<div dir="ltr"><h2><font></font> </h2><p>
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<blockquote><font size="+1"><b>Entrevista para TV UFMG em 11/novembro/2013 
<p>TEMA: A visão do cosmos do ponto de vista da ciência, especificamente da 
cosmologia 
<p>Prof. Domingos Soares<br><a href="http://www.fisica.ufmg.br/~dsoares/"><font color="#0066cc">http://www.fisica.ufmg.br/~dsoares/</font></a> 

<p> </p><u>1- O que é cosmologia na física? </u>
<p><font color="green"><i>A cosmologia é a ciência do universo (cf. Cosmology, the 
science of the universe, Edward Harrison, 2000), uma ramificação da física e da 
astronomia, ou seja, da astrofísica. Os cosmólogos são, em geral, físicos e 
astrônomos. 
</i></font></p><font color="green"><i><p>O universo é abordado na história da humanidade em dois enfoques distintos: 
<p>
<ul>a) Mitos e lendas: subjetividade, “cada cabeça uma sentença”, imposição ou 
consenso social.</ul>
<ul>b) Teorias científicas: objetividade, “avaliação por pares”, consenso da 
comunidade científica deve ser encontrado. </ul>
<p>Como os mitos e lendas, a cosmologia pretende responder as questões básicas 
sobre o cosmos: (i) de onde viemos, (ii) para onde vamos e (iii) onde estamos. 
<p>O universo pode ser estudado cientificamente como um conjunto de pontos onde 
cada ponto é uma galáxia. </p></p></p></p></i><p></p></font><p>
<p><u>2- Existe alguma definição de como surgiu o universo?</u> 
<p><font color="green"><i>O “Modelo Padrão da Cosmologia” (MPC), a explicação 
física atual para o universo, é um modelo em expansão. Então, se retrocedermos 
no tempo eventualmente atingiremos um estado de altíssimas temperatura e 
densidade (infinitas, em teoria) e de tamanho zero. Esta é a singularidade 
inicial, o evento de formação do espaço e do tempo, o Big Bang ou, em bom 
português, o Estrondão (cf. <a href="http://www.fisica.ufmg.br/~dsoares/aap/bgbg.htm"><font color="#0066cc">A tradução de <i>Big 
Bang</i></font></a>). Este é o início do universo. 
</i></font></p><font color="green"><i><p>Mas não é bem assim. O início do universo teórico, na realidade, é 
extremamente hipotético, pois a singularidade inicial marca nada mais do que o 
“desconhecimento total”, o colapso final das leis da física conhecidas. No 
Estrondão a física que governa os fenômenos ainda não é conhecida. Sendo assim, 
não se sabe o que pode ter sido este possível evento de formação do universo. 
Muito provavelmente ele não existiu. A natureza, de certa forma, rejeita as 
singularidades, e o universo, mesmo se o MPC for o modelo prevalecente, pode não 
ter tido um início. Ele pode ser oscilante — como em alguns mitos hindus e na 
Teoria do Estado Quase Estacionário de Fred Hoyle e colaboradores. Neste caso, o 
universo seria, em princípio, eterno. </p></i><p></p></font><p>
<p><u>3- Como o cientista deve lidar com sua crença pessoal na hora de estudar 
um assunto tão difícil como este?</u> <font color="green"><i>
</i></font></p><font color="green"><i><p>Rigorosamente o método científico não tem lugar para crenças pessoais. Na 
prática, é um pouco diferente. 
<p>Sempre há uma — pequena ou grande — dose de fé na construção das teorias 
científicas. Uma fé que não é claramente explicitada e que deve ser 
necessariamente provisória. Os cientistas sempre a reconhecem, em qualquer 
teoria, apesar de nem sempre o declararem. No caso específico do MPC esta fé é 
enorme: a crença de que 99,5% do conteúdo de matéria-energia do universo, cuja 
existência é desconhecida mas necessária para a sustentação teórica do MPC, 
serão um dia identificados e descobertos. Com base nesta fé, projetos de 
pesquisa são formulados e enormes fortunas são gastas em pesquisas e 
equipamentos de toda a natureza, e prêmios são atribuídos (e.g., os prêmios 
Nobel de física de 2006 e 2011). 
<p>A crença pessoal, de natureza não científica, não deve aparecer 
explicitamente em qualquer trabalho científico apesar da influência que 
certamente ela exercerá no posicionamento do cientista frente às teorias e 
experimentos. 
<p>Alguns exemplos desta situação: 
<p>
<ul>a) Georges Lemaître, cosmólogo e padre católico, foi um dos criadores do MPC 
que indica a possibilidade de um evento de criação ou de origem do universo. 
Visões superficiais do ideário católico levaram ao preconceito contra Lemaître. 
</ul>
<ul>b) Fred Hoyle, cosmólogo britânico, desde o início da proposição do MPC 
considerou a ideia de um início dos tempos e das coisas como simplista e mesmo 
repugnante. Este preconceito subjetivo levou-o a ser um dos proponentes das mais 
famosas teorias contrárias ao MPC, teorias estas de universos infinitos 
temporalmente. </ul></p></p></p></p></p></i></font><font color="#000000">
</font><p><u>4- Você poderia nos explicar um pouco qual e a principal teoria existente 
hoje?</u> <font color="green"><i>
</i></font></p><font color="green"><i><p>A principal teoria hoje é o MPC, que é fundamentado na Teoria da Relatividade 
Geral (TRG) de Einstein, formulada na primeira metade da década de 1910. 
<p>A TRG é uma teoria de gravitação e, em uma de suas aplicações, consegue 
aperfeiçoar a Teoria de Gravitação Clássica (TGC) de Newton. 
<p>As duas teorias de gravitação, TRG e TGC, se distinguem da seguinte forma. 
<p>
<ul><u>TGC (Newton):</u> forças no espaço tridimensional x, y, z. Corpos 
realizam trajetórias sob a ação destas forças no espaço 3D. </ul>
<ul><u>TRG (Einstein):</u> espaço-tempo tetradimensional x, y, z, t é curvado 
pela matéria-energia do universo. Corpos realizam trajetórias mais curtas 
possíveis (geodésicas) no espaço-tempo 4D. O espaço 3D também é curvo. </ul>Na 
década de 1920, os cosmólogos Alexander Friedmann (russo) e Georges Lemaître 
(belga) descobrem soluções da TRG que correspondem a universos teóricos 
dinâmicos, em expansão e contração. 
<p>Einstein os havia antecedido, em 1917, com o primeiro modelo cosmológico 
relativista (i.e., baseado na TRG), com um modelo estático. 
<p>O astrônomo Edwin Hubble (americano) realizou observações de galáxias, na 
mesma época, que se encaixavam nos modelos dinâmicos de expansão. 
<p>No entanto, hoje, chegou-se à conclusão que este “encaixe” só prevalece à 
custa de 99,5% do conteúdo de matéria-energia do universo ainda por descobrir, 
em outras palavras, à custa de 99,5% de matéria-energia “escuros”. Destes 99,5%, 
95% são matéria e energia exóticas, ainda por serem identificados. E eles ainda 
não foram descobertos, e muito menos tiveram as suas naturezas identificadas. 
</p></p></p></p></p></p></p></i><p></p></font><p>
<p> </p>Cientistas citados: 
<p>Albert Einstein (1879-1955)<br>Alexander Friedmann (1888-1925)<br>Edward 
Harrison (1919-2007)<br>Edwin Hubble (1889-1953)<br>Fred Hoyle 
(1915-2001)<br>Georges Lemaître (1894-1966)<br>Isaac Newton (1643-1727) 
<p>Para mais informação ler os artigos: 
<p><a href="http://www.fisica.ufmg.br/~dsoares/reino/cosmolg.htm"><font color="#0066cc">Cosmologia 
moderna: tateando no escuro</font></a> 
<p>e 
<p><a href="http://www.fisica.ufmg.br/~dsoares/reino/cosmolg1.htm"><font color="#0066cc">O Big Bang, 
um “Estrondão” no espaço e no tempo</font></a>. </p></p></p></p></p></p></p></p></p></p></p></b><p></p></font><p>
<p> </p></p></blockquote></p></p></div>