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<BODY>
<DIV dir=ltr align=left><SPAN class=646441416-19042010><FONT face=Verdana>Caro
colega António Vilela, CT1JHQ<BR></FONT></SPAN></DIV>
<DIV dir=ltr align=left><SPAN class=646441416-19042010><FONT
face=Verdana>Excelente artigo com uma minuciosa compilação e que
deveria ser publicado numa revista.</FONT></SPAN></DIV>
<DIV dir=ltr align=left><SPAN class=646441416-19042010><FONT
face=Verdana></FONT></SPAN> </DIV>
<DIV dir=ltr align=left><SPAN class=646441416-19042010><FONT face=Verdana>João
Costa, CT1FBF</FONT></SPAN></DIV><BR>
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<HR tabIndex=-1>
<FONT face=Tahoma size=2><B>De:</B> cluster-bounces@radio-amador.net
[mailto:cluster-bounces@radio-amador.net] <B>Em nome de
</B>Radiophilo<BR><B>Enviada:</B> sábado, 17 de Abril de 2010
12:18<BR><B>Para:</B> Resumo Noticioso Electrónico ARLA<BR><B>Assunto:</B>
ARLA/CLUSTER: Rádio Natural – Uma modalidade com
pergaminhos<BR></FONT><BR></DIV>
<DIV></DIV>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Chama-se
vulgarmente rádio natural ao conjunto de perturbações radioeléctricas que têm
origem em fenómenos da natureza, ou seja, não produzidas pelo homem. São
exemplos disso os sinais gerados pelas </FONT><FONT
face="Verdana, sans-serif">trovoadas, </FONT><FONT
face="Verdana, sans-serif">auroras boreais, meteoritos, ressonâncias de
Schumann, entre outros fenómenos da natureza. Muitos destes sinais têm origem
terrestre mas existem também outros de origem extraterrestre, como por exemplo a
famosa radiação de Júpiter.<BR></FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Muitos amadores
se dedicam à recepção destes sinais recorrendo para isso a receptores especiais,
capazes de sintonizar frequências extremamente baixas até ao domínio das
audiofrequências. Embora haja diversos motivos pelos quais alguém se possa
dedicar à escuta destes sinais, é comum referir-se que alguns deles são de
grande beleza musical.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Uma das
dificuldades desta escuta está associada à poluição electromagnética causada
pelas redes de distribuição eléctrica, que espalham a grandes distâncias e com
grande intensidade campos eléctricos de 50 (ou 60) Hz, aos quais se somam
múltiplas harmónicas espalhadas ao longo da gama audível, o que leva estes
amadores a procurarem zonas desertas afastadas da civilização para poderem ouvir
os débeis sinais da natureza.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Naquilo que foi
possivelmente a primeira actividade de recepção de sinais radioeléctricos, a
detecção de trovoadas feita por Popoff, este terá realizado o primeiro receptor
de rádio que se conhece. Foi também no decurso destas experiências</FONT><FONT
face="Verdana, sans-serif"> que Popoff inventa e realiza a primeira antena. Esta
foi seguramente a primeira actividade de recepção de rádio natural de que há
registo.<BR></FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Para as suas
experiências Popoff utilizou o coesor</FONT><FONT face="Verdana, sans-serif">, o
primeiro detector de ondas radioeléctricas com sensibilidade suficiente para
poder ter aplicações práticas, inventado algum tempo antes por
Branly.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Ambos estes
elementos, coesor e antena, juntamente com a bobine de Ruhmkorff são vitais ao
início das experiências de transmissão e recepção de sinais à distância
empreendidas por Marconi no final do séc. XIX.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">A rádio natural
nasceu assim nos finais do século XIX antes dos sucessos de Marconi e antes da
TSF propriamente dita, e pode com toda a propriedade dizer-se que é uma
modalidade com pergaminhos, e precursora das radiocomunicações.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Como seria de
esperar, a rádio natural não acaba com as experiências de Popoff e volta a dar
que falar alguns anos mais tarde. Para além das experiências de Turpain, um
outro académico francês, cabe porventura a Franck Duroquier, um radioamador
influente em França no 1º quartel do séc. XX, a honra de fazer e reportar ao
grande público as primeiras experiências da rádio natural utilizando detectores
de semicondutor, neste caso um detector de cristal da sua própria construção.
Note-se que o coesor de Branly não possuia a capacidade de detectar variações de
amplitude dos sinais recebidos. Ele apenas passava do estado isolante ao estado
condutor quando exposto a radiofrequência, facto que levou Branly a apelidá-lo
de "radiocondutor".<BR></FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif"></FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Uma das
aplicações actuais da rádio natural é o chamado “stormscope” ou detector de
trovoadas, que existe a bordo de algumas aeronaves. É descendente do dispositivo
de Popoff e encontra-se normalmente associado ao radar meteorológico. Junto com
este, mostra num ecran um mapa meteorológico completo com tempestades e
trovoadas, contribuindo assim para um aumento da segurança da circulação
aérea.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">O artigo a seguir
reproduzido em tradução livre para Português, foi publicado por Franck Duroquier
na revista La Nature nº 2075 de 1 de Março de 1913. É um testemunho comovente
dos primeiros anos da exploração da radioelectricidade, feita em grande medida
por amadores.<BR></FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif"></FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in">“<FONT face="Verdana, sans-serif">A TELEGRAFIA SEM
FIO E A PREVISÂO DO TEMPO</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Qualquer
perturbação meteorológica é invariavelmente acompanhada por uma perturbação
eléctrica, susceptível de ser assinalada desde o seu início, e num raio muito
alargado, pelos receptores hertzianos sensíveis às ondas parasitas que nascem do
choque tempestuoso das vagas atmosféricas. Assim, uma das vantagens inesperadas
da telegrafia sem fios é prestar-se ao estudo do estado eléctrico da atmosfera e
fornecer informações úteis para a previsão do tempo.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Até agora, a
contribuição da nova ciência tem-se limitado ao registo das trovoadas.
Dispositivos de campainha eléctrica ou dispositivos registadores, baseados em
coesores ou em detectores electrolíticos, funcionam na maior parte dos
observatórios; cada deflagração de trovoada, ao agir à distância sobre estes
aparelhos, revela-se por uma chamada sonora ou por uma deformação brusca da
curva do gráfico de registo.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">As informações
que podem fornecer tais sistemas não são sem valor; parecem-nos no entanto, por
motivo do carácter uniforme da sua manifestação, de uma utilidade muito
limitada. Por outro lado, o emprego de um sinal sonoro ou de um registador
gráfico exige, além de um ajuste delicado e complicado, a excitação de ondas
potentes que restringe a uma sessentena de quilómetros o campo das observações
meteoro-estáticas; consequentemente, o tempo de antecipação dos fenómenos
anunciados é muito curto e pouco susceptível de ser aproveitado.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Um método de
observação muito mais simples, mas de todo sério, é o método de escuta
telefónica no qual até agora pouco se pensou e que pode fornecer, num raio de
investigação imenso, informações inestimáveis.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Estudámos
regularmente desta forma, ao longo de todo um ano, no nosso posto de experiência
de Anché (Indre-et-Loire), os parasitas atmosféricos e impressionámo-nos pela
variedade destes parasitas bem como pelo carácter específico de que se revestem
de acordo com a natureza dos fenómenos atmosféricos que acompanham ou
precedem.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">A trovoada, o
frio, a chuva, a tempestade anunciam-se nos receptores telefónicos de um posto
de T.S.F. por sinais característicos fáceis de reconhecer.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Estalidos
violentos são o indicador de uma trovoada vizinha que se aproxima se os
estalidos se fizerem cada vez mais frequentes, que se afasta, pelo contrário, se
ficarem mais espaçados ou se enfraquecerem.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Uma forte nuvem
de granizo que passa perto da antena provoca nos auscultadores um ligeiro
assobio induzido pela sucessão rápida das descargas entre as pedras electrizadas
que se entrechocam. Quando a antena ligada a um pente pára-raios deixa escapar
das pontas deste pente pequenas faíscas brancas e ruidosas, é também o indicador
de um tempo favorável ao granizo.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Uma redução da
temperatura, uma geada primaveril, são habitualmente precedidas de estalos
secos, espaçados, bastante fracos.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Se o vento mudar,
os parasitas são de pequenos comprimentos de onda e parecem contas desfiadas de
um rosário.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Numerosas
crepitações, às quais se misturam, a cada momento e bastante regularmente,
estalidos fortes e esfuziantes, precedem as grandes depressões barométricas e
anunciam a tempestade.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">A aproximação da
chuva, da neve ou do nevoeiro, melhorando a condutibilidade do ar e o solo,
favorece as comunicações radiotelegráficas; o frio e a seca pelo contrário
comprometem-nas.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Em noites muito
calmas escutámos débeis parasitas cujo som recordava o choque cristalino de uma
gota de água que cai no fundo de um poço; ouvimos outros cujo sopro apenas
perceptível imitava um batimento de asas e outros que se assinalavam por um
batimento breve e surdo no auscultador telefónico….</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Existem parasitas
de todas as intensidades, todos os tipos, todos os comprimentos de onda como
existe uma infinidade de fenómenos meteorológicos. Os mais interessantes de
conhecer não são, vê-se, os assinalados pelos coesores, mas aqueles claramente
caracterizados que revelam os detectores sensíveis. Descobrimos com o nosso
detector de cristais F.D múltiplas variedades curiosas impossíveis de
surpreender com o melhor electrolítico.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Seria sem dúvida
temerário estabelecer sobre os nossos dados solitários uma tabela de previsão do
tempo, mas persuadimo-nos que o estudo continuado das perturbações eléctricas da
atmosfera conduziria à uma meteorologia previdente e que prognósticos certeiros
poderiam ser tirados de observações gerais judiciosamente ordenadas. O Estado,
que favoreceu para o maior beneficio da agricultura do comércio e da navegação o
estabelecimento de estações meteorológicas, não deverá desinteressar-se de
organizar em breve nestes estabelecimentos um serviço de estudos aerológicos que
utilizem a T.S.F. (1).</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">O material
necessário seria pouco dispendioso e sempre fácil de instalar; o método de
observações poderia ser muito simples e o serviço das estações não seria
minimamente sobrecarregado.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Cada observatório
deveria ser dotado de um pequeno posto receptor de T.S.F. utilizando com um
detector muito sensível uma montagem em directo e uma montagem
indutiva.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">O colector de
ondas é constituído por uma grelha orientada feita de três fios de cobre
estanhado de vinte décimos de diâmetro, distantes de 1 m. 50, colocados à 12 ou
15 m. de altura.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Estes dados não
são absolutos; mas múltiplos ensaios comparativos demonstraram-nos que eram os
mais favoráveis; uma antena mais pequena não tem um raio de acção suficiente
para previsões a longo prazo, uma antena maior recolhe demasiado copiosamente os
parasitas; quanto à questão da orientação, é capital, porque importa que os
parasitas se diferenciem pela sua eficácia segundo a sua direcção de
origem.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">As observações
são feitas vantajosamente três vezes por dia: a manhã às 6 horas e às 11 horas,
e a noite às 9 horas.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Elas
incluiriam:</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">a) Utilização da
montagem em directo: 1° sobre o estado eléctrico da atmosfera (calmo ou
perturbado); 2º sobre o carácter específico das ondas parasitas (fortes, fracas,
curtas, esfuziantes, crepitantes, isoladas, agrupadas, etc., etc.).</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">b) Utilização da
montagem indutiva: 1° sobre o comprimento de onda dos parasitas mais numerosos;
2º sobre o valor da recepção das emissões radiotelegráficas e particularmente as
emissões ditas “musicais”. Esta observação, sempre possível à noite, visaria de
preferência uma emissão fraca bastante familiar.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Não duvidamos que
em aproximando os registos destas diversas observações dos boletins
meteorológicos comuns, não se perceba desde logo uma relação estreita entre uns
e outros, relação de causa e efeito, de acordo com a qual se poderá elaborar uma
nova ciência muito precisa da previsão do tempo.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">O Estado não
pensará que uma experiência tão simples, mas recheada talvez de vantagens
inapreciáveis, merece ser tentada? <BR></FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Franck
Duroquier.</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">1. As Escolas
normais de mestres-escola onde funciona já um serviço meteorológico muito bem
compreendido , parecem-nos muito talhadas para experimentar o novo método. -
F.D.”</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif">Mais informações,
detalhe e projectos sobre rádio natural podem ser encontrados em várias páginas
espalhadas pela internet, entre as quais:</FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif"><A
href="http://www.altair.org/natradio.html" target=_blank>Altair's Natural Radio
Projects</A></FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><FONT face="Verdana, sans-serif"><A
href="http://www.auroralchorus.com/" target=_blank>Natural VLF Radio - Sounds of
Space Weather - The Music of the Magnetosphere</A></FONT></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><A href="http://www.vlf.it/" target=_blank><FONT
face="Verdana, sans-serif">RADIO WAVES below 22 kHz</FONT></A></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><A href="http://abelian.org/vlf/"
target=_blank><FONT face="Verdana, sans-serif">Live VLF Natural
Radio</FONT></A></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><A
href="http://spaceweather.com/glossary/inspire.html" target=_blank><FONT
face="Verdana, sans-serif">NASA online VLF receiver:</FONT></A></P>
<P style="MARGIN-BOTTOM: 0in"><BR></P><FONT
face="Verdana, sans-serif">Cumprimentos,<BR>António
Vilela<BR>CT1JHQ<BR></FONT></BODY></HTML>