Há várias razões para este assunto da protecção civil incomodar os radioamadores.<div><br></div><div>1. As comunicações de emergência não são actividades de radioamadorismo.</div><div>Embora desde sempre os amadores tenham usado os seus recursos para interceptar, reportar e intervir em situações de emergência simplesmente &quot;porque podem&quot;, isso não torna essa actividade um fim do radioamadorismo.</div>





<div><br></div><div>2. Os radioamadores não são protectores civis.</div><div>Não têm formação, não têm treino, mas mais importante do que isso, não têm disciplina nem disponibilidade nem, na maior parte dos casos, vontade. Em ocorrências reais facilmente se tornam um empecilho e não se pode confiar que apareçam se forem chamados.<br>



Colocar uma responsabilidade dessas sobre um radioamador é muito deslocado e injusto. Há dias um colega referia que apesar das associações desenvolverem algum trabalho, os voluntários não aparecem. Pouco me espanta.<br><br>



3. A julgar pela &quot;voz do povo&quot;, os meios da protecção civil, quer oficial quer amadora, estão infestados de gente que não merecem grande confiança. Parece que este meio é conflituoso e cheio de esquemas, politiquices e interesses.<br>



A cada passo lemos aqui mensagens de colegas ou associações reclamando que muito se prometeu e nada se cumpriu, que foram ou não foram convocados para este ou aquele exercício, e também não faltam histórias de organizações que &quot;exploram&quot; este mercado em benefício próprio ou de alguns.<br>



Para muitos amadores, a ideia de se ver associado a semelhante cáfila é assustadora.<br>
<br>4. Há pessoas que defendem a integração da protecção civil no radioamadorismo. Trata-se de pessoas que já têm em si esse interesse e que também são radioamadores. Pensam com toda a naturalidade que podem tirar partido do dos meios do radioamadorismo para desenvolver as suas capacidades protectoras, e fazem tudo para promover essa ideia.<br>



<br>5. Outras pessoas ainda, vêem na protecção civil uma forma adicional de sustentar a sobrevivência do radioamadorismo, seja pela conquista de novos praticantes com interesse nestas novas actividades, seja pela promoção da ideia de radioamadorismo como serviço público.<br>



<br>O radioamador comum foge a sete pés destas coisas todas e com boas razões. <br><br>Como se está a verificar hoje em dia nos EUA, as tais novas aquisições que fazem as delícias da ARRL têm contribuido pouco para o radioamadorismo. É um bando de protectores, eventualmente bem organizado mas muito mal informado, que obtêm as suas licenças de forma fraudulenta e impostora e que pilham os recursos dos radioamadores para fins que nada têm a ver com o radioamadorismo. São uns parasitas.<br>



<br>E quanto ao serviço público, também aí há umas palavras a dizer. Ninguém espera que os radioamadores prestem este tipo de serviço. Os objectivos do radioamadorismo estão bem definidos desde há 85 anos e não incluem a prestação de serviços de comunicação a terceiros, mesmo de emergência. Esse trabalho é responsabilidade de outros e não existe delegação aos radioamadores para o executarem.<br>

<br>E é aqui que reside a heresia que tantos arrepios causa ao amador mais corajoso quando se fala em &quot;comunicações de urgência ou de emergência&quot;, mesmo quando exercidas apenas voluntariamente por alguns radioamadores. Não serão o CT1XXX ou CT2YYY a prestar esse serviço ou a efectuar essas comunicações. Serão &quot;os Radioamadores&quot;, e isso é que é intolerável para muitos.<br>


Aquilo que hoje é um gesto de boa vontade ou sobrevivência e demonstração heróica de aptidões, amanhã é um serviço que se exige ser feito e que pode, e deve, ser escrutinado.<br>Não tarda nada temos uma organização montada, com &quot;<span class="il">listas</span>, localizações, meios, contactos&quot;, exercícios e avaliações, e até já aqui se sugeriu que a isso somos obrigados pelo nosso novo regulamento.<br>


<br>Isto não quer dizer que os radioamadores não possam ter actividades desta natureza, quer por iniciativa própria em caso de necessidade quer quando solicitados. Não há amador que se negue a isso, tenho a certeza. Convém no entanto deixar claro que não é essa a sua função na sociedade.<br>

Tal como os militares podem ser chamados a apagar fogos nos casos mais graves no pino do verão, convém que se saiba que não é essa a função deles e que servem para outras coisas.<br><br>Mas então para que servem os radioamadores?<br>

Como aqui lembrou sabiamente o colega Gamito, servem para &quot;se instruirem a si próprios, para se intercomunicarem e para efectuar estudos técnicos, a título unicamente pessoal e sem interesse pecuniário&quot;<br>A sociedade, no seu todo, investe nisto alguns recursos e sem dúvida que espera resultados, que têm sido fornecidos ao longo dos anos.<br>

<br>Ainda recentemente houve mais um exemplo disso que vem bem a propósito aqui referir.<br>Dos vários exercícios de protecção civil que vão ocorrendo ao longo do ano, houve um promovido ou organizado pelo SMPC de Sintra no qual participaram algumas organizações de radioamadores. Destas, houve uma que se destacou de forma muito proeminente ao proporcionar a transmissão de imagem através do repetidor de TVA de Sintra.<br>

Enquanto os outros vão lá fazer o mesmo que os protectores civis já fazem, e melhor, a LARS levou o produto dos tais &quot;estudos técnicos&quot; feitos por radioamadores ao conhecimento e à utilização em primeira mão pelos verdadeiros agentes de protecção civil, para que possam experimentar e ver e daí tirar as conclusões que entenderem.<br>

<br>É para isto que servem os radioamadores.<br><br>73,<br>António Vilela<br>CT1JHQ<br><br><br>2011/12/26 CT1GZB - José Luís Proença <span dir="ltr">&lt;<a href="mailto:ct1gzb@netcabo.pt" target="_blank">ct1gzb@netcabo.pt</a>&gt;</span><br>








&lt;...&gt; 
<div>Não consigo entender que colegas achem uma “heresia” que alguns 
radioamadores queiram voluntariamente se dedicar às comunicações de emergência e 
urgência.</div>
 &lt;..&gt;
</div>