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<p><font face="Comic Sans MS" color="blue" size="2"><span style="FONT-SIZE: 11pt; COLOR: blue">Para meditar… li o livro citado e fiquei deveras preocupado… pelos vistos a actual escalada de preços do petróleo, veio para ficar…
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<p><font face="Comic Sans MS" color="blue" size="2"><span style="FONT-SIZE: 11pt; COLOR: blue"> Embora este tema não esteja directamente relacionado com telecomunicações, está-o com as energias alternativas de que necessitamos urgentemente !!!
</span></font></p><font face="Comic Sans MS" color="blue" size="2"><span style="FONT-SIZE: 11pt; COLOR: blue">
<p><font face="arial,sans-serif" color="#000000" size="4">O petróleo é um recurso crucial; é fácil de transportar e de ser conservado sem se degradar; pode ser bombeado através de condutas; pode ser refinado para dar origem a outros tipos de combustível (gasolina, gasóleo, querosene, petróleo, combustível de aviação, etc.); armazena uma quantidade enorme de energia; está na base de quase todas as comodidades e vantagens da nossa vida, graças ao seu abastecimento fiável e barato, até inclusivamente, para a obtenção de formas alternativas de energia, nomeadamente a nuclear. Mal grado esta enorme dependência pensa-se pouco na situação; geralmente, apenas quando há crises petrolíferas e os preços sobem.
<br>A indústria petrolífera moderna é relativamente recente; foi lançada há menos de dois séculos, em 1859, quando foi descoberto petróleo, na Pensilvânia, a apenas 20 metros de profundidade. Quantas mais décadas vai durar nos termos actuais é questão para a qual há várias estimativas, mas nenhuma garantidamente segura; a única certeza é a de que, tratando-se de uma forma de energia não renovável, irá acabar um dia.
<br>Segundo os mais credíveis estudos, o momento em que se completará a extracção de metade da totalidade das existências, também designado por "pico global de produção" foi previsto para o período entre 2000 e 2008. A partir daí tudo se começará a complicar, embora ainda havendo muito petróleo no solo; o que foi extraído até então era o que estava mais acessível, o que era economicamente mais rentável, o de melhor qualidade e mais facilmente refinável. A rentabilidade do processo - a relação entre a energia investida para a sua obtenção e a energia obtida com o produto recolhido - tornar-se-á cada vez menos atractiva.
<br>Não será possível prever com rigor o momento do pico, mas calcula-se que acontecerá inevitavelmente neste século; surgirá certamente mais cedo do que o previsto alguns anos atrás se a procura continuar a aumentar com o crescimento económico das economias dos dois países mais populosos do mundo (chinesa e indiana). No entanto, esse pico não será imediatamente identificável; só será visível depois de ter passado, eventualmente apenas anos depois, ao longo de um período de travessia de uma espécie de um planalto com altos e baixos, em que os preços oscilarão inconclusivamente, em que os mercados viverão alguma turbulência e em que poderá começar a haver indícios de agitação militar. Será uma espécie de período intermédio, em que a distribuição poderá ter que passar a ser selectiva, para garantir principalmente os melhores clientes, isto é, os que puderem pagar mais; por essa altura começará a haver indícios de instabilidade nas economias e mercados. Depois a produção petrolífera declinará de forma acentuadamente crescente e virá a estagnação económica; a austeridade instalar-se-á por toda a parte, mas em especial entre as populações que construíram o seu modo de vida à volta da disponibilidade de petróleo barato.
<br>Para quem tenha dificuldade em visualizar este desfecho, recorda-se que, nalgumas zonas, o pico já foi atingido; é o caso, por exemplo dos EUA que, segundo alguns geólogos, terão tido o pico de produção entre 1966 e 1972. Por essa altura, os EUA extraíam 11,3 milhões de barris por dia (6 milhões em 2004); de maior produtor e exportador a nível mundial durante grande parte do século XX, ("no início da segunda Guerra Mundial literalmente afogados em petróleo") passaram, a partir daí, a depender de importações que nunca mais pararam de aumentar.
<br>Para alguns mais optimistas, o engenho técnico do homem superará as limitações da realidade geológica do mundo, fazendo aparecer alternativas ao petróleo. Segundo estes, a identificação do pico do petróleo não vai interessar porque os sinais de mercado encarregar-se-ão de desencadear oportunamente a criação de novas tecnologias para produção de energias alternativas ou novas formas de extrair reservas que se julgavam não rentáveis economicamente.
<br>Porém, nada nos garante, bem pelo contrário, que a transição se processará de forma tão suave. Na verdade, "com base em tudo o que sabemos até agora, nenhuma combinação dos chamados combustíveis alternativos nos permitirá manter o nível de vida a que nos habituámos". Nem mesmo o "sonho do hidrogénio", que Bush veio prometer no discurso da União em 2003, mas que, na realidade, não é mais do que uma fantasia risível que tem a agravante de levar as pessoas a pensarem que não há razões de preocupação quanto ao futuro.
<br>Sem as enormes quantidades de petróleo barato que os EUA, e os países ocidentais que os seguem de próximo, têm desbaratado com a construção do actual esquema de vida, muita coisa terá que, inevitavelmente, mudar; logo a começar, ficará em causa a possibilidade de manter os enormes investimentos feitos na expansão suburbana, implicando um gasto enorme de petróleo em meios de transporte para as deslocações diárias para o trabalho (a opção de estilo de vida para mais de metade da população americana). Tal como as grandes herdades e as grandes empresas, as grandes cidades, concebidas essencialmente à volta do automóvel, deixarão de corresponder a um estilo de vida que, necessariamente, terá uma escala mais reduzida. O nosso mundo do dia-a-dia será definido em função das distâncias que possamos percorrer a pé. Desaparecerá o consumismo selvagem; a reparação e revenda de bens voltarão a ter uma enorme importância, aliás como acontecia há alguns anos atrás.
<br>A economia não poderá continuar a centrar-se nas actividades actuais; terá que se virar muito mais para a agricultura, que exigirá muito mais mão-de-obra; voltaremos ao passado. Não podendo usufruir das actuais disponibilidades de transporte, não será possível manter as mesmas cadeias de abastecimento; no campo da alimentação, tornar-se-á impossível manter um fluxo constante de abastecimento ao longo do ano de todos os tipos de alimentos e, obviamente, os preços subirão. Voltar-se-á a recorrer, como no passado, a animais de trabalho por não se dispor de energia abundante e barata para fazer funcionar as máquinas que tinham permitido poupar mão-de-obra (1,6% da população a trabalhar presentemente na agricultura, nos EUA, contra 30% há cem anos).
<br>É ainda possível que a falta de petróleo provoque uma agitação política de perspectivas extremamente sombrias. Veja-se o que aconteceu com os choques petrolíferos da década de setenta e o seu impacto nas economias, com uma subida geral de preços em flecha e reduções substanciais dos rendimentos pessoais.
</font></p>
<p><font face="arial,sans-serif" color="#000000" size="4">***</font></p>
<p><font face="arial,sans-serif" color="#000000" size="4">O petróleo é um recurso crucial; é fácil de transportar e de ser conservado sem se degradar; pode ser bombeado através de condutas; pode ser refinado para dar origem a outros tipos de combustível (gasolina, gasóleo, querosene, petróleo, combustível de aviação, etc.); armazena uma quantidade enorme de energia; está na base de quase todas as comodidades e vantagens da nossa vida, graças ao seu abastecimento fiável e barato, até inclusivamente, para a obtenção de formas alternativas de energia, nomeadamente a nuclear. Mal grado esta enorme dependência pensa-se pouco na situação; geralmente, apenas quando há crises petrolíferas e os preços sobem.
<br>A indústria petrolífera moderna é relativamente recente; foi lançada há menos de dois séculos, em 1859, quando foi descoberto petróleo, na Pensilvânia, a apenas 20 metros de profundidade. Quantas mais décadas vai durar nos termos actuais é questão para a qual há várias estimativas, mas nenhuma garantidamente segura; a única certeza é a de que, tratando-se de uma forma de energia não renovável, irá acabar um dia.
<br>Segundo os mais credíveis estudos, o momento em que se completará a extracção de metade da totalidade das existências, também designado por "pico global de produção" foi previsto para o período entre 2000 e 2008. A partir daí tudo se começará a complicar, embora ainda havendo muito petróleo no solo; o que foi extraído até então era o que estava mais acessível, o que era economicamente mais rentável, o de melhor qualidade e mais facilmente refinável. A rentabilidade do processo - a relação entre a energia investida para a sua obtenção e a energia obtida com o produto recolhido - tornar-se-á cada vez menos atractiva.
<br>Não será possível prever com rigor o momento do pico, mas calcula-se que acontecerá inevitavelmente neste século; surgirá certamente mais cedo do que o previsto alguns anos atrás se a procura continuar a aumentar com o crescimento económico das economias dos dois países mais populosos do mundo (chinesa e indiana). No entanto, esse pico não será imediatamente identificável; só será visível depois de ter passado, eventualmente apenas anos depois, ao longo de um período de travessia de uma espécie de um planalto com altos e baixos, em que os preços oscilarão inconclusivamente, em que os mercados viverão alguma turbulência e em que poderá começar a haver indícios de agitação militar. Será uma espécie de período intermédio, em que a distribuição poderá ter que passar a ser selectiva, para garantir principalmente os melhores clientes, isto é, os que puderem pagar mais; por essa altura começará a haver indícios de instabilidade nas economias e mercados. Depois a produção petrolífera declinará de forma acentuadamente crescente e virá a estagnação económica; a austeridade instalar-se-á por toda a parte, mas em especial entre as populações que construíram o seu modo de vida à volta da disponibilidade de petróleo barato.
<br>Para quem tenha dificuldade em visualizar este desfecho, recorda-se que, nalgumas zonas, o pico já foi atingido; é o caso, por exemplo dos EUA que, segundo alguns geólogos, terão tido o pico de produção entre 1966 e 1972. Por essa altura, os EUA extraíam 11,3 milhões de barris por dia (6 milhões em 2004); de maior produtor e exportador a nível mundial durante grande parte do século XX, ("no início da segunda Guerra Mundial literalmente afogados em petróleo") passaram, a partir daí, a depender de importações que nunca mais pararam de aumentar.
<br>Para alguns mais optimistas, o engenho técnico do homem superará as limitações da realidade geológica do mundo, fazendo aparecer alternativas ao petróleo. Segundo estes, a identificação do pico do petróleo não vai interessar porque os sinais de mercado encarregar-se-ão de desencadear oportunamente a criação de novas tecnologias para produção de energias alternativas ou novas formas de extrair reservas que se julgavam não rentáveis economicamente.
<br>Porém, nada nos garante, bem pelo contrário, que a transição se processará de forma tão suave. Na verdade, "com base em tudo o que sabemos até agora, nenhuma combinação dos chamados combustíveis alternativos nos permitirá manter o nível de vida a que nos habituámos". Nem mesmo o "sonho do hidrogénio", que Bush veio prometer no discurso da União em 2003, mas que, na realidade, não é mais do que uma fantasia risível que tem a agravante de levar as pessoas a pensarem que não há razões de preocupação quanto ao futuro.
<br>Sem as enormes quantidades de petróleo barato que os EUA, e os países ocidentais que os seguem de próximo, têm desbaratado com a construção do actual esquema de vida, muita coisa terá que, inevitavelmente, mudar; logo a começar, ficará em causa a possibilidade de manter os enormes investimentos feitos na expansão suburbana, implicando um gasto enorme de petróleo em meios de transporte para as deslocações diárias para o trabalho (a opção de estilo de vida para mais de metade da população americana). Tal como as grandes herdades e as grandes empresas, as grandes cidades, concebidas essencialmente à volta do automóvel, deixarão de corresponder a um estilo de vida que, necessariamente, terá uma escala mais reduzida. O nosso mundo do dia-a-dia será definido em função das distâncias que possamos percorrer a pé. Desaparecerá o consumismo selvagem; a reparação e revenda de bens voltarão a ter uma enorme importância, aliás como acontecia há alguns anos atrás.
<br>A economia não poderá continuar a centrar-se nas actividades actuais; terá que se virar muito mais para a agricultura, que exigirá muito mais mão-de-obra; voltaremos ao passado. Não podendo usufruir das actuais disponibilidades de transporte, não será possível manter as mesmas cadeias de abastecimento; no campo da alimentação, tornar-se-á impossível manter um fluxo constante de abastecimento ao longo do ano de todos os tipos de alimentos e, obviamente, os preços subirão. Voltar-se-á a recorrer, como no passado, a animais de trabalho por não se dispor de energia abundante e barata para fazer funcionar as máquinas que tinham permitido poupar mão-de-obra (1,6% da população a trabalhar presentemente na agricultura, nos EUA, contra 30% há cem anos).
<br>É ainda possível que a falta de petróleo provoque uma agitação política de perspectivas extremamente sombrias. Veja-se o que aconteceu com os choques petrolíferos da década de setenta e o seu impacto nas economias, com uma subida geral de preços em flecha e reduções substanciais dos rendimentos pessoais.
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<p>A tese, atrás resumida, sobre o fim próximo do petróleo e as implicações sociais, políticas e económicas que daí resultarão, não é minha; pertence a James Howard Kunstler, autor de três ensaios e nove romances, e com artigos publicados no The Atlantic Monthly e o The New York Times Magazine. Está desenvolvida no seu recente livro com o título "The Long Emergency – Surviving the Converging Catastrophes of the Twenty-First Century"[1].
<br>É uma visão algo catastrófica que é interessante comparar com as perspectivas, geralmente optimistas, de que serão encontradas soluções energéticas alternativas. Um recente relatório da União Europeia sobre a "Segurança Energética e a Cooperação Transatlântica", que assume claramente a realidade do mundo pós-petróleo, no Século XXI, aponta para um futuro bem diferente: que a Europa em 2010 estará já apta a satisfazer 12% das suas actuais necessidades energéticas e cobrir mais de 20% da procura de electricidade através de energias renováveis.
<br>Curiosamente, em relação às potencialidades do hidrogénio – que, como vimos acima, James Kunstler recusa liminarmente - o relatório europeu aponta a European Hydrogen & Fuel Cell Technology Plataform de 2004, como o projecto-demonstração mais bem-sucedido no mundo, permitindo um sistema público de transportes, sem emissões nem ruído, de que já beneficiam 3 milhões de europeus. Energia eólica e os bio-combustíveis, entre outras formas de energia, são também apontados como histórias de sucesso, a contribuir crescentemente para a redução da nossa dependência do petróleo.
<br>Ninguém pode garantir, para já, quem está mais perto da realidade futura: se James Kunstler, com a sua visão extremamente pessimista, se os crentes confessos de que as energias alternativas, presentemente sob investigação e desenvolvimento, irão preencher a lacuna resultante do esgotamento das reservas petrolíferas. Por esta razão é que o livro de Kunstler é oportuno e merecedor de leitura por parte de quem se interessa por este assunto, certamente um dos maiores desafios que nos esperam ao longo deste século. No mínimo, é um excelente contributo para lembrar a indispensabilidade de investir mais na procura de novos recursos energéticos.
<br>Da minha parte, tenho uma certeza: a de que o tema da segurança energética – entendida como garantia de acesso, em condições razoáveis de preço, a fontes de energia - veio para ficar como uma questão central que já está e vai continuar a dominar as relações internacionais.
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<p><font color="#000000"><strong>[1] Título em português: "O Fim do Petróleo – O Grande Desafio do Século XXI".</strong></font></p>
<p><br>Carlos Pinheiro<br></p></span></font><font face="Comic Sans MS" color="blue" size="2"><span style="FONT-SIZE: 11pt; COLOR: blue">
<p style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"><font face="Times New Roman"></font></p>
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<p><font face="Comic Sans MS" color="blue" size="2"><span style="FONT-SIZE: 11pt; COLOR: blue"></span></font> </p></div></div>