ARLA/CLUSTER: Radioamadorismo e conflitos armados

Jos Lus Proena ct1gzb gmail.com
Sexta-Feira, 18 de Maro de 2022 - 18:53:48 WET


A estupidez humana é tão infinita que há “humanos” que aprovam, vivem e têm
lucro com as guerras.

Mas, felizmente, a maioria dos humanos desaprova guerras.

Nas guerras há inevitavelmente interesses, desses, é quase sempre o
econômico porque algum país envolvido (ou invadido) tem recursos económicos
valiosos, se assim não for, esses conflitos não estão no radar dos *media. *

As grandes potências digladiam-se nas Nações (nada) Unidas num mar de
hipocrisias e cinismo, já é assim há décadas.

Depois, no que toca a sanções por motivos de guerra e direitos humanos,
temos países que deveriam estar calados e, quando chegasse a vez deles,
deveriam estar calados.

Perguntarão: mas o que é que isso tem a ver com radioamadorismo?

Tudo e nada ao mesmo tempo.

Nesta invasão da Rússia à Ucrânia houve entidades ligadas ao
radioamadorismo que se insurgiram e tomaram partido por uma das partes,
neste conflito em especial, banindo colegas Russos e Bielorussos de
participar em concursos e/ou actividades levadas a cabo por elas.

Quando vi a notícia fiquei pasmado, ainda por cima essas “sanções” virem de
entidades em que os seus países já entraram de forma directa ou indirecta
em N conflitos.

Exactamente pela infinita estupidez humana, já houve muitas
guerras/bombardeamentos:

𝘾𝙤𝙧𝙚𝙞𝙖 - 1950-1953, 𝙂𝙪𝙖𝙩𝙚𝙢𝙖𝙡𝙖 – 1954, 𝙄𝙣𝙙𝙤𝙣é𝙨𝙞𝙖 –
1958, 𝘾𝙪𝙗𝙖 - 1959-1961, 𝙂𝙪𝙖𝙩𝙚𝙢𝙖𝙡𝙖 – 1960, 𝘾𝙤𝙣𝙜𝙤 – 1964,
𝙇𝙖𝙤𝙨 -1964 -1966, 𝙑𝙞𝙚𝙩𝙞𝙣am - 1961-1973, 𝘾𝙖𝙢𝙗𝙤𝙟𝙖 -
1969-1970, 𝙂𝙪𝙖𝙩𝙚𝙢𝙖𝙡𝙖 - 1967-1969, 𝙀𝙡 𝙎𝙖𝙡𝙫𝙖𝙙𝙤𝙧 – 1980,
𝙉𝙞𝙘𝙖𝙧á𝙜𝙪𝙖 - 1980-1981, 𝙂𝙧𝙖𝙣𝙖𝙙𝙖 – 1983, 𝙇í𝙗𝙖𝙣𝙤-
1983-1984, 𝙇í𝙗𝙞𝙖 – 1986, 𝙄𝙧ão – 1987, 𝙋𝙖𝙣𝙖𝙢á – 1989, 𝙄𝙧𝙖𝙦𝙪𝙚
– 1991, 𝙎𝙤𝙢á𝙡𝙞𝙖 – 1993, 𝘽ó𝙨𝙣𝙞𝙖 - 1994-1995, 𝙎𝙪𝙙ã𝙤 – 1998,
𝘼𝙛𝙚𝙜𝙖𝙣𝙞𝙨𝙩ã𝙤 – 1998, 𝙄𝙪𝙜𝙤𝙨𝙡á𝙫𝙞𝙖 – 1999, 𝙄ê𝙢𝙚𝙣 – 2002,
𝙎𝙤𝙢á𝙡𝙞𝙖 – 2007, 𝙋𝙖𝙦𝙪𝙞𝙨𝙩ã𝙤 – 2007, 𝙄ê𝙢𝙚𝙣 – 2009, 𝙇í𝙗𝙞𝙖
– 2011, 𝙎í𝙧𝙞𝙖 - 2014-2018, 𝘼𝙛𝙚𝙜𝙖𝙣𝙞𝙨𝙩ã𝙤 - 2001-2019 e
𝙄𝙧𝙖𝙦𝙪𝙚 - 2003- 2019.

A estas todas poderíamos acrescentar as de África que ainda estão a
decorrer neste momento.

As “sanções” a Radioamadores têm algum peso para resolver conflitos armados?

Alguma entidade Oficial ou não, ligada directa ou indirectamente ao
radioamadorismo, sancionou os colegas Radioamadores dos EUA ou da
Inglaterra por estes estarem ou terem estado directa ou indirectamente
envolvidos em conflitos?

Alguma entidade Oficial ou não, ligada directa ou indirectamente ao
radioamadorismo, sancionou os colegas Radioamadores Israelitas ou
Palestinianos por estes estarem em conflito constante?

Os colegas Radioamadores Chineses já foram sancionados por alguma entidade
Oficial ou não, ligada directa ou indirectamente ao radioamadorismo pelos
atropelos aos direitos humanos na China e mais recentemente na opressão a
Taiwan?

Os colegas Radioamadores Portugueses foram boicotados ou sancionados por
alguma entidade ligada ao Radioamadorismo aquando das chamadas “guerra do
Ultramar”?

Por falar em “Ultramar” os colegas Franceses, Belgas e Holandeses foram
sancionados?

Obviamente que entre os colegas Russos e Bielorrussos há uma esmagadora
maioria de colegas que não concordam com este conflito em particular, mas…o
que é que a actividade do Radioamadorismo tem a ver com isso?

Faz sentido sancionar pessoas que praticam um passatempo que,
possivelmente, será de 1% da população desses países?

Se isso não aconteceu com os atrás descritos, porque está a acontecer agora
aos colegas Russos e Bielorrussos?

Não se abriu um grave precedente para situações futuras?

Já houve quem se questionasse o silêncio dos colegas Radioamadores Russos
por não dizerem uma palavra contra esta invasão da Rússia à Ucrânia.

Mas os colegas Russos podem opinar?

Enquanto Radioamadores, deveriam opinar?

Nós, enquanto cidadãos, podemos e devemos nos unir e manifestarmo-nos
contra qualquer tipo de guerra, seja ela onde for e qual for.

Uma coisa é o radioamador enquanto cidadão, outra diferente é enquanto
Operador de uma Estação Emissora que tem o potencial de se comunicar com o
mundo.

A Rádio que praticamos tem um alcance mundial e é um meio poderoso (em
distância) de comunicação, usar esse meio que temos à disposição para fazer
dela um qualquer tipo de "arma", vai contra todos os princípios da
deontologia do Radioamador.

Assim, e na minha opinião, a Radio Society of Great Britain-RSGB e a
Revista CQ abriram um grave precedente que em nada abona para a união dos
Radioamadores ou para a resolução do conflito armado que temos actualmente
na Europa. É certo que estas duas entidades são livres de fazerem o que bem
entenderem, mas, a sua credibilidade e respeito, quase desaparece com este
precedente.

No que a mim diz respeito, vou continuar a fazer QSOs com colegas Russos,
Israelitas, Chineses, Cubanos, Americanos, Indonésios, Afegãos e todos
aqueles que já estiveram ou estão em conflitos armados e/ou económicos.

Parafraseando a IARU:

“Os Radioamadores são apolíticos e focados na promoção e defesa do rádio
amador e dos serviços de rádio amador. O serviço de rádio amador é sobre
auto-instrução nas comunicações e *amizade entre as pessoas*”.

“A grande infecção da inteligência é o cinismo; a incapacidade -
involuntária ou deliberada - de distinguir, por detrás da complexidade do
mundo, a simplicidade sem adversativas que separa o certo do errado”.
@ricardomsantos

As sanções:

https://rsgb.org/main/blog/news/gb2rs/headlines/2022/03/04/rsgb-statement-the-russian-federation-and-belarus/

https://dxnews.com/forum/forum/contesting/41695-cq-to-limit-contest-participation-russia-belarus


Antes que me mandem fazer Rádio, estou nos 145.350 MHz.


73 de José Luís Proença, Operador do Posto Receptor/Emissor CT1GZB
ARVM #53, REP #1418, SKCC #8178, NRA PN#077, ARRLx #054, GPCW #007
http://ct1gzb.blogspot.com
-------------- prxima parte ----------
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