Para os colegas interessados, aqui vai alguma informação, extraída da Revista de Marinha, última edição, a qual  poderá eventualmente tirar dúvidas a quem as tiver.<br><br>

<h1 style="text-align: center;" align="center"><span style="font-size: 20pt;">A
Fragata D. Fernando II e Glória em Cacilhas</span></h1>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Desde 26 de Novembro de 2007 que
a Fragata D. Fernando II e Glória se encontra em doca seca, na doca nº2 da
&quot;Parry &amp; Son&quot; em Cacilhas.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Após mais de doze anos a flutuar
e a sofrer as agruras da impiedosa força do Sol, do vento e da chuva no seu
casco de madeira e demais estruturas, houve naturalmente que a conduzir a local
onde pudesse ser convenientemente reparada.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ao celebrar com a Câmara
Municipal de Almada e com a AGII Atlântico um protocolo, a Marinha de Guerra
Portuguesa encontrou uma solução para uma docagem de longa duração, que
permitirá efectuar uma reparação de fundo no casco e uma melhoria de todo o
aparelho desta histórica &quot;Nau&quot;, ao mesmo tempo que se mantém aberta a
visitas do público interessado. </p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Antes de abordar o momento actual
da Fragata, vejamos como tudo começou:</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Corria o ano de 1821 quando o
Intendente da Real Marinha de Goa e Inspector dos seus Arsenais, Cândido José
Mourão Garcez Palha, propôs a Lisboa, por intermédio do Governo-geral, a
construção de uma Fragata em Damão. </p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Com a natural dificuldade de
comunicações da época só em 1824 se recebeu de sua Majestade o Rei D. João VI,
a autorização para tal empreendimento, ficando-lhe desde logo afectados os
rendimentos do tabaco e outros meios a disponibilizar no ano seguinte.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As razões apontadas para a
construção do navio em tão longínquas paragens assentavam no facto da mão de
obra ali ser mais barata, haver experiência de construção e ainda ao facto
importantíssimo de Damão estar muito perto de Nagar-Aveli e este enclave
possuir uma imensa floresta de Teca, óptima madeira para a construção naval.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sabemos que foram derrubadas mais
de 3.700 árvores para a construção do navio, facto que nos nossos dias seria
impensável, não só pelo custo da madeira mas acima de tudo por questões de
preservação de uma espécie vegetal ameaçada de extinção.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Passando por várias vicissitudes
decorrentes das lutas liberais e consequentes dificuldades politicas e
orçamentais no Reino, a construção deste navio nos estaleiros Reais de Damão
esteve parada por diversas vezes até que numa última arrancada se conseguiu
aprontar e lançar ao mar em 1843. De Damão seguiu em guindolas para Goa onde
recebeu então a sua mastreação e armamento.<br>
Em 2 de Fevereiro de 1845 partiu de Goa para a sua viagem inaugural tendo
chegado ao quadro dos navios de guerra no Tejo em 4 de Julho do mesmo ano.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Navegou durante 33 anos
efectuando numerosas viagens entre Lisboa e os territórios portugueses de
além-mar, transportando todo o género de mercadorias, passageiros, degredados e
respectivas famílias e também dignitários do Estado que iam tomar posse de
lugares da administração pública nos confins do Império ou que dali
regressavam.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em 1889 foi o navio transformado
para servir como Escola de Artilharia. </p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em 1938, depois de ter sido
também prisão para crimes políticos e local de julgamento de crimes dessa
natureza, serviu como Navio Chefe das Forças Navais do Continente.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em 1940 recebe novas adaptações
para ser a sede da Obra Social da Fragata D. Fernando e é nessa situação que se
encontra em 3 de Abril de 1963. </p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Neste desditoso dia, quando se
procedia à soldadura de um tanque de gasóleo sem que fossem observados todos os
preceitos de segurança, deflagra um pavoroso incêndio que lhe consome uma
grande parte do casco e das superstruturas.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A bordo estavam 137 jovens que
aprendiam o ofício de Marinheiro os quais foram todos salvos embora alguns
sofressem pequenas queimaduras e ferimentos ligeiros.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A Obra Social passou depois para
instalações em Setúbal para onde os jovens foram transferidos.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Entre os muitos actos de
abnegação e coragem verificados durante o combate ao incêndio, figura um,
descrito no Diário de Noticias de 4 de Abril, que dá conta da acção
desenvolvida por dois Mestres de rebocadores e por três Bombeiros dos
Voluntários de Almada os quais, vendo que a Bandeira Nacional estava prestes a
ser consumida pelas chamas, se prontificaram para a &quot;salvar&quot;. Assim
num ambiente de incêndio, enquanto os dois Mestres movimentavam a adriça para
arriar a Bandeira, os Bombeiros perfilados e em Continência, indiferentes às
chamas e ao denso fumo que já os envolvia, prestavam a última guarda de honra à
Bandeira que ali drapejava há muitos e muitos anos.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Após o incêndio, a Fragata foi
rebocada para zona onde não perturbasse a navegação no Tejo e permaneceu
adornada sobre Bombordo e meio enterrada no lodo durante cerca de 29 anos. </p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O intuito de muitos Marinheiros
foi desde logo conseguir a sua recuperação mas os crónicos problemas
financeiros e, admitamos, o imenso trabalho que a obra requeria foram
desvanecendo o sonho e enfraquecendo a vontade de quase todos.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><img src="" style="margin: 5px; float: left;" alt="D.FERNANDO-1" width="240" align="left" height="169" hspace="12">O
então Comandante António Andrade e Silva foi no entanto um dos que nunca
esmoreceu. Muitos fins de semana, ao leme do pequeno veleiro &quot;O
Vadio&quot;, herdado de seu pai, conduzia a sua família para junto do que
restava da velha &quot;Nau&quot; e por vezes, ali atracavam, comiam o farnel
preparado para a ocasião e os mais novos escutavam fragmentos da sua história.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O Tiago, com a imaginação fértil
de um garoto de 4 ou 5 anos, tocado pelos elementos históricos relacionados com
o grande veleiro, julgava até já ter chegado à Índia.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="margin-left: 393px; margin-top: 45px; width: 251px; min-height: 28px;">

<table cellpadding="0" cellspacing="0">
 <tbody><tr>
  <td style="background: white none repeat scroll 0% 0%; -moz-background-clip: border; -moz-background-origin: padding; -moz-background-inline-policy: continuous; vertical-align: top;" width="251" bgcolor="white" height="28">

<span>
  <table width="100%" cellpadding="0" cellspacing="0">
   <tbody><tr>
    <td>
    <div style="padding: 3.6pt 7.2pt;">
    <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><span style="font-size: 9pt; color: blue;">Doca nº 2 de Cacilhas - Ex-Parry &amp;
    Son</span></p>
    </div>
    </td>
   </tr>
  </tbody></table>
  </span> </td>
 </tr>
</tbody></table>

</span>Em Outubro de 1990 foi constituída uma Comissão Executiva com
o objectivo de &quot;promover, dinamizar e acompanhar a execução do projecto de
recuperação da fragata D. Fernando&quot;. </p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como Chefe do Estado-maior da
Armada, o Almirante Andrade e Silva, em nome da Marinha assinou em 2 de Outubro
de 1990, a
bordo do N.E. Sagres, um protocolo com a Comissão Nacional para as comemorações
dos Descobrimentos Portugueses tendo em vista a recuperação da Fragata.
Seguiram-se apoios governamentais e foi-se reunindo o suporte financeiro
Mecenático de várias Instituições públicas e privadas e de muitas entidades
particulares.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No dia 20 de Janeiro de 1992,
após uma operação muito trabalhosa, foi arrancado do lodo e posto a flutuar o
casco da D. Fernando o qual, depois de operações difíceis e morosas de limpeza
e selecção de madeiras, haveria de ser colocado, meses depois, a bordo da doca
seca flutuante do Arsenal do Alfeite e rebocado para o cais do porto de Aveiro
onde deu entrada em 01 de Outubro. Vencidos inúmeros obstáculos processuais, os
estaleiros da Ria Marine em Aveiro iniciaram finalmente em 5 de Julho de 1993
os trabalhos de restauro que iriam demorar 5 anos.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em 28 de Abril de 1998 o navio é
reintegrado na Marinha de Guerra Portuguesa como Unidade Auxiliar (UAM 203). </p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por Despacho do CEMA de 12 de
Agosto de 1998 a
&quot;D. Fernando&quot; é atribuída ao Museu de Marinha depois de ter sido
considerada Navio Histórico da Marinha pelo Decreto-Lei nº188/98 de 10 de
Julho.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Durante a sua estadia na EXPO 98 a Fragata foi visitada por
quase 900.000 pessoas, tendo recebido os maiores elogios, marcando de modo
significativo a presença da Marinha naquele certame Internacional.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Após este período de exposição o
navio andou um pouco por todo o lado; esteve na Doca de Marinha, na doca do
Espanhol, no Arsenal do Alfeite e finalmente entrou em 26 de Novembro de 2007
na doca seca onde se encontra.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os problemas de fungos, bactérias
e cogumelos que durante algum tempo o atormentaram estão debelados. Uma vez
instalado um sistema de ventilação do porão não mais se pensou nesses
aborrecidos problemas.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Procede-se no momento às
operações de montagem de aparelho fixo no gurupés e na bujarrona de forma a
permitir a prossecução dos trabalhos de montagem do arvoredo que lhe falta e que
lhe pertence.<br>
Prosseguem os trabalhos de reparação do calafeto do convés e de beneficiação de
Mastaréus e vergas. A ETAR existente a bordo vai ser objecto também de uma
beneficiação. A pintura da borda interior está a ser melhorada, havendo ainda
que contar com a indispensável substituição de todos os oleados que cobrem as
escotilhas do convés. Todo este material tem cerca de 12 anos e dá mostras de
já ter ultrapassado o seu tempo útil de vida.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Desde 1 de Março de 2008 a Fragata-museu recebeu
mais de 31.000 visitantes e recolheu cerca de 50.000 Euros de receitas, sendo
certo que tem recebido muitos visitantes de modo gracioso.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Acredita-se que a missão da
Fragata está a ser cumprida a julgar pelas inúmeras referências elogiosas que
tem ficado averbadas no Livro de Visitantes.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tem sido recebidas igualmente
numerosas provas de carinho por parte da Câmara Municipal de Almada a qual tem
sido incansável para acorrer a todas as solicitações que lhe tem sido colocadas
e daí que estamos certos que o navio se encontra bem em Almada e que aqui
deverá continuar enquanto for essa a vontade das partes interessadas e, fundamentalmente,
enquanto for procurado como destino turístico e cultural.</p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="color: blue;"><span> </span></span></i></p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: maroon;">NOTA do Remetente:</span></i></b></p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="color: blue;">Em 2008, após autorização das autoridades competentes,
o <b>Núcleo de Radioamadores da Armada -
NRA</b>, instalou a bordo – sob sua responsabilidade - uma Estação de Amador <span> </span>com o indicativo então temporário CS8DFG,
tendo em 2009 obtido o permanente CS5DFG.</span></i></p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="color: blue;">Esta estação estará ao longo do ano, aleatoriamente
activa, sendo sempre que possível dado disso público conhecimento. </span></i></p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="color: blue;">Até 2011 o responsável pela estação é o colega
António Gamito – CT1CZT.</span></i></p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="color: blue;"> </span></i></p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="color: blue;">O Navio já não navega. Está ali como museu da
nossa história naval.</span></i></p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="color: blue;">Está aberto a visitas todos os dias excepto à
segunda-feira.</span></i></p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="color: blue;">A entrada carece de um pagamento simbólico de
2 ou três euros;</span></i></p>

<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="color: blue;">O Horário é das 0900 às 1700H</span></i></p>

<i><span style="font-size: 12pt; font-family: &quot;Times New Roman&quot;; color: blue;">Para mais
<span> </span>informações contacte o navio através do
nº: </span><b><span style="font-size: 12pt; font-family: &quot;Times New Roman&quot;; color: maroon;">917 481 149</span></b></i><br><br>Cumprimentos Radionavais a todos<br><br>