ARLA/CLUSTER: Off Topic: Está a nascer um novo mosteiro em Bragança. E vai receber 40 monjas de clausura italianas, há 128 anos, que não se construía um mosteiro em Portugal.
João Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Quarta-Feira, 19 de Fevereiro de 2020 - 13:34:33 WET
Cá dentro, Palaçoulo soa a distante, ali plantada no extremo norte
fronteiriço a Espanha, com pouco mais de 500 habitantes. Mas esta
freguesia de Miranda do Douro chega a todo o mundo, através da
comercialização de produtos artesanais como instrumentos de corte e
pipas, que voam até locais tão longínquos como a Nova Zelândia. Agora,
o mundo vem ter a Palaçoulo, na pele de 40 monjas italianas que irão
inaugurar o mais recente mosteiro português: o Mosteiro Trapista de
Santa Maria, Mãe da Igreja.
"Esta diocese começou com um mosteiro Beneditino, em Castro de Avelãs,
e 475 anos depois volta a ter um mosteiro segundo a regra de São Bento
e que há de suscitar um maior bem para Palaçoulo, para esta diocese,
para Portugal, para toda a Igreja", lembrava o bispo da diocese de
Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, no início deste ano, perante os
jornalistas. Desde a construção do Mosteiro de São Bento de
Singeverga, em Santo Tirso, há 128 anos, que não se construía um
mosteiro em Portugal.
Em 2017, a madre Rosária Spreafico e a madre Fabiola Bernardi
estiveram em Miranda do Douro para uma conferência de imprensa com D.
José Cordeiro alusiva à construção do mosteiro.
A obra de 30 hectares, iniciada em 2018, no valor de seis milhões de
euros, que se ergue em Bragança, é uma sequência do Mosteiro de
Vitorchiano, em Itália, de onde partem as monjas da Ordem Cisterciense
da Estrita Observância (OCSO) - também conhecida como Ordem Trapista -
que irão agora dedicar-se à sua missão em terras portuguesas. O
terreno foi doado pela Paróquia de São Miguel de Palaçoulo.
O mosteiro estará orientado "para a contemplação" das monjas que se
dedicam "ao culto divino segundo a regra de São Bento dentro do
recinto do mosteiro", como explicou a diocese ao DN. Exatamente por se
tratar de uma "ordem contemplativa de clausura", a obra está
alicerçada à "regra da ordem cisterciense de estrita observância" e
deverá obedecer a "disposições arquitetónicas e funcionais
peculiares". Por isso, contemplará espaços para oração - uma igreja
"com lugar para o coro das monjas e para a assistência de leigos
exteriores à comunidade" e um claustro para "momentos de oração
maioritariamente privada".
Um mosteiro autossuficiente
O primeiro grupo de dez monjas deverá chegar até outubro, quando se
prevê que a obra esteja concluída, mas espera-se um total de 40 a
viver no novo mosteiro. De acordo com a diocese, todas elas já dominam
a língua portuguesa e também a mirandesa. Falada e escrita: este grupo
até já editou três pequenos livros infantis em português, com orações
para as crianças lerem.
Veja aqui o vídeo das monjas a anunciar a sua vinda para Portugal:
https://youtu.be/U1-ougXOYfQ
De acordo com os princípios desta Ordem, o mosteiro deverá ser
autossuficiente e o trabalho garantido pelas próprias monjas.
"Tradicionalmente a ocupação das monjas cistercienses é o trabalho
agrícola, de afeiçoamento da natureza. Deste modo o mosteiro é, salvo
as especificações relativas aos espaços de oração, semelhante a um
importante complexo agrícola", explica a diocese. Contará, por isso,
com áreas dedicadas ao cultivo e à pecuária.
Espera-se ainda que as monjas se dediquem à "transformação de alguma
da sua produção agrícola - nomeadamente em compotas - ou terem algum
outro tipo de atividade artesanal (tecelagem, fabrico de chocolate,
etc.)".
Fonte: Jornal de Noticias
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