RE: ARLA/CLUSTER : O Nº DE ELEMENTOS DE UMA YAGI por CT3FQ (vide Blog CT3TEAM)
Miguel Andrade
ct1etl clix.pt
Quarta-Feira, 13 de Setembro de 2006 - 21:40:49 WEST
Olá a todos,
Há cerca de 12 anos atrás usei o meu primeiro programa de cálculo de
antenas.
Era uma modesta ferramenta que corria em MS DOS e nos dava uma ideia já
muito aproximada ( para não dizer real ) do comportamento das nossas
experiências com as antenas Yaggi-Uda, ( antes de começarmos a " desperdiçar
" alumínio ).
A primeira antena de " sucesso " que " inventei " tinha 6 ( seis ) elementos
colocados num suporte ( " boom " ) de pouco mais de 50 centímetros ?!?
É claro que estou a falar de uma antena para VHF, nomeadamente para a faixa
dos 2 metros.
Ainda assim a única vantagem desta antena era obter precisamente 49 Olms de
impedância no ponto de ataque.
Para além dessa " vantagem "... tudo o resto era para esquecer.
A relação frente-costas era miserável, o diagrama de irradiação era quase
uma bola, ( enfim, achatada nos pólos mas uma bola de facto ) e o rendimento
real mais parecia uma de dois elementos apenas.
Resumindo e concluindo, estavam naquela antena 3 elementos directores ( ou
directivos ? ) que não serviam para mais nada senão fazer a impedância que
se apresentava no ponto de alimentação " casar " quase na perfeição com a da
linha de transmissão ( cabo RG-213 ).
Se fosse hoje... enfim, esqueçam lá isso, pois a minha intervenção era mais
para vos dar umas pistas.
Caso queiram compreender um pouco deste assunto sem terem que consultar
muitas obras científicas, comecem por utilizar uma ferramenta simples mas
fiável de simulação de antenas.
Gozem umas horas bem passadas a afastarem e a aproximarem os elementos assim
como a variarem as suas dimensões e respectivo diâmetro.
Dessa forma conseguem pelo menos um dos seguintes resultados :
1) ou ficam famosos por inventarem um " design " muito avançado ( ao qual
podem até baptizar com o vosso indicativo ).
2) ou aprendem o que o comum dos mortais ( como eu ) aprenderia... que as
antenas deste tipo são soluções de compromisso entre o ganho, a relação
frente-costas, a impedância no ponto de alimentação e uns pequenos
pormenores mais como o diagrama de irradiação ( entre outros ). Com isto
quero dizer que quando um destes factores está a melhorar no desempenho da
nossa " invenção "... obrigatoriamente os restantes estão a perder algum
terreno ( uns mais do que os outros ).
O ideal seria atingirem estes dois objectivos em simultâneo, mas à falta de
tanta sorte assim pelo menos é um método eficaz de aprender o funcionamento
destas antenas.
Escolham bem o programa ( quanto mais simples e especializado apenas neste
tipo de desenho melhor ).
Espero ter dado uma boa dica para uma tarde de Domingo chuvosa ou uma
daquelas interessantes viagens de comboio entre Lisboa e o Porto quando
levarem o computador portátil convosco.
Divirtam-se !!!!
73's de CT1ETL - Miguel
P.S. João obrigado por este tópico tão interessante e se quiseres podes
fazer por favor chegar a minha mensagem ao blog CT3TEAM
-----Mensagem original-----
De: cluster-bounces radio-amador.net
[mailto:cluster-bounces radio-amador.net]Em nome de João Gonçalves Costa
Enviada: quarta-feira, 13 de Setembro de 2006 16:45
Para: ARLA/CLUSTER (E-mail)
Assunto: ARLA/CLUSTER : O Nº DE ELEMENTOS DE UMA YAGI por CT3FQ (vide
Blog CT3TEAM)
Quantos radioamadores comparam as suas antenas com as dos outros pelo nº de
elementos?
Muitos escolhem e compram uma antena porque apenas tem mais elementos do que
a do colega.
Quantos acreditam nos décibeis apresentados pelos fabricantes?
Quantos de nós sabe a diferença entre dBi e o dBd?
Quantos fabricantes de antenas utilizam esta subtileza dos dBs para vender
os seus produtos?
Lembro-me de ver um anuncio de uma antena vertical de VHF da Hustler que
anunciava um ganho de 8 dBd relativamente a "Half Dipole".
Fiquei pasmado: o que é o ganho duma antena sobre meio dipolo?
Se na publicidade das Yagis monobandas o nº de elementos versus o ganho é
quase pacífico, é nas multibandas que os fabricantes utilizam todo o seu
poder de marketing camuflado. O pormenor mais importante da venda das Yagis
é o nº de elementos, e quase todos usam este truque porque sabem que isso
impressiona o comprador.
Em tempos tive uma Cushcraft X7. Para quem não sabe, a X7 é um misto de Yagi
com log-periodica e tem um total de 7 elementos. O que a Cushcraft não diz é
que, nº máximo, apenas 3 elementos funcionam e que os outros só estão ali
para atrapalhar. A X7 é constituída por um reflector para cada banda, um
array de dipolos log periódicos, e um director comum às três bandas, ou
seja, no fundo é pior do qualquer antena monobanda de 3 elementos porque a
distância ao director comum não está optimizada para todas as bandas. Não
fiquemos desanimados porque a X7 continua a ser melhor que qualquer tribanda
de três elementos, como a TH3 da Hy-gain, ou a sua irmã A3S.
Se colocarmos as medidas da X7 em qualquer programa de simulação - como o
MMANA ou o EZNEC - verifica-se que o ganho real a 10 metros de altura
(considerando o plano terra) não ultrapassa os 4dBd, muito longe dos 13dBi
anunciados.
Este fabricante é mestre neste tipo de publicidade. De que serve comparar
uma YAGI a um elemento isotrópico (dBi) ? Não seria mais honesto comparar
com um dipolo colocado à mesma altura (dBd) ? Se repararmos os ganhos
anunciados pela Cushcraft são sempre em dBi. Porquê? Porque simplesmente o
nº em dBi é maior do que em dBd, e o comprador distraído pensa que tem mais
ganho do que a concorrência e compra.
Comentário:
Colocado por CT1FBF 9/11/2006 às 12:18
Era bom que se começasse a " desmistificar ", como o colega fez, a diferença
entre os dB´s comerciais e reais.
Eu normalmente considero sempre metade do valor apresentado e mesmo assim é
provavelmente ainda muito. Eu nem aplico o EZNEC para não ter um ataque
cardíaco Partir do calculo do ganho utilizando o dBi como referencia é quase
uma "desonestidade" intelectual e técnica, pois esse ponto no espaço só
serve mesmo para cálculos no "universo etéreo" que só existe na imaginação
dos matemáticos.
Se no caso das direccionais o caso é escandaloso no caso das verticais o
caso ainda é muito mais grave, pois a maioria dos amadores nem sabe daquilo
que se está a falar.
Parabéns pelo comentário.
João Costa
CT1FBF
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