<div dir="auto"><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Por Igor Martins, <a href="http://rocketsciencebr.com" target="_blank" rel="noreferrer">rocketsciencebr.com</a></div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins partiram da Lua há 50 anos atrás, mas um dos experimentos que eles deixaram para trás continua retornando novos dados até hoje: os retrorrefletores. Junto com os astronautas da Apollo 11, os da Apollo 14 e 15 também deixaram mais desses “espelhos” na superfície lunar.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">O astronauta Edwin E. Aldrin Jr. carrega dois instrumentos durante atividade extraveicular da Apollo 11. </div><div dir="auto">O Pacote de Experiências Sísmicas Passivas (PSEP) está em sua mão esquerda; </div><div dir="auto">e na mão direita está o retrorrefletor a laser (LR3). </div><div dir="auto">O astronauta Neil A. Armstrong, comandante, tirou esta fotografia. </div><div dir="auto">Fonte: ©NASA.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">É comum as pessoas cometerem o equívoco de achar que os retrorrefletores são as mesma coisa que os espelhos comuns. Espelhos comuns simplesmente refletem a luz para outra direção no mesmo ângulo em que ela chega ao espelho. Enquanto retrorrefletores refletem a luz para o mesmo local que ela foi emitida. É um sistema bem simples, sem segredos: apenas dois espelhos colocados em um ângulo de 90º entre si. Parece meio confuso de entender, mas tudo fica mais fácil com uma ilustração.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Comparativo de reflexão da luz em um espelho comum e em um espelho retrorrefletivo. </div><div dir="auto">Fonte: ©Titan Studio44.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">A longevidade do experimento pode ser atribuída à sua simplicidade: os próprios retrorrefletores não precisam de energia. Quatro telescópios em observatórios no Novo México, França, Itália e Alemanha disparam lasers, medindo o tempo necessário para que um pulso de laser salte dos refletores e retorne à Terra. Isso permite que a distância seja medida dentro de uma fração de milímetros, e os cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, em inglês) analisam os resultados.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Uma parte do conjunto de retrorrefletores a laser lunar da Apollo 15, colocada na Lua e fotografada por D. Scott. Cada “bolinha” dessas tem o sistema de dois espelhos em 90º, como mostrado na ilustração anterior. </div><div dir="auto">Fonte: ©NASA / D. Scott</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">A órbita, rotação e orientação da Lua são determinadas com precisão pelo alcance do laser lunar. A órbita lunar e a orientação da Lua em rotação são necessárias para naves espaciais que orbitam e pousam na Lua. Por exemplo, as câmeras de naves espaciais em órbita lunar podem detectar os refletores, usando eles como referência de locais precisos a menos de uma fração de metro.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Uma visão em close-up, tirada em 5 de fevereiro de 1971, do retrorrefletor a laser (LR3), que os astronautas da Apollo 14 implantaram na Lua durante sua atividade extra-veicular na superfície lunar. </div><div dir="auto">Fonte: ©NASA.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">As medições de alcance a laser também aprofundaram nossa compreensão da dança entre a Lua e a Terra. A Lua orbita a Terra a uma distância média de 385.000 quilômetros, mas o alcance do laser lunar mostrou com precisão que a distância entre as duas aumenta em 9,6 centímetros por ano.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">As marés nos oceanos da Terra são mais altas não quando a Lua está no céu, mas horas depois. A maré mais alta fica a leste da lua. Existem duas protuberâncias de maré, a segunda metade de um dia depois. A força gravitacional entre as protuberâncias das marés e a Lua puxa e desacelera a rotação da Terra, enquanto também puxa a Lua para frente ao longo da direção em que se move em sua órbita sobre a Terra. A força de avanço faz com que a Lua se afaste da Terra em 3 milímetros por mês.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">De maneira semelhante, a gravidade da Terra puxa a Lua, causando duas protuberâncias da rocha lunar. De fato, as posições dos refletores variam até 15 cm para cima e para baixo a cada mês, à medida que a Lua se flexiona. Medir o quanto os retrorrefletores se movem permitiu que os cientistas entendessem melhor as propriedades elásticas da Lua. Inclusive, existe uma medida para isso chamada Love Number (número do Amor) em homenagem ao nome do cientista A.E.H. Love, devido ao seu notável trabalho sobre a teoria da elasticidade.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">A análise dos dados do laser lunar mostra que a Lua possui um núcleo fluido. Isso foi uma surpresa quando descoberto há duas décadas, porque muitos cientistas pensavam que o núcleo seria frio e sólido. O núcleo fluido afeta as direções no espaço dos pólos norte e sul da Lua, detectadas pelo laser lunar.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">A teoria da gravidade de Einstein assume que a atração gravitacional entre dois corpos não depende de sua composição. A gravidade do Sol atrai a Lua e a Terra. Se essa atração dependesse da composição dos dois objetos, afetaria a órbita lunar. A Terra contém mais ferro que a Lua. A análise dos dados do experimento de alcance do laser lunar não encontra diferença em como a gravidade atrai a Lua e a Terra devido à sua composição.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">A estrela norte Polaris está quase acima do pólo norte da Terra. Esse pólo muda de direção em comparação com as estrelas devido à atração gravitacional da Lua e do Sol na forma da Terra (o diâmetro no equador é maior que o diâmetro nos pólos). O pólo traçará um círculo no céu retornando à estrela norte em 26.000 anos. Esse movimento do pólo é detectado e medido pela variação do laser lunar.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Com renovado interesse na exploração da Lua, a NASA aprovou uma nova geração de refletores a serem colocados na superfície lunar na próxima década. O desempenho aprimorado de novos refletores e sua distribuição geográfica mais ampla na Lua permitiriam testes aprimorados da relatividade de Einstein, estudariam o interior lunar profundo, investigaria a história de nosso vizinho celeste e daria apoio à exploração futura. O legado da primeira visita humana à Lua, meio século atrás, continua.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Fonte: JPL-NASA.</div></div>