Cumprimentos a todos os estimados colegas utilizadores do ARLA/Cluster, bem como das faixas hertzianas. <br>Antes de mais quero publicamente agradecer as amigáveis e calorosas palavras de força dirigidas por colegas e Associações à minha pessoa aquando da passagem de uma fase menos boa de saúde. <br>
Um grande obrigado.<br>Caros colegas, apesar de aparentemente ter desaparecido do convívio amigável e técnico do mundo radioamadoristico, tal aparência não se coaduna com a realidade, mas sim e apenas de uma tomada de posição em prol da verdade do radioamadorismo, como por exemplo a dos resultados dos concursos ( Concursos com vencedores antecipados e que garantem à partida uma posição de relevo em relação às Associações congéneres e/ou pior ainda que ajudam em interesses pessoais de imagem e capacidades para fins de subida na vida laboral), só por isto me tornei num radioamador silencioso, mas sempre sedento no conhecimento e desenvolvimento das radiocomunicações.<br>
Espero pelo dia em que o fim desse protagonismo individual e/ou Associativo dê lugar ao usufruto conjunto de uma área fundamental no desenvolvimento do futuro, em que sempre somos os pioneiros mas que quando chegados à fase do desenvolvimento e aplicação no terreno, logo somos espezinhados pelos potentes grupos monetários (empresas) mostrando e lucrando com tudo o que vamos aprendendo e desenvolvendo no mundo das comunicações em colaboração com outros radioamadores nacionais e internacionais, amadores e profissionais, e que sempre vemos ser retirado dos nossos berços sem qualquer proveito ou reconhecimento público dele retirar.<br>
Esta é a segunda vez que me dirijo a vós através do ARLA/Cluster, da primeira para destapar o tema já atrás referido, agora para um pedido de refleção de todos vós sobre uma noticia anteriormente divulgada por outros colegas, mas que aparentemente passou ao lado deste ponto de encontro, acerca da noticia da dependência de meios telefónicos por parte dos agentes da ANPC.<br>
Sendo um fiel leitor do A/C, tenho noção da posição quase que generalizada dos radioamadores para com a ANPC, mas eis que, no meu ponto de vista, surgiu a oportunidade de podermos levemente dar um "tau-tau" de luva branca àqueles que teimosamente, além dos interesses monetarios, creem ou querem fazer crer os poderosos do estado, que teem ou pensam terem adquirido ao longo dos tempos a galinha dos ovos de ouro no que diz respeito às comunicações de emergência autonomas, fiáveis e seguras, sem terem de se preocupar em algum dia virem a precisar, ou quem sabe trabalhar sempre em conjunto, com (como uma vez já ouvi sair da boca de um alto cargo da ANPC "...quem? Esses gajos dos walkietalk..."), como dizia vir a trabalhar com os radioamadores.<br>
Pergunto: mas afinal quem são os amadores e os "profissionais"?<br>Não me querendo alongar mais na apresentação desta tese, apenas vou abaixo transcrever um email que recebi de um nosso colega e que talvez coloque a questão de uma forma mais politicamente correcta em alguns aspectos, e que me parece de todo o interesse partilhar convosco.<br>
Desde já vos peço desculpa por este testamento, mas volto a dizer que não deveriamos perder esta oportunidade de marcar a nossa posição para com o sucedido, apelo pois ás Associaçoes que nos representem nesta posição de critica construtiva,<br>
Os erros existem para isso mesmo, para reconhecer e admitir que há mais soluções, mesmo que aparentemente banais ou de terceiro mundo.<br>73´s, cumprimentos deste vosso colega radioamador silencioso.<br>ARTUR CORREIA - CT2GPU<br>
<br><b><u>Transcrevendo</u></b>: <br><br><span style="color: rgb(51, 51, 255);">Tenho ao longo de muitos anos criticado a forma como o sistema de
proteção civil se dotou de recursos de radiocomunicações, tendo mesmo
chegado a afirmar que era o cúmulo da ignorância em proteção civil, a
recorrente aquisição de sistemas desconexos e incompatíveis, que faziam
de bons sistemas, sistemas tidos por obsoletos, quando na realidade são
eficientes. Porém os portugueses sabem hoje que por de trás destas
operações estão "negociatas" e que a mudança de sistema raramente se
prende com a argumentação apresentada, mas sim com aquela que o grupo
interessado no negócio vende ao adquirente e ao país.</span><br style="color: rgb(51, 51, 255);">
<br style="color: rgb(51, 51, 255);"><span style="color: rgb(51, 51, 255);">
O sistema TETRA da MOTOROLA que constitui o SIRESP, não é mais de que
um telefone celular profissional. Tal como um telefone celular este
equipamento "SIRESP" pode conectar-se à internet, pode ser programado
on-line, pode estabelecer comunicações de grupo, e disponibiliza
ligeiramente mais potência de áudio que um telefone celular comum, o
que mesmo assim se revela insuficiente para os agentes de proteção
civil a operar no terreno. Tal como um telefone celular o rádio
"SIRESP" conecta-se a uma estação retransmissora, que por sua vez está
interligada por linha telefónica da PT a outra estação retransmissora,
ou seja em caso de abalo sísmico será uma das primeiras redes a deixar
de funcionar, visto que as redes da VODAFONE, OPTIMUS, e TMN, possuem
algumas redundâncias rádio, bem como baterias na fonte de alimentação
que suportam o sistema a funcionar durante algumas horas em caso de
falha de energia.</span><br style="color: rgb(51, 51, 255);">
<br style="color: rgb(51, 51, 255);"><span style="color: rgb(51, 51, 255);">
No caso de agentes de proteção civil como os Bombeiros, Cruz Vermelha
Portuguesa, a hoje Autoridade Nacional de Proteção Civil, Forças
Policiais e outras, o curso histórico das radiocomunicações ficou
marcado por diversas incongruências que em muito condicionam a
proficiência dos sistemas. Todos estes agentes começaram por usar a
célebre banda do cidadão (C.B.) tendo posteriormente uns evoluído para
a banda alta de VHF, outros para a banda média de VHF, outros para a
banda baixa de VHF e por fim outros para UHF, ou seja cada um para uma
banda o que impossibilitava a ligação entre si e forçava então a que a
ligação fosse feita com recursos à rede fixa da então Companhia de
Telefones de Lisboa e Porto (T.L.P.) entre outras. Com o aparecimento
da telefonia celular em Portugal na década de noventa esta ligação
entre agentes passou a ser efetuada por "telemóvel", face às limitações
dos sistemas de cada agente decorrentes de falta de manutenção ou
evolução na dimensão dos sistemas por forma a suprir as necessidades de
ampliação decorrentes do aumento de tráfego, no entanto é preciso dizer
ao país que estas redes sempre estiveram subaproveitadas, por causa de
receios decorrentes de condicionamentos regulamentares quanto ao seu
uso. Assim e já no final da década de noventa, alguns agentes iludidos
por uma falsa privacidade, e cobertura anunciada pelos operadores de
Trunking, adquiriram terminais de ligação a esta rede móvel de recursos
partilhados que tal como o SIRESP não serve as necessidades dos agentes
de proteção civil, porque não dispõe de prioridade, porque a cobertura
é limitada, e porque não garante os modos de operação próprios de uma
rede de emergência.</span><br style="color: rgb(51, 51, 255);"><span style="color: rgb(51, 51, 255);">
Alheios às potencialidades do sistema convencional (porque assim
interessava aos operadores privados de comunicações publicas) os
agentes de proteção civil foram então procurando soluções alternativas
sob a ilusão de que estavam a rumar em direção ao avanço tecnológico,
quando de facto a tecnologia era a mesma mas com funcionalidades
diferentes e diferentes opções.</span><br style="color: rgb(51, 51, 255);">
<br style="color: rgb(51, 51, 255);"><span style="color: rgb(51, 51, 255);">
Outro aspeto a considerar é que com exceção da ligação à internet, os
sistemas utilizados nas diversas bandas do espetro radioelétrico também
disponibiliza todas as outras funções que o SIRESP disponibiliza,
incluindo a multi-operabilidade por multiplexagem do canal e aqui
estamos já a falar de redes digitais nas bandas anteriormente usadas e
que alguém considera estarem superlotadas, o que é falso, pois a
superlotação das bandas deixou de existir quando os operadores das
redes de telefonia celular passaram no inicio desta década a oferecer
produtos e serviços acessíveis a qualquer empresa ou particular.
Podemos ainda dizer que a atual rede de proteção civil em banda alta
tem um aproveitamento de cerca de 20%, decorrente da incapacidade da
ANPC gerir adequadamente a rede pela via da formação dos agentes
interlocutores.</span><br style="color: rgb(51, 51, 255);">
<br style="color: rgb(51, 51, 255);"><span style="color: rgb(51, 51, 255);">
Outra das lacunas das radiocomunicações em em especial no que respeita
à intervenção em graves acidentes ou mesmo numa catástrofe é o facto
dos diferentes agentes falarem "línguas" diferentes. Em meu entender a
solução passa por criar organismos especializados na formação em
radiocomunicações, com programas de formação aprovados pelos diferentes
ministérios da tutela e que comportem especialistas das áreas: militar,
aeronáutica civil, marinha, e proteção civil. Desta forma podem ser
estabelecidos programas de formação que visem preparar os formandos
para a interoperabilidade das redes, para que num qualquer teatro de
operações todos os agentes independentemente das fardas que envergam,
se compreendam, deixando assim de co-existir a barreira linguística
operativa.</span><br style="color: rgb(51, 51, 255);">
<br style="color: rgb(51, 51, 255);"><span style="color: rgb(51, 51, 255);">
Em suma e em meu entender a solução ideal passaria por devolver à
Sociedade Lusa de Negócios o sistema TETRA, sob a alegação de
ineficiência, qualidade de áudio deplorável e inaplicabilidade para
emergência e catástrofe. De seguida com a verba arrecadada o estado
português complementaria a rede de banda alta de VHF a ser distribuída
e interligada com outras redes de outros agentes, conferindo à rede
características próprias da necessidade de cada agente nas suas
comunicações internas, e de que é exemplo a necessidade de
confidencialidade, bem como poria a funcionar a funcionalidade de
transmissão de dados que embora exista na maioria dos equipamentos
convencionais, nunca foi convenientemente explorada, ou seja a sua
exploração nunca ultrapassou 4% das suas verdadeiras potencialidades
Paralelamente e reconhecendo a necessidade de por um lado existir uma
rede estratégica e por outro uma rede de catástrofe, seriam
distribuídos a todos os agentes de proteção civil e entidades com fins
de apoio à emergência, segurança, socorro, e solidariedade,
equipamentos de HF (High Frequency) também conhecidos por "equipamentos
de onda curta" para que caso tudo falhe (incluindo os satélites) a
capacidade de comunicação está assegurada ao nível estratégico, tático,
e até de informação. Complementarmente como rede de recurso e não como
rede prioritária, uma rede de telefones de satélite, sabendo-se que em
caso de incidente continental ou global este sistema está condicionado
à vontade política dos países detentores das constelações de satélites.</span><br style="color: rgb(51, 51, 255);">
<br style="color: rgb(51, 51, 255);"><span style="color: rgb(51, 51, 255);">
Para terminar gostaria de denunciar o facto de em Portugal existirem
dois especialistas em radiocomunicações internacionais de emergência e
catástrofe, porém apesar destes serem reconhecidos internacionalmente,
e como tal e outros países aproveitarem o seu saber, a ANPC ou o
Governo nunca os chamou a dar a sua opinião sobre sistemas de
comunicação, em minha convicção porque o que está em causa são outros
valores que não os da eficiência dos sistemas e defesa dos interesses
do povo português.</span><br style="color: rgb(51, 51, 255);">
<br style="color: rgb(51, 51, 255);"><span style="color: rgb(51, 51, 255);">
Senhor Presidente da ANPC, Senhoras e Senhores Governantes: De nada
adianta a um país da nossa dimensão possuir uma rede digital
multiplexada que aumenta o número de vias de comunicação, quando a
capacidade de recursos humanos para receção nas centrais de emergência
e despacho ficam aquém das vias de comunicação possíveis de
disponibilizar numa rede convencional, reforçada com aplicações de
transmissão de dados. Temos hoje equipamentos capazes de assegurar
simultaneamente a fonia em modo convencional e a transmissão de dados
(grafia) em modo digital. TETRA não é solução é negociata, ter o TETRA
ou o Telemóvel no SIRESP é o mesmo e no caso do segundo a rede garante
melhor qualidade de áudio e melhor cobertura podendo semente servir de
rede auxiliar de recurso.</span><br style="color: rgb(51, 51, 255);">
<br style="color: rgb(51, 51, 255);"><span style="color: rgb(51, 51, 255);">
Aparte: Provavelmente estranhou o texto, a forma aparentemente errática
como foi redigído, pois foi revisto de acordo com o novo acordo
ortográfico aprovado pela Assembleia da Républica.</span><br style="color: rgb(51, 51, 255);">
<br style="color: rgb(51, 51, 255);"><span style="color: rgb(51, 51, 255);">
Cumprimentos,</span>
<br style="color: rgb(51, 51, 255);"><span style="color: rgb(51, 51, 255);">
João - CT1 EBZ</span><br>
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