ARLA/CLUSTER: Da Amazon à Sony. As empresas que já não vão à maior feira de telemóveis em Barcelona por causa do coronavírus

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 11 de Fevereiro de 2020 - 09:43:23 WET


Por Ana Pimentel no observador.pt

A maior feira de telemóveis do mundo, o Mobile World Congress (MWC),
realiza-se de 24 a 27 de fevereiro, em Barcelona, mas na edição que
marca o 33º aniversário do evento, há desistências de peso. O surto da
nova estirpe do coronavírus  — que já provocou mais de 1000 mortos no
mundo — levou várias empresas tecnológicas a cancelarem a sua presença
no evento.

Nesta segunda-feira, a Sony revelou que tomou “a difícil decisão de
deixar de expôr e participar do MWC 2020 em Barcelona”. A
multinacional japonesa diz que está a acompanhar de perto a “situação
em evolução após o novo surto de coronavírus” e que, apesar de não
estar presente, vai manter a sua conferência de imprensa na manhã do
dia 24 de fevereiro para apresentar as novidades em relação aos
produtos. Mas será transmitida em vídeo, no canal oficial Xperia, no
YouTube.

Como damos a máxima importância à segurança e ao bem-estar de nossos
clientes, parceiros, media e funcionários, tomamos a difícil decisão
de deixar de expor e participar do MWC 2020 em Barcelona, Espanha”,
lê–se no comunicado enviado às redações. “A Sony gostaria de agradecer
a todos pela compreensão e apoio contínuo durante esses tempos
difíceis.”

No domingo, foi a vez de a gigante Amazon anunciar que também não vai
estar presente no MWC. Segundo a Reuters, a empresa fundada e liderada
pelo multimilionário Jeff Bezos anunciou que “devido ao surto e às
preocupações contínuas com o novo coronavírus”, a empresa se ia
“retirar da exibição e participação” no evento.

As expectativas face à presença da Amazon no MWC eram grandes, porque
a empresa estava a organizar uma conferência que iria ocupar todo o
primeiro dia do evento. Este evento estava a ser organizado pelo
Amazon Web Services (AWS), área responsável pelos serviços de
computação na nuvem do gigante tecnológico.

A marca sul-coreana LG Electronics também já fez saber que “decidiu
não participar no MWC 2020, “para evitar expôr desnecessariamente
centenas de colaboradores da LG a viagens internacionais, seguindo as
diretivas recomendadas pela grande maioria dos especialistas em saúde.

A LG Electronics está a seguir de perto a situação relacionada como o
novo surto de coronavírus, tendo sido recentemente declarada uma
emergência global pela Organização Mundial de Saúde, uma vez que o
vírus continua a expandir-se além das fronteiras da China. Tendo em
mente a segurança dos seus colaboradores e do público em geral, a LG
decidiu não participar no MWC 2020″, lê-se no comunicado enviado aos
jornalistas.

Para compensar a ausência da empresa no evento, a LG comprometeu-se em
realizar outros eventos num futuro próximo para apresenta os seus
produtos mobile para este ano. “A LG Electronics agradece assim aos
seus parceiros, clientes e ao público em geral pela sua compreensão
durante estes tempos difíceis e desafiantes.”

Já a Samsung decidiu manter a sua participação na feira, mas com
medidas adicionais de precaução. “Vão estar espalhados pelo evento
estações de desinfeção de mãos, vão ser instaladas câmaras de imagens
térmicas nas várias entradas do evento e vão estar disponíveis
máscaras faciais, para quem precisar”, lê-se no comunicado também
enviado aos jornalistas.

Além destas, também a tecnológica norte-americana Nvidia e a sueca
Ericsson anunciaram que cancelaram a ida a Barcelona. Bem como a
fabricante de telemóveis chinesa ZTE, que cancelou a conferência de
imprensa que tinha marcada. Já a gigante chinesa Huawei mantém os
planos que tem para o MWC, apesar de ter revelado que pediu aos
funcionários chineses que se isolassem. A empresa disse ainda que
contratou trabalhadores europeus para cobrir os chineses que não vão
poder ir, segundo a publicação digital tecnológica Engadget.

Evento mantém-se, mas com cuidados redobrados

A GSMA, responsável pela organização do evento, mantém as datas e
planos, mas também já fez chegar aos jornalistas as medidas que terá
em curso devido ao surto da nova estirpe do coronavírus. “A GSMA quer
reassegurar os participantes e empresas expositoras que a sua saúde e
segurança são a nossa principal preocupação, razão que nos leva a
implementar medidas extras”, lê-se no comunicado enviado aos
jornalistas.

A organização do evento compromete-se, assim, a não ter no evento
ninguém precedente da região chinesa de Hubai. Mais: todos os
participantes que tiverem estado na China vão ter de provar que
estiveram fora daquele país nos 14 dias que antecedem o evento; vai
ser implementado um sistema de triagem de temperatura dos
participantes; e os participantes deverão certificar-se de que não
entraram em contacto com ninguém infetado.

Com um plano adicional em andamento, vamos continuar a monitorizar a
situação e adaptaremos os nossos planos de acordo com os
desenvolvimentos [da situação] e com os conselhos que recebermos.
Estamos a lidar com uma situação que está em constante evolução e que
vai exigir uma rápida adaptabilidade”, lê-se.

O evento vai contar com um programa e material de desinfeção que será
transversal a todas as áreas, vai contar com mais apoio médico,
campanhas de sensibilização e com uma linha de telefone de apoio
médico disponível durante 24 horas por dia, ente outras.

“A GSMA recomenda vivamente aos expositores e participantes que
implementem diretrizes e protocolos apropriados, conforme sugerido
pela OMS e outras autoridades de saúde, para conter e mitigar qualquer
propagação adicional do vírus”, lê-se.

A nova estirpe do coronavírus já matou 1010 pessoas, superando o
número de vítimas causadas pela estirpe anterior, a SARS. Na China,
morreram 1006 pessoas, sendo que as outras duas morreram em Hong Kong
e nas Filipnas. Há mais de 40 mil pessoas infetadas no mundo, sendo
que 539 foram detetados fora da China.



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