ARLA/CLUSTER : A indignação é imensa, a revolta dos Amadores de Rádio é legítima. Artigos do Mariano- CT1XI.

João Gonçalves Costa joao.a.costa ctt.pt
Quinta-Feira, 24 de Agosto de 2006 - 17:12:22 WEST


Com os meus/nossos mais sinceros agradecimentos ao Mariano-CT1XI por  estes excepcionais conjuntos de artigos que merecem ser conhecido e reconhecido por todos nós,  Amadores de Rádio portugueses.

Os meus  PARABENS ao CT1XI, um verdadeiro e dos poucos especialista portugueses na matéria, que espero um dia ver publicado no mesmo Diário de Noticias que gerou a nossa revolta com a noticia "Cavaco,Governo e polícias sem comunicações seguras"..

Ex.ma Senhora jornalista Paula Carmo e Ex.mo Director do DN era com este HOMEM e outros como ele, que deveriam ter ido falar antes de escreverem o que quer que fosse sobre Comunicações seguras e Radioamadores.

Podem ver o original em www.amrad.pt

João Costa
CT1FBF
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A indignação é imensa, a revolta dos Amadores de Rádio é legítima.


Para provar o que se disse de mal sobre o Radioamadorismo português, basta comparar as notícias que se fazem fora de Portugal. 

Amateur Radio Today - é um vídeo produzido pela American Radio Relay League a liga americana de amadores de rádio. 

 
Este filme é narrado pelo famoso jornalista e apresentador da CBS que também é Amador de Rádio falamos do lendário Walter Cronkite, KB2GSD. 

No filme Walter Cronkite, KB2GSD e a ARRL mostram seriamente aquilo que as televisões portuguesas não sabem mostrar sobre o Radioamadorismo, as Comunicações Seguras e de Emergência, a Interoperabilidade e Redundância de Sistemas, a fragilidade assumida do GSM e de sistemas integrados do tipo SIRESP ou outros.

Os EUA é um país sujeito a imensas calamidades naturais, tornados e furacões, que ocorrem várias vezes por ano e produzem milhares de milhões de dólares de prejuízos materiais e perdas de vidas humanas.

Os EUA também são uma Nação cheia de inimigos, internos e externos, pelo que, como Nação, tomam todas as medidas sérias a favor da segurança interna, e para tanto, sustentam importantes estruturas de apoio baseadas nas comunicações de emergência, suportadas quer pelas forças de segurança, voluntários e amadores de rádio, incluindo vejam só, a interoperabilidade entre diferentes redes de radiocomunicações, do exército, polícia, bombeiros e amadores de rádio.

Bom, mas os EUA não são referência para os governantes portugueses, nem para os dirigentes do SNBPC.

A sorte de Portugal, e dos portugueses, é a de que, felizmente, para todos nós, não temos inimigos, e vivemos numa região de condições climáticas estáveis, tirando pequenas cheiais, umas quantas nortadas e fogos postos no verão.

A AMRAD produziu no ano de 2004, um documentário para o SNBPC, por altura da celebração dos procolos entre as associações de amadores de rádio e o SNBPC, e que nunca foi tornado público por essa entidade. Nele se conta a História do Radioamadorismo em Portugal e nas Colónias entre os séculos XX e XXI.

Veja o filme da ARRL com legenda em português: 

http://www.hamtronix.com.br/cram/images/radioamador.wmv
 

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A propósito das Notícias recentemente produzidas por diversos diários e televisões portuguesas, acerca dos Amadores de Rádios então denominados pelos «rádios-amadores» ... e acerca das comunicações inseguras das forças de polícia e segurança, este é um exercício de reflexão comparativo. Comparativamente com aquilo que se faz nos países ricos e desenvolvidos, é importante avaliar e saber.

Também queremos manifestar indignação, contra a maneira hostil e intencional como são trados e desconsiderados por entidades da administração central os Amadores de Rádio e o Radioamadorismo em Portugal, quer o radioamadorismo técnico, quer o radioamadorismo desportivo, ou de serviço humanitário e utilidade pública.

Temos por saber e conhecimento as referências sociais e históricas com mais de 100 anos de actividade, temos por comparação muito material sério e honesto.

Temos por referência, muito trabalho sincero e verdadeiro, como o conhecido filme produzido pelo Nosso Colega e Amador de Rádio o Jornalista da CBS, Walter Cronkite, KB2GSD. 

ARRL Today - é mais um filme produzido pela ARRL - American Radio Relay League a liga americana de amadores de rádio, com mais de 1,2 milhões de amadores de rádio confederados. No filme Walter Cronkite, KB2GSD mostra aquilo que as televisões portuguesas não mostram sobre o Radioamadorismo.

Referimos previamente, as inúmeras notas que diversos peritos apresentam no filme, acerca das comunicações integradas do tipo SIRESP e GSM, assim como dos ditos de «amadores», que no geral são especialistas, são verdadeiros profissionais, mas que voluntária e gratuitamente, em Portugal e no Mundo livre, servem os seus países e a humanidade. 

Nesta altura, também a ARRL apresenta num colóquio essa temática recorrente: «Interoperability called vital to public safety first-responder missions» um assunto recentemente apresentado por Glen Nash, K6GSN do California Department of General Services Senior Telecommunications Engineer, nos EUA (veja em www.arrl.org).

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Emergência e interoperabilidade dos sistemas das Radiocomunicações

A interoperabilidade é a capacidade e flexibilidade de ligação e intercomunicação entre diferentes redes de rádio e sistemas de comunicação.

Comunicação e transmissão segura

As redes de radiocomunicações são em geral estanques, são selectivas por necessidade de garantir a eficácia e a privacidade ou segurança das comunicações, sejam por rádio ou através de meios exteriores de transmissão, linhas filares, cabos telefónicos, coaxiais ou ópticos, e porque em geral os assuntos apenas interessam a essas entidades.

As forças armadas e de segurança nos países tecnologicamente avançados, desenvolvem e fabricam os seus próprios dispositivos de comunicações seguras. Mais recentemente, alguns desses países possuem além das comunicações, as transmissões seguras, mediante chaves secretas implementadas em métodos de codificação e transmissão digital. Muitos destes dispositivos de transmissão, nem sequer são evidentes ou detectáveis, durante os períodos em que estão a transmitir sinais de rádio, formados por pacotes digitais de informação também ela codificada (comunicação segura ou COMSEC integrada na transmissão segura TRANSEC).

Nas situações de emergência, onde não são necessários manter dispositivos de comunicação e transmissão segura, ou onde é importante fazer estender essas comunicações seguras para o interior de outras redes de radiocomunicações, é necessário garantir a compatibilidade ou converter esses meios de comunicação de molde a que se disponha de interoperabilidade. 

Emergência e salvação de pessoas e bens

Numa calamidade natural, poder dispor de um simples rádio transmissor a funcionar e de uma simples pilha ou fonte de energia eléctrica, é um milagre da salvação.

Em geral, fora das polícias e da guerra, nas condições de emergência e salvaguarda das pessoas e bens, é indispensável, é estratégico dispor de interoperabilidade de redes e meios de comunicação, por rádio e por redes de telecomunicações, caso elas existam e estejam em condições de funcionamento, total ou parcial (geralmente não estão). 

A interoperabilidade dos sistemas das radiocomunicações é determinante, é mesmo vital na primeira chamada, e na capacidade de resposta e coordenação das missões de salvamento, de protecção e defesa civil.

Podemos dizer que em Portugal não existe interoperabilidade entre as radiocomunicações dos organismos nacionais de segurança e socorro:

- não existem planos de emergência
- não existe treino nem formação
- não existem equipamentos de rádio compatíveis
- não existem planos de frequências adequados
- não existem sequer meios técnicos e pessoal treinado e qualificado
- cada organismo de segurança, dispõe de condições próprias de comunicação 

O tempo de resposta directa e interna a uma emergência regional, dentro de estruturas treinadas e muito bem qualificadas, ronda cerca de 48 ou mesmo 72 horas. Geralmente são os organismos exteriores, provenientes de outras regiões ou de outros países, que podem responder com eficácia nas primeiras 12 a 24 ou 48 horas após a ocorrência de uma calamidade.

Nestas situações a interoperabilidade táctica entre organismos é pois um factor determinante de comunicação, de coordenação e socorro, e deve ser imediato, no máximo 15 a 30 minutos. 
Os meios técnicos, os procedimentos e os planos de frequência devem estar imediatamente disponíveis, para tanto é essencial o treino operacional contínuo dos agentes e voluntários. 

Os sistemas de rádio, comunicações e telecomunicações integradas, são vantajosos e muito eficazes, mas durante o funcionamento regular, das estruturas e redes de telecomunicações. 

Ao invés, estes sistemas integrados revelam-se muito frágeis quando ocorrem perturbações.
Falham no mínimo precalso, até por congestionamento de tráfego (vejam-se o caso dos SMS durante o Natal e passagens de Ano Novo) mesmo quando estão bem dimensionadas e estruturadas em termos de fluência e capacidade de tráfego e redundância de equipamentos, pelo simples facto de que são dispositivos interdependentes. 

Os sistemas integrados colapsam nas situações anormais de desastre e calamidade, inclusive por meras falhas ocasionais de energia e acontecimentos espontâneos, os sistemas integrados revelam-se sempre muito frágeis.
Os sistemas de radiocomunicações integrados, baseados em comunicações seguras, estão dependentes de diversos factores muito críticos:

- capacidade do processamento digital da rede de comunicação
- riscos de congestionamento de tráfego
- interligação e retransmissão das células às redes
- interligação das unidades celulares à rede de acesso local
- dependência e autonomia energética das células
- estabilidade estrutural dos edifícios e antenas das células
- concentração física dos equipamentos, e riscos associados

A eficácia das redes e sistemas de comunicações que sejam integrados estão condicionados, porque ficam limitados pela configuração prévia da rede e das comunicações, em virtude de serem comunicações seguras e ou selectivas. 
Por outro lado, pelo facto de serem comunicações digitais, são exigidos para estes dispositivos funcionarem normalmente, ligações de rádio com muito maior qualidade e estabilidade, e que resultam em: 

- menor sensibilidade dos receptores
- maior potência nos emissores
- mais e melhor relação sinal ruído nas ligações radioeléctricas

As redes de radiocomunicações celulares e digitais exigem uma melhoria substancial na qualidade e estabilidade do link de rádio com muito maior estabilidade nas ligações, são menos tolerantes às perturbações e suportam menos degradação na qualidade dos sinais. Exigem medidas prévias de organização para a exploração das redes: 

- interoperabilidade dos sistemas, por serem selectivos
- configuração prévia das redes, exige tempo e recursos qualificados, software
- reprogramação rápida das redes e chaves de codificação para a emergência
- maior quantidade de dispositivos de retransmissão, cerca de 4 a 6 vezes mais 

Sendo uma ligação digital (de tudo ou nada) a degradação das ligações por rádio, comparativamente com uma rede táctica do tipo analógico, significam:

- ter de aumentar a potência de transmissão para 4 vezes 
- ter de reduzir as distâncias de comunicação para cerca de metade

Em virtude da integração a falha de um único centro de retransmissão nodal, poderá significar a perda total das radiocomunicações. Para as condições regulares de funcionamento e estabilidade de funcionamento os sistemas integrados exigem:

- regularidade no tráfego (dentro dos fluxos previstos)
- energia eléctrica e temperaturas estáveis
- distâncias regulares de cobertura
- estabilidade estrutural dos edifícios e antenas
- condições normais de climatização, ambiente e meteorologia
- condições regulares de assistência e manutenção técnica
- suporte logístico e técnico, em peças e partes de reposição 

As redes das radiocomunicações e telecomunicações integradas são redes muito eficazes, garantem comunicações selectivas e seguras, como qualquer sistema de telecomunicações fixas. 

As redes integradas revelam-se frágeis nas condições de emergência, em teatros de operações, decorrentes de guerra, sabotagem e terrorismo, ou em situações de calamidade pública ou desastres naturais, qualquer rede de comunicações integradas, necessita de infra-estruturas e instalações prévias.

Conjugação de meios, redundância e sistemas alternativas

Nas situações imprevisíveis da emergência, a capacidade de resposta imediata é um factor decisivo, é um dever servir e salvar. 

A disponibilização de meios técnicos redundantes às redes integradas, devem permitir a imediata colocação em funcionamento de redes tácticas interoperáveis (dotadas de comunicações analógicas e também digitais):

- pode ser imediatamente implementada no lugar
- é imediatamente interoperável 
- interligada via rádio
- ligada a outros meios exteriores de transmissão estabilizados
- a redes de telecomunicações fixas
- ou redes de rádio, portáteis, móveis ou satélites
- autónoma em energia e sistemas radiantes
- suporta variações climáticas (opera de - 30 a +80º C) 
- instabilidades mecânicas e ambientais
- remotamente controlada e monitorizada
- suporta comunicações seguras
- faz transmissão segura
- imediatamente convertível
- como dispositivo fixo, móvel ou transportável
- é um dispositivo aberto (quando necessário)
- a todos os meios de radiocomunicações, ao povo e outras entidades

A grande conclusão é a de que sistemas integrados do tipo SIRESP e GSM são frágeis. Isso é do domínio geral, a experiência internacional já o provou. 

Os sistemas integrados são meios regulares de comunicação, que devem ser complementados de outras medidas estratégicas e tácticas (que não existem em Portugal) e que são chamadas redes e dispositivos alternativos para as radiocomunicações de emergência.

Tal como mostra a ARRL, os EUA criaram diversas organisções de centenas de milhares de voluntários, que as sustentam, com exercícios regulares, falamos da RACE e da ARES além de outras organizações de amadores de Rádio e voluntários de Protecção Civil.

Em Portugal foi organizada em 2004 a RACE - Rede Amadora de Comunicações de Emergência, no âmbito de uma comissão mista constituida por associações portuguesas de Amadores de Rádio e o SNBPC, mas depois de 2005 a nova direcção do SNBPC entende que não deveria fazer mais nada sobre esta matéria, o governo optou pela compra e instalação do SIRESP.

Vejamos.

AMRAD, 24 Agosto 2006




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