Mourato,<br><br>Obrigado pelos seus comentários. Vêm introduzir novos temas na conversa, que me parecem interessantes de discutir.<br><br><div class="gmail_quote">2008/6/28 Carlos Mourato &lt;<a href="mailto:radiofarol@gmail.com" target="_blank">radiofarol@gmail.com</a>&gt;:<br>


<div>&nbsp;</div><blockquote class="gmail_quote" style="border-left: 1px solid rgb(204, 204, 204); margin: 0pt 0pt 0pt 0.8ex; padding-left: 1ex;"><div class="gmail_quote"><div><span style="color: rgb(0, 0, 102);">Quanto a mim, SSTV é informação a ser transmitida e nada mais que isso!...Tons de audio! tons multifrequencia e&nbsp; nada têm a ver com uma emissão digital. o Modo de transmissão é praticamente sempre SSB. (amplitude modulada, de banda lateral unica, com portadora suprimida.). No entando nada impede de usar outros MODOS como sejam AM ou FM. Não conheço SSTV em OFDM, QAM, PSK FSK, GMSK, ou outros modos digitais.</span><br>




</div><div><div></div></div></div></blockquote><div><br>Vamos por partes.<br><br>Quanto à diferença entre modos digitais e analógicos, eu vejo-a da seguinte forma:<br>Uma
portadora pode ser usada para transmitir informação por variação
de qualquer dos&nbsp; 3 parâmetros que a definem: amplitude, frequência e
fase. Se o sinal modulante for analógico podendo o parâmetro modulado variar
de forma contínua, então temos os 3 modos analógicos básicos, AM, FM e PM. Se a
informação a enviar for digital (discreta) então temos os 3 modos
digitais básicos, ASK, FSK e PSK.<br>
No ASK a portadora emitida apenas pode tomar valores de amplitude
discretos e definidos. O exemplo mais famoso de ASK (na sua variante
binária) é a radiotelegrafia (também conhecida por Morse ou CW), em que
a amplitude da portadora pode bascular entre zero e a potência máxima.<br><br>No
FSK, é a frequência da portadora que pode assumir apenas alguns valores
discretos. Um exemplo clássico do FSK binário é o RTTY.<br>

<br>Só para ser completo, também o PSK é um modo digital no qual a portadora apenas assume alguns valores de fase. Um exemplo no caso binário: o PSK-31.<br><br>Quanto ao SSB, este é um caso particular de QAM. Senão vejamos:<br>
O QAM é uma modulação analógica em que duas portadoras com a mesma frequência e desfasadas de 90º (ditas em quadratura) são moduladas por sinais independentes, sendo depois misturadas e emitidas.. Aos sinais modulantes chamamos I e Q, do inglês &quot;In-phase&quot; e &quot;Quadrature&quot; sendo que o primeiro modula a portadora atrasada e o outro modula a portadora avançada.<br>


O QAM tem a particularidade de &quot;combinar&quot; dois sinais na mesma frequência, ou seja enviar o dobro da informação na mesma largura de banda. Como as portadoras são ortogonais, conseguem-se decompor sem ambiguidade e recuperar assim as componentes I e Q.<br>


O QAM é usado, por exemplo, nos sistemas de FSTV PAL e NTSC para a
modulação da subportadora de cor. Os mais antigos recordar-se-ão ainda
de umas tentativas de realizar transmissões radiofónicas AM estéreo em
Ondas Médias, já lá vão talvez uns 30 anos. O método usado era o QAM.<br>
Só para complementar, tal como o QAM está para o AM, também o QASK está para o ASK. O QASK (Quadrature Amplitude Shift Keying) é
um modo digital famosíssimo e muito utilizado, e é na verdade mais conhecido por QAM :-)<br><br>O SSB &quot;ideal&quot; é uma caso particular do QAM em que os sinais modulantes (I e Q) estão também desfadasos entre si 90º. Sem entrar em grandes detalhes, dependendo da fase relativa dos sinais I e Q (qual deles está avançado ou atrasado de 90º) assim uma das bandas laterais ou outra é suprimida. Chama-se a este o método de Weaver e é um método modernamente usado nos transceptores SDR.<br>


Usa-se tradicionalmente um outro método que recorre à produção de um sinal DSB, usando um modulador balanceado, do qual resultam duas bandas laterais com portadora suprimida, filtrando-se depois uma das bandas laterais. Este método, durante anos o melhor que se conseguia na prática, é na verdade eficaz mas imperfeito.<br>


<br>O SSB tem uma particularidade interessante (no caso do USB) que consiste em efectuar uma translação do sinal modulante (chamado banda base) para a frequência da portadora. No caso do LSB é a mesma coisa mas exactamente ao contrário, isto é, o espectro além de transladado é também invertido. Isto confere ao SSB uma capacidade  interessantíssima que é a de produzir sinais AM, FM, PM, ASK, FSK e PSK desde que estes estejam assim formados na banda base. É por isso que esta posição dos selectores de modo dos nossos transceptores é utilizada para emitir FSK e PSK, por exemplo RTTY e PSK-31. Como&nbsp; o Mourato dizia e muito bem: &quot;<span style="color: rgb(0, 0, 102);">O que vem escrito nos transceptores pouco significado tem&quot;</span> <br>


<br>Voltando agora ao SSTV, o sinal na banda base é modulado em frequência, isto é, a cada nível de intensidade luminosa (video) corresponde uma frequência de audio. Se a transmissão for feita recorrendo ao SSB, então a emissão de SSTV será feita em FM. (nota: o resultado seria equivalente se o sinal de vídeo fosse aplicado directamente a um emissor de FM.) <br>
Para aqueles modos de SSTV em que, mesmo sendo &quot;analógicos&quot;, o sinal de video é digitalizado (amostrado e quantizado), então o modo de emissão correspondente é o FSK. Apenas alguns valores discretos de frequência são emitidos, com comutações a intervalos regulares.<br>
<br>Dito isto, os argumentos do Paulo fazem-me todo o sentido e merecem reflexão:<br>1. Mesmo digitalizado, o sinal continua a ser enviado de forma compatível com o modo analógico, e não se tira partido algum da sua codificação binária. Aliás, pode até dizer-se que essa codificação nem se faz.<br>
<br>Por outro lado, uma vez que a transmissão é digital, nada impede que se faça a sua análise sob esse prisma e se encontrem mecanismos de tirar partido disso, por exemplo, poderiam calcular-se vectores de redundância a ser emitidos após a imagem e usados à posteriori para corrigir erros de recepção. Ou usar um método de integração durante a o período de um dígito para reduzir a probabilidade de erro de decisão. Ou ainda usar um método de extracção da frequência de relógio para reduzir o erro de sincronismo.<br>
<br>2. Os modos ditos de &quot;SSTV digital&quot; já não são SSTV porque estão já distantes do fenómeno básico de varrimento lento de uma câmara de vídeo.<br><br>Aqui suponho que se pudessem desenvolver métodos de codificação que mantivessem o sincronismo com o varrimento lento. Sendo a fonte de informação uma câmara com varrimento lento (ou outro processo equivalente) e o resultado uma imagem produzida à mesma velocidade num monitor de vídeo, não vejo que não se pudesse inventar um modo de emissão&nbsp; &quot;verdadeiramente&quot; digital.<br>
<br></div></div>Tenho alguma esperança de ter sido completo, sem ser maçador.<br><br>73, <br>António Vilela<br>CT1JHQ<br>