ARLA/CLUSTER: Armazenamento gratuito nos serviços Google está a chegar ao fim
João Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Quinta-Feira, 24 de Outubro de 2019 - 13:06:38 WEST
O Google atraiu bilhões de consumidores para seus serviços digitais,
oferecendo quantidades imensas de armazenamento em nuvem sem custo.
Isso começa a mudar.
A unidade da Alphabet reduziu as opções de armazenamento gratuito nos
últimos meses, enquanto empurra mais usuários para um novo serviço em
nuvem por assinatura chamado Google One.
A iniciativa vem em um momento em que a quantidade de dados que as
pessoas armazenam online continua crescendo.
Quando atingem limites, os usuários percebem que começam a pagar ou
correm risco de perder acesso a emails, fotos e documentos pessoais.
O custo não é alto para a maioria dos consumidores, mas na escala em
que o Google opera, o faturamento adicional pode chegar a bilhões de
dólares todo ano.
O Google não respondeu a um e-mail da reportagem solicitando comentário.
Um grande impulsionador da mudança é o Gmail. O Google abalou o
segmento de e-mail quando o Gmail foi lançado em 2004, com muito mais
armazenamento gratuito do que os rivais ofereciam na época. A empresa
costumava elevar limites de armazenamento a cada dois anos, mas parou
de fazer isso em 2013.
As caixas de entrada foram se enchendo. E agora que algumas opções de
armazenamento gratuito estão encolhendo, consumidores estão se
deparando com surpresas desagradáveis.
“Eu estava usando alegremente a conta quando notei que não havia
recebido nenhum e-mail desde o dia anterior”, lembra Rod Adams,
analista de energia nuclear e oficial de reserva da Marinha americana.
Usando o Gmail desde 2006, ele finalmente atingiu o limite de 15 GB e
foi barrado pelo Google. Migrar do Gmail não era alternativa fácil
porque muitos de seus relacionamentos pessoais e profissionais entram
em contato com ele desta maneira.
“Eu aceitei. Foi grátis por um longo período e agora vou pagar”, disse Adams.
Outros clientes do Gmail não se resignaram. “Sinto uma tristeza
descomunal após usar quase todo armazenamento grátis do Google.
Parecia infinito. Por favor, não me obriguem a pagar! Eu preciso do
Gmail e do Google docs!”, escreveu um usuário no Twitter em setembro.
O Google recebeu outras mensagens no Twitter de pessoas em pânico nos
últimos meses, quando começaram a chegar os avisos sobre limites de
armazenamento.
O Google também encerrou ou restringiu recentemente promoções que
davam armazenamento em nuvem gratuito e ajudavam a evitar crises com o
Gmail.
Compradores de laptops Chromebook costumavam receber 100 GB sem custo
por dois anos. Em maio de 2019, o oferecimento foi reduzido para um
ano.
O smartphone Pixel do Google, lançado em 2016, vinha com armazenamento
gratuito e ilimitado no serviço Fotos. O aparelho Pixel 4, lançado
este mês, ainda tem armazenamento de fotos gratuito, mas as imagens
são compactadas, reduzindo sua qualidade.
Em apenas uma semana, mais de 11.500 pessoas assinaram uma petição
online para trazer de volta a proposta completa. Evgeny Rezunenko,
organizador da petição, descreveu a mudança como uma “decisão
hipócrita para ganhar dinheiro”.
Os smartphones aumentaram drasticamente o número de fotos que as
pessoas tiram. Em 2017, foi feita uma estimativa de 1,2 trilhão. Essas
imagens ocupam a memória dos aparelhos, então empresas de tecnologia
como Apple, Amazon.com e Google oferecem a alternativa do
armazenamento em nuvem. Agora que as imagens online se acumulam,
algumas companhias cobram pela manutenção.
A Apple faz isso há anos e transformou seu serviço iCloud em fonte de
receita recorrente.
Em maio, o Google lançou o Google One para substituir o serviço de
armazenamento em nuvem Drive. Há um nível gratuito de 15 GB — o
suficiente para cerca de 5.000 fotos, dependendo da resolução.
A partir disso, o custo mensal é US$ 1,99 por 100 GB e valores maiores
para mais armazenamento. A assinatura abrange vários tipos de arquivos
guardados anteriormente no Google Drive, além de Gmail, fotos e
vídeos.
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