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<p>Bom dia.</p>
<p>Muita "tinta" digital tem corrido estes dias a propósito da
"novidade" da alteração do tempo mínimo de permanência na cat 3
para 6 meses. Tenho assistido sem tecer nenhum comentário, mas
sinto-me agora compelido a intervir.</p>
<p>Primeiro que tudo, que se contenham os festejos. Embora acredite
que a intenção de quem trouxe a noticia seja boa, não é - de todo
- novidade nenhuma. No inicio de Maio de 2015 redigi uma carta à
ANACOM sobre este assunto. O resultado foi o convite para uma
reunião na sede em Lisboa com o vice-diretor da gestão do
espectro, Eng. Carlos Antunes, conhecido por maioria de nós (nem
que seja de ouvir falar no nome). Tal reunião acabou por acontecer
em Julho de 2015 não só com o Eng. Antunes mas também com a sua
imediata superior, a Diretora da gestão do espectro, cujo nome me
falha. <br>
Resultado: em primeiro ponto, eles apresentam-se irredutíveis
quanto à necessidade de um tempo de espera. O que me disseram foi
"Nós admitimos que dois anos seja demasiado tempo, mas 6 meses é
razoável. Em seis meses uma pessoa compra um rádio e começa a
fazer alguma escuta". Deixo este argumento para os colegas
digerirem... Fazer o exame e só depois comprar o rádio. Claro, é
exatamente assim que acontece não é? Isto é um indicador dos
equívocos sobre o espírito do radioamadorismo que o regulador
(enquanto "entidade", representado pelos seus membros) apresenta.
E já nessa altura me tinha sido dito "ah sim, vamos passar para
seis meses <i>quando tivermos tempo</i>". Será que tem tempo
agora, ou ainda esta esse "asterisco" no discurso presente? Daí
não estar de todo entusiasmado com esta noticia. Note-se mais uma
vez que estamos a falar de uma reunião que já aconteceu há mais de
um ano e as promessas já eram estas.<br>
A titulo de exemplo, já nessa reunião eu tinha sido informado que
o "banco de perguntas" ia ser publicado e nestes moldes: metade
das perguntas, pdf, sem respostas. Mas mais uma vez, o que me
disseram foi que ia ser até Dezembro último. Lembro que as
perguntas foram publicadas a 21 de Abril de 2016. E além disso,
esta publicação já vinha a ser prometida, até onde sei, desde uns
3 ou 4 anos antes. Algo para pensar.</p>
<p>Segundo ponto. Sim, a ANACOM parece estar aberta ao dialogo para
<i>alguns</i>. O que a ANACOM não está, claramente, é com
"pachorra" para mediar conflitos. A posição da ANACOM neste
momento parece ser "se não se entendem, não estou para vos
aturar". Quem os pode censurar? Por mais que as intenções sejam
boas, as atitudes tem sido as mais corretas? Assistimos
consistentemente a uma telenovela de drama (sirva a carapuça a
quem quiser) em vez de objetividade e trabalho. "Ai a culpa foi
deste e daquele e não sei quê e tem de ser assim e assado e etc
etc". Houve há pouco tempo uma reunião na sede da ARRLx (<a
href="https://www.youtube.com/watch?v=td8Els-losA">esta</a>), a
qual eu infelizmente não pude estar presente nem participar no
stream em direto. Mas o que parecia um passo na direção certa,
pergunto-me se o foi mesmo. O que eu vi foi duas horas de
radioamadores a dizerem todos o mesmo com palavras diferentes, sem
chegarem a um acordo final, com o ocasional "anula-se isto tudo!"
(porque que se lixem as recomendações/obrigações da ITU e da
CEPT). Além de uns quantos defensores que assim é que é uma
maravilha, a repetirem as palavras da ANACOM "Então assim é que
esta bem. Pode operar HF e tudo. Só não é a sua estação.
Maravilha!".<br>
</p>
<p>Se alguém acha que a cat 1 devia incluir CW no acesso, muito bem,
que ache. Direito a opinião temos todos. E eu respeitarei sempre
as opiniões independentemente de concordar ou não com elas. Se
alguém acha que os indicativos nos Açores deviam estar melhores do
que o que estão, pois muito bem! Agora, todos aqui a atirar
"postas de pescada" para o ar (ironicamente, como esta), não leva
a lado nenhum. E permitam-me o dedo na ferida, mas petições
públicas também não. É preciso é descodificar o <i>Decreto-Lei
n.º 53/2009, de 2 de março</i> à letra, haver uma concertação
que olhe para o futuro, não para o passado, que não queira saber
de quem foi "a culpa", mas que queira saber de como se pode
melhorar toda a situação. Seja sem dois anos, seja com indicativos
dos Açores, seja a idade mínima, seja tudo e mais alguma coisa.
Que se façam propostas, que se reúnam consensos (que vão exigir
cedências de todas as partes [com partes, digo entre os
radioamadores], aviso já) e que se entregue uma proposta de
DL+"Procedimentos para o serviço de amador " pronta a assinar por
baixo junto com argumentos irrefutáveis , estudados à letra e que
mostrem como funciona realmente o radioamadorismo a quem
aparentemente não tem a noção certa (e que eu não culpo). Não há
um radioamador com um sobrinho advogado que possa ajudar? <br>
E sim, já sei de um documento entregue por várias associações aqui
há uns anos. Que se entregue outra vez. Que se entregue todos os
anos, semestres ou meses se for preciso. A atitude do "a minha
parte esta feita" não fica bem a ninguém.<br>
</p>
<p>Sinceramente, enquanto radioamador que fez o exame a 26 de
Janeiro de 2015, que se está a preparar para fazer exame o mais
depressa possível depois de 26 de Janeiro de 2017 provavelmente
nada disto vai afetar. Mas afeta muitos outros. E afeta a entrada
de pessoas neste hobbie. E não ser que os caríssimos colegas
queiram que o<i> hobbie</i> vá para a cova connosco, talvez seja
altura de por as divergências de lado e trabalhar num só sentido.
<br>
Frustra-me imenso tudo isto. E frustra imenso a vergonha que sinto
em ter um colega e amigo venezuelano que era radioamador no seu
país de origem, com mais de 300 entidades DXCC<u> </u>contactadas,
campeão mundial no WW WPX em Low power rookie SSB, SBB e QRP SSB
em 3 anos distintos, e com uma paixão pelo rádio como nunca vi
igual e que agora tem um indicativo CR7*** com tudo o que isso
implica. Eu sinto-me frustrado da minha situação, nem consigo
conceber a dele. Se isto não é uma situação absurda, não sei o que
será.</p>
<p>As minhas desculpas pelo comprido desabafo.<br>
73<br>
Rui Oliveira<br>
CR7ALW<br>
</p>
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</html>