<br>Microalga &quot;protege&quot; antiga reserva natural das Selvagens das incursões de pescadores espanhóis 
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<p class="byline"><span class="prefix">Por </span><span class="author vcard"><span class="fn"><a class="url" title="Mais artigos de Tolentino de Nóbrega" href="http://www.publico.pt/autor/tolentino-de-nobrega" rel="author">Tolentino de Nóbrega</a></span> </span></p>

<p class="meta-timestamp published">09/09/2013 - 09:14</p></div>
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<p>Ilhas ou rochedos, as Selvagens? &quot;Rochedos? Eu pago IMI da casa que tenho na Selvagem Grande&quot;, diz o médico e ornitólogo Francis Zino. Ironicamente, tem sido um vegetal tóxico a principal defesa da reserva natural contra incursões espanholas.</p>
</div><a title="Aumentar" href="http://imagens8.publico.pt/imagens.aspx/796418?tp=UH&amp;db=IMAGENS"><img alt="" src="http://imagens8.publico.pt/imagens.aspx/796418?tp=UH&amp;db=IMAGENS&amp;w=749"> </a>Levantamento do fundo do mar à volta das Selvagens (as ilhas estão a negro), com gradações de profundidade <span class="credit">Instituto Hidrográfico </span>
<p class="entry-action-email"></p>
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<div id="Noticia1605271" class="entry-body">
<p>O surgimento de uma microalga tóxica tem-se tornado mais eficaz na protecção da reserva natural das ilhas Selvagens, relativamente às ilegais incursões de embarcações provenientes das Canárias, do que a fiscalização portuguesa ou o controlo das autoridades espanholas, a evidenciar certo laxismo eventualmente propositado.</p>

<p class="SubCaixaContainer">Também na opinião de Francis Zino, proprietário da única casa privada existente naquelas ilhas, &quot;a grande salvação da reserva é, neste momento, uma microalga que produz uma neurotoxina chamada ciguatera, provocando distúrbios gastrointestinais e neurológicos a quem consome o peixe costeiro das Selvagens&quot;. Devido à microalga, da espécie <em>Gambierdiscus toxicus</em>, foi decretada pelo Comando Naval da Madeira a proibição de pesca, por tempo indeterminado e até ao apuramento do resultado das análises do Instituto de Pesquisa e Investigação Marítima (Ipimar). A interdição &quot;circunscreve-se apenas às ilhas Selvagens, desde a linha de costa até à batimétrica dos 200 metros de profundidade&quot;.</p>

<p>Até 2004, as intoxicações por ciguatera registadas em países europeus derivavam de viagens prévias a zonas de risco, como ilhas das Caraíbas ou dos oceanos Índico e Pacífico. Mas naquele ano peixe contaminado com toxinas ciguatéricas foi capturado pela primeira vez nas Canárias.</p>

<p>A recorrência do fenómeno só viria a ocorrer mais a norte, nas ilhas Selvagens, quatro anos depois, levando então ao estabelecimento de limites de captura para certas espécies de peixes.</p>
<p><strong>Mais no PÚBLICO desta segunda-feira e <a href="http://www.publico.pt/destaque/jornal/microalga-protege-antiga-reserva-natural-das-incursoes-de-pescadores-espanhois-27060944">na edição <em>online</em> exclusiva para assinantes</a>.</strong><br>
<br><br></p></div></div>
<div class="gmail_quote">Em 9 de setembro de 2013 12:57, João Costa &gt; CT1FBF <span dir="ltr">&lt;<a href="mailto:ct1fbf@gmail.com" target="_blank">ct1fbf@gmail.com</a>&gt;</span> escreveu:<br>
<blockquote style="BORDER-LEFT:#ccc 1px solid;MARGIN:0px 0px 0px 0.8ex;PADDING-LEFT:1ex" class="gmail_quote">.É o território português mais a sul. Espanha não contesta esta<br>soberania sobre as Selvagens, mas veio recordar que as fronteiras<br>
marítimas na zona estão em aberto<br><br>O estatuto das Selvagens, pedaços de terra a 163 milhas da ilha da<br>Madeira e a 82 das Canárias, está por definir. Portugal diz que são<br>ilhas; Espanha, simples rochedos. É por causa disto que as fronteiras<br>
marítimas nesta zona se mantêm hoje em aberto: consoante o estatuto<br>das Selvagens, assim o sítio no mar onde passará a linha entre os dois<br>países. O que falta é estes entenderem-se sobre isso - bilateralmente<br>ou, em caso de desacordo, numa instância como o Tribunal Internacional<br>
do Direito do Mar - e esta é que é a história.<br><br>Então, onde fica aqui a questão da plataforma continental à volta das<br>Selvagens, falada nos últimos tempos? Esta polémica mistura no mesmo<br>saco, o que lança a confusão, a extensão da plataforma continental, a<br>
Zona Económica Exclusiva (ZEE) em redor das Selvagens e o seu<br>estatuto. Na realidade, o estatuto não tem a ver com a proposta<br>portuguesa de extensão da plataforma, ainda que possa haver, como<br>veremos adiante, repercussões sobre este projecto.<br>
<br>As Selvagens saltaram para os jornais com o anúncio de que o<br>Presidente da República, Cavaco Silva, iria visitá-las a 18 e 19 de<br>Julho, dormindo lá, como afirmação de soberania e da habitabilidade<br>das ilhas, e essa visita foi divulgada no fim de Junho. A polémica<br>
luso-espanhola sobre as ilhas foi então reavivada pelo envio por<br>Espanha, a 5 de Julho, já depois de se saber da visita de Cavaco<br>Silva, de uma declaração (nota verbal) sobre as Selvagens à Divisão<br>para os Assuntos do Oceano e da Lei do Mar.<br>
<br>Nessa nota, Espanha quer &quot;recordar&quot; que já tinha protestado noutra<br>nota, de 2009, quando Portugal apresentou a proposta de alargamento da<br>plataforma, na Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) da<br>
ONU. E diz que não aceita que as Selvagens tenham ZEE, a gerar se<br>fossem ilhas, e que considera rochedos, só com direito a Mar<br>Territorial.<br><br>Antes de mais, o que é a extensão da plataforma? Vários países têm<br>
obtido dados sobre o fundo do mar, para determinar onde, em frente aos<br>seus territórios, ocorre a transição da crosta continental (ou da<br>crosta emersa das ilhas) para a crosta oceânica. Enquadrados pela<br>Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Lei do Mar), esses<br>
trabalhos permitirão que tenham jurisdição sobre o solo e subsolo do<br>mar para lá das 200 milhas, desde que provem que a plataforma<br>continental não acaba antes dessa distância e tem continuidade<br>geológica. A plataforma pode alargar-se só a partir do limite máximo<br>
da ZEE; e esta última pode ir até às 200 milhas, dando, além do fundo<br>do mar, jurisdição sobre a água.<br><br>Ora, à volta das Selvagens, o que está em causa não é a extensão da<br>plataforma portuguesa (sublinhe-se: para lá das 200 milhas). Em linha<br>
recta para sul, as ZEE dos dois países, independentemente de onde se<br>traçará a linha entre elas, batem logo uma na outra. Pelo que não há<br>nenhuma plataforma para alargar aí.<br><br>A questão de um conflito de interesses, devido a uma plataforma<br>
continental portuguesa gerada a partir das Selvagens, também não se<br>põe para leste, em direcção à costa africana. As distâncias entre as<br>Selvagens, as Canárias e a costa africana não deixam grande espaço<br>para lá das 200 milhas. E a haver aí extensões da plataforma, a<br>
discussão será entre Espanha, que tem as Canárias mais perto da costa<br>africana, e Marrocos.<br><br>Assim sendo, resta o alargamento da plataforma portuguesa do lado<br>oeste da Madeira. No sumário executivo da sua proposta entregue na<br>
CLPC, há um mapa a cores: vê-se uma mancha amarela que parte da<br>Madeira para sudoeste e já vem de Portugal Continental. O que esta<br>mancha dá a ver é a continuidade geológica da crosta continental nessa<br>zona e que ela se prolonga para oeste e para sul. Portanto, a proposta<br>
portuguesa, para esta área, partiu só das ilhas da Madeira e de Porto<br>Santo. As Selvagens não foram tidas aqui.<br><br>É isto que Portugal respondeu agora a Espanha, numa nota verbal de 6<br>de Setembro em reacção à espanhola de 5 de Julho: diz que a plataforma<br>
continental portuguesa &quot;a oeste do arquipélago da Madeira constitui o<br>prolongamento natural do território emerso da ilha da Madeira e do<br>território de Portugal Continental&quot;. E frisa: essa proposta &quot;não<br>
inclui o prolongamento natural do território emerso das ilhas<br>Selvagens devido à sua localização natural&quot;, acrescentado: &quot;Em<br>resultado disso, as ilhas Selvagens não estão reflectidas, em nenhuma<br>circunstância, na proposta portuguesa à CLPC.&quot;<br>
<br>Porém, os dados portugueses indicam que este prolongamento vai até<br>muito a sudoeste da Madeira, onde, aí sim, já pode haver sobreposição<br>com uma zona de interesse espanhola. Espanha ainda não apresentou a<br>sua extensão da plataforma para a área oeste das Canárias, mas numa<br>
informação preliminar entregue na CLPC, em 2009, tem um mapa com<br>potenciais sobreposições com países terceiros. Portugal é um deles,<br>precisamente na parte final a alargar a sudoeste da Madeira.<br><br>Se Espanha não aceitar que a plataforma portuguesa chegue até a essa<br>
zona, terá de ter dados da plataforma das Canárias a ir até ali. A<br>CLPC - que aprecia as propostas dos países e se pronuncia apenas se<br>têm direito a alargar a plataforma e até onde - poderá até decidir a<br>favor de Portugal e Espanha na área de sobreposição.<br>
<br>Nesse caso, os dois países terão, posteriormente, de chegar a acordo<br>sobre como fazer a delimitação da plataforma. Aliás, é o que ocorrerá<br>em frente à Galiza, em que Portugal e Espanha apresentaram formalmente<br>
a mesma área de interesse para as suas plataformas e concordaram em<br>fazer aí a delimitação mais tarde.<br><br>De resto, a nota espanhola de 2009, que Espanha recordou agora como<br>tendo sido um &quot;protesto&quot; (na realidade, não falava das Selvagens nem<br>
da ZEE), já ia nesse sentido: que Espanha &quot;não colocava nenhuma<br>objecção&quot; sobre a proposta portuguesa para a área das ilhas da<br>Madeira, desde que não prejudicasse os seus direitos de extensão a<br>oeste das Canárias; e que tinha vontade de proceder, &quot;de comum<br>
acordo&quot;, à delimitação da plataforma entre os dois países.<br><br>A questão das Selvagens é pois outra: se há direito a uma ZEE em redor<br>delas, a dividir entre Portugal e Espanha, caso sejam consideradas<br>ilhas. Aí, a linha das ZEE passaria a meio das 82 milhas entre as<br>
Selvagens e as Canárias. Ou se há apenas direito, para Portugal, a um<br>Mar Territorial, de 12 milhas, e uma Zona Contígua até às 24 milhas,<br>sem lugar a uma ZEE - isto no caso de rochedos.<br><br>Como ilhas, empurrariam a ZEE portuguesa para sul. Como rochedos, a<br>
ZEE espanhola gerada desde as Canárias prolongar-se-ia até às<br>Selvagens e até as passaria. A divisória das ZEE seria assim traçada<br>entre as Canárias e a ilha da Madeira, separadas por 245 milhas. As<br>Selvagens ficariam no meio da ZEE espanhola, rodeadas pelo Mar<br>
Territorial.<br><br>Para ter estatuto de ilha, segundo a Lei do Mar, um território tem de<br>poder ter habitantes humanos e actividade económica. Portugal<br>argumenta que as Selvagens são habitadas por vigilantes da natureza,<br>
que até um Presidente da República lá dormiu, e que houve, até aos<br>anos de 1960, actividade económica baseada nas cagarras (aves<br>marinhas), que alimentavam a população da Madeira. Só não são caçadas<br>hoje, argumenta-se, porque as Selvagens são reserva natural desde 1971<br>
(têm a maior colónia mundial de cagarras).<br><br>Efeitos indesejados da disputa<br><br>Também aqui, cabe aos dois países entenderem-se sobre a fronteira das<br>suas ZEE, o que terá implícito o estatuto das Selvagens. O assunto<br>
pode acabar no Tribunal Internacional do Direito do Mar, mas nunca<br>seria a CLPC a decidir sobre a ZEE.<br><br>Se a ampliação da plataforma portuguesa não passa pelas Selvagens, se<br>não houve factos novos a esse nível, e se a delimitação da ZEE não<br>
passa sequer pela CLPC, a pergunta que fica é: porquê a nota de<br>Espanha agora? Por que quis lembrar o assunto?<br><br>Ainda que esta fronteira marítima esteja em aberto e as Selvagens não<br>estejam directamente ligadas à extensão das plataformas dos dois<br>
países, esta indefinição pode ter consequências indesejadas nas<br>pretensões portuguesas para a plataforma. Em caso de disputa numa<br>área, mesmo sem sobreposição de plataformas, a CLPC pode nem apreciar<br>as propostas dos países em contenda (Portugal espera que a apreciação<br>
da sua comece em 2015, não devendo estar concluída antes de 2017).<br>Parte das propostas, neste caso a área da Madeira, ficaria parada no<br>tempo.<br><br>A este facto não será alheio o cuidado na parte final da nota verbal<br>
portuguesa, dizendo que o país &quot;confirma ausência de disputas por<br>resolver com Espanha, apesar de não haver acordo sobre as fronteiras<br>marítimas entre Portugal e Espanha&quot;.<br><br>Fonte: Por Teresa Firmino<br>
09/09/2013 - 00:00 in Jornal Publico<br><br><br>_______________________________________________<br>CLUSTER mailing list<br><a href="mailto:CLUSTER@radio-amador.net">CLUSTER@radio-amador.net</a><br><a href="http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster" target="_blank">http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster</a><br>
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