Estimado José Luis Proença,<br><br>Achei a sua pergunta muito pertinente: &quot;Para que servem as Associações de Radioamadores?&quot;<br>Como diz e muito bem, servem para muitas coisas, e este seria sem dúvida um espaço adequado para discuti-las. E é um pouco nesse espírito que redijo a minha resposta às suas questões.<br>






<br>1. As associações têm privilégios e responsabilidades especiais consagradas na lei e nos procedimentos da Anacom.<br>

<br>2. Para além destas, têm ainda privilégios e responsabilidades que decorrem moralmente das primeiras, mas também da sua natureza social.<br>Por exemplo, o privilégio exclusivo das associações de poderem instalar repetidores converte-se assim numa responsabilidade de os colocar à disposição de todos os amadores, independentemente da sua filiação associativa.<br>






Igualmente, porque as associações são o parceiro natural e preferencial do regulador para o diálogo com a comunidade, daí decorre a sua responsabilidade de servir de elo de ligação bidireccional entre um e os outros. Não apenas entre o regulador e os associados, mas entre o regulador e a comunidade de todos os radioamadores.<br>


<br>3. Para mim é muito claro que, em consequência do que vai acima exposto, qualquer associação tem o dever moral de esclarecer todo e qualquer amador que se lhe dirija em busca de informações provenientes da Anacom.<br>
Diria mesmo mais. Atendendo à generalização do uso de foruns virtuais para a discussão do radioamadorismo, tal como estamos aqui a fazer, penso que não será exagero considerar igualmente um dever das associações a publicação ou divulgação dessas informações, de forma espontânea e não solicitada, nestes espaços públicos.<br>

<br>4. Outra coisa será que uma associação alargue o âmbito de discussão das suas propostas para além do conjunto dos seus associados.<br><br>Penso que todos nós temos consciência, em maior ou menor escala, daquilo a que se vulgarmente se chama crise associativa, e que afecta muitos outros sectores da nossa sociedade para além do radioamadorismo.<br>

Tem havido importantes alterações, quer sociais, quer no estilo de vida, quer mesmo nos nossos valores, que promovem o individualismo contra o colectivismo e o contacto e discussão virtuais contra o diálogo em assembleia.<br>

Independentemente de juízos de valor que se possam fazer sobre este estado de coisas, penso que é importante a comunidade dos radioamadores olhar para si própria e adaptar-se aos novos tempos.<br><br>Parece-me a mim que reservar informação com o objectivo de captar mais sócios ou encorajar a participação dos que já existem, poderá não ser uma táctica particularmente eficaz.<br>
Pelo contrário, o envolvimento da comunidade em geral na discussão das propostas concretas de cada associação poderá ter três efeitos secundários benéficos:<br>
- Promover de forma directa o diálogo inter-associações, ao juntar no mesmo forum amadores de diferentes regiões e diferentes filiações associativas.<br>- Trazer para a discussão amadores que sendo &quot;independentes&quot; poderão acrescentar valor à mesma, senão do ponto de vista &quot;associativo&quot; pelo menos do ponto de vista técnico.<br>

- Aumentar o interese de alguns desses independentes pela vida associativa.<br><br>5. Não vou, evidentemente, ao ponto de achar que deva haver unanimismo entre as associações ou entre os radioamadores. Cada associação deve definir as suas propostas ao regulador, baseando-se, por definição, na vontade expressa e exclusiva dos seus sócios, e pela forma que entender.<br>
No entanto, por virtude da discussão pública alargada, é maior a probabilidade de que cada sócio esteja mais bem informado e a par das restantes propostas, e que possa portanto apresentar à sua associação um voto de maior qualidade.<br>
<br>Em conclusão, não só penso que é dever de cada associação relatar a todos os radioamadores toda e qualquer informação relevante que lhe seja facultada pela Anacom, como penso também que poderá ser benéfico para toda a comunidade, incluindo as associações, que todas as propostas sejam discutidas publicamente antes da sua redacção final e consequente submissão à Anacom.<br>
<br>73,<br>António Vilela<br>CT1JHQ<br><br>2010/11/25 José Luís Proença (CT1GZB) &lt;<a href="mailto:ct1gzb@netcabo.pt" target="_blank">ct1gzb@netcabo.pt</a>&gt;<br>&gt;<br>&gt; Tendo em conta as reuniões realizadas com a ANACOM  e a Associações de Radioamadores e, se o conteúdo dessas mesmas reuniões deveriam  ou não ser tornados público ou não, vou dar a minha opinião.<br>