ARLA/CLUSTER: Eu e os condemónios.
David Quental
ct1drb iol.pt
Sábado, 15 de Dezembro de 2007 - 02:17:55 WET
EU E OS CONDEMÓNIOS
Melhores cumprimentos aos colegas.
Antes de mais quero dizer que no título a palavra condemónios está precisamente escrita desta maneira, pois é a forma como posso descrever os
seres viventes que vivem no mesmo prédio aonde eu vivo.
Tudo começou em Agosto quando eu e a xyl pensámos em mudar de casa pois a anterior já estava a ficar pequena para as nossas
necessidades, assim pensado assim foi feito. Fomos ao banco, a seguir a uma agência imobiliária, falámos com eles e ficou acordado que
estávamos interessados num T3 nas imediações da nossa casa e como pedido adicional mencionei que pelo facto de ser radioamador, teria que ser
um prédio que autorizasse a instalação de antenas e demais sistemas de apoio.
Fomos visitar alguns andares, todos T3, alguns a estrear e outros já com alguns anos e finalmente decidimos por um T3 dum terceiro
andar, pois apesar de ser o último andar, também é o que está mais perto do telhado, como tal mais perto das antenas. Feita a escolha fizemos
o contrato de compra e reserva com os necessários artigos mas, coisa nova, com a reserva que só iríamos morar para o andar em questão se fosse
feita uma reunião de condóminos a autorizar os meus sistemas irradiantes e demais sistemas.
O andar em questão seria o sonho de qualquer radioamador:
casa com espaço, um sótão logo abaixo das telhas, telhado plano em lugar duma clarabóia feita de vidro e prédios todos da mesma altura,
excepto numa direcção.
Enfim, dava tudo a entender que estaríamos em posição de tanto melhorar em questão de espaço da casa como o futuro shack, a ser no sótão,
seria o ideal tanto para o sossego da casa como de futuras visitas de colegas ao cujo dito shack.
Durante o processo de aquisição da casa nunca deixei de alertar a imobiliária para a necessidade da tal reunião com os condóminos para
acelerar o processo e estar tudo pronto quando fôssemos morar para o andar.
Tal não veio a acontecer porque a 10 de Setembro deste ano (como ainda me lembro bem da data!) recebi uma chamada da minha xyl a dizer
que a imobiliária queria comunicar comigo pois a escritura, que não dependia da dita imobiliária mas sim duma entidade bancária, teria que ser
feita a 25 desse mesmo mês e no dia a seguir teria que ser feito o descontrato da minha antiga casa. Com estas informações todas fui à
imobiliária, falei que as coisas estavam a ser feitas em cima do joelho, eles concordaram, mas como era a entidade bancária que marcava as
datas eles não podiam fazer nada, no entanto, a ideia que avançaram, que foi do antigo proprietário da casa, seria visitar os restantes
condóminos do prédio, dizer-lhes o que estava a passar-se, pedir-lhes desculpa, perguntar qual a opinião deles, e caso fosse positiva, avançar-
se com a compra da casa.
Assim foi feito e na noite desse dia, 10 de Setembro de 2007, lá fomos nós, eu o antigo dono e o administrador do condomínio (para
servir de testemunha), perguntar individualmente qual seria a opinião das pessoas sobre este assunto. Curiosamente levei as licenças, uma
cópia do seguro e demais documentos que poderiam ser úteis, documentos estes que nem sequer foram pedidos.
Todos os condóminos, excepto um que não estava, disseram que não haveria problemas em instalar as antenas no entanto pediram para não
fazer barulho e só um levantou dúvidas quanto às interferências de televisão pois ainda continuava a usar a antena normal. Eu disse-lhe que só
com as antenas colocadas é que poderia verificar se haveria interferências ou não, a pessoa em questão ficou mais sossegada.
Com a aprovação de todos os condóminos, exceptuando o que não estava presente e do administrador do condomínio que anteriormente tinha
dito que estava sobre reserva mas que no fim disse que não iria ser por ele que eu não colocaria as antenas, fomos embora todos contentes (eu
o antigo dono) e no dia seguinte fiquei a manhã em casa e fui ao banco fazer o descontrato.
Tudo correu bem durante essa semana até que na sexta-feira, dia 14 de Setembro, a xyl recebeu uma comunicação da imobiliária a pedir
que eu fosse ter com eles, longe estava eu de pensar no pesadelo que estava prestes a começar. Fui á imobiliária e disseram-me o que eu não
estava à espera de ouvir:
pedimos desculpa mas parece que vai ter problemas em instalar as suas antenas.
É evidente que comecei a enervar-me e saí da imobiliária sem saber bem o que fazer. Fui para casa, entrei em contacto com o antigo
dono o qual me disse mais ou menos tudo o que se tinha passado nessa semana, em que não fui informado de nada e sem dar a entender que sabia
de algo, entrei em contacto com o administrador do prédio novo. O referido sujeito, para não lhe chamar outro nome, foi muito educado, muito
delicado, mas lá acabou por dizer aquilo que eu mais ou menos já sabia:
que tinham feito uma reunião na noite do dia 11 dessa semana com 3 condóminos, ou seja 1 noite mais tarde, tinham decidido que não concordavam
com as minhas antenas. Mais tarde, no dia 14, fizeram outra reunião, com mais condóminos, em que por unanimidade decidiram contra as minhas
antenas, é evidente que foram atacados por um ataque de senilidade, ou de amnésia, pois já se tinham esquecido do que me tinham dito na noite
do dia 10 de Setembro.
Faço notar aos leitores deste, longo, artigo que segundo o nº 1 do artigo 1432 do código civil, que as reuniões de condóminos têm de
se fazer anunciar com uma antecedência de 10 dias e não como foi feito no meu novo prédio. Outro pormenor interessante é que a reunião foi
precisamente feita numa sexta-feira pois sabia-se que o antigo proprietário do meu futuro andar estava de serviço (é militar como eu) e que a
presença dele não seria necessária pois estava de partida. Como estão a ver é um perfeito caso do emprego da democracia. Já dá para ver de que
quilate são feitos os meus 'queridos vizinhos'.
Antes de fazer a escritura pedi ao antigo proprietário para fazer uma carta, registada, a impugnar, e bem, a reunião do dia 14 de
Setembro, o que foi feito.
Quando fizemos a escritura no dia 25 de Setembro enviei no mesmo dia uma carta registada ao administrador a solicitar uma reunião a
pedir autorização para instalar as antenas. Reunião que foi marcada para dia 12 de Outubro. Escusado será dizer que quando há uma escritura é
sempre uma data alegre, pois vamos mudar para melhor, posso dizer que foi um dos dias mais tristes da minha vida.
É evidente que eu já sabia qual seria o resultado da reunião de dia 12 de Outubro, mas como a esperança é a última coisa a morrer, lá
fiz o trabalho de casa e levei tudo preparado para a dita cuja reunião.
Chegados ao dia 12 lá fomos à reunião, que começou às 22 horas. Para sintetizar só vou dizer as dúvidas dos meus queridos vizinhos:
1)qual era o peso das minhas antenas e torre;
2)qual era a altura da minha antena (fiquei confundido com a pergunta pois tenho antenas direccionais e só uma vertical dualbanda para vhf/
uhf);
3)se iria operar com 100 watts ou mais;
4)se as minhas frequências iriam prejudicar as wirelesses ou não;
5)se iriam haver interferências de televisão;
6)se eu iria danificar o telhado;
7)etc, etc, etc, ...
Todas estas perguntas foram só feitas por um condómino, que mais parecia o administrador do condomínio, pois os restantes praticamente
só ouviram. O administrador só falou no principio e no fim, de resto nada. Como podem depreender, já estava tudo combinado para ser aquela
pessoa a falar pois tinha feito o trabalho de casa e a decisão já estava tomada, ou seja, foi um rotundo não. Posso dizer que o instigador
tinha ficada muito chateado por nós o termos incomodado na noite do dia 10 de Setembro pois tinha sofrido uma operação 2 dias antes.
Vários factos ilegais foram tomados por aquela assembleia, tanto a nível da aprovação que teria de ser por maioria de 2/3 e não por
unanimidade, como pelo facto que apesar de me poderem proibir de instalar antenas nas partes comuns, não o podem fazer dentro da minha casa,
mais uma vez foi o tal instigador que fez a proibição. Ainda mais curioso é o facto deste fulano estar a morar no prédio à cerca de 4 meses,
como tal mais 2 meses do que eu, mas ter sido o que mais falou (praticamente foi o único que falou), o que mais parvoíces disse e por último o
que incomoda mais no prédio (música alta, xyl que anda de saltos altos, arrumações barulhentas, danos na pintura interior do prédio, etc etc
etc.).
Como poderão adivinhar, passei uma noite para esquecer e a tal alegria que se sente numa mudança de casa não a senti nunca, mas lá
tivemos que a fazer.
Para não alongar mais este texto, que já se encontra bastante grande, posso dizer que devido a um grande colega, o CT1AVC Valentim,
foi-me permitido instalar a estação no batente dele, por sinal a cerca de 5 minutos da minha nova casa e na qual a tenho montado lentamente.
Igualmente o NRA deixou-me fazer contestes desde as instalações deles no Alfeite, o qual muito me satisfez.
No entanto esta situação não é das melhores pois gosto de estar em casa com a família e quando vou para a estação deixo a minha xyl e
xtalina sozinhas, o que não me agrada muito.
Para terminar vou tecer alguns passos para os colegas, os que ainda têm antenas montadas em prédios de regime horizontal, e que
queiram mudar para outra casa maior, desde que esteja na mesma condição da anterior, para o que NÃO devem fazer:
1)não sejam ingénuos como eu que me fui fiar na palavra das pessoas em vez de exigir um documento escrito;
2)não confiem nas imobiliárias pois não estão preparadas para o nosso hobby;
3)as pessoas estão totalmente contra aquilo que desconhecem e mais agora quando a nossa comunicação social tanto faz eco das antenas de
telemóveis e dos cabos de electricidade;
4)basta haver uma ovelha negra num prédio para influenciar todas as outras;
5)se forem viver para um prédio aonde não conhecem ninguém, serão sempre vistos como alguma espécie de virús, ou bactéria, e como tal têm que
ser 'erradicados';
6)todos os documentos que possam arranjar podem não servir de nada pois as pessoas pensam que vocês são mentirosos ou desonestos;
7)se tiverem que mudar de habitação tentem mudar para uma moradia, de preferência bem longe de outras e no campo.
Não sei, como todos os outros não sabem, como será o meu futuro, mas com estas limitações todas não sei mesmo como irei sobreviver
neste estado actual, apesar da excelente vontade de outros colegas para me ajudarem. Para o CT1AVC bem como para a direcção do NRA os meus
maiores agradecimentos do fundo do coração.
Termino desejando que mais nenhum colega passe pelo mesmo que eu tenho estado a passar.
Melhores 73s.
CT1DRB/OK8RB
David Quental
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Ter 20 000 euros e tao simples como ir a internet!
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