ARLA/CLUSTER: Plano de Banda para os "ECHOLINKS"

Francisco Costa, CT1EAT listas_ct1eat sapo.pt
Sexta-Feira, 20 de Abril de 2007 - 09:04:42 WEST


Caros colegas

> Falemos em PLANO de ATRIBUIÇÃO de FREQUÊNCIAS,
> versus Recomendação IARU !!
> Pois bem, dentro da legalidade imposta pelo regulador nacional
> continuo a utilizar as Frequências legisladas pois é por ai que tenho
> que me orientar, caso contrário estaria a incorrer numa falta perante
> a soberania do estado Português.

Sem dúvida. Só que a questão não pode (não deve) ser colocada
de uma forma tão simplista. Como disse anteriormente a um colega
assíduo desta lista, não podemos olhar apenas para o nosso umbigo...
Vamos analisar a questão por partes.

Em primeiro lugar há que entender que legislação nacional e as normativas
da IARU tem natureza diferente. As primeiras são de cumprimento obrigatório,
cuja violação pode implicar uma sanção (coima, cancelamento da licença,
etc.).
Por outro lado, as segundas são apenas um dever de qualquer radioamador
esclarecido, e plenamente integrado numa comunidade mais alargada, que
transcende as fronteiras do próprio país, facultativas, portanto.

Em segundo lugar, é necessário perceber que a função da legislação nacional,
é tão somente transpor para o ordenamento nacional, as normas de tratados
internacionais a que o nosso estado livremente aderiu. É o caso da Convenção
Internacional de Comunicações, e do célebre Regulamento das
Radiocomunicações (RR), que todo o rádio amador deve conhecer.
Por outro lado, Portugal é membro de organizações internacionais que
debatem estas questões, como é o caso da UIT, União Internacional de
Telecomunicações. É esta entidade que promove as conferências WARC,
certamente conhecidas de todos. O que se faz nestes encontros é,
essencialmente, dividir (diria até retalhar) o espectro de frequências pelos
diversos serviços de radiocomunicações, procurando conciliar todos os
interesses (comerciais e não comerciais).
Posteriormente, dentro de cada um desses segmentos, de acordo com
as normas internacionais, cabe ás entidades reguladoras de cada país
(o ICP-ANACOM, no nosso caso), determinar os diferentes modos
de transmissão aceites, e quais os sub-segmentos que devem ser usados.
Por último, a IARU, organização composta exclusivamente por radioamadores,
de acordo com as leis de cada estado membro, vai "arrumar" as diferentes
modalidades de operação, de acordo com os interesses de todos ou,
ao menos, da maioria.

Portanto, uma coisa não se sobrepõe à outra: complementa-se.
Isto é, as normas da IARU devem complementar a legislação nacional,
e não o contrário.

Em terceiro, e último lugar, há que ver que as questões de radiocomunicações
não dizem apenas a um determinado território (um país, por exemplo),
simplesmente porque não se podem ser confinadas a esse espaço geográfico.
Portanto há que ver o problema numa escala global.

---------------------------------------------------------------------------------
| Resumindo, na minha perspectiva, devem ser observadas prioritariamente
|
| as regras da IARU, sempre que as mesmas não colidam com as leis nacionais!
|
----------------------------------------------------------------------------------


> Assim sendo não seria mais sensato pressionar a ANACOM no sentido
> de uniformizar o plano de Atribuição de Frequências ? Onde já muita
> coisa muda ?!?!?!?!

Pessoalmente acho que, num universo de radioamadores responsáveis
(e estou piamente convencido que a esmagadora maioria o é), acho
que a legislação deve ser o mais ampla e ambígua quanto possível.
Para quê? Para, dentro dos limites fixados na lei, possa permitir o
avanço da técnica sem frustrar, diria mesmo castrar, aquelas que são
as legitimas aspirações dos radioamadores.


> Muito obrigado pela vossa atenção espero receber criticas construtivas,
> não destrutivas.

Espero não o ter desapontado.

73 F.Costa, CT1EAT
www.qsl.net/ct1eat



-----Original Message-----
From: cluster-bounces  radio-amador.net
[mailto:cluster-bounces  radio-amador.net] On Behalf Of Carlos Neves (CT3FQ)
Sent: quinta-feira, 19 de Abril de 2007 11:12
To: Resumo Noticioso Electrónico ARLA
Subject: Re: ARLA/CLUSTER: Plano de Banda para os "ECHOLINKS"

Bom dia João,

Penso que a análise à  problemática dos "echolinks" - cujo funcionamento
não tem nada a ver com radioamadorismo - deve ser mais generalista e
pensada. Na minha opinião o problema não se resume a escolher a melhor
frequência para que o "echolink" não chateie os radioamadores.

Penso que   antes de tudo, deve-se pensar no global e, por exemplo,
começar por obter respostas  às  seguintes questões:

1) Permitir os "echolinks" e não permitir os links entre repetidores não é
contrasenso da ANACOM? Qual é a diferença?
2) Não permitir a ligação entre a rede telefónica pública  (phone patch) e
os radios, e permitir o "echolink"?  Um é digital e outro é analógico?
E se for por GSM?


Tenham dó! Ou autorizam tudo, ou mandem os "echolinks" para os 24GHz!


E para terminar :  - o mais engraçado  disto tudo é  saber que o meu
colega   CT3??  conseguiu um  "Echolink DXCC"  :-)
e  já agora proponho-vos  o "Skype DXCC", o "Messenger DXCC", o "VoIPBuster
DXCC" !

73
CT3FQ

Carlos Neves

João Gonçalves Costa wrote:

>Prezados Colegas.
>
>Penso que seria de todo o interesse começar-se a discutir um Plano de Banda
>para a instalação em Portugal dos Echolink (Internet Voice Gateway) e para
>que de uma vez por todas não se assista á  proliferação selvática de
>Echolink "pessoais" em especial em VHF em frequências que nunca deveriam
>ser utilizadas para esse efeito. Existem ou já existiram echolinks a
>trabalhar em 144.300 MHz ou em 145.500 MHz, para se ter uma ideia, pois
>como sabem estas frequências são recomendas para outros fins pela
>IARU-Região I à décadas.
>
>Por uma  breve pesquisa concluiu-se que pelo menos duas organizações da
>IARU-REGIÃO I, a DARC-Deutscher Amateur-Radio-Club  e a RSGB-Radio Society
>of Great Britain contemplam  nos seus Planos de Bandas frequências para
>este novo sistema de comunicação á disposição dos radioamadores.
>
>Por sua vez, a IARU-Região I num seu documento datado de Março de 2007,
>consultavel em: http://www.iaru-r1.org/Newsletter_45.pdf dava conta da
>discussão tida em Viena no "Meeting" de 24 e 25 de Fevereiro onde o tema
>foi abordado; documentos B19 e B25, e onde se pretende um consenso na
>definição futura de segmentos ou frequências tanto em VHF como em UHF
>destinadas a este modo de comunicação.
>
>A DARC define duas frequências em VHF; 144.962,5 MHz e 144.975
>MHz(canalização de 12,5 KHz) http://www.darc.de/vus/daten/2m.pdf e  quatro
>frequências em UHF; 432.800, 432.825, 432.850 e 432.875 MHz(canalização de
>25 KHz) http://www.darc.de/vus/daten/70cm.pdf como sendo o recomendado para
>a instalação destes equipamentos.
>
>A RSGB define um sem numero de frequências  espalhadas tanto em VHF
>como em UHF para a implementação destes dispositivos, ver em:
>http://www.feldhellclub.org/rsgb%20band%20plan%203.pdf
>
>Existe, no entanto, informalmente, uma discussão em alguns países que
>deixaram de ter repetidores com desfasamento de 1,6 MHz em UHF para que se
>utilizem os canais de saída destes ex-repetidores, como segmento de banda
>em UHF para os "Echolinks". Assim, está a sugerir-se que se utilize esta
>faixa "vaga" no Plano de Banda da IARU - Região I,  para a instalação dos
>Echolinks entre 434.600 a 434.975 MHz  com uma canalização de 25 KHz,
>principalmente devido ao elevado numero de possíveis instalações e
>principalmente para que estejam concentrados todos num segmento especifico
>na Banda de 70 cm e não dispersos.
>
>Como sabem, em Portugal, e por proposta da ANACOM os "Echolink "integrados
>futuramente nas estações de uso comum, conhecidas e somente licenciáveis
>como as estações dos clubes ou associações, por exemplo, ficaram restritos
>á Banda dos 70 cm  e não serão permitidos repetidores, ou seja, cada
>ligação será apenas composta por um equipamento transceptor, uma antena e
>obviamente um PC ligado á Internet. Nesta parte, a LART - Liga de Amadores
>de Radio Transmissões que se tem destacado nesta área e que difunde duas
>conferencias, sendo a principal a Lusofona, tem a maior parte dos seus
>Echolinks já em UHF a partir de 434.500 MHz para cima.
>
>Em Portugal e devido ás interferências  dos LPD`s  está a utilizar-se a
>frequência de 434.500 MHz ao invés de 433.500 MHz para Chamada Móvel (Freq.
>de chamada em Concursos em FM).
>
>Na minha modesta opinião penso que a "terceira via" entre 434.600 a 434.975
>MHz com uma canalização de 25 KHz seria a mais adequada de modo a poder
>albergar num só segmento as múltiplas conferencias difundidas por este meio
>e que hoje "selvática"  e descontroladamente pululam nas bandas ao belo
>desígnio individual.
>
>Gostaria de ter a vossa opinião sobre o tema.
>
>João Costa
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