ARLA/CLUSTER: Novembro, mês das Leónidas e do Meteoscatter.(vide in Portal do Astronomo)

João Gonçalves Costa joao.a.costa ctt.pt
Sexta-Feira, 17 de Novembro de 2006 - 17:26:38 WET


Novembro é o mês da chamada "chuva de estrelas das Leónidas". Este ano, o seu máximo está previsto para a noite de 19 de Novembro, pelas 4h45 (hora de Lisboa) da manhã. 

Todos os dias entram centenas de toneladas  de meteoróides na atmosfera terrestre. Os meteoróides são pequenas partículas que andam à deriva no espaço interplanetário. Muitos foram libertados por sublimação de cometas  que se aproximaram do Sol, outros vieram de asteróides, e alguns podem ter origem na Lua ou em Marte . A maioria dos meteoróides tem uma dimensão comparável à de um grão de areia e desintegra-se quando entra pela atmosfera terrestre, formando um rasto de luz muitas vezes chamado "estrela cadente". 

Cientificamente, as "estrelas cadentes" chamam-se meteoros e resultam dos meteoróides que, a cerca de 100 km de altitude, se tornaram incandescentes pela fricção com os gases da atmosfera da Terra. Todos os dias há cerca de 4 a 5 meteoros por hora. De quando em quando, um meteoro maior não se evapora totalmente ao atravessar a atmosfera terrestre e cai no solo - temos então um meteorito. 

Há alturas do ano em que se observa um número de meteoros muito superior à média. Isto acontece quando a Terra, no seu movimento à volta do Sol, cruza o rasto de alguns cometas e atravessa uma espécie de nuvem de partículas. Os cometas são compostos de gelos e poeira. 

Ao aproximarem-se do Sol, os gelos evaporam e partículas de poeira são ejectadas para o espaço. Estas poeiras entram na órbita do cometa e formam o rasto do cometa. Anualmente, a Terra atravessa certas regiões onde existe uma maior concentração de meteoróides criada pelo rasto de cometas, o que leva à grande probabilidade de se observar um maior número de meteoros, na ordem das dezenas ou centenas de meteoros por hora. 

Temos então uma "chuva de estrelas", ou, mais correctamente, uma chuva de meteoros. Este fenómeno raramente atinge os milhares de meteoros por hora, mas quando acontece, passa a denominar-se uma tempestade de meteoros. 

Todos os anos, entre 15 e 25 de Novembro, a Terra atravessa o rasto deixado pelo cometa 55P/Tempel-Tuttle, que tem um período de translação em volta do Sol de cerca de 33 anos e efectuou a sua última passagem em 1998. 

A esta chuva de meteoros chama-se Leónidas, pois a Terra, nesta altura do ano, está na direcção da constelação do Leão. 

Ao longo do ano ocorrem outras chuvas de meteoros, associadas ao rasto de outros cometas. Por exemplo, as Oriónidas, em finais de Outubro, estão associadas ao rasto do cometa Halley. As Perseidas destacam-se pois a sua actividade é visível durante duas a três semanas, com um máximo de intensidade por volta de 12 de Agosto. 

As Perseidas relacionam-se com a órbita do cometa Swifft-Tuttle 1962 III. 

O rasto de um cometa não é uniforme, pois tem grandes variações de densidade de partículas, o que torna muito difícil fazer previsões do número de meteoros por hora. Contudo, há modelos baseados em observações de anos anteriores e nas diferentes passagens do cometa, que permitem fazer alguma projecção sobre a ordem de grandeza do fenómeno. Por exemplo, associada à passagem do cometa 55P/Tempel-Tuttle em 1998, tivemos uma tempestade magnífica em Novembro de 1999 (mais de 1000 meteoros por hora!). Tanto em Novembro de 2001 como de 2002, a Terra passou muito próxima do centro do rasto produzido pela passagem do cometa em 1866, e em ambos os casos observaram-se tempestades de meteoros! 

Em 2006, a Terra passará pela região dos meteoróides das Leónidas durante cerca de uma semana, mas espera-se, em geral, uma baixa média de meteoros por hora. No entanto, segundo David Asher (Observatório de Armagh), a Terra irá passar muito próximo do centro do rasto deixado pela passagem do cometa em 1932. 

Aí prevê-se que o aumento da actividade de meteoros tenha um pico visível na Europa de Ocidental a 19 de Novembro pelas 04:45 (hora de Lisboa), com uma duração de poucos minutos. O pico da actividade não deverá chegar a uma tempestade de meteoros, mas espera-se que seja mais forte que nos últimos dois anos. 
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