Olá Gomes,<br><br>A culpa é vossa que puxaram o assunto, hi.<br><br>Agora a sério, o uso de canções de embalar não é inédito. Quando Edison experimentou pela primeira vez o seu fonógrafo, a primeira gravação que fez foi de um pequeno conto infantil. "Maria tinha um cordeirinho". A gravação desses versos pela da voz do próprio Edison, feita anos mais tarde, anda <a href="http://www.pbs.org/wgbh/amex/edison/sfeature/songs/maryhadlamb.mp3">por aí</a> pela 'net.<br>
<br>73,<br>António Vilela<br>CT1JHQ<br><br><br><div class="gmail_quote">2010/5/16 Gomes <span dir="ltr"><<a href="mailto:ct1hix@sapo.pt">ct1hix@sapo.pt</a>></span><br><blockquote class="gmail_quote" style="margin: 0pt 0pt 0pt 0.8ex; border-left: 1px solid rgb(204, 204, 204); padding-left: 1ex;">
<div bgcolor="#ffffff">
<div><font face="Arial" size="2">Boas</font></div>
<div><font face="Arial" size="2">Fantástico!</font></div>
<div><font face="Arial" size="2">O "conto infantil" é que...!!!???</font></div>
<div><font face="Arial" size="2"></font> </div>
<div><font face="Arial" size="2">73 Gomes CT1HIX</font></div>
<blockquote style="padding-right: 0px; padding-left: 5px; margin-left: 5px; border-left: 2px solid rgb(0, 0, 0); margin-right: 0px;"><div><div></div><div class="h5">
<div style="font: 10pt arial;">----- Original Message ----- </div>
<div style="background: none repeat scroll 0% 0% rgb(228, 228, 228); font: 10pt arial;"><b>From:</b>
<a title="radiophilo@gmail.com" href="mailto:radiophilo@gmail.com" target="_blank">Radiophilo</a> </div>
<div style="font: 10pt arial;"><b>To:</b> <a title="cluster@radio-amador.net" href="mailto:cluster@radio-amador.net" target="_blank">Resumo Noticioso Electrónico ARLA</a>
</div>
<div style="font: 10pt arial;"><b>Sent:</b> Sunday, May 16, 2010 2:34 PM</div>
<div style="font: 10pt arial;"><b>Subject:</b> Re: ARLA/CLUSTER: Quem inventou
a rádio? -As patentes de Landell de Moura</div>
<div><br></div>O transmissor de ondas.<br><br>A patente 771,917 de 11 de
Outubro de 1904 - Transmissor de Ondas, tem realmente algo de substancial: o
interruptor fonético.<br><br>O princípio subjacente a esta invenção é
aparentado àquilo a que poderíamos chamar de detecção de passagem por zero.
Também se lhe pode chamar conversor A/D de 1-bit. Trata-se de um sistema
interruptor que abre ou fecha um contacto em função da amplitude de um sinal
acústico, nomeadamente no instante da sua passagem por zero. Dentro das
limitações electromecânicas do dispositivo, este gera um impulso eléctrico a
cada passagem por zero do sinal acústico incidente, isto é, gera um trem de
impulsos com frequência igual à do sinal acústico. Este impulso eléctrico, na
abertura do contacto, produz uma chispa através de uma bobina de Rumkhorff na
forma clássica, transimitindo assim o sinal à distância. A recepção era feita
por um normal coesor de Branly.<br><br>A imagem anexa dá uma ideia do sinal
gerado pelo interruptor fonético.<br>A curva inferior mostra o sinal analógico
original (neste caso digitalizado a 16 bit) e em cima pode ver-se o sinal a 1
bit. Não sendo exactamente o mesmo que seria gerado na máquina de Landell, é
muito próximo.<br><br>Que o princípio funciona, ninguém duvida. Existem
algumas aplicações relativamente modernas destes princípios, que a maioria de
nós reconhecerá imediatamente.<br>Quem não se lembra das vozes e músicas
digitalizadas que eram reproduzidas pelos altifalantes dos "beepers" dos
primeiros computadores?<br>Uma outra aplicação, talvez mais apropriada, é o
chamado interface Hamcomm (a mais conhecida de muitas versões), baseado num
comparador, muito utilizado nos anos 80 e 90 para adaptar o sinal audio dos
receptores de audio aos interfaces série ou paralelo dos computadores.<br>No
entanto, este processo impõe graves distorções à voz transmitida e embora
possa não comprometer necessariamente a sua inteligibilidade, a fidelidade é
péssima.<br><br>Na patente de Landell de Moura, o próprio reconhece as
limitações do aparelho sendo que devidamente afinado poderá reproduzir
frequências máximas de 500 a 900 Hz. Uma vez que esta banda é claramente
insuficiente para reproduzir capazmente a voz da palavra humana, Landell
preconiza que o operador possa simplesmente articular sons distintos, formando
um código préviamente combinado entre o receptor e o emissor. Segundo o
autor, a vantagem deste sistema é não necessitar de qualquer habilidade manual
especial do operador para telegrafar as suas mensagens, podendo usar a sua voz
para comunicar sem fios.<br><br>Pressente-se assim já em 1903 a preocupação
dos radioamadores lusófonos em tentar escapar aos exames de
telegrafia.<br><br>Na prática, as limitações deste sistema para a transmissão
da voz humana estão em vários dos seus componentes, nomeadamente:<br>- No
interruptor propriamente dito, pela sua inércia mecânica;<br>- Na bobine de
Rumkhorff, pela sua inércia eléctrica.<br>- No detector de Branly, sobretudo
no dispositivo descoesor, mais uma vez pela inércia mecânica.<br><br>É
evidente que o dispositivo é passível de melhoria em todos estes aspectos.
Poderia por exemplo utilizar-se um detector de cristal, ou pelo menos um
electrolítico, que aparentemente Landell não conhecia. Mas a primeira
limitação, como veremos de seguida, parece estar no interruptor fonético e na
sua limitada largura de banda.<br><br>Os clips mp3 seguintes ilustram os
resultados que se teriam podido obter com este sistema.<br>Uma vez que a
capacidade de descodificação de sinais é grandemente melhorada pelo seu
conhecimento prévio, recomendo que se escute primeiro o 3º registo e se tente
compreender o discurso. Ver-se-á que é muito difícil.<br>- O primeiro, <a href="http://radio.arroja.net/landell/16bit.mp3" target="_blank">16bit.mp3</a>,
é um registo analógico com 16 bit e largura de banda normal. É um mero
exemplo, e julgo tratar-se de um conto infantil narrado por um conhecido
actor.<br>- O segundo, <a href="http://radio.arroja.net/landell/1bit.mp3" target="_blank">1bit.mp3</a>, é convertido para 1 bit, portanto similar ao
projecto de Landell, mas mantendo a largura de banda original. Compreende-se
que apesar da voz do artista ter sido muito alterada, quase perdendo o seu
timbre, a inteligibilidade é razoável.<br>- O terceiro, <a href="http://radio.arroja.net/landell/1bit900Hz.mp3" target="_blank">1bit-900Hz.mp3</a>, é agora filtrado a 900 Hz, o que seria a
melhor performance do dispositivo de Landell. Embora se perceba que há ali
alguém a falar, o texto torna-se quase incompreensível. Nestas condições
facilmente se inverte a moral da história, como aliás se veio a
verificar.<br><br>Enquadramento histórico.<br>Por esta altura a radiotelefonia
começava a dar os primeiros passos. Os primeiros sistemas práticos colocados
em utilização eram baseados na onda contínua, obtida quer por arco eléctrico
quer por alternador de RF. São famosas as experiências feitas em 1907 por Lee
de Forest de transmissão radiotelefónica por arco de Poulsen a partir da torre
Eiffel, em Paris.<br>Para as radiocomunicações em geral, a onda contínua
apresentava grandes vantagens porque permitia tirar pleno partido da sintonia,
algo que as ondas amortecidas não ofereciam. Em particular para a telefonia, a
onda contínua era indispensável como suporte capaz de transportar a a
voz humana.<br>A partir dos anos 20, o audion foi sendo gradualmente
introduzido como elemento activo em circuitos geradores de RF, suplantando a
prazo o arco eléctrico.<br>Não disponho de indícios de que o princípio
transmissor de Landell tenha tido alguma aplicação prática.<br><br>Não conheço
o impacto que os trabalhos de Landell possam ter tido nas américas. Aqui pela
Europa, Albert Turpain resumia numa obra editada em 1908 os dispositivos até
então conhecidos para transmissão radiotelefónica. Entre estes, aparece um
esquema similar ao de Landell, embora sem detalhes que permitam uma comparação
rigorosa. Esta montagem é referida como tendo sido usada por Guillen Garcia,
um conhecido radioamador catalão, para transmitir a palavra à distância. Para
além do diagrama da instalação, não são fornecidos outros detalhes.<br>Turpain
era um académico. Suponho que terá incluido esta descrição mais pelo seu
espírito metódico, uma vez que incorporava um método singular de transmissão
da voz humana, do que pelo interesse prático na aplicação. É, aliás,
apresentado quase a título de curiosidade.<br><br>A partir dos anos 20, toda a
bibliografia de que disponho refere apenas a telefonia por CW, nomeadamente o
arco eléctrico, o alternador e, é claro, a válvula
termoiónica.<br><br>Cumprimentos,<br>António Vilela<br>CT1JHQ<br>
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