ARLA/CLUSTER: Polarização de antenas - noções
Jorge Santos
ct2jib arrl.net
Quarta-Feira, 11 de Abril de 2007 - 20:58:41 WEST
POLARIZAÇÃO DE ANTENAS EM CONCURSOS
(a polémica vai começar)
Nota: - Todos URL's referenciados entre parêntesis, são de consulta na
Internet.
CONCEITOS E TESTE
Quem é PY2BBL Alberto João Laimgruber, comprovadamente, por meio de
publicações nacionais e internacionais, tem larga experiência técnica e
conhecimento sobre propagação e organização de concursos de VHF.
Foi autor de artigos que versam sobre estes temas e que tiveram
repercussão internacional. É chamado pelos organizadores do CB144 de
"Pai do VHF DX Brasileiro", respeitando o trabalho de outros poucos
radioamadores como PY2ACM o "Pai da operação via satélite no Brasil"
(http://www.gbvudx.org/uploads/historia_vhfdx/py2acm1.jpg) e PY2BJO o
"Pai da reflexão lunar no Brasil e DOVE
(http://www.gbvudx.org/uploads/historia_vhfdx/eme_py2_pag1.jpg). Sobre
polarização de antenas, vertical e horizontal, PY2BBL afirmou em
12/7/2004: «...Após dezenas de anos em testes, estudos, experiências,
artigos em revistas, várias e insistentes tentativas de padronização,
chego a uma conclusão sobre polarização de antenas: "Use aquela que lhe
proporcionará o maior número de contactos, seja ela qual for, pois
dependendo do caso, uma não é melhor que a outra". Tenha a certeza que o
sucesso da escolha da polarização empregada num concurso baseia-se muito
mais no universo que nos cerca que na eficiência. Esta afirmação é fácil
de se comprovar efectuando o seguinte teste: Obs - Lembre-se que testar
eficiência de polarização ou antenas, empregando duas instalações que
usam antenas idênticas, (muito pior se diferentes), mas que não estão
montadas no mesmo exacto local e altura, mesmo que por poucos
centímetros de diferença, não testa nada além do desempenho de cada
instalação, nunca da antena ou polarização. A única variável deve ser o
item que está em teste.
1) Monte duas estruturas descritas (a única que possibilita testar
antenas e polarização), usando uma direccional, uma K1FO 12 do PY2NI por
exemplo:
a) No centro de equilíbrio da antena, uma mesa de fixação entre o boom e
o mastro, que tenha a possibilidade da antena girar rapidamente no
próprio eixo. Desta forma teremos as duas polarizações COM A MESMA ANTENA.
b) O cabo coaxial saindo por trás da antena para não interferir nos
elementos e no seu funcionamento .
c) Mastro de 3 metros de altura no mínimo, de madeira para não
interferir nos elementos e no funcionamento da antena.
2) Duas estações distantes 500 km ou mais uma da outra, com o mesmo
sistema acima, portanto já muito abaixo do horizonte e utilizando
propagação via troposfera. Os locais de teste devem ter horizonte livre
e sem obstáculos que possam causar algum tipo de reflexão. (Troposfera e
ionosfera serão comentadas a seguir).
3) Mudem a polarização, somente a polarização e nada mais ao mesmo
tempo. Notem o S meter que deve ser de ponteiro pois tem maior
resolução. Surpresa? Para mim não. Não houve diferença do S meter ou se
houve, dependendo do momento o desempenho se altera. Agora coloque uma
estação usando polarização horizontal e outra usando polarização
vertical. O resultado será uma atenuação de 20 Dbs (100 vezes) ou mais
causando na maioria dos casos a perda do sinal.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Quem primeiro documentou publicamente o teste acima em um DX em 144 Mhz
no Brasil?, PY2BBL, PY2CUF e PY2HCD em Itatiaia RJ em Janeiro de 1976
(http://www.gbvudx.org/uploads/historia_vhfdx/italta_2_metros_pag01.jpg).
Este foi só o primeiro das "dezenas de anos em testes, estudos,
experiências" como falou PY2BBL. Tive o prazer de participar destas
"dezenas de anos em testes, estudos, experiências, artigos em revistas,
várias e insistentes tentativas de padronização". Em certa época,
influenciado pela minha leitura em revistas estrangeiras, leitura esta
mais dedicada às secções de VHF-DX e dando menor importância aos
fundamentos que sempre estiveram nos livros, também insisti, usei e
apostei na polarização horizontal esperando algum "milagre" que não
aconteceu. Aprendi com o erro que teve como consequência uma quebra na
actividade. Na época, como hoje, tínhamos poucos radioamadores activos
no VHF-DX, mas com um problema que actualmente não existe: "falávamos
dois idiomas completamente diferentes sem nos entendermos" ou usávamos
polarizações de antenas diferentes. Estação A com uma excelente
direccional não escutava estação B, também com uma excelente
direccional, pois trabalhavam em polarizações diferentes. Na verdade
deveriam facilmente manter um QSO. Tentando amenizar o problema, tivemos
então a febre da polarização cruzada e da polarização circular,
resultando em um perfeito desastre. Ninguém mais se entendia. Agora
tínhamos 4 polarizações, antenas grandes que rendiam o mesmo que uma
simples direccional bem feita com a metade do seu tamanho e peso. Com a
chegada dos concursos EP de VHF na década de 80
(http://www.gbvudx.org/uploads/ep/1982/ep1982.jpg) todos finalmente
compreenderam que manter um padrão que atingisse a maioria das estações
proporcionando a possibilidade de maior número de contactos era
fundamental, pois a actividade não era assim tão grande. Todas as
antenas foram colocadas numa única polarização, vertical, a mais
empregada. O VHF-DX no Brasil estava pronto para experimentar o que
nunca tinha experimentado antes, agora com boas antenas direccionais no
mesmo plano de polarização. Os contactos de 1000 km começaram a
aparecer. Rio de Janeiro com Santa Catarina até mesmo Rio Grande do Sul
eram "café com leite", 1473 KM entre Araruama RJ PY1RW e Pedro Osório RS
PY3WKK/PY3 em 1983 por exemplo. Contactos absolutamente corriqueiros.
Estações com 4 antenas em fase no RJ (estado muito activo na época) "iam
buscar" até mesmo os 1/4 de onda em SC e eram os detentores das maiores
distancias no Brasil via troposfera, ainda hoje. Todos estes fatos estão
documentados nas páginas da revista Antena Electrónica Popular. São
verdadeiros. Sim, depois de uma "Torre de Babel" tivemos muito sucesso.
Desta forma, por ter passado por estas fases e experiências no VHF-DX
Brasileiro sinto-me na obrigação de alertar os que nele estão
ingressando evitando erros e desencontros que podem colocar em risco a
actividade como aconteceu no passado. Preocupo-me, pois afinal tive e
poucos outros tiveram, uma boa parcela de trabalho para atingir o actual
nível de actividade, que convenhamos não é muito alto.
AS REGRAS
A escolha da polarização empregada num concurso é única e exclusivamente
sua ou da sua equipa. Se ainda tem dúvidas sobre qual a polarização a
usar num concurso de VHF o raciocínio é simples. Antes de continuar
precisa de conhecer estas regas:
Regra 1: CURVATURA DA ONDA DE RÁDIO.
Como a luz, uma onda de rádio, perder-se-ia no espaço, fora do nosso
planeta, se não houvesse um fenómeno que provocasse a sua curvatura para
baixo em direcção a terra, pois como sabemos o nosso planeta é uma quase
esfera. Isto acontece em qualquer frequência, porém por motivos
diferentes dependendo da frequência utilizada.
Regra 2: AS CAMADAS RESPONSÁVEIS PELA CURVATURA.
A troposfera é uma camada na atmosfera situada entre o solo e 10 km de
altura aproximadamente.
A ionosfera também é uma camada da atmosfera, mais alta e situada entre
60 a 400 Kms de altura aproximadamente. É composta por 4 sub camadas, a
D mais baixa, E, F1 e F2 a mais alta. F1 e F2 à noite combinam-se numa
única camada. Normalmente empregamos as camadas E e F nos nossos
comunicados. Em VHF são duas as camadas que curvam ondas de radio em
direcção a terra: A TROPOSFERICA e IONOSFERICA
Regra 3: REGRA IONOSFERA (a mais complicada)
A curvatura provocada pela ionosfera no sinal de rádio frequência
depende do comprimento de onda. Quanto mais longa é a onda, maior é a
curvatura da trajectória para um grau determinado de ionização. Por
propagação via ionosfera, não é essencial para ambas as estações estejam
a usar a mesma polarização de antenas. Isto é porque a onda irradiada
será consideravelmente curvada em cambalhotas durante a viagem pela
ionosfera. No fim deste distante caminho de comunicações a onda pode
estar horizontal, vertical ou em algum lugar entre a determinado
momento. Excepto para distancias de poucos km, a quase totalidade das
comunicações entre radioamadores, em frequências abaixo de 30 MHz , e em
alguns casos acima desta, faz-se com ondas via ionosfera. Ao deixar a
antena emissora, este tipo de onda viaja para cima da superfície da
terra num ângulo que perder-se-ia no espaço, se não fosse curvado
suficientemente para devolve-lo à Terra. Um dos meios que provoca tal
curvatura é a ionosfera, região situada na atmosfera superior, acima de
uma altura ao redor de 100 KM em que existem eléctrons livres em
quantidade suficiente para oferecer apreciável efeito sobre a velocidade
a que viajam as ondas. Supõe-se que a ionização na atmosfera superior é
causada por radiações ultravioletas do Sol. Alguns tipos de propagação
via ionosfera estão ligados à actividade solar (manchas) e outras não. A
ionosfera não está formada por uma só capa, mas por uma série de capas
de distintas densidades de ionização situadas em distintas alturas. Cada
capa consta de uma região central de ionização relativamente densa que
vai fazendo-se cada vez menor na intensidade tanto acima como abaixo
dela. Quanto maior a ionização numa determinada capa, maior é a
curvatura da trajectória da onda. A curvatura, ou refracção (também
chamada de reflexão), depende do comprimento de onda. Quanto mais longa
é a onda, maior é a curvatura da trajectória para um grau determinado de
ionização. Portanto, as ondas de frequências mais baixas são mais
facilmente curvadas que as de frequências mais elevadas. "The Radio
Amateurs Handbook - ARRL Simplificando o texto acima anote e NUNCA SE
ESQUEÇA desta importante regra , VÁLIDA EM QUALQUER CONTACTO QUE USE
PROPAGAÇÃO VIA IONOSFERA: A curvatura provocada pela ionosfera no sinal
de rádio frequência depende do comprimento de onda. Quanto mais longa é
a onda, maior é a curvatura da trajectória para um grau determinado de
ionização. Por propagação via ionosfera, não é essencial para ambas as
estações usarem a mesma polarização de antenas. Isto é porque a onda
irradiada será consideravelmente curvada em cambalhotas durante a viagem
pela ionosfera. No fim deste distante caminho de comunicações a onda
pode estar horizontal, vertical ou em algum lugar entre, a determinado
momento. Portanto, quanto mais baixa a banda utilizada, mais provável é
a curvatura do sinal pela ionosfera em direcção à Terra. Não havendo a
possibilidade de curvatura o sinal perde-se no espaço. Um sinal de 430
MHz para ser curvado pela ionosfera precisa de índices elevadíssimos de
ionização. Por este motivo, raramente se emprega propagação via
ionosfera nesta banda. O comportamento da curvatura do sinal em relação
à frequência na ionosfera é comprovado na banda de 6 metros, a que tem o
maior comprimento de onda das bandas de VHF, e a que mais facilmente
proporciona contactos em TODOS os modos de propagação que usa a ionosfera:
Reflexão na camada F2 , Difusão por Meteoros , E Esporádica,
Transequatorial, Difusão Ionosférica, Reflexão em Aurora Boreal, FAI
Este comportamento explica porque nas comunicações com sondas espaciais
e satélites de órbita alta se aplicam frequências elevadas. Obviamente,
além do ganho das antenas, se fosse empregue os 28 MHz por exemplo,
muito provavelmente em alguma situação o sinal seria reflectido pela
ionosfera, não chegando ao seu destino. O comportamento da polarização
(cambalhotas) em propagação via ionosfera é comprovado nas bandas altas
de HF, 10 metros por exemplo onde 5/8 de onda em polarização vertical,
falam perfeitamente com Yagis na polarização horizontal ou; Via
propagação transequatorial em 144 MHz onde no Paraná, (agora também no
sul de São Paulo), e abaixo, Yagis na polarização horizontal escutam
perfeitamente repetidores no Caribe na polarização vertical ou; Via
satélites pelo uso de polarização cruzada, pois para se manter um sinal
livre de QSB é imperativo o seu uso ou; Em reflexão lunar onde grandes
estações estão mudando o conceito de um único banco de antenas na
horizontal para dois, chaveados, um em cada polarização, evitando a
atenuação de 20 dBs pelo giro de polarização causado pela ionosfera, a
Rotação de Faraday, que em 144 MHz tem um ciclo aproximado de 1 hora ou;
Refracção por meteoro onde, militarmente, se usava polarização cruzada,
sim perdendo a metade da intensidade do sinal, mas aumentando a duração
dos pings ou bursts. Note falamos de ionosfera. Qualquer sinal que por
ela passe, ou seja reflectido não mantém exclusivamente a polarização
inicial seja em que frequência for. Regra 4, Regra troposfera. Todas as
comunicações de rádio envolvem propagação pela troposfera para pelo
menos em parte do caminho do sinal. Ondas de rádio que viajam pela mais
baixa parte da atmosfera estão sujeitas à refracção, dispersão ou outro
fenómeno, muitos parecidos com os efeitos gerados pela ionosfera.
Efeitos troposféricos são raramente significantes abaixo de 30 MHz mas
são muito importantes acima dos 50 MHz. Muito do trabalho em longa
distancia em nas bandas de VHF, UHF e Micro Ondas dependem de alguma
forma de propagação troposférica. Em um copo de água, com um lápis
imerso em ângulo, a imagem obtida é de um lápis "dobrado" resultante da
sua refracção, obtida em meios de densidades diferentes, ar e água. Da
mesma forma, ondas de rádio que viajam pela troposfera, em função da
refracção em ambientes de diferente densidade, sofrem uma curvatura que
as coloca novamente em direcção à Terra, evitando que se percam no
espaço, fora do nosso planeta. Neste fenómeno, não há alteração na
polarização do sinal irradiado. Explicações muito mais detalhadas podem
ser encontradas no artigo DX por Troporefracção, de Alberto João
Laimgruber, PY2BBL (http://www.gbvudx.org/troporefracao.asp). Ao
contrário da ionosfera, quanto mais baixa a frequência da banda
utilizada, menos provável é a curvatura do sinal em direcção a terra.
Não havendo a possibilidade de curvatura o sinal perde-se no espaço. Um
sinal de 50 MHz para ser curvado pela troposfera precisa de índices
elevadíssimos de refracção. Por este motivo, raramente se emprega
propagação via troposfera nesta banda. Ao contrario, em 430 MHz o
fenómeno é muito mais fácil de se ocorrer, mais ainda que em 144 MHz.
Este tipo de propagação é o mais conhecido entre os operadores de VHF e
UHF. Dificilmente algum radioamador activo em VHF ou UHF deixou de notar
alguma abertura de propagação via troposfera onde se mantém facilmente
QSOs com estações distantes 500 KMs ou mais. Não havendo alteração na
polarização do sinal irradiado, teremos o mesmo comportamento de um QSO
em linha de visão, quando as estações trabalham com polarizações
diferentes, uma vertical e outra horizontal : Atenuação de, no mínimo,
20 Dbs ou 100 vezes. Um transmissor de 100 watts renderá o mesmo que um
transmissor de 1 watt. Resumindo: A curvatura provocada pela troposfera
no sinal de rádio frequência depende do comprimento de onda. Quanto mais
curta é a onda, maior é a curvatura da trajectória para um grau
determinado de refracção.
Por propagação via troposfera é essencial para ambas as estações usarem
a mesma polarização de antenas. Isto é porque a onda irradiada não
sofrerá alterações de polarização durante a viagem. No fim deste
distante caminho de comunicações à onda estará no mesmo plano em que
iniciou o trajecto, vertical ou horizontal, portanto diferentes
polarizações causam atenuação de no mínimo 20 DBs ou 100 vezes.
A ESCOLHA AFINAL
Agora que conhece as 4 regras básicas, está em condições de associa-las
para obter o melhor desempenho da sua estação num concurso. Caso
pretenda participar num concurso de VHF ou UHF, deve levar em conta o
tipo de propagação que será empregue e o parque de antenas já instalado
(polarização) entre os participantes. A realidade em 50 MHz é diferente
da realidade dos 144MHz, que é diferente da realidade dos 430 MHz, que é
diferente da realidade dos 1200 Mhz. Se não tiver isto em mente o seu
trabalho será pouco produtivo. Por exemplo, quem participa do CB144 deve
perguntar: Qual é o tipo de propagação comumente empregue no CB144?
Pela data, troposfera. Qual é a polarização mais empregue no momento em
144 MHz no Brasil e América Latina?
Polarização Vertical. O que acontece se trabalho com polarização
diferente da maioria, no tipo de propagação comumente empregue no CB144?
Tenho meu sinal atenuado em 100 vezes e consequentemente vou perder
contactos com esta maioria. E se acontecer algum tipo de propagação via
ionosfera? Muito difícil de acontecer pela data do CB144, alias nunca
aconteceu em concurso algum no Brasil realizado no inverno à mais de 20
anos. Mas se acontecer vai poder escutar alguma coisa via ionosfera, o
sinal pode apresentar-se em diferentes polarizações.
Via troposfera, horizontal é melhor que vertical? O autor, seu pai
PY2BBL, e outros veteranos do VHF-DX no Brasil
(http://www.gbvudx.org/historiadovhfartigos.asp) realizaram testes de
troca de polarização a longa distancia, 700 ou mais km. A troca, (as
duas estações obviamente), nunca resultou em escutar ou deixar de
escutar uma estação, mesmo estando no nível do ruído. Porém alguns
radioamadores afirmam que a polarização horizontal é superior alegando
diferença aproximada de 1dB. Sobre esta diferença questiono: Quem
garante que esta pequena diferença (menos de 1/4 de unidade S) num QSO
de 700 km não é resultado de QSB? Vela a pena ganhar 1 dB (menos de 1/4
de unidade S) entre menos de 1% dos participantes do CB144 e perder 20
dBs entre os 99% restantes? Assumindo como verdadeira a afirmação de
melhor rendimento, teríamos que ter duas antenas, uma na vertical e
outra na horizontal. Não é mais interessante todos usarem estas duas
antenas em fase ganhando 3 dBs não 1, irradiando o dobro do sinal? A
polarização horizontal capta menos ruído? Definitivamente não. Isto
depende da componente irradiada da fonte geradora do ruído. Se a
componente irradiada for horizontal, a polarização horizontal irá captar
mais. Se for vertical a polarização vertical ira captar mais. Cada caso
é um caso e não há como fazer esta afirmação. Uma semana antes do CB144
2006, PY2PPZ e PY2HCD saíram em busca de ruídos eléctricos nas linhas de
13800 volts próximas das suas estações. Este tipo de ruído é o mais
comum nos nossos receptores. Uma antena direccional de 4 elementos, um
transceptor de SSB e uma bateria, montados numa Pick-Up, com a antena
apontada para a linha de alta tensão. Detectamos 4 postes que
apresentavam fugas (centelhamento) nos isoladores ou para raios. Em
todos os 4 postes, frente a eles, o ruído em polarização vertical era 0
e em polarização horizontal S9+10. Fácil de se explicar. A componente
horizontal irradiada é maior devido à disposição dos cabos que correm
horizontalmente sobre o poste. Neste caso, repito, neste caso. Não há
100 % de verdade na afirmação sobre qual polarização capta mais ou menos
ruído. Cada caso é um caso e depende da componente irradiada pela fonte
interferente. Posso irradiar nas duas polarizações ao mesmo tempo? Sim
pode, mas vai perder metade do sinal irradiado, pois a potência ira
dividir-se nas duas antenas o seu transmissor de 100 watts renderá o
equivalente a um transmissor de 50 watts. É melhor colocar as duas em
fase e irradiar o dobro do sinal. No final, por simples arranjo de
antenas, pode ter 50 watts ou 200 watts. A escolha é obvia. Respondidas
estas questões, fica a critério de cada um a escolha da polarização a
ser empregue.
A MINHA CONCLUSÃO
Para o autor, se o competidor do CB144 optar pelas duas polarizações é
óbvio que a melhor antena deve estar na polarização vertical. Ou mais
obvio ainda, colocar as duas antenas em fase na polarização vertical
irradiando o dobro do sinal. Hoje porque daqui a 10 anos a realidade
pode ser outra. Desta forma, no CB144 e CB430 a Organização aconselha o
uso de polarização vertical. No CB50 e CB1200 a organização aconselha o
uso de polarização horizontal. Não tendo preferência por nenhuma delas,
tenta apenas manter um padrão dentro dos concursos, levando em conta o
parque de antenas já instalado, proporcionando o maior número de
contactos possíveis uma vez que não há risco de diferença de
polarização, o que acaba resultando em sucesso do evento e mais
interesse dos participantes pelo VHF-DX. A recomendação para uso de
determinada polarização num concurso não seria feita se de alguma forma
comprometesse a eficiência das estações. Resumindo, muita gente já notou
que o uso exclusivo de determinada polarização é ligado única e
exclusivamente a um padrão ou talvez às limitações mecânicas da
instalação e não propriamente na eficiência. Se determinada polarização
fosse melhor que outra, a ponto de um sinal aparecer ou sumir, nenhuma
empresa de telecomunicações empregaria a pior delas, e como sabemos
empregam as duas. Convenhamos: Esperar que um novo mundo, até então
oculto, se abra diante do seu equipamento, simplesmente girando 90 graus
a sua direccional no próprio eixo (trocar de polarização) é esperar
muito. Puro "folclore radioamadorístico". O caminho para isto ocorrer é
mais ganho em antena, mais potência, pré-amplificadores de baixo ruído,
linhas de transmissão com baixa perda e modos de banda estreita. A soma
de todos estes itens vai resultar no tão sonhado novo mundo, sem dividir
a pequena actividade brasileira no VHF-DX MHz, por perda de padronização
de uma polarização já largamente empregue, infelizmente ou não.
Portanto, hoje, não poderia afirmar que a polarização vertical é melhor
que a polarização horizontal. Nem o contrário. Afirmo que o desempenho
se altera e que diferentes padrões de polarização num concurso ou fora
dele causam uma atenuação inadmissível para quem vai fazer DX.
Diferentes padrões de polarização num concurso são prejudiciais ao
desenvolvimento e sedimentação desta actividade. Em 144 e 430 mHz uso
polarização vertical por ser esta a polarização mais empregue no Brasil
e por ter pleno conhecimento que não há diferenças entre elas. Pretendo
ter o maior número de estações trabalhadas e não posso me dar ao luxo de
perder 20 dBs (100 X) no sinal recebido ou transmitido por diferença de
polarização. Exclusivamente por este motivo. Não possuímos emissões
piloto, portanto uso as estações repetidoras que trabalham com
polarização vertical no monitoramento das condições de propagação. Não
uso dupla polarização pois prefiro colocar as duas antenas em fase
irradiando o dobro do sinal. Também não uso dupla polarização pois
estaria cometendo, (pior induzindo outros a cometerem), o mesmo erro que
cometemos no passado: não o uso de determinada polarização, mas causar
uma divisão virtual entre os operadores dos 144 MHz no Brasil sem termos
actividade suficiente para tal, a chamada "massa crítica". Em 50 MHz uso
polarização horizontal, pois não há argumento algum que justifique outro
tipo de polarização para quem quer fazer contactos sem uso de
repetidores activos. Em 1200 MHz cabe a nós criarmos o padrão, pois é
uma faixa que tem a sua actividade praticamente inexistente. Não tenha
dúvida. Use as recomendações feitas pela organização sobre polarização
de antenas nos CB50, CB144, CB430 e CB1200. Todos têm a ganhar mantendo
um padrão determinado durante o concurso. O que menos precisamos no
momento é a dúvida sobre qual polarização determinada estação, que chega
no nível do ruído, está a usar. Num concurso, você escuta uma estação
fraca, não consegue identifica-la e não tem muito tempo sequer para
apontar a antena pois não sabe de onde vem o sinal. A polarização
empregue deve ser uma certeza nunca uma dúvida.
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Texto de: Por Carlos Alberto Laimgruber -- PY2HCD, corrigido para
Português de Portugal por Jorge Santos
Bibliografia: -VHF Radio Propagation -- J.D.Stewart WA4MVI -RSGB VHF UHF
Manual -- D.S.Evans G3RPE e G.R.Jessop G6JP -ARRL Handbook -ARRL Antenna
Handbook -DX por Tropo refração -- Alberto J.Laimgruber -- PY2BBL
http://www.gbvudx.org/troporefracao.asp -Arquivos do Diploma DXDM --
PY2BBL : http://www.gbvudx.org/uploads/historia_vhfdx/dxdm4.jpg
Respostas dos titulares ao questionário elaborado pelo organizador do
diploma sobre as condições dos contatos, comportamento dos sinais e
experiências realizadas durante os QSOs. Cópias dos QSLs válidos.
Correspondências entre o organizador e titulares do diploma. 73 ES DX DE
PY2HCD -- GG66CT Carlos Alberto Laimgruber Organizador do Concurso
Brasileiro de 144 MHz (em conjunto com PY2PPZ).
73's de Jorge Santos - CT2JIB
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