<div dir="auto"><div dir="auto">   Eles são uma invenção renascentista, cumprem um papel fundamental na exploração espacial hoje e ainda dão dores de cabeça para muita gente. Não é intuitivo que paraquedas possam ser motivo de crise para projetos espaciais, mas é exatamente esse o caso para diversos programas bilionários em andamento.<br></div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Como ideia, eles existem desde a antiguidade. O primeiro design de fato funcional conhecido foi gerado pelo gênio polímata Leonardo da Vinci, ao redor de 1485. E ele ficaria surpreso de ver sua invenção hoje ajudando humanos a chegarem a Marte ou a retornarem à Terra. Mas não sem dificuldades.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Em abril, a SpaceX realizou um importante teste dos paraquedas a serem instalados em sua cápsula tripulada Crew Dragon. A ideia era ver se três dos quatro paraquedas poderiam realizar o pouso em segurança, caso um deles falhasse. Não deu certo. Desde então, a empresa reformulou o sistema e, no dia 31 de outubro, iniciou uma campanha intensa de testes para se certificar de que estarão prontos para uso em uma missão tripulada no ano que vem.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Em maio, a Agência Espacial Europeia testou os paraquedas que pretende usar para levar à superfície de Marte, no começo de 2021, o jipe robótico Rosalind Franklin, da missão ExoMars. Os dispositivos foram levados por balão até a alta atmosfera, para simular as condições do rarefeito ar marciano, e então testados. Mas falharam. O peso pendurado a eles desceu em alta velocidade, e os paraquedas se rasgaram.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Modificações foram feitas, e um novo teste foi realizado em agosto. De novo, uma falha. Os europeus decidiram se consultar com a Nasa, maior especialista em pousos marcianos, e novos testes devem acontecer no começo de 2020. Se falharem, a agência terá de adiar o envio do jipe até a próxima janela de lançamento para Marte.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">A Boeing realizou em 4 de novembro um teste de ejeção de sua cápsula Starliner. O sistema de escape funcionou, mas apenas 2 dos 3 paraquedas se abriram corretamente no retorno ao solo. A empresa identificou a falha: uma conexão frouxa entre o paraquedas piloto (que abre primeiro e ajuda a puxar o principal) impediu a abertura correta. Agora é corrigir para os próximos voos.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Parece incrível que, depois de quase 600 anos, ainda seja tão difícil contar com o desempenho de paraquedas. Eles funcionam bem no dia a dia para saltadores e aviadores, mas se tornam um pesadelo no ambiente mais desafiador de altas velocidades, atmosfera rarefeita e altas massas da exploração espacial. Seu funcionamento é dificílimo de simular, exigindo muitos testes (e falhas) para seu aperfeiçoamento. Séculos depois, pode-se dizer que ainda são tanto ciência quanto arte.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Fonte: Folha de São Paulo</div></div>