<html>
<head>
<meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=UTF-8">
</head>
<body text="#000000" bgcolor="#FFFFFF">
<p>Bom dia</p>
<p>Bom dia<br>
</p>
Na minha opinião, esta exigência não passa de mais uma forma dos
nacionalistas galegos enfrentarem Espanha, politiquices que os
pacóvios dos jornalistas portugueses tratam de dar eco. Como se as
ondas eletromagnéticas tivessem fronteiras!<br>
Na verdade quem invadiu Portugal sem necessidade de acordo foi a TDT
Espanhola entregando dezenas de canais grátis enquanto que em
Portugal a TDT se tornou um negocio de milhões para alguns. <br>
A TV portuguesa é deprimente.... <br>
<pre class="moz-signature" cols="72">73, Gomes op: CT1HIX
<a class="moz-txt-link-freetext" href="https://ct1hix.net/">https://ct1hix.net/</a></pre>
<div class="moz-cite-prefix">Às 06:43 de 06/01/20, João Costa >
CT1FBF escreveu:<br>
</div>
<blockquote type="cite"
cite="mid:CACvD8qAL2D=qBhqMnOecXKWecFenHc6z-v+OsOBf5XNFDzObZQ@mail.gmail.com">
<meta http-equiv="content-type" content="text/html; charset=UTF-8">
<div dir="auto">
<div dir="auto"><br>
</div>
<div dir="auto">Nas complicadas negociações para a formação do
novo governo espanhol, um dos vários acordos assinados tem uma
cláusula curiosa: o BNG (Bloco Nacionalista Galego) exigiu em
troca do seu voto a favor de Pedro Sánchez, que as televisões
(e as rádios) portuguesas começassem a ser transmitidas na
Galiza. Este pedido não é novidade: a transmissão das nossas
televisões lá por cima está prevista na Lei Paz-Andrade (em
galego: «Lei nº 1/2014, do 24 de marzo, para o aproveitamento
da lingua portuguesa e vínculos coa lusofonia»), aprovada em
2014 pelo Parlamento da Galiza — por unanimidade! Todos os
partidos, da esquerda à direita, concordaram: querem ver
televisão portuguesa na Galiza e querem o ensino do português
nas escolas galegas. O certo é que a lei não teve muitos
efeitos — o que o acordo assinado pelo BNG e o PSOE prevê é a
aplicação das normas já aprovadas (o acordo prevê, na sua
versão em galego, «).</div>
<div dir="auto"><br>
</div>
<div dir="auto">Talvez estes pedidos surpreendam muitos
portugueses. Mas são naturais. O galego e o português estão
tão próximos que, na Galiza, há uma antiga discussão sobre se
são ou não a mesma língua. Sejam ou não, o certo é que um
galego compreende um português sem grandes dificuldades
(principalmente, diga-se, se o português falar um sotaque do
Norte). Incentivar o ensino do português e a transmissão das
nossas televisões na Galiza permite aos galegos aproveitar a
sua própria língua para comunicar com todos os falantes de
português, que ainda são uns quantos.</div>
<div dir="auto"><br>
</div>
<div dir="auto">Para nós, é uma surpresa. Mas não devia ser: a
nossa língua tem origem no que já se falava no noroeste da
Península no momento em que Afonso Henriques se tornou rei de
Portugal. Era uma língua que não se chamava português (os
falantes chamar-lhe-iam «linguagem») e que se falava no que é
hoje a Galiza e o Norte de Portugal.</div>
<div dir="auto"><br>
</div>
<div dir="auto">Se andarmos uns quantos séculos para a frente e
chegarmos aos anos 80 do século XX, o que vemos? Em Portugal,
a língua é chamada, há séculos, português e é a língua
nacional e oficial para lá de qualquer dúvida (além de ser
falada noutros países). Na Galiza, a população continua a
falar uma língua que descende da língua que já era falada na
época de Afonso Henriques, mas o castelhano foi usado como
língua oficial durante séculos. Entre o que se fala em
Portugal e a Galiza há, agora, tanto tempo depois, várias
diferenças, tanto na fonética, como no vocabulário. Mas o mais
extraordinário, tendo em conta o tempo que passou desde que
apareceu a nossa fronteira a norte (uma das fronteiras mais
antigas do mundo!), é a proximidade entre o que se fala na
Galiza e em Portugal.</div>
<div dir="auto"><br>
</div>
<div dir="auto">Pois bem, quando a Galiza ganha autonomia, nos
anos 80, a língua torna-se oficial, em conjunto com o
castelhano. Perante a proximidade entre galego e português,
revelaram-se duas tendências: uma delas assume o galego como
uma língua separada do português, defendendo uma ortografia
com «ñ» e «ll». Outra tendência defende que o galego deve
procurar integrar-se no mundo de língua portuguesa, defendendo
uma ortografia com «nh» e «lh». A questão, claro, é mais
complexa: há também questões vocabulares e sintácticas (e
muitas divisões dentro de cada tendência).</div>
<div dir="auto"><br>
</div>
<div dir="auto">Nos anos 80, ganhou a tendência do «ñ» e do «ll»
e é essa a ortografia oficial, usada pelo governo da região,
presente nas placas das ruas, ensinada nas escolas. A outra
tendência (chamada «reintegracionista») não desapareceu e
ainda hoje está activa em muitos meios galegos. Nos últimos
tempos, parece haver uma aproximação entre os dois campos. A
Real Academia Galega, que defende a ortografia oficial,
escolheu Ricardo Carvalho Calero, escritor e académico galego
falecido em 1990, o grande nome do reintegracionismo, como
nome a homenagear no Dia das Letras Galegas de 2020 — na
Galiza, esta é uma honra como poucas. Deixo um vídeo em que,
nos anos 80, Carvalho Calero discute «o porvir da língua». É
fácil ver como as palavras que Carvalho Calero estão muito
próximas das nossas palavras. Basta reparar que diz «a língua»
e não «la lengua»…</div>
<div dir="auto"><br>
</div>
<div dir="auto">Para nós, em Portugal, as discussões entre
galegos são difíceis de acompanhar. Para muitos portugueses, a
dificuldade começa em ouvir o galego. Não só ouvimos muito
castelhano quando vamos à Galiza (nas últimas quatro décadas,
o uso do galego diminuiu de forma marcada, principalmente nas
cidades), como sentimos a estranheza da fonética bastante
diferente da nossa. Mas não há que enganar: se não estamos
perante a nossa língua, estamos perante a mais próxima das
línguas. Tão próxima que há muitos galegos que querem ouvir as
nossas televisões… É um espanto — que ainda se torna maior se
pensarmos que até a saudade é (também) galega! Sim, também os
galegos se afadigaram a discutir a saudade como sentimento
muito seu, propalando a sua mítica intraduzibilidade. Enfim,
seja ou não intraduzível, o certo é que a palavra existe: em
português — e em galego!</div>
<div dir="auto"><br>
</div>
<div dir="auto">Marco Neves | Escreve sobre línguas e outras
viagens na página Certas Palavras. É autor da Gramática para
Todos — O Português na Ponta da Língua.</div>
</div>
<br>
<fieldset class="mimeAttachmentHeader"></fieldset>
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