um tinha a sua frequência de trabalho, e sabíamos sempre
quem estava «On the Air» com o seu AM.
Tinha gosto em fazer Rádio e de ser amador de Rádio, nem me importava que
dissessem que eu era «radioamador», hoje não, tenho vergonha.
Mas desde que o CT1DRY me expulsou e caluniou na REP, nunca mais fiz rádio,
nem QSO's com ninguém.
Estou bem assim. Sou muito feliz, porque pelo menos, posso ajudar, e mais,
ainda posso recordar, coisa que outros nunca poderão fazer, nos mesmos
termos e vivências. Coisas que tu e eu ainda vivemos.
Um abraço,
Mariano
----- Original Message -----
From: "Carlos Mourato" <radiofarol gmail.com>
To: "Resumo Noticioso Electrónico ARLA" <cluster radio-amador.net>
Sent: Thursday, January 11, 2007 12:12 PM
Subject: Re: ARLA/CLUSTER: Sobre a nova legislação
Carissimos colegas
Depois de ler todas as vossas mensagens, remeto a minha opinião para o
anterior mail que mandei sobre este assunto. Na realidade o que eu escrevi
parece uma compilação do que acabaram de escrever. Assim, concordo com quase
tudo o que foi dito por todos. Felizmente parece que estamos a dar alguns
timidos passos no sentido do espirito de responsabilidade que nos cabe como
amadores de radio, e principalmente como seres sociaveis e coerentes. Tambem
eu , como o Mariano, nunca fui CB, mas nem por isso deixo de referenciar que
de lá vieram bastantes colegas que hoje são amadores de radio com uma mais
valia muito superior a alguns que ja andam nas bandas de amador à muitos e
muitos anos e que tambem nunca foram CBs. Como muito bem diz o CT1XI e tal
como eu afirmei no meu anterior mail, não são as frequencias que são boas ou
más, mas sim os utilizadores das mesmas. Cada frequencia tem a sua
utilidade, os seus misterios e encantos! Cabe a cada um de nós, decidir se
se interessa em descubrir, mais alem dos horizontes que se lhe deparam!
Assim, temos que muitos operadores vieram para as bandas de amador, não para
olharem mais alem, e evoluirem nos seus conhecimentos, mas sim porque "dava
jeito" o VHF e os repetidores para falarem. Quanto a esses colegas nada a
fazer!!!...Vão continuar a serem limitados nos seus conhecimentos porque não
teem qualquer interesse pelo radioamadorismo, alem dos "dois dedos de
conversa" de todos os dias. Infelizmente, umas quantas actualizações e
"mexidas" nas classes de amador, que na minha opinião foram uma autentica
nódoa negra na actuação do ICP-ANACOM, fez com que alguns operadores, possam
estar hoje na classe "A" sem saberem nada de nada sobre a tecnica
radioelectrica e (ou) de radiocomunicações. Quero dizer de novo que não sou
a favor de classes elitistas, mas sou muito menos a favor de um só "cesto"
para todos os ovos. Como foi dito, deverá existir alguma meta sempre mais à
frente que se possa atingir. Isso é motivador da evolução. Quem quer chegar
ao topo deve faze-lo evoluindo!...Sabemos que existem muitos operadores em
Portugal, principalmente na classe "B", que estão à espera sentados, que a
ANACOM os passe para a classe "A" sem fazerem nada. Felizmente existem
muitas excepções, e o que acabo de dizer não é a regra. No entanto vejam
quantos exames foram feitos em 2006 para a classe "B" e quantos foram feitos
para a classe "A". Ja sei que me vão dizer....É o "maldito CW"...pois é! eu
tambem concordo que devia se facultativo, mas quando eu entrei para estas
lides, o CW era para passar da classe "D" para a "C"...Ou se fazia CW ou nem
se podia operar em ondas curtas!...Só 144MHz ! E nessa altura em 2m existiam
23 amadores operativos esporadicamente em Portugal. ( Lembra-se
Mariano?...Do CT1GZ de Castelo Branco?...O Magno..um dos pioneiros do VHF em
PT?...Do CT1MX, do CT1VL, do Santareno CT1LH? ...Ja se escutava tambem o
CT1DL, e mais um punhado de experimentadores a que me juntei em 1980 ), Que
dizer de todo o QRM que fazem à volta do assunto dos classes "B" e classes
"B" com morse?, Só por não poderem operar em 20m em fonia? Tambem não
concordo, assim como acho uma "palhçada a Classe "B" e "B" com morse...É que
a maioria dos detentores de licença de "B" com morse não sabe uma unica
letra de CW!!!...Os que sabem CW na sua maioria estão na classe "A"!
Vamos sim adaptar a nossa legislação à realidade do seculo XXI!...Concordo
plenamente com isso, Vamos acabar com o CW, que não tem justificação servir
como prova eliminatória, mas vamos preservar o bom senso e não vamos pelos
caminhos do facilitismo porque isso dá mau resultado. Os exames deviam
voltar a ser escritos e não simples boletins de "totolotos", porque isso
contribuia para um conhecimento do caracter do examinado que podia expor a
suas ideias por palavras diferentes das respostas "pre´-fabricadas". Em
ultima análise, um dos maiores problemas do radioamadorismo em si, e em
muitas mais coisas do nosso dia a dia, e nos dias de hoje, não é mais do
que o défice de caracter humano, de educação e de sentimento social que
muitos operadores apresentam. Claro que não estou a chamar nomes a ninguem,
e sei que isso é fruto de uma sociedade que cada vez mais induz egoismo,
individualismo, e hipocresia nos seus elementos, É fruto de uma
descaractrização do ser humano em pról de uma sociedade fechada, de seres
cinzentos e que mais nada fazem que olhar para o próprio umbigo. Acredito
que com boa vontade e união, os verdadeiros amadores de radio possam fazer
valer os seus ligitimos anseios.
73 de CT4RK
2007/1/9, Mariano Gonçalves <ct1xi sapo.pt>:
>
> Meu estimado Carlos Neves,
>
> A propósito do seu comentário «só quis frisar que a discussão sobre os CBs
> e
> «Radioamadores é contraproducente» estou inteiramente de acordo consigo. A
> questão é mais profunda.
>
> Tal como você, também eu tive problemas, por não saber.
> Quando eu me iniciei como amador, fui rádio-escuta durante vários anos
> (CT0307).
> E fui escuta, porque podia receber o serviço emissor dos postos de amador
> (radioamadores) através de um aparelho de radiodifusão em ondas-curtas,
> porque naquela época só se emitia em AM (a esmagadora maioria das estações
> em todo o mundo) e eu nem sequer possuía um receptor de radiocomunicações.
>
> A minha passagem a amador emissor, foi clandestina.
> Fiz um emissor sem estar legalizado, e passado cerca de 30 dias fui detido
> e
> todo o material apreendido.
> Resta dizer que eu nasci e morava a apenas 1.000 metros do centro de
> fiscalização radioeléctrica dos CTT, a DSR, em Barcarena. Curiosamente,
> foram os próprios fiscais da DSR e o director do centro de fiscalização
> radioeléctrica (o sr. Vardasca) que me apoiaram e ajudaram a ser
> legalizado.
> Aquilo era crime.
>
> O que quero dizer, é que a maioria daqueles que experimentaram estes
> domínios do conhecimento, raramente o conseguiram alcançar por vias
> regulares, mediante enquadramentos escolares, pedagógicos ou apoios dos
> organismos públicos ou mesmo privados (apoios associativos).
>
> A questão da cultura, e a falta dela, resulta das opções pessoais de cada
> um: de quem não se quer valorizar, e daqueles que optam por outras
> culturas
> e atitudes. Quanto à educação não comento a falta dela.
>
> As entidades oficiais, a administração central, a DSR e o ICP tiveram
> sérias
> responsabilidades, naquilo que concerne ao serviço de amador, e do facto
> de
> terem facultado passagens administrativas a milhares de pessoas que não
> estavam, não estão, e, supostamente, nunca se irão qualificar nestas áreas
> tecnológicas e da Rádio, nem como operadores de rádio e comunicações, já
> que
> não são possuem qualificações técnicas.
> Penso que isto responde à sua questão. O resultado é tudo aquilo que hoje
> se
> observa nas faixas de amador, nas faixas do serviço rádio pessoal (o CB) e
> em todos os lugares, inclusive agora nos PMR ou LPD em UHF.
>
> Existiram fortes lobbys entre directores e grupos infiltrados na REP e a
> própria DSR, para fazerem passar a classes onde era exigida a telegrafia,
> promovendo radioamadores que nunca souberam a prática da telegrafia nem
> técnica. Designadamente de grupos de amadores fortemente ligados a
> concursos
> e diplomas de DX (porque disso precisavam). Claro que atrás desses
> amadores
> foram milhares de outros, com ou sem interesse de possuir uma qualificação
> que não tinham, mais grave, onde o Estado comprova que essas pessoas são:
> «qualificadas para a prática da telegrafia por código de Morse».
>
> Compreendo a posição da actual direcção da ANACOM; e penso que estarão a
> tentar corrigir todos os erros que foram cometidos durante estes últimos
> 30
> anos, incluindo o da qualificação administrativa e a ausência de
> qualificação técnica.
>
> Um dia destes temos de ir beber umas ponchas, eu tenho cá o mexelhete.
>
> Um abraço amigo,
>
> Mariano
>
>
>
> ----- Original Message -----
> From: "ct3fq" <ct3fq ct3team.com>
> To: "Resumo Noticioso Electrónico ARLA" <cluster radio-amador.net>
> Sent: Monday, January 08, 2007 9:09 PM
> Subject: Re: ARLA/CLUSTER: Sobre a nova legislação
>
>
> >
> > Caro Mariano, penso que não me está a atirar pedras.:-)
> >
> > Que fique esclarecido que eu fui CB pirata (o crime já prescreveu!) e
> > isso não me perturba nada.
> > Eu Tinha 14 anos (1976) e utilizava o CB como os miúdos de hoje
> > utilizam o Messenger na Internet. Queria lá saber de tecnologia! Aquilo
> > servia apenas para falar, para namorar, para chatear os taxistas e
> > fugir ao jipe dos Serviços radioelectricos! Rebelde? Sim... Que esperar
> > dum miudo de 14 anos? Que conhecesse as leis de Maxwell e o vector
> Poynting?
> >
> > Uma certeza tenho: Se eu nunca fosse CB, nunca seria radioamador!Como?
> > Nem sabia que existiam!
> > A comunidade CB da altura tinha piada, e a titulo de curiosidade,
> > informo-o que o primeiro aparelho de SSB da Madeira pertenceu ao, agora
> > CT3BX, (era um Tokay de 23 canais) e nós gozavamos dele "porque o radio
> > tinha a modulação estragada e não se percebia nada do que ele dizia".
> > Esta era a geração CB Madeirense da altura! É condenável?
> >
> > Caro Mariano, que fique também esclarecido, que concordo consigo sobre
> > os radioamadores cada vez mais incultos (não confundir cultura com
> > educação) . Mas de quem é a culpa? Não será nossa? Dos mais velhos que
> > ignoraram e desprezaram completamente as novas gerações da altura? Da
> > ANACOM que para se livrar dos CBs, facilitou os exames de amador?
> >
> > Caro Mariano, conheço radioamadores que nem sabem qual a cor do
> > positivo duma fonte de alimentação!É triste?
> > Mais! Conheço um CT3 que quando lhe disseram que a estação precisava de
> > terra foi buscar um cântaro de flores. Cómico? Hilariante?
> >
> > No meu post anterior, só quiz frisar que a discussão sobre os CBs e
> > Radioamadores é contraproducente! Nada mais...
> >
> > As minhas desculpas se entendeu de modo diferente...
> >
> > Um Abraço.
> >
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