ARLA/CLUSTER: FW: [Astronovas] RESOLVIDO O MISTERIO DO CICLO SOLAR?

João Gonçalves Costa joao.a.costa ctt.pt
Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 - 13:29:16 WET



-----Original Message-----
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Sent: terça-feira, 31 de Outubro de 2006 19:25
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Subject: [Astronovas] RESOLVIDO O MISTERIO DO CICLO SOLAR?


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               Observatório Astronómico de Lisboa
   Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa


RESOLVIDO O MISTÉRIO DO CICLO SOLAR? 

O Sol é um corpo dinâmico que atravessa ciclicamente, com um período de
aproximadamente 11 anos, momentos de intensa actividade e outros de alguma
tranquilidade. Os ciclos de actividade mais intensa são caracterizados por
tempestades solares. Estas tempestades têm origem quando os campos magnéticos
complexos do Sol, gerados pelo plasma (gás electricamente carregado) em
constante movimento, se deformam libertando grandes quantidades de energia sob
a forma de plumas solares ou ejecção de massa da coroa - a camada mais exterior
da atmosfera solar. Esta actividade solar violenta, geralmente ocorre perto das
chamadas "manchas negras", regiões mais escuras da "superfície" solar
originadas pela concentração elevada de campos magnéticos.

Para ver uma imagem das "manchas negras" solares, consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/estrelas/smag1.jpg

Para ver um video de uma pluma solar, consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/estrelas/smag2.mpg

A compreensão da dinâmica do plasma no interior do Sol é essencial para se
poder realizar previsões acerca dos ciclos de actividade deste astro. Previsões
detalhadas e correctas dos ciclos do Sol poderão ajudar na prevenção e
minimização dos efeitos nefastos das tempestades solares. Quando ocorre um pico
de máxima actividade do Sol quase todos os aparelhos electrónicos são
afectados. As comunicações por rádio são afectadas e as centrais electricas
ficam danificadas. Um satélite em órbita é guiado por um complexo sistema
electrónico que o mantem no espaço e numa determinada trajectória. Com uma
tempestade solar intensa, o satélite perderia o seu sistema de orientação assim
como a sua funcionalidade. 

Os cientistas sabiam que, de uma forma geral, as correntes de plasma no
interior do Sol transportam, concentram e auxiliam na dissipação de campos
magnéticos. No entanto, os detalhes da dinâmica destas correntes eram
insuficientes para se poderem realizar previsões precisas dos ciclos de
actividade solar.

Uma nova técnica, designada por "heliosismologia" permitiu aos cientistas
observar o interior do Sol revelando assim alguns detalhes que vieram auxiliar
na compreensão dos fluxos de plasma. A heliosismologia usa o facto de ondas de
som serem reflectidas no interior do Sol originando assim uma imagem. Este
processo é semelhante às ecografias realizadas ao interior do corpo humano, e
que nos permite ver por exemplo um bebé antes de este ter nascido.

Com o auxílio desta técnica, foi possível observar que existem dois grandes
fluxos de plasma que governam os ciclos solares. O primeiro actua como um
tapete rolante de transporte, fazendo com que bem abaixo da "superfície" os
fluxos de plasma fluam dos pólos para o equador. No equador, o plasma vem à
"superfície" e é transportado de novo para os pólos onde se volta a afundar e
se repete o ciclo.
O segundo ciclo actua produzindo um enrolamento. A "superfície" do Sol possui
uma rotação mais rápida no equador do que perto dos pólos. Como o campo
magnético solar atravessa o equador de pólo a pólo, este acaba por ficar
"entrelaçado" repetitivamente em torno do equador devido à elevada velocidade
de rotação nesse local. É este fenómeno que concentra periódicamente o campo
magnético solar, levando assim a picos na actividade do astro rei.

Medições precisas de heliosismologia do primeiro grande fluxo, realizadas com o
auxílio de um instrumento a bordo do observatório solar SOHO, permitiram saber
que são necessários dois ciclos para "encher" com o campo magnético metade do
"tapete rolante", e mais dois ciclos para encher por completo a outra metade.
Devido a este facto, e como o Sol possui ciclos de aproximadamente 11 anos, o
próximo ciclo solar depende das características de há 40 anos - o Sol possui
uma memória magnética.

A equipa responsável por este estudo, com auxílio de análises computacionais e
de dados observacionais recolhidos nos últimos 80 anos, concluiu que o Sol
encontra-se num período de tranquilidade para o ciclo corrente (ciclo 23). No
entanto, existe a previsão de que a acompanhar o início do próximo ciclo (24),
estará um aumento na actividade solar prevista para finais de 2007, inícios de
2008. A equipa acredita que este aumento de actividade será caracterizado por
mais 30 a 50% de manchas solares, plumas e ejecções de massa. Os métodos
anteriores previam que este aumento de actividade ocorresse um ano mais tarde.

Apesar deste modelo concordar com observações efectuadas, existem no entanto
outros modelos que prevêm uma actividade solar baixa, não tendo sido possível
ainda chegar a um consenso definitivo.

Para ver uma montagem que mostra a variação da actividade solar durante o ciclo 
de 11 anos, consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/estrelas/smag3.jpg

Espera-se que este estudo seja aprofundado através de observações em detalhe
que se espera realizar com o lançamento do Observatório de Dinâmica Solar, em
Agosto de 2008.  

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